sexta-feira, 31 de maio de 2013

Linguagem Muda


LINGUAGEM MUDA

Meus olhos procuram os teus.
Mudando de cor a todo momento
Vão do castanho ao mel
Conforme meu espírito no dia.
Você não percebe:
Eles choram um passado, algumas vezes, o presente.
Meus olhos procuram os teus.
Esperando encontrar uma resposta,
Para tantas questões esquecidas...
Será que existe ostra sem pérola?
Existe sim.
Mas, solidão não é para mim...

FÁTIMA ABREU

CAPT FINAL: A Cigana Leu...

Cont do conto anterior: Visitas Incômodas

A Cigana Leu...

Quando Eliane era mocinha, certa vez uma cigana bateu à sua porta pedindo água.
Seu acampamento cigano, estava em um terreno situado na Av. Monsenhor Félix, onde hoje existe um condomínio de apartamentos e uma escola no alto.

Bem, como andavam pelo Irajá, tentando ler a sorte das pessoas, uma delas foi a que chegou até Eliane.
Depois que bebeu água e agradeceu, pegou  a mão de Eliane e disse que ela viveria até os 70 anos, não chegando a completar os 71, e antes de falecer, 'enterraria' todos aqueles membros que foram de sua primeira família.
Eliane ficou chateada com isso. Mas, assim que a cigana deu as costas, ela correu para dentro de casa, fazendo as contas para saber até que ano viveria, e deu 2008.
 "Ah, tinha muito tempo até lá", pensou.

As mortes

A primeira a morrer foi D. Rosa, sua mãe, de ataque cardíaco, como eu havia dito em outro capítulo.
Em 1991 outra morte se deu: Elaine sua irmã mais velha. Antes de contar porém, quero registrar que Elaine era uma pessoa admirável, batalhadora, vivendo muito para a família e que teve a triste sorte de gerar apenas uma única filha, que nasceu morta. O que  a deixou imensamente triste, pois tudo estava pronto para recebê-la em seu apartamento recém comprado em Pilares: quarto decorado, enxoval prontinho, mas a criança não vingou, na verdade, já estava morta há 2 dias dentro do ventre de Elaine e ela percebeu algo de errado quando não sentia mais a criança mexendo dentro de si. Foi ao hospital no terceiro dia, com fortes dores e finalmente o parto se deu... Foi sorte Elaine não morrer desse parto naquela época, porque poderia ter tido uma infecção generalizada!
Voltando a história de Elaine: Essa criança foi fruto de um relacionamento com um rapaz mais novo que ela. Depois disso, cada um tomou seu rumo. Anos antes, ela fora noiva de um homem a quem parece ter gostado muito, mas não sei em que circunstâncias, não dera certo e o noivado foi rompido.
Tempos depois, reviu Germano: Um amigo de juventude com quem teve um namoro.
 "Mas o que tem que ser, será", já diz o ditado. E foi com Germano que ela ficou até o último dia de sua vida, quando veio  a falecer de um ataque cardíaco, tal qual sua mãe, D. Rosa, anos antes.

Foi um grande choque essa morte para Eliane, mais até, do que de sua mãe! Ela chorou por dias a fio, meses... Toda vez que lembrava da irmã, quase sempre era uma dor muito grande.
Entretanto, quem mais sentiu a falta de Elaine, foi Adilson, seu sobrinho. Pois a considerava sua verdadeira mãe! Já que Eliane nunca teve carinho real por seu primogênito, Elaine tomou as dores do sobrinho, o cobrindo de atenções por toda vida.
Ele colocou  a foto da tia no seu carro e ouvia a canção tema do filme Ghost, pensando nela...


1997: Josué morre do coração, dentro da casa de seu filho Adilson, quando passava tempos lá, sendo cuidado pela nora, a quem gostava como filha.
Já em 1999, foi o pai de Eliane que veio a falecer por um "suicídio lento": Deixou de comer e beber água por 15 dias. Desistindo de viver, deixou-se ficar numa cadeira de balanço em sua varanda, e quando as forças faltaram de vez, foi para cama.
De lá, só saiu no dia que foi levado ao hospital, morrendo logo a  seguir...
Eliane nada demonstrou de tristeza, porque ela e o pai nunca havia sido ligados mesmo, piorou depois que ele havia se casado com a amante, um ano depois da morte de D. Rosa.

Em 2001, veio a mais dolorosa morte que Eliane teve que presenciar:
A de seu filho caçula tão querido, Ademir! Quase 'enlouqueceu' de dor.
Vítima de um traumatismo craniano, ao cair do alto de uma escada (dessas altas, que os pedreiros usam) em sua casa, (morava em Itaguaí, nessa época) ele ainda foi levado ao hospital, mas minutos depois deu-se  a morte. Deixou esposa e um filho.
Sempre houve um 'desconforto' de Eliane com a nora, esposa de Ademir, porque ela não gostava visivelmente de "dividir" seu filho, mas depois da morte dele, isso tornou-se um tormento para as duas. Não se davam de maneira nenhuma. Mesmo assim, a esposa de Ademir, cumprindo uma promessa feita anos antes ao marido, cuidou para que nada faltasse para a sogra, até sua morte.

