terça-feira, 30 de junho de 2015

DESENCONTRO ( CONT )

Camille e Rodrigo em um mês começaram a se encontrar regularmente e como não poderia deixar de ser, mostraram-se apaixonados.
Ele a levou do quitinete recém alugado, para seu apartamento. Um romance que parecia escrito  nas estrelas, era esse o pensamento de ambos, então...

Uma fatalidade veio a destruir a forte ligação que eles tinham, um ano depois:
Certa tarde, quando estavam passeando, um vagabundo esbarrou no casal que vinha distraído. Uma lâmina afiada, cortou o abdômen de Rodrigo. Camille o segurou instintivamente em seus braços, enquanto o homem sujo e degenerado, levava sua bolsa e puxava seus brincos de esmeralda, que apenas dois dias atrás, ganhara de presente do seu companheiro.
Ele caía e Camille não conseguia sustentar seu peso. Gritou por socorro desesperada...

Algumas pessoas chamaram uma ambulância para socorrê-lo e a polícia para encontrar o vagabundo.
Mas o bandido, já se ia bem longe dali, tal qual havia chegado sem ninguém perceber.
As coisas do mal são geralmente assim: encobertas pelo nevoeiro que as deixam escondidas.
Um dia entretanto, que pode até demorar, mas o Bem prevalecerá e esses párias da sociedade terão seu castigo.

A faca estava contaminada  com alguma bactéria que o vagabundo por não lavá-la, vivendo na sujeira, deixou ficar. Quatro dias depois do acontecido, a hemorragia que antes era a prioridade dos médicos para salvar a vida de Rodrigo, passou a ser nada, perante a tal bactéria que instalou-se em seu organismo, numa época que apenas a penicilina recém descoberta em fevereiro de 1941, era o único antibiótico existente. Infelizmente, não se aplicava ao caso dele...

Durante esses dias em que Rodrigo agonizava no hospital, Camille sempre ao lado de seu leito, definhava a olhos vistos. As olheiras profundas das noites em claro, davam um tom fúnebre ao seu rosto, já tão pálido...
Uma semana, foi o prazo que os médicos deram para ela, em relação à expectativa de vida para Rodrigo.

Ela se recolheu em oração na esperança de que um milagre acontecesse... Mas as coisas da vida e da morte só ao Criador pertence! Antes desse prazo terminar, ele faleceu.
Camille, tomada de profunda angústia ao ouvir do médico que ele estava morto, tirou os sapatos dos pés e correu desenfreada do hospital, ganhando as ruas.



Corria... A chuva subitamente surgiu, da mesma forma que no dia em que tinham se conhecido, um ano antes.
Ela continuava a correr chorando, como se isso a levasse a um refúgio dentro de si mesma.
Até que um carro, dirigido por um motorista embriagado, também a levou desse mundo.
Foi apenas um momento, para que o veículo a jogasse longe, batendo com a cabeça no meio fio e destroçando seu crânio.

Esse foi o fim de um linda e breve história de amor, em Lisboa.
Mas agora, duas almas de mãos dadas, estão em algum lugar, bem distante do orbe terrestre...

Fátima Abreu


DESENCONTRO


CAPT 1

Uma breve e triste história de amor...


Camille aguardava ansiosa o encontro com Rodrigo.
Ele a conheceu numa época pós Segunda Guerra.
Ela  viera refugiada para Lisboa. Uma zona neutra da  Europa, naqueles dias de conflito mundial.

Camille embora francesa, falava muito bem o português, porque seus avós eram portugueses e foi criada usando os dois idiomas.

Rodrigo era de Cascais. Mas vivia em Lisboa desde que se entendia por gente.
Ele a seguiu certo dia, achando-a muito bonita.
Camille acabava de sair de um pequeno café, onde se dividia espaço com uma livraria. Um lugar bem acolhedor.
Como  Rodrigo era um conquistador de primeira, logo se aproximou da bela moça.

Ofereceu-lhe um cigarro. Um hábito muito comum naqueles tempos, entre anos 40 e 60. 
O cigarro era como um símbolo de poder, sensualidade e até mesmo liberdade. Os anúncios contribuíam muito para essa imagem, criada para vender e encher os pulmões das pessoas de nicotina e alcatrão.

Ela recusou,  mas agradeceu. Disse que tinha cigarrilhas e sacou uma de sua bolsa. Chovia muito. Ela esperava um carro de aluguel ( termo usado para os táxis ) para voltar ao quartinho com banheiro e pequena cozinha que alugara há poucos dias.

Ele continuava a puxar conversa mas em dado momento, Camille virou-se e disse:
_ O senhor ainda não entendeu que estou interessada em sair dessa chuva o mais rápido possível  e voltar para casa? Não sou dada à conversas com estranhos.
_ Desculpe-me senhorita. Estou sendo inconveniente? Pode pelo menos dizer o nome de tão impetuosa moça, para que guarde em minha mente, o sabor de repeti-lo?
Ela riu meio sem jeito. Era um homem insistente mesmo... e reparando melhor: atraente!
Pensou Camille.
_ Bem acho que saber meu nome, não vai fazer mal: Sou Camille Tissou.
Apertaram as mãos ao mesmo tempo que ele se apresentava:
_ Sou Rodrigo Fernandes Magalhães, aos seu dispor, senhorita Tissou.
_ Os portugueses gostam mesmo de abordar moças pela rua?
_ Nem sempre... Gostei de você, se me permite dizer. Mas fala bem minha língua, aprendeu aqui mesmo?
_ Oh, não. Meus avós maternos me ensinaram, viveram na França muito tempo.
_ Ah, sim, que ótimo para mim.
_ Para o senhor?
Camille fingiu não entender o que havia naquilo.
_ Mas claro! Facilita nossa comunicação...
Eles riram juntos. O táxi finalmente chegou, ela entrou e Rodrigo ficou olhando a moça partir. Ela olhava pelo vidro do carro, molhado de chuva, reparando no olhar que ele deixava...