Já em abril de 2008, foi a vez do primogênito de Eliane morrer. Mas Adilson, já estava doente há muitos anos.  Eliane não o viu morto, pois ele não morava perto dela, também não foi ao enterro. Ficou sabendo da notícia pelo seu neto mais velho.
Um mês depois, em maio, Eliane ficou doente. A nora, como tinha de cuidar da sogra, (pela promessa) a levou para o hospital e ali ficou por uma semana, até vir  a falecer. Eliane morrera aos 70 anos e 7 meses.

A cigana lera o seu destino, de forma correta.

Fátima Abreu





CAPT 5: Visitas Incômodas



Cont do capt anterior:  'A Verdade Dói, Emagrece e Muda Tudo'

Visitas Incômodas

O ano era 1989.
Depois do rompimento definitivo de Josué com Eliane, o filho Ademir ficou solidário com sua mãe, não querendo encontrar o pai, aliás, ignorou-o por um bom tempo...
Mas, Adilson não. Até ficou interessado em conhecer seus meio irmãos, pedindo então ao pai que marcasse um dia para a visita.
Adilson levaria a esposa e os dois filhos pequenos também.
Josué ficou contente com essa atitude de seu filho mais velho. Marcou então para o domingo mais próximo.
Já em Niterói, quem não gostou dessa visita planejada, foram Graça  e a filha, pois não tinham o menor interesse em conhecer  a "outra família" de Josué.
Mas o caçula de Josué com Graça, Ivan, ficou bem  ansioso com a novidade.

Um desastre, um incômodo foi aquela visita!
Apesar de morar em Icaraí, bairro nobre de Niterói,  a casa era bem antiga, precisando de reforma, aspecto sujo e espremida entre os prédios 'gigantes' da rua. A esposa de Adilson  apesar de ser bem simples, achou  ao entrar na casa, que Graça era má dona de casa: Tudo tinha aspecto de mal cuidado, sujo mesmo!
Apesar de sua sogra Eliane, ser uma pessoa de 'cara amarrada', pelos desgostos da vida, ela tinha que admitir que era caprichosa, muito limpa e organizada. Isso ela não poderia dizer de Graça...
Essas coisas, mesmo não querendo reparar, fica claro, quando encontramos um ambiente assim...
Adilson não percebia nada disso, pois estava contente em conhecer seu irmão Ivan, mas a irmã, já não fez uma cara agradável...
O ambiente ficou desconfortável, estavam sem assunto... Foi servido um cafezinho com umas rosquinhas de coco ( aquelas da TV, que rima com minha personagem Maribel). Apenas isso e nada mais...
Os filhos de Adilson gostaram também de Ivan, porque eram crianças e ele adolescente. Porém, em dado momento, ficaram entediadas e desejosas de voltar para casa, no Irajá.
A esposa de Adilson chamou-o e disse que todos já queriam ir e que se despedisse logo.
Ao saírem dali, uma certeza: Nunca mais voltariam naquele lugar! Foi o que aconteceu.

Mas, o contato com Ivan continuou. Ele foi convidado para ir na próxima viagem que Adilson e família  fariam à Bahia. Josué também iria para matar as saudades dos parentes, pois havia um ano que não aparecia por lá.
Tudo marcado foram então: Adilson, esposa, os dois filhos do casal, Josué e Ivan.

Passaram por muitas 'porteiras' ( tinha que descer alguém do carro e abrir cada uma, para passar)até chegarem na entrada do lugarejo, que distava exatos 8 km da Rodovia Rio - Bahia.
Os parentes de Josué (que estavam sentados em volta de uma árvore, em frente à casa), ao avistar um carro de fora, um Monza preto, passando pela única via pública que beirava a estação do trem, logo perceberam que só poderia ser  "SINHÔ",(assim chamavam Josué por lá) que vinha do Rio com alguém...

 
 LAGEDO ALTO (BA)

Entretanto, levaram um susto quando desceram do carro Adilson junto com Ivan, uma coisa que nunca achavam que iria acontecer: Sabiam da existência das famílias de Josué que moravam longe uma da outra,  e não esperavam por isso. Na verdade, fizeram umas expressões de interrogação em seus rostos e Josué foi tratando de explicar tudo.

Depois, fez-se um almoço com uma carne de sol na brasa e galinha ao molho pardo.
Durante os 4 dias que ali estiveram, Adilson pagou por tudo, pois a família  baiana de sue pai, era grande e não tinha muitas condições financeiras. Se fossem contar com ajuda de Josué, estaria me maus lençóis, porque esse, mal chegou e foi procurar  a mesa de pôquer do bar. Não fosse  a mala de roupas que trouxe consigo, teria de ficar ali na Bahia, até ter como pagá-los...  Pois o negócio nesses cantos do interior nordestino, são resolvidos na 'base da peixeira' ou do tiro!
Resultado: Voltou para casa com a roupa do corpo.

"QUEM JOGA CENTAVOS, ESPERANDO MILHÃO, ACABA SEM NADA NA MÃO"

continua...

Fátima Abreu


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Decepção


Nota:
Hoje tive uma notícia que deixou-me triste, um pouco revoltada, porém não fiquei perplexa, pois quem escreve na web, está sujeito a todo tipo de plágio.
Fiquei sabendo que no estado de Pernambuco, alguém imprimiu em uma gráfica/editora (?) meu livros e passou a vendê-los por lá. Também soube que segundo essa pessoa que informou está vendendo "a rodo"... Ou seja: Ganhando dinheiro as minhas custas e nas minhas costas. Pois se tem meus e-books para mandar imprimir,foi porque comprou comigo!
Infelizes aqueles que precisam usar de tal artifício, para ganhar algum aplauso ou dinheiro!
Infelizes aqueles que não tem criatividade e talento, para criar suas próprias coisas e usam as dos outros como se fossem suas!
Infelizes aqueles que para terem um sorriso nos lábios, precisam deixar outro ser humano, desgostoso!
Infelizes aqueles que compraram esses exemplares, pois levaram "gato por lebre". Pois quem havia de direito, ter todo o crédito dos direitos autorais seria eu!
Enfim, como disse, na web estamos sujeitos a isso e muito mais fraudes...
O que mais me dá revolta, é que essa pessoa(s) enche os bolsos de dinheiro, enquanto eu estou com a conta zerada e ainda levei um calote de 5 pessoas.
Nada é justo nesse mundo! Eu que fico sentada com dor nas costas, tendo um cóccix esclerosado, artrose em toda coluna vertebral, 3 hérnias de disco no pescoço escrevendo aqui, para outros usarem da minha criação para fins lucrativos!
Será que a pessoa não tem dor na consciência ao deitar?

O chamado 'ser humano', nada tem de humanidade. Passa um pouco da evolução de meros animais.
Pois um animal só mata outro, quando sente-se ameaçado ou com fome. O 'ser humano', mata de várias formas: Inclusive com a decepção.
SÃO TÃO CRUÉIS COMO O LOBO, QUANDO DESTROÇA A CARNE DO CORDEIRO.

O que leva uma pessoa proceder qual lobo? Ganhar como o sofrimento de outro, que valia tem?
Bem, que fiquem com o dinheiro que deveria ser meu! Afinal de tudo de ruim acha-se uma coisa boa: Sei que talento não me falta, pois se assim não fosse, nunca uma gráfica editaria para vender "a rodo", como disseram que estão vendendo por lá...

Fátima Abreu
Fatuquinha

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Artigo: Interpretação de Textos



Não sei se as pessoas tem dificuldade de interpretação de textos, se os professores de língua portuguesa não estão fazendo bem seu trabalho, enfim... Percebo que algumas pessoas que comentam meus poemas no Luso ou no Recanto das Letras, não entendem a mensagem do que eu quis expressar ali.

Outro dia, em um programa de TV, ouvi falar que um nosso autor muito conhecido, teve seu texto numa prova de vestibular. Quando os candidatos foram interpretar, alguns entenderam, outros, quase nada.
Mas, o pior foi que aqueles que entenderam, receberam a resposta como errada, pelos professores que corrigiram a prova.
 O autor, ao ler a reposta dada como correta pelos professores, discordou: Pois não era aquilo que ele enviava como mensagem em seu texto, e sim, o que os candidatos antes, tinham achado mesmo...

Se acontece isso com um autor bem conhecido como LFV, que dirá com aqueles que ainda não são? Sim, a questão da interpretação é bem diversa, porque cada um entende as coisas de sua maneira, entretanto, há de se ter uma ideia geral do que um texto enviado, tem como mensagem global.

Como essas 3 fotos minhas acima: Em cada uma pareço de um jeito. Na primeira pareço até meio sofisticada, elegante... Já na segunda, pensativa, sonhadora... E na última, diria que é a uma pessoa que está pronta apenas para tirar a fotografia naquele momento, simulando um sorriso.
Mas quem sabe que sou eu, reconhece a Fátima Abreu.

No poema: VERSOS ESQUECIDOS

Tenho versos esquecidos,
No baú da minha mente:
Palavras nunca ditas, tampouco versadas.
Sinto a ânsia de expô-las agora...

Um arrepio percorre meu corpo.
Um frio, não se sabe de onde vem...
Nem o porquê.
Uma presença, faz com que eu escreva...

Talvez não seja frio
Quem sabe, uma chama acesa?

Cobrindo de paz, o frio na espinha dorsal.
Para que isso, não me faça nenhum mal.

A mão presente, segue escrevendo
Pena ou caneta?
Papel ou tela?
São pensamentos legitimamente meus ou dessa 'presença'?

Escrevendo rápido, como se o tempo estivesse escasso...
Pensamentos adequados?
Não me reconheço, não sou eu, definitivamente...
Toda essa 'inspiração momentânea' vai passar...
E voltará certamente,
Ao meu verdadeiro versar...