Dois dias depois se reencontraram por acaso. Uma semana depois, também. Camille começou  a achar que o destino os aproximara.
Ele já não achava: Tinha certeza!

(CONTINUA)

Fátima Abreu




POSSIBILIDADES & DESTINO



Ah, as possibilidades!
Passeando por aí...
Uma alma gêmea, pode te seguir...

Sim, são possibilidades!
Coisas que chamamos de Destino
Esse, que tece teias...
Que pode nos trazer alegrias ou tristezas.
Possibilidades, não são acasos:
Pois eles não existem na verdade.
Tudo tem sua hora certa para acontecer.
Mas, as 3 deusas que tecem a linha de cada Destino,
Providenciam também, possibilidades para que seja cumprido:
Aquele colar invisível em volta de cada pescoço humano,
Que foi colocado por elas e a divindade suprema, no nascimento de cada um.
Que só se rompe, quando a vida se acaba...
As *3 deusas do Destino, cortam-no enfim.

FÁTIMA ABREU
**************

* NOTA: Moiras 

CUIDAVAM DO DESTINO DOS DEUSES E HUMANOS
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
  • Cloto (Κλωθώ; klothó) em grego significa "fiar", segurava o fuso e tecia o fio da vida. Junto de Ilítia, Ártemis e Hécata, Cloto atuava como deusa dos nascimentos e partos.
  • Láquesis (Λάχεσις; láchesis) grego significa "sortear" puxava e enrolava o fio tecido, Láquesis atuava junto com Tique, Pluto, Moros e outros, sorteando o quinhão de atribuições que se ganhava em vida.
  • Átropos (Ἄτροπος; átropos) em grego significa "afastar", ela cortava o fio da vida, Átropos juntamente a Tânatos, Queres e Moros, determinava o fim da vida.

Noite de Jazz

Noite de Jazz

Celine não esperava pela surpresa:
Uma noite de jazz!
Era algo que sua mente não concebia!
Quando em seu humilde jeito de ser, poderia se imaginar ali:
Entre os músicos e a música que tanto lhe inspirara por toda vida!
Celine cantava como uma dama do jazz clássico: Talvez sua voz se aproximasse de Billie Holiday...
Foi convidada por Giovani, que era algo mais que um amigo.
E lá estava:
No palco, cantando lindamente!
Em um vestido branco, longo, um colar emprestado e um par de luvas alugadas...
O corte de cabelo 'chanel' dava-lhe um toque sofisticado, com certeza.
Entre os aplausos que recebeu naquela noite, estava o mais esperado...
O de um crítico musical que no dia seguinte, deu sua opinião no jornal:

" CELINE TEM UMA VOZ ENVOLVENTE. "

Só isso? Ela leu decepcionada...
O amigo, mais que amigo, respondeu-lhe então:

" Ora, Celine, para bom entendedor, pingo é letra! Nessas simples palavras ele disse tudo: Está mais do que aprovada!"
Celine ainda não entendia os meandros da crítica:
Se um homem como aquele, dissesse apenas uma palavra positiva, sua carreira já estava garantida...

De uma coisa tinha certeza:
A noite de jazz, as luzes no palco, os acordes dos músicos, os aplausos ao final... Eram relíquias que ficariam em sua memória, pois dias depois daquela noite encantada, Celine por essas coisas do destino, ficara afônica por conta de uma infecção e perdera quase todo seu dom.
Agora, apenas podia cantarolar baixinho e sua voz "envolvente" ficara para ser ouvida apenas pelo amigo... A quem nunca deixara de lhe dar abrigo.

Fátima Abreu


Jazz Night Out - Brent Heighton

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Pobre Criatura

POBRE CRIATURA

Pobre criatura,
que vagueia pela rua!
Tão sem destino...
Tão sem alento.
Sem teto, e documento.


Pobre criatura,
que sem muita vivência
Caiu nos braços da violência.

Pobre criatura,
bêbada, roupa em trapos.
Cruel destino!
Deixou-lhe em farrapos.

Pobre criatura,
que uma esmola
Pede agora...

Ninguém olha,
passam, por ela, simplesmente...
Então segue,
e vai mais à frente.

Pobre criatura,
vagueia na estrada, agora:
sem noção de tempo, ou hora.

Vai a criatura,
em direção de uma ponte...
Será que vai se jogar?
Sem rumo, ela está...

Não.
Ainda dessa vez, não vai dar fim,
A tudo que lhe é de ruim...

Vai apenas a criatura,
Olhar o pequeno barco
Que passa por baixo da ponte.
De um átimo, percebe:
Encontrou então,
o que tanto queria:

Seu reflexo...
Olha, e se reconhece...
Tanto tempo não se via!
Nem espelho, a pobre criatura, tinha...
Sente alguém a bater-lhe no ombro...
Volta-se.

E sorri, meio sem jeito:
Era seu grande amigo,
De tempos idos...

Uma pessoa muito especial,
Que um dia, lhe deu de comer,
Na varanda do seu quintal...

Ele pergunta, o que ela faz ali...
Ela diz de cabeça baixa:

_ Vim olhar meu reflexo...
Como estou feia, agora!

Ele lhe dá a mão, e diz:

_ Vem, vamos embora...

E o tormento da pobre criatura,
teve um belo fim:

Ele, a recuperou na sociedade
E hoje, aqueles momentos tristes,
ficaram apenas na lembrança...
Terríveis, desde os tempos de criança...

Moral: Sempre há uma esperança!

Fátima Abreu

O HOMEM DE PALETÓ - REEDITADO

O HOMEM DE PALETÓ


Noite enluarada
Por Deus abençoada...