Tenho versos esquecidos na mente...
No baú da minha alma,
Talvez da outra pessoa que fui,
Numa vida pregressa.
Uma alma que vive dentro de mim,
Resquícios que o "Esquecimento Azul"
Deixou passar...

Fátima Abreu

Uma pessoa comentou no RL, uma coisa que nada tinha com a mensagem que eu intencionei passar adiante!
Ela interpretou que eu estava mesmo com versos, palavras e frases esquecidas...
Mas, o meu poema tem uma mensagem transcendental, espiritual, como uma entidade falando por mim. Ela não percebeu nada disso! Ainda colocou:
"É só lembrar... e começar a escrever que muito verso bonito, aparecerá, menina!"
No luso essa semana, ocorreu o mesmo, em outro poema. O que me deixou pensando que ou eu não me faço entender ou as pessoas tem mesmo essa dificuldade de interpretar textos, principalmente poemas.

Fica a dica aos professores de plantão: Exercitem isso dentro das salas de aula.
Fátima Abreu




terça-feira, 28 de maio de 2013

O GRILO CANTOR( prosa poética infantil)






Foto: [☆¸¸­­☆ Rita ☆¸¸­­ ☆].O Grilo Cantor

Lá no alto da serra morava um grilo.
Verde  como todos os outros.
Entretanto, ele tinha uma ânsia de cantar bem diferente dos seus irmãos...
Ele queria cantar tão afinado quanto um violino!

Foi numa noite de muita chuva, que o inusitado se deu:
A fada Maricotinha apareceu, e seu desejo, ela realizou. Deu novo corpo ao grilo cantor.
Bastava ele  movimentar seu maxilar para o seu violino traseiro, começar a tocar!
O grilo agradecido pelo presente, fez a mais linda melodia para sua fada madrinha.

Maricotinha encantada, decidiu deixar de ser fada:
Tornou-se uma linda ESPERANÇA, verde como o grilo, depois disso, já se sabe o que aconteceu:
Enamorados Grilo e Esperança, casaram-se e fizeram uma grande festança!

Fátima Abreu


segunda-feira, 27 de maio de 2013

CAPT 4: A Verdade Dói, Emagrece e Muda Tudo

CONT DO CAPT ANTERIOR: O Jogo Que destrói Todo 'Jogo'

 


A Verdade Dói, Emagrece e Muda Tudo

Um conhecido de Eliane e Josué, foi se consultar na antiga clínica que antes ele era dono majoritário, pensando encontrá-lo por lá, trabalhando ainda. Nesse dia, foi para lá também que Josué correu com a nova mulher, Graça, para ter a criança. Ao saber do corre corre, esse homem perguntou para uma das enfermeiras, porque Josué estava correndo dentro da clínica, nervoso daquele jeito. A enfermeira respondeu simplesmente:
_ Ora senhor, ele está assim porque sua mulher vai ter o bebê!
_ Bebê? Não sabia que Eliane estava grávida!
_ D. Eliane, não. A nova mulher dele, a D. Graça.
_ Ah, sim... Então essa D. Graça é a nova mulher dele? Não sabia. De qualquer jeito, obrigado pela informação, vou felicitá-lo assim que  a criança nascer...
_ Está em trabalho de parto avançado, acho que em meia hora esse bebê vem ao mundo... Agora com licença, tenho muito que fazer aqui.

O homem fez que sim com a cabeça e afastou-se da enfermeira. Ao ficar de frente com Josué, (que levou um susto ao encontrá-lo por ali) fez-se de desentendido.
 Josué tentou não demonstrar nervosismo. Mas já era tarde: A enfermeira voltou dizendo que sua filha havia nascido. Estava bem e a mãe também.
Josué olhou sem jeito para o conhecido e pediu por sigilo, para não magoar Eliane.

Eliane para aquele homem, era quase como família, pois seu irmão era compadre dela: Havia batizado Ademir, seu segundo filho. As relações entre as duas famílias estreitar-se com esse batizado. 
Sendo assim, ele aceitou ficar calado. Porém, contou para sua mãe, (era comadre de Eliane, madrinha de Ademir) que contou para alguém que também levou a notícia para Elaine, que finalmente contou para sua irmã enganada, Eliane. Nesse "disse me disse", a verdade chegou enfim!

Doída, chorosa, humilhada, fraca e magra, assim ficara por meses Eliane... Mas ela não se dava por entendida quando ele aparecia em Irajá: Fingia que de nada sabia. Acho até, que ela fazia isso para si mesma, para aguentar, pois quando falava das viagens e de antes, em Niterói, era com muita satisfação. 
E sobre Josué, como se realmente  tivessem sido felizes e que nada abalara isso.
Queria manter as aparências de qualquer jeito, para "não dar o gostinho" aos vizinhos e até que seus filhos terminassem os estudos pelo menos até o colegial...  Depois disso, seriam homens para  entender tudo.