Em passos longos,


Ele anda.
A fonte ainda está na praça!
Pensou...

A mesma praça que um dia,

Tanto lhe tocou!
Lembranças de outros tempos/:
De uma infância
que ficou para trás...

Agora ele, homem feito,

Não esconde seus medos:
Pelo contrário, os mostra.
E assim, cabisbaixo,
Fecha seu paletó.
O frio intenso, agora o incomoda...

Abre então o guarda-chuva

Pois começa um chuvisco inesperado
Pensa então:
Para onde vou? Para que lado?

Incerta é sua vida agora:

Depois que perdeu tudo,
Nem uma casa, nem amigos,
Só a solidão...

E com esse vazio no peito,

Grita alto:
Não, não!

Coitado do homem de paletó!

Seu nome é Desespero,
Irmão da Desilusão...
Fadado à sua sina,
Senta à beira de um degrau.

Quando, chega então, uma antiga conhecida:

Ele a fita, e dá um sorriso...
'Minha prima', pensou.
Seu nome é Esperança,
Filha da tia Luz.

Assim, Esperança dá a mão ao Desespero

Ele sorri.
Esperança é muito boa, e diz:
Ainda estou aqui
Prove um pouco de mim,
Sentirá-se novamente feliz.

Fátima Abreu

domingo, 28 de junho de 2015

EU NÃO QUERO FALAR DISSO




Não me faça falar disso!
Nunca quis saber...
Agora, já não mais adianta.
Para que sofrer?

Recuso-me a pronunciar qualquer palavra.
Deixo o coração de lado nesse momento,
Doa a quem doer, o sentimento...

Eu não quero dizer nada.
Chorei solto por algumas madrugadas.
Não te conhecia.
Embora a dor, faça a minha maior poesia.

As estrelas ensurdeceram mais uma vez.
A lua, minha madrinha,
Guarda meus segredos,
Coisas que só nós sabemos...
E das paixões desenfreadas que vivemos.

Não quero falar disso!
Dói a lembrança.
Momentos bonitos se dissiparam.
Tomaram rumo diferente...
Ainda que a paixão,
Esteja sempre presente.

Fátima Abreu

Paciência, Tolerância e Muito Mais...




Boa semaninha para todos!

ARTIGO


Essa semana começa os pagamentos e as loterias e bancos estarão lotados! 
Tenha paciência e tolerância com seu próximo. 
Pode ter alguém mais afoito, alguma mulher de TPM, alguém sentindo dor e querendo rapidamente sair da fila... 
Não se desespere nem aos outros! 
Pode ter ao seu lado, à sua frente ou mesmo atrás de você, alguém extremamente deprimido, querendo dar cabo da vida ou alguém drogado ou bêbado doidinho para arrumar confusão...
 

Por todas essas coisas do cotidiano que eu já observei várias vezes durante esses meus anos de vida, é que  sou uma pessoa que tenta levar tudo com muita calma. 
Para me tirar do sério, e me fazer perder a paciência que Deus me deu, só umas poucas vezes na vida, que contaria nos dedos de uma mão...

Seja ponderado(a) e pense nisso tudo, todos os dias antes de sair de casa: 

Seus problemas são seus e de mais ninguém! Deixe-os em casa e seu mau humor também!
Dessa forma, você estará se poupando de um dia infeliz e a quem te cerca.
Aproveite cada momento em que possa ter alegrias, pois saiba: 

Mesmo quem é rico tem problemas! 
E nós, meros mortais sejamos ricos ou pobres, vivemos nesse planetinha para expiação, restauração da moral, do progresso espiritual e evolução.
Somos fagulhas vivas da centelha divina! 

Viemos das estrelas e para elas, um dia voltaremos. 
Então faça bem sua parte:

Ame ao próximo como a ti mesmo.

 
Um beijo e feliz vida para todos que me leem sempre (e para os que não leem também)!

Fátima Abreu



Junho 2015

Gente, quase terminando o mês.
Resolvi juntar as fotos tiradas durante o decorrer dele.
























sábado, 27 de junho de 2015

O VIOLINO, O MAR E UMA BREVE SAUDADE


 Republicado

Elba ainda segurava seu violino, no cais em forma de teclas de piano.
Feito exclusivamente pelo seu amor
Quando ainda juntos estavam...
As ondas naquele fim de tarde, batiam fortemente, nas rochas que beiravam o ancoradouro.
Uma de suas partituras voava de suas mãos, sendo levada mar adentro.
O mar bravio parecia sentir sua angústia: 
Uma saudade por breves instantes,
De uma vida que antes fora sua...
Uma nau já longe, a fazia recordar:
De momentos embarcada com seu amor pirata.

Fátima Abreu

A VIOLINISTA


Republicado


Bela e talentosa violinista,
Pelas ruas ia tocando seu instrumento.
De cabelos acobreados e soltos, era uma presença marcante!
Fazia doces acordes, aos ouvidos dos passantes...

Entretanto, ninguém parava.
Escutavam a doce melodia,
Mas de nada para a violinista, isso lhe servia...

Ela queria além do aplauso dos ouvintes,
Alguma ajuda financeira.
Faltava o dinheiro, dentro de sua carteira.

Em certo  momento, cansada e de pescoço doído,
Deixo-se cair sobre um bando de madeira na praça.
Ao olhar curioso dos que ali estavam,
Começou a falar sozinha...

Foi quando percebeu, que algumas pessoas chegaram perto,
E o inusitado aconteceu:
Puseram-lhe nas mãos, uma grande quantidade de tostões...

Nesse momento, teve então uma epifania:
As pessoas se apiedavam do seu desânimo e tristeza,
Do que gostavam de sua  música, de rara beleza.