Elaine não aceitava essa passividade de sua irmã e fica revoltada com essa atitude, embora nada pudesse fazer se não aconselhar... Nada adiantava. Essa situação realmente ficou até Adilson se casar (2 anos depois que saiu do Exército) e seu irmão, Ademir, começar à trabalhar como caixa em um banco.
Um dia, Adilson pressionou o pai, numa dessas idas de fim de semana ao Irajá. Mesmo estando já casado e com 2 filhinhos também, queria que essa situação estranha do pai com a mãe, fosse resolvida. 
Que a verdade sobre todos aqueles anos, viesse à tona.
Sendo assim, soube que Josué tinha outra família, além deles e de Betina(do casamento com Eliseth). 
Seus outros 'meio irmãos', eram Joyce e Ivan, que veio 4 anos depois da irmã.
Josué tinha ao todo, 5 filhos. Diziam na Bahia, que ele tinha filhos espalhados por lá também:  Todas as vezes que ele ia até lá, "matar as saudades" da terra e de seus parentes, fazia suas andanças nos braços de outras mulheres...

De qualquer jeito, foi o fim da farsa de Josué com Eliane:  Ao ouvir pela boca do filho mais velho, tudo que o pai relatara , de como vivia em Niterói e a outra família, Eliane ficou possessa.
Mas, Adilson nunca fora o filho querido, pelo contrário: Eliane desde o início preferira o caçula e isso era nítido. Pensando ter feito um favor à mãe, ele a deixou com mais raiva ainda! Era como se ele houvesse revelado seu segredo e não o de Josué! 

Vai se entender a mente humana...
(continua)

Fátima Abreu

Zohar, A Garota Do Zodíaco 2



Zohar aprendeu aos poucos a conviver com sua turma do cursinho pré vestibular. Mas sempre um' pé atrás' com a tal garota que lhe deixou chateada. Estava decidida a dar-lhe uma lição no tempo certo. Afinal, vingança é um prato que se come frio...

O fim do ano estava próximo e o vestibular também.
 Zohar finalmente ficou pronta para dar' o troco', antes que nunca mais visse a garota, afinal, depois do vestibular todos sairiam do cursinho...

Zohar pediu a seu irmão que era o mais novo adolescente "do pedaço", a dar um susto na 'talzinha', sua rival:
Ele então, enviou uma mensagem para o celular dela dizendo:
" Não saia de casa hoje, diz o seu Horóscopo".
 A garota ao ler a mensagem, ficou  achando que só poderia ser coisa mesmo de Zohar, pois a palavra Horóscopo, a denunciava.

Zohar no entanto, não teve essa ideia. Pediu apenas que ele enviasse uma mensagem que desse medo na garota, dessa forma, não sairia de casa. Para que seu plano desse certo, teria de ser assim. Depois faria "uma pegadinha" em sua porta: Uma caixa contendo uma cobra morta, para lhe dar um susto! E um bilhete anexado:
"Uma cobra para outra cobra!"
O que não ficaria sem registro: Seu irmão teria de estar por perto para tirar uma foto pelo celular ou filmar mesmo...

Mas, a garota foi até Zohar, para lhe confrontar, pois tinha certeza que o SMS era dela (antes mesmo da caixa misteriosa chegar em sua casa, o que Zohar não contava)...
As duas brigaram, e Zohar com suas unhas, arranhou-lhe o rosto a ponto de sair um filete de sangue. A garota totalmente irada pelo acontecido, arrancou também um tufo dos longos cabelos de Zohar. Não havia maior afronta do que essa!
A briga em frente à entrada do cursinho continuava e ninguém separava as moças.
Até que o celular de Zohar começou a vibrar em sua roupa, e ela finalmente parou a briga para atender.
A outra, deixou-se cair no chão, ofegante...
Ambas estavam exaustas, sujas e desalinhadas.

A voz no celular disse:
"Li seu Horóscopo: dizia para você também não sair, hoje"!
Foi aí que Zohar caiu em si:
Pela primeira vez, em anos no Brasil, deixara de ler seu horóscopo antes de sair de casa.

Fátima Abreu


CAPT 3: O Jogo Que destrói Todo 'Jogo'

CONT DO CONTO: A HISTÓRIA DE JOSUÉ

CAPT 3: O Jogo Que destrói Todo 'Jogo'


Josué tinha mania de grandeza, talvez por saber-se herdeiro bastardo da mais conhecida fábrica de charutos da Bahia (mesmo não levando o nome do pai oficialmente, se preciso fosse, lutaria na justiça), fosse por achar que com sua perspicácia e lábia, chegaria muito além de ser o sócio majoritário de uma clínica.
Passou a ter novos amigos, conhecendo pessoas de uma classe mais elevada, mas precisamente coronéis. Esses coronéis jogavam pôquer sempre 2 vezes por semana e também iam ao jóquei apostar nos cavalos. Josué, querendo partilhar das mesmas coisas, até por se achar merecedor de status, acompanhava-os.
De início apostava pouco, depois o jogo tornou-se como sangue em suas veias, o corroendo por dentro, e não conseguia parar de jogar todas as semanas. Já havia perdido grande parte das ações da clínica, oferecendo como pagamento de suas dívidas na mesa de jogo.

 

Até que finalmente um dia, pegou as joias que havia comprado para Eliane e as deu como pagamento de  suas dívidas com os coronéis. Foi a gota d´ água. Eliane que até então, achava que nada disso atrapalharia sua 'vidinha tão certinha' agora, viu-se enganada pelo companheiro. Houve uma grande briga e depois tudo voltou como era antes:
Para encerrar suas dívidas, Josué deu o restante das ações da clínica e como o que tinha agora era o trabalho de protético e barbeiro novamente, resolveu que iriam sair de Niterói, porque pagando aquele aluguel exorbitante, só para manter aparências, não poderiam...

A solução era voltar para o Irajá. Fizeram um puxadinho na casa do pai de Eliane, que agora já havia casado com a tal amante, devido a morte de D. Rosa anos antes ( um ataque cardíaco na porta de sua casa, quando chegava da feira com duas bolsas pesadas).
Ah, mas aí que tudo se complicou mais: Eliane não suportava a mulher de seu pai e era recíproco.
O fato de morarem todos no mesmo quintal foi definitivamente a guerra declarada!
Josué ficava à margem disso tudo, nada lhe interessava ali, até porque, era apenas uma fachada para ser mantida, já que ele e Eliane nada tinham mais de relacionamento íntimo depois de várias brigas que tiveram desde que saíram de Niterói para o Irajá.... Por que se preocuparia então?
Elas que se entendessem ou não... O pai de Eliane também não se metia nas brigas de sua filha com a nova esposa: Deixava para lá, aliás o mundo podia cair que ele não ligava: Já estava tendo um caso com uma nova amante na Rua Camerino...

Quanto a Josué, só vinha para casa nos fins de semana, pois passava o tempo todo em Niterói "trabalhando"... Bem, era isso que ele dizia para toda a família de Eliane e seus filhos.
A verdade nua  e crua, é que estava de caso um bom tempo com uma moça que era a única filha entre 9 irmãos, e esses, o estavam pressionando para que se casasse com ela.
Mas como? Todo o' tormento' novamente: Ela estava grávida, tal qual Eliane ficou, no início de toda essa história. Se não tomasse uma atitude, se daria muito mal com certeza, pois eles tinham como fazer pressão...
Resultado: Josué foi escasseando cada vez mais suas visitas aos filhos Adilson e Ademir no Irajá, cada vez ficando mais em Niterói, onde os irmãos da moça arrumaram rapidinho uma casa para eles morarem como uma família normal, sem levantar suspeitas de que ele já tinha outra.
Mas a irmã de Eliane: Elaine, era bem mais esperta que ela, e fazia tempos estava prestando atenção a tudo isso: Sabia que Josué escondia algo sério... Até comida dentro de casa quase não colocava mais! Não fosse Elaine trabalhando em um escritório e Eliane na máquina de costura em casa, os meninos não comeriam nada além de pipoca de noite... Ela quis abrir os olhos de Eliane, entretanto, essa, ainda gostando de Josué recusava-se  a tocar no assunto, fugindo de qualquer conversa que pudesse lhe levar a descobrir a verdade. Preferia não saber de nada, do que levar um 'baque' de vez.
Por fim, Eliane ficou sabendo por acaso, o dia que 'a outra' teve o bebê de Josué...

Mas fica para o próximo capítulo...

Fátima Abreu

domingo, 26 de maio de 2013

Zohar, A Garota Do Zodíaco 1


 Jogo De Palavras

Zohar morava com a família em Istambul. Devido aos conflitos em países vizinhos, da parte oriental, eles resolveram mudar-se para o outro lado do globo.
O país escolhido fora o Brasil, pois aqui já moravam alguns parentes há anos, na região sul. Assim seria mais fácil pelo apoio e por não dominarem o idioma, aprenderiam mais rapidamente com esses familiares.
Zohar tinha 11 anos de idade e seu irmãozinho apenas cinco.
Mas a adaptação para ele foi imediata. Até a língua ele aprendeu bem mais rápido que ela.
Zohar sentia-se diferente perto das pessoas da escola para onde foi mandada. Apenas ficava feliz pelo local, que tinha uma natureza nunca antes vista por seus olhos amendoados...
De tarde, o vento soprava e as folhas que o outono queimara, voavam num espetáculo singular... As montanhas ao redor da casa feita em madeira, eram lindas!
 Mas não se adaptava aos costumes. Determinada a conseguir quebrar essa barreira cultural, tentou achar um meio para que lhe prestassem atenção e dessa forma finalmente se enturmasse em algum grupo.
Percebeu no intervalo das aulas, que as meninas abriam revistas para dar uma olhadinha sentadas nos bancos da quadra esportiva. As revistas eram aquelas direcionadas às adolescentes : "TEEN"...
Na saída da escola, comprou algumas na banca de jornais que ficava próxima. Folheou e interessou-se mais pelo zodíaco. Essa também era a preferência das garotas de sua idade ou um pouco mais velhas que ela.
O Horóscopo "TEEN", fascinava por falar na linguagem que interessava pessoas daquela idade: Namoros, passeios, escola, amizades, etc...
Zohar tornou-se fissurada no assunto: Passou a ler o Zodíaco nos jornais também. Não fazia mais nada na vida, sem consultar o Horóscopo.
Para chamar a atenção para si, passou a "prever o futuro" das meninas apenas perguntando de que signo eram.
 Mas, antes já havia decorado tudo que o jornal dizia para cada signo naquele dia...
Dessa forma, ganhou atenção e até um certo respeito, pois criara uma personagem mística em torno de si, ate´porque, vestia-se diferente, segundo sua cultura oriental, e isso fazia com que ela parecesse realmente uma entendida no assunto. Zohar já estava com seus 15 anos então, quando era conhecida na pequena cidade do interior como : Zohar, a garota do Zodíaco.