E pela noite, saiu a tocar seu violino, 
Sem saber se no dia seguinte
Teria o mesmo destino...

FÁTIMA ABREU

O CHORO DO VIOLINO

REPUBLICADO

E eu, quando ouvi  a primeira vez,
o choro do violino
que o rapaz em Niterói, tocava,
enchi o coração de uma mistura de angústia e embriaguez...
Era o meu tango preferido,
que ele ali, no meio da multidão que passava na calçada,
soava em acordes que alcançavam minha alma...

Queria ficar ali, perdida naquele som, que inebriava como vinho tinto, na taça.

Dói meu coração quando relembro, pois enquanto eu daria tudo para levar aquele som comigo,
e cobrir aquele jovem de gratidão, por momentos de pura beleza,
outros passavam e no corre corre não reparavam,
que na Arte, se encontra uma espécie de alimento.

Acho que anjos tocam lá em cima,
e os dons se abrem em mãos preparadas para recebê-los,
pois somente dessa forma pode-se explicar,
o porque da música fazer-nos viajar...

A angústia, era de saber que ele não era aproveitado em uma orquestra, teatro, ou até em outro lugar.
Talento assim, desperdiçado em ruas, que tão pouco conseguiria de gorjeta...
Quando deveria estar brilhando em um palco,
suavemente deslizando aquele arco...

E sempre se repete para mim, o mesmo sentimento:
Toda vez que passo por ele, e com olhos marejados o observo,
tocando como um anjo, sem a devida recompensa...

Um anjo jovem na Terra, que chora um desespero nas cordas do violino:
A urgência do ser.
Que até aquele momento, nada além, poderia fazer...

FÁTIMA ABREU

.Lena Sotskova

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Poder de Cecília


Noite fria de Cecília.
Saíra do 'Casarão' para dar sua volta habitual da noite, antes de seus amigos e novos convidados chegarem.
O sobretudo estava guardado na entrada da taverna, onde entrou.
Um garçom veio atender-lhe solícito. Ela olhou-o e pediu apenas um martini, pensou melhor e mandou vir outro.
Ao chegar a bebida, disse ao rapaz:
_ Sente-se e tome o martini.
_ Senhorita estou de serviço, não posso beber.
_ Comigo pode. Ninguém fará nada contra você.
_ Não, senhorita. Serei mandado embora.
_ Sente-se. Sou a dona desse lugar. Não me conhece, porque deixo tudo nas mãos do gerente.
_ Oh, desculpe-me; sendo assim, posso ficar tranquilo.

Ela olhou aqueles profundos olhos castanhos escuros, que à meia luz pareciam negros como a noite...
O rapaz emudeceu ao olhar fixo de Cecília.
De súbito ela perguntou:
_ Como se chama?
_ Adrian Ferris.
_ Então Adrian Ferris, quer sair daqui e ir para minha casa?
_ Como assim, senhorita?
_ Sim ou não? Somente isso.
_ Mas a senhorita há de convir, que mal nos conhecemos...
_ Será meu convidado de hoje, para minha reunião entre amigos que estará começando às 22:00hs.  Quer ou não?
_ Bem se é uma reunião entre amigos, irei sim.
_ Arrume suas coisas, vamos já. Falarei com o meu gerente para liberá-lo agora.
_ Ok, vou trocar de roupa no vestiário.
Levantou-se e seguiu para o final do corredor. Cecília o seguiu com os olhos.
Terminou o drinque e foi até o gerente.
Disse altiva:
_ Amanhã você o substituí por outro. Esse é meu, de agora em diante.
O gerente assentiu e nada disse. Sabia o poder nas mãos daquela mulher. O que ela queria na vida, conseguia.
A única coisa que não obtinha, mesmo cercada de gente nas suas empresas, vida social e amores, era escapar da terrível solidão da alma.

Fátima Abreu

* CECÍLIA É  A PERSONAGEM PRINCIPAL DO MEU LIVRO:
A Trilogia do 'Círculo'

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Preconceito Religioso : A Arma Final do Apocalipse


O PROBLEMA ESTÁ SE AGRAVANDO CADA VEZ MAIS!

ENTRE NESSA CAMPANHA: DIGA "NÃO"!!! A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
UM ABSURDO O QUE TEMOS VISTO DE UNS TEMPOS PARA CÁ!
ESSA SEMANA UMA MENINA DO CANDOMBLÉ.
HOJE MATARAM UM MÉDIUM DO CENTRO FREI LUÍS.
ONTEM, UM OUTRO CENTRO, FOI ATACADO A PEDRADAS POR 3 HOMENS DE BÍBLIA NA MÃO.

TEMPOS ATRÁS, ATACARAM E TENTARAM QUEIMAR UM OUTRO...
ATÉ QUANDO, MEU DEUS?
AQUI VAI SE VOLTAR A IDADE MÉDIA?
DAQUI EM DIANTE, PODE SE ESPERAR TUDO:
ATAQUES ÀS MESQUITAS, SINAGOGAS, TEMPLOS BUDISTAS, CASAS SEICHO NO IÊ...
TUDO E TODOS QUE NÃO FOREM  DA RELIGIÃO DELES?

PELO AMOR QUE DIZEM TER POR DEUS! PENSEM:

ELE NUNCA PEDIU PARA MATAR E MACHUCAR AS PESSOAS,
TODOS SOMOS FILHOS DELE.
ELE NOS CRIOU IGUAIS!
O SER HUMANO É QUE FAZ DIFERENÇA ENTRE OS SEUS!

GENTE, ATÉ CHICO XAVIER FOI LESADO EM SUA MEMÓRIA!
UM HOMEM QUE SÓ FEZ O BEM!
NUNCA ENRIQUECEU, SEMPRE MOROU EM SUA CASINHA SIMPLES NO INTERIOR DE MG!
DAVA DE COMER AOS NECESSITADOS, TRAZIA CONFORTO AOS FAMILIARES QUE PERDIAM SEUS ENTES QUERIDOS...
UM EXEMPLO DE BOM SAMARITANO!
E JOGARAM PEDRAS ONDE JAZ SEUS RESTOS MORTAIS...
NUNCA PENSEI QUE ESCUTARIA NA TV, ESSE TIPO DE COISA.
ESTOU PASMA!
DESCULPEM MEUS AMIGOS, MAS, NÃO POSSO CALAR DIANTE DISTO.

FÁTIMA ABREU


http://www.institutogamaliel.com/portaldateologia/wp-content/uploads/2013/06/A-ULTIMA-ADVERTENCIA-AO-MUNDO.jpg



ATENÇÃO!
Texto de um ano atrás, totalmente atualizado infelizmente:


   Impossível não perceberem isso: O preconceito religioso é arma final do Apocalipse!
Em todo orbe terrestre, há guerras em nome de religiões. Umas querendo superar  outras!
Com isso, vão os interesses políticos, econômicos, e ideologias arcaicas.
O que já aconteceu em tempos passados começa novamente: Perseguições, terrorismo, ameaças físicas e psicológicas, exclusão nos grupos sociais, uma verdadeira "Caça às Bruxas", em pleno século XXI!

   Crianças sendo excluídas nas escolas, espancadas  até! Impossível fechar os olhos e dizer que isso não acontece. A mídia mostra...
Meu Deus! Ele não faz distinção entre suas criaturas! As religiões foram criadas pelos homens e não por Deus!
Será que não percebem o mal que fazem uns aos outros, com tantos preconceitos religiosos?
Deus não quer guerras em seu Nome: Guerra é do mal, Paz é do bem.
Também não quer que seus filhos sejam discriminados por outros.
Liberdade de pensar, sentir, acreditar, isso sim!

   Não se pode simplesmente impor uma religião como única e verdadeira! Vide o ser humano ser imperfeito, qualquer religião criada por ele, é também. 
O Brasil que antes tinha uma maioria católica, hoje está subdividido em inúmeras outras igrejas evangélicas e outras religiões.
Porém são essas 'igrejas' exportadas da Europa, ( ESTUDE A HISTÓRIA  E LEIA CALVINISMO, LUTERANISMO) que chegaram aqui mais ou menos no século passado, que perseguem pessoas da umbanda e candomblé.
Antes, a Igreja Católica convivia em paz com esses outros tipos de credos no país:
Tomem a Bahia como exemplo: A Igreja do Bonfim, recebe todos os anos grupos do candomblé para a chamada Lavagem do Bonfim, em completa harmonia.
Kardecistas convivem bem com outros grupos como budistas, messiânicos, Seicho No Ies, umbandistas e qualquer outra manifestação religiosa.

   Na idade Média houve a Inquisição pela Igreja Católica, que depois de tantos séculos, se redimiu de seu erro... 
Agora nova ameaça, vinda de outras igrejas! Somente as novas igrejas, bem mais radicais, é que estão fazendo a pressão psicológica e até agressões tanto em pessoas, como em centros e templos.
Isso tem que acabar! Não é porque eles estão até nas bancadas de Brasília, que tem que ser encobertos...
O BRASIL É LAICO, MINHA GENTE!

   Não veem o que acontece lá fora? Guerras em nome da religião, todo o tempo: Cidades destruídas, órfãos, estupros, fome, miséria, doenças se espalhando...
Querem isso aqui me breve?
Acho que é hora de parar e repensar.

   O povo brasileiro era feliz quando uns respeitavam as escolhas dos outros.
Mas, infelizmente parece que a chamada intolerância religiosa aportou por aqui...
É a chamada Arma Final do Apocalipse:
A extinção da espécie humana pelos próprios humanos. Não pelo aquecimento global, não pela escassez de água e alimentos nas décadas seguintes, não pelo degelo do polo Norte, e sim, pela intolerância.
Tenho amigos das mais diversas religiões, e os respeito.  Inclusive na família, cada um segue a sua.
Tinha que ser assim:
Respeito é bom, e todos gostam. 
Já diz o ditado.

   Há um ideal que vem de muito tempo atrás,  que eu sonho como os franceses sonharam...
Talvez seja mesmo uma utopia, pois que nunca venha a ser realizada em plenitude:

Liberté, égalité, fraternité

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE



Fátima Abreu

quinta-feira, 18 de junho de 2015

PROVOCAÇÃO- REPUBLICADO



robert mcginnis (born 1926) american illustrator.

Teclava o piano, o compositor, numa canção que só ele mesmo sabia.
Judy chegou de mansinho, cercando-o:
Saiu detrás do balcão do bar, onde servia os drinks para aqueles que vinham ali, apenas para lhe ver sorrir...

Beijou sua nuca, provocando um arrepio,
De súbito, subiu ao alto do piano.
Passou a mão fina de dedos não muito suaves, sobre a madeira lustrosa.
A partitura, quase caiu. Ele arrumou novamente.
Sua concentração agora estava indo por 'água  abaixo'...
Com Judy ali, nada poderia da sua mente, surgir.

Ela não se fez de entendida:
Continuou a lhe provocar;
Passava o salto do calçado que usava, sobre a calça de linho marrom do compositor. Por momentos ficou assim...
Até que ele acendeu um cigarro, mesmo sabendo que lhe fazia mal, só para tirar da mente, aquela mulher insinuante...

Não houve jeito:
Dali, ela não saía.
Bastou um toque mais ardente, para conseguir o que queria:
Cruzou as pernas, mostrando algo mais...
E como uma lingerie preta de renda, não é de se aguentar
Então, ele largou finalmente o piano e toda sua inspiração,
para dar-lhe um 'amasso', atrás balcão...