 Mas, aos 17 anos acabara o colegial, e sua família resolveu mudar para uma metrópole que poderia ser Rio ou São Paulo.  Para que ficasse mais preparada para sua faculdade.
 Zohar pediu aos pais que fossem então para o Rio, pois havia mais beleza natural.

 Foram então para o Rio de Janeiro. Logo que alugaram uma casa, trataram de matricular Zohar em um curso pré vestibular e ao seu irmão no colégio adequado para sua idade.
No cursinho, Zohar para não ter o mesmo problema de adaptação que teve ao chegar ao país, tentou ir direto na 'mística' sobre o Horóscopo, como antes dera certo...
Só que dessa vez, não contava que outra menina bem mais esperta que ela, já fazia isso! E ao falar sobre o "futuro" num grupinho que ficava no canto da sala de aula, a garota chegou mais perto e disse-lhe:
 _ Vejam só Zohar, pensa que é a garota do Zodíaco! Pois é, vai ser muito "zoada' aqui.
E todas riram ao mesmo tempo...
Zohar saiu de sala, mas já com outra ideia para se destacar:
" Vamos ver quem vai 'zoar' por último..."

Fátima Abreu


sexta-feira, 24 de maio de 2013

CAPT 2: A História De Josué


(CONTINUAÇÃO DO CAPT ANTERIOR: "A FALSA NOIVA")

 A História De Josué

Passados meses, depois de toda a confusão das falsas bodas de Eliane com Josué, um menino que dormia em uma gaveta de cômoda. por não ter berço, finalmente era apresentado ao resto de sua família em Irajá.
O parto fora feito em casa mesmo. Ele recebeu o nome de Adilson. Mas, mesmo tendo nascido no mês de dezembro, entre o Natal e o Ano Novo, foi registrado somente em março.

Como se isso calasse a boca das pessoas. Pensaram que enganariam quem? A vizinhança ao saber que ela estava esperando um bebê, começaram a fazer as contas e aquele bebê apresentado para todos, nunca poderia ser um recém nascido, só te tivesse tomado fermento!

Nesses meses houve mudanças: O doutor, tão amigo antes, se afastou da família de Eliane.
Já Josué, não era bem visto entre os parentes de Eliane.
Mas de certa forma, ele tinha seu valor. Não se deve julgar uma pessoa apenas por um fato; quem somos nós?
Josué teve que passar por muita coisa nessa vida...

****************

Era um sobrevivente do sertão baiano na cidade grande, e isso custara-lhe a infância:
Aos 9 anos, ele saíra pelo mundo para tentar a vida e conseguir algo mais do que os demais que ficaram.
Em seu lugarejo(não era uma cidade) que se constituída de algumas casas beirando a linha do trem e pequeno comércio: uma mercearia, farmácia, padaria e um bar para se jogar baralho e sinuca, nada se poderia esperar de progresso e melhoria financeira.

 LAGEDO ALTO(BA)


Havia também uma escola até o quarto ano, uma capelinha mínima, que mal daria uma dúzia de pessoas dentro,  e um posto telefônico para a vizinhança usar, já que não se tinha nem luz elétrica e rede de esgoto, quem diria ter cabos para telefonia doméstica!
Evidentemente, em local afastado, também existia a casa das moças de "vida fácil"(acho esse termo francamente inadequado, já que  a vida dessas mulheres nada tem de fácil, estando sujeitas à violência, doenças, etc e tal).

Dessa forma, a vida corria ali como se o tempo tivesse congelado e nada mudou por anos  a fio...
Josué fugira de casa, mesmo sabendo-se herdeiro de uma grande  e renomada fábrica de charutos da Bahia.
Sua mãe havia se entregado aos "encantos" do patrão. Ficou grávida e se afastou dele. Ao saber que um filho desse relacionamento havia nascido, ele quis reconhecê-lo.
Ela porém, envergonhada por sua origem humilde e sabendo que  a família rica do homem, jamais aceitaria que eles se casassem e registrasse a criança em seu nome, tinha se adiantado e registrado o menino como pai desconhecido, tendo apenas o 'Gonçalves' do sobrenome da mãe.
Mesmo sabendo disso, ele quis ajudá-la a criar o menino e os levou para perto da fábrica de charutos, o menino via o pai de vez em quando e começou a embrenhar-se pelas plantações de fumo, quando pegou um parasita  no rosto, que o deixou dias com a face inchada e disforme.
Foi o suficiente para que sua mãe o levasse de volta ao lugarejo onde havia nascido.
Por falta de informação, ela temia que outras doenças contraísse, nas terras da fábrica ou que fosse um futuro tabagista...