FÁTIMA ABREU

Piano Sideral

Ah, é o som suave do piano que me inspira agora...
Ainda que não seja ao vivo.

Entra pelos meus ouvidos, a suavidade do dedilhar sobre a tecla, do notável artista.
Sutileza sonora, qual canções lívidas de um anjo, nas esferas celestes de ventura...
Piano sideral!

Quem não se apaixona por tal efeito?
Quem teria um coração tão rude e frio, que não ficaria embevecido com a leveza de tal audição?

Ah, é o som suave das teclas benditas, em branco com toque negro ao meio, que provém os sons do Éter...
Quem é abençoado com tal Arte, não deveria morrer!
Pois cada melodia tocada no piano, é sobretudo, uma eterna chama acesa no coração...

Em ritmo doce, é um elevo para a alma; já em ritmo mais acelerado, dá alegria.
Benditos os que tocam tal instrumento! 
Abençoados, os que se deleitam com essa sonoridade!
Nos transportamos aos orbes em que se goza de felicidade, onde os anjos e arcanjos concluem tal sinfonia.

Fátima Abreu
Flying pianos

A ARTE DA ARTE





A Arte da ARTE

E no mármore frio, a mensagem se estampava:
De uma forma serena, amável...
Um beijo trocado, nos lábios eternamente colados.
Uma expressão de amor.
A do artista que a obra criou...

E o casal nada percebia...
Olhava um mural maior do que a obra exposta em mármore branco...
Era de uma outra artista:
Aquela que faz a caneta e papel
O esboço de sua vida.
Olhar pacato, de um momento também eternizado.
A arte tem dessas coisas:
É criada simplesmente...
Moldada a pedra ou tinta.

Fátima Abreu Fatuquinha

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sobre o Modo Novo de 'Mascarar' as coisas do Cotidiano



Artigo
 
Sobre o Modo Novo de 'Mascarar' as coisas do Cotidiano


Hoje em dia, há uma tendência a 'mascarar' ou rotular as coisas.
Querem isso por dois motivos: Para que fiquem atrativas aos olhos de consumidores dessa nossa sociedade capitalista, ou para esconder de forma branda, as coisas erradas, feias ou até insólitas.

Exemplo disso, é quando se diz que o rico é corrupto, e o pobre é ladrão.
O rico tem problemas de gênio forte e bipolaridade e já o pobre é maluco e mal educado mesmo.
A mulher endinheirada e passando dos 45 anos que está acima do peso:
Faz academia, tratamento no endocrinologista e dietas da moda, super mirabolantes...
 Ela é considerada MUITO BEM CUIDADA...

A pobre de mesma idade, corre para pegar o ônibus e faz caminhada pela manhã, porque isso não custa nenhum centavo. É basicamente chamada de coroa.
E ninguém nota quando perde peso, e sim, quando ganha mais uns quilinhos...
Do mesmo modo: A rica magra, é esbelta. A pobre, é uma feia anoréxica.

O homem bem sucedido é "O CARA ": Agraciado com discursos, presentes e bajulação. Já aquele que nada conseguiu de palpável ainda na vida, é um fracassado.
E assim se rotula conceitos também!


O filho rebelde antes era considerado malcriado ou subversivo.
Hoje é taxado de: "Pessoa que vai atrás de seus direitos na sociedade, mesmo que isso vá de encontro aos valores dados pela sua família"
Esses, fazem marcha a favor da Cannabis...
E por aí vai... Máscaras e rótulos de uma sociedade que a inversão de valores é visível, infelizmente.

Fátima Fatuquinha Abreu

domingo, 14 de junho de 2015

Pensaria Eu...Republicado






Pensaria eu, estar nas estrelas

Quando teu corpo tocasse o meu...
Nada disso era verdade
Apenas meras ilusões  de minha parte.

Pensaria eu, ter o teu sorriso sincero.
Mas, apenas gargalhadas de pura ironia,
Dos teus lábios eu conseguia...

Pensaria eu ter a tua atenção,
ENTRETANTO, nada passava de uma doce encenação...
Pensaria eu, assim como pensaria você
Se no meu lugar estivesse,
e com o mesmo enamorado coração,
Tentasse encontrar
Gotas de paixão dedicadas,
Em um mar de solidão.

FÁTIMA ABREU

sábado, 13 de junho de 2015

13 DE JUNHO DE 2015







Um Sopro, Uma Brisa de Amor...
 
Isso se deu.

A realidade é que o sopro,

É um vento de não sei onde...

Transformador de tudo!

Cria novos horizontes.

Mesmo as pessoas estando distantes...

Podemos nos sentir amadas,

Quase uma experiência transcendental!

Um sopro de amor

Isso se deu.

Esqueça o vento!

Brisa do toque...

A juventude guarda segredos,

A idade madura os revela...

Cada um a seu tempo.

Apenas somos poetas, nessa tela...

Fátima Abreu



http://fatuquinhaeseular.blogspot.com.br/

MINHA PÁGINA DE AUTORA NO Clube de Autores​:

http://www.clubedeautores.com.br/authors/32550

sexta-feira, 12 de junho de 2015

2 POESIAS



                         SÃO MUITAS COISAS!

SÃO PALAVRAS QUE NÃO SAEM DA BOCA.
DESEJOS INCONTIDOS,
MOMENTOS JÁ VIVIDOS.
VONTADES PARA POR EM PRÁTICA.
MUITAS COISAS!
FAVORES QUE NUNCA PAGAREMOS...
MOMENTOS EM QUE QUASE MORREMOS.

EVIDÊNCIAS DE UMA VIDA,
AMORES NA MESMA MEDIDA...
DOCES PALAVRAS,
OU MESMO AMARGAS,
DITAS AO VENTO...
OU MESMO PRESAS, EM UM PENSAMENTO.

SÃO MUITAS COISAS:
RETROSPECTIVAS DA ALMA,
MOMENTOS EM QUE PERDEMOS A CALMA,
OU NÃO...
SÃO HISTÓRIA VIVIDAS,
EM FORMA DE CANÇÃO...
SÃO MUITAS COISAS PARA SE DIZER!
AINDA QUE UM OU OUTRO, VENHA A SOFRER.

MOMENTOS BONS OU NÃO...
SÃO MUITAS COISAS NESSE UNIVERSO!
CADA DIA UMA...
EU ATÉ DESESPERO,
MAS, TENHO ESPERANÇA!
EM MOMENTOS DE PAIXÃO,
REALIZO A MINHA DANÇA.

SÃO COISAS QUE VAGUEIAM POR AÍ:
BASTANDO A ALMA, APENAS SEGUIR...

SÃO MUITAS COISAS, É VERDADE!

BASTA UM CORAÇÃO PARA SENTI-LAS...
ENTRETANTO, NO COMPASSO DESSA DANÇA,
SEMPRE A DOIS, MELHOR SERIA...

FÁTIMA ABREU



ESTRELAS DISTANTES


Uma rosa vermelha deixada sobre a mesa.
O rosto da foto, exposta no livro
Um olhar triste
A certeza da incerteza...
Cada dia uma incógnita a ser vivida...
Apenas de uma coisa sabia:
Da vontade de estarem juntos sempre.
Já estava provado isso,
A total dependência um do outro
Mas, faziam uma batalha renovada,
Cheia de conflitos internos e externos.
Entretanto, as estrelas não se apagam no céu
Sinal que devem ficar ali.
Com seu brilho de anos luz
Uma explosão de outrora
Que não precisamos saber detalhes,
A importância é de estarem lá,
Mesmo sendo tão distantes uma da outra...

Fátima Fatuquinha Abreu


V de Veneza- REPUBLICADO

moça-em-veneza-pinturas-de-richard-s-johnson            http://imagensdecoupage.blogspot.com.br/2012/09/pinturas-de-mulheres-por-richard-s.html


Veneza, cidade que inspira paixão,
Poesia, emoção...
As pinturas demonstram com detalhes
Um olhar cativo na paisagem...

Moças românticas reparavam em cada detalhe:
Casarios no mesmo estilo.
A gôndola e o seu guia, de chapéu com fita.
A água branda que os prédios refletia...

Veneza, pura poesia!
Rosas vermelhas jogadas ao gondoleiro
Quando passa por uma sacada.
Um olhar doce e cheio de desejos escondidos.
As rosas, isso revelava...
Ele seria seu convidado, na próxima madrugada.

Fátima Abreu
mulher-rosas-vermelhas-pinturas-de-richard-s-johnson

Sensações- Republicado


A sensação de se estar vivo, vibrante é muito boa.
Quando sai para comprar pães e mais um dos meus remédios, me senti assim.
Muitas vezes vou à rua, pagar contas, supermercado, farmácia, lojas... Mas, essa sensação muitas vezes passa sem ser notada.
Para quem trabalha fora e sai todos os dias de casa, isso não é reparado.
Entretanto, para quem vive mais dentro de casa como eu, o fato de sair, assistir o nascer do sol na Lagoa pertinho de onde moro, ou o cair da tarde, numa presença rubra do sol no horizonte, é muito agradável.

As dores amenizam nesses momentos.
Agradeço então à Deus, não estar como muitos, em corredores de hospitais públicos esperando uma vaga, ou presa por aparelhos como os pacientes de doenças terminais.
Não estou privada de minha liberdade, outra coisa maravilhosa!
Imagino aquelas mulheres que foram pelo mau caminho, que estão em penitenciárias, deve ser como o purgatório na Terra, ou quase o limbo para elas...


O barulho na rodovia Amaral Peixoto, dos ônibus, carros, caminhões e motos me encantaram por um instante...
Quando vi um desses quadriciclos motorizados, quase beirando onde eu passava, não atinei para um detalhe (dele estar na contra mão), mas sim, de quanto eu queria ter um daqueles (não sei dirigir nada), para sentir mais uma nova sensação:
De cabelo ao vento, (embora os meus hoje em dia, sejam curtos) e a pele bronzeada pelo calor e raios do sol. Seria uma experiência nova, como ir à Santa Teresa, bairro do RJ, que nunca fui. Referência de bairro com teor artístico.

Existem situações em que estou 'aérea' a tudo em minha volta: Com o meu déficit de atenção, 'desequilibrando' minha cabeça (aí junta-se à labirintite) e a audição que diminuiu desde o ano passado com a Síndrome de Meniére.
Nesses momentos, não poderia sair sozinha, pois fatalmente  seria atropelada pelo quadriciclo que eu quis experimentar...

Sensações diferentes numa mesma situação, perceba!
Primeiramente: A  vontade de experimentar o novo, a aventura.
Depois: O medo de ser atropelada pela total distração, seja pela pouca audição, pelo déficit de atenção ou vertigem.

E assim, vou vivendo: Dias de alegria, dias de tristeza, por uma certa incapacidade de melhorar o 'todo'...
Tenho essas diversas sensações.
Como todo ser humano.

Fátima Abreu

segunda-feira, 8 de junho de 2015

TRISTE, SE NÃO FOSSE CÔMICO- Conto; ATA-ME! Poesia erótica

 TRISTE, SE NÃO FOSSE CÔMICO!

Conto real

A casa era como no agreste nordestino. Há muito tempo, não cai uma gota d'água.
Isso era um fato para lá de desagradável! Mal podia receber alguém ali...
Certo dia, estava eu, a pensar e repensar atitudes a serem tomadas, quando de repente, toca o interfone:
 Eu ouço a voz de uma visita inesperada.
Imediatamente, senti toda alegria nordestina, em dia de muita chuva! Em fração de segundos, imaginando as flores e plantas verdejantes. Farta colheita... Uma fértil imaginação, a minha!
Respondo então:
- Um minuto, por favor, vou pegar a chave do portão.

Neste minuto, um corre corre: Tentando arrumar algumas coisas fora de lugar.
Tudo em velocidade, um verdadeiro 'The Flash'.
 Coloco um mp3 com músicas românticas internacionais, e baixei a intensidade da luz da sala.
Corri para o portão... Abri, com alegria transparente, mas tentando ser discreto. Pois havia muito tempo não nos víamos.
Ela poderia estar acompanhada, casada... Senti-me um pouco maldoso e decepcionado.

Abri o portão... Transbordei de alegria, ao perceber que estava só... E linda, como da última vez...
E com um maravilhoso cheiro de perfume francês.

Depois de alguns minutos, estávamos entre carinhosos abraços, perguntas e respostas de praxe. Os trinta metros de calçada, até a porta de entrada. Transformou-se em passarela, com tapete vermelho (lá se foi a minha imaginação de novo)...
Desfilei como se estivesse indo receber um Oscar.

Entramos ao som de Only you (The Platters). Servi um vinho branco alemão (mas claro que antes lavei as já empoeiradas taças).

Após algum tempo, pedi licença... Fui até o jardim.
Rapidamente colhi algumas flores bem coloridas. Fiz um lindo arranjo e coloquei na mesa da sala.

Ela também não havia jantado.
Perguntou se eu ainda era bom de cozinha. Respondi que sim, com modéstia, e senti-me com grande responsabilidade.

Fui para o fogão, como um pavão ostentando sua maravilhosa cauda, enquanto preparava o strogonoff de frango, arroz e uma salada bem colorida...

Ela me confidenciou que estava sentindo-se um pouco triste e solitária. Lembrou de mim e sentiu uma forte vontade de encontrar-me.
(Para minha alegria ainda maior)

Então, resolveu  fazer uma surpresa. Apreensiva, porque não tínhamos contato, fazia bastante tempo. Pensou que eu poderia estar casado ou com alguém... Mesmo assim, veio.
Gentilmente agradeci, sentindo-me lisonjeado.

Discretamente fui até meu quarto. Ao ligar a luz, ela viu pela porta, e fez comentário sobre meu gosto por luzes coloridas.
Nessas alturas, eu já estava apreensivo também:

Sentindo-me responsável por uma boa performance. Na condição de carro velho, que estava muito tempo na garagem.
Busquei então, uma ajuda científica.

Abri minha gaveta de remédios e tomei a seco, um comprimido de 'alegria'.
Como não estou habituado a isso, e meio inseguro resolvi tomar dose dupla.

 Servi o jantar... Recebi elogios por tudo. Não sei se pela emoção, mas achei, ter-me superado como mestre.

Tenho amigos de minha idade, que fazem plástica, botox, cremes mágicos, pintam cabelo.
Eu não faço nada disso. Sinto-me bem como estou e sou. Também não sou perfeito. Vejo muito mal de perto e detesto usar óculos.

Após o jantar, dançamos duas ou três românticas... E a noite passou num piscar de olhos. Eu imaginava uma interminável noite polar.

Ao acordar, já era quase meio dia. Levantei cambaleante. Tive que me segurar, para não cair. Pareceu-me ter dobrado meus 84 kg. Mente meio confusa...

Então vi uma folha de papel A4, ao lado. Andando com dificuldade, sentindo-me pesado. Busquei meus óculos.

Li o papel:
" Querido, obrigado pela maravilhosa recepção. Tudo estava 10: flores, vinho, o jantar uma delícia! Adorei dançar, porque há muito não o fazia.

Tentei acordá-lo ou levá-lo para cama, mas não consegui. Preocupada, até pensei chamar uma ambulância... Não o fiz, porque vi que sua pulsação e respiração estavam normais.
Olha, quer um conselho? Procure um médico. Você esta roncando muito e tem muita apneia.

“Beijos...”



Conclusão:
Estou físico e psicologicamente bem. Apenas um pouco de baixa estima.

Odiando a Dra. Silvia, por ter me dado umas amostra grátis de um tal de DEPAXAN. Tomei dose dupla, por engano.
E lá se foi aquilo que seria uma noite memorável, onde finalmente deixaria meus instintos masculinos aflorarem ao máximo, e ter um prazer que há tempos anda guardado...

* Fiz o conto baseado no relato de Hermínio

             CONTOS MOLHADOS DE VINHO & VERMELHO

 Para comprar impresso pelo CDA:

https://www.clubedeautores.com.br/book/175707--Contos_Molhados

 

  Poesias assim, o leitor (a) também encontra no meu livro...

  Ata-me!

(reeditado)


Prende-me como uma corça,
Os braços, ata-me...
Para que eu fique indefesa, em teu sutil ataque...

Tenha-me qual animal na selva
Como corça, sou a tua ( c) serva...
No teu corpo rijo,
Qual dureza de diamante bruto...

Eu, assim:
Indefesa e delirante,
Apenas murmuro:
Galopa, meu amante...

Puxa meus cabelos,
Como um homem alucinado pela volúpia...
Domando a fêmea, que arde,
No mais íntimo do meu ser!
E nessa hora grito, enfim:
Dentro agora, de mim!

No final, uma banheira para nos lavarmos,
De nossos suores e gozos...
Velas, flores, aromas e sabores.
O meu é do vinho tinto que já está na taça.
Quer algo mais que eu faça?

Tenho uma boa sugestão:
Ata-me novamente!
Minha volúpia não tem fim!
Capaz de ficar a noite inteira assim...


Fátima Abreu