                              LAGEDO ALTO (BA)

O pai de Josué, só ficou sabendo dias depois que eles haviam se mudado dali... Estava viajando, quando tudo acontecera. Desanimado e resolvido a esquecer esse episódio de sua vida, casou-se com outra moça das relações de sua família e adotou um menino a quem colocou o mesmo nome do filho, que a vida fez-lhe escapar pelos dedos...

Josué aos 9 anos, com o pé na estrada e pedindo carona para todos os carros e caminhões que passavam, chegou até São Paulo. Ali, ficou como todo jovem migrante: Fazendo "bicos".
Era bem esperto e aprendia cada dia  mais, como sobreviver numa cidade grande, criando a malícia necessária para isso... Afinal, estava sozinho e tinha que se manter vivo e alerta!
Desse jeito aprendera dois ofícios, trabalhando como ajudante: Barbeiro e protético.

Não serviu as forças armadas, sobrara. Esse foi um dos motivos para resolver que era a hora de ir embora de São Paulo e mudar-se para o Rio De Janeiro, que era capital federal naquela época.

No Rio, alugou um quartinho com banheiro e foi procurar emprego em uma das duas coisas que sabia fazer, mas, aprendeu outro tanto de coisas e descobriu-se ser bom vendedor também.
 Nessa época, conheceu e casou-se com uma jovem de família classe média alta: Eliseth. Tiveram uma filhinha que recebeu o nome de Betina.
Quatro anos depois de seu nascimento, o casamento de seus pais terminou: Ele as levou para conhecer sua família no interiorzão da Bahia, porém durante a viagem, numa parada, mãe e filha foram ao banheiro.
E disso, resultou uma gonorreia para a criança.  Ao saber do diagnóstico pelo médico, a mãe da menina, jurou que nunca mais a levaria em nenhuma viagem ao nordeste. Uma briga entre o casal decidiu a  ação seguinte: A separação.

Tempos depois, ele conheceu Eliane e seguiu-se todo o resto...
Quatro anos depois do nascimento de Adilson, Eliane engravidou novamente. Nascia outro menino: Ademir.
Esse, foi amado por Eliane, mas não conseguia sentir o mesmo pelo seu primogênito, pois fora por causa dele, que teve que passar por toda aquela farsa(assim ela pensava)...

Josué com sua esperteza, conseguira passar de simples vendedor de títulos e ações da Clínica onde estava trabalhando nos últimos seis meses, a acionista majoritário.  Nessa época, mudaram do Irajá (onde moravam novamente) para Niterói, no bairro de São Francisco.
Alugaram uma linda casa com a varanda fazendo praticamente todo o contorno, pegando da frente, até os fundos. Nessa época, Eliane teve uma vez na vida, a sensação de mandar e não, de ser mandada: Tinha duas empregadas ao seu dispor. Os meninos estavam matriculados na melhor escola do bairro e tinham de tudo. Josué comprara seu primeiro carro: Um Esplanada, muito cobiçado naquela época...
Os meninos já com 10 e 6 anos, ficaram encantados com o carro do pai.



A vida ia bem, até que o vício do jogo, pegou Josué de jeito: Fosse no pôquer ou nas patas de cavalo no jóquei...

 (Continua)

Fátima Abreu


quarta-feira, 22 de maio de 2013

UM CONTO DO IRAJÁ - CAPT 1: A Falsa Noiva

(UM CONTO DA VIDA REAL) 

 CAPT 1: A Falsa Noiva

O ano era 1958. O local, Irajá, subúrbio do Rio de Janeiro.
A família morava em um conjunto habitacional de casas (construídas pelo antigo IAPC).
Migraram de Valença para o Rio, anos antes...

Eliane, uma jovem que tentava aprender na prática, o ofício de auxiliar de enfermagem, trabalhava na clínica de um doutor que era conhecido e amigo de sua família.  As más línguas falavam do relacionamento que eles tinham: Sempre juntos em toda parte, gerando tais fofocas.
Foi nessa mesma época, que ela conheceu o homem que colocou sua vida 'de pernas para o ar': Josué.
Os comentários sobre ela e o doutor, chegaram aos ouvidos de Josué, que lhe perguntou se eram verdadeiros...
Era óbvio que ela disse que nada tinham, além de uma amizade de anos. Isso é um mistério até hoje! As pessoas envolvidas nessa história, estão mortas e nunca se soube ao certo.

Mas Eliane e Josué começaram a sair juntos e se relacionar intimamente. Ela estava apaixonada pelo homem 17 anos mais velho que ela. Nessa época, ele tinha duas atividades: Era barbeiro e protético.
Ambos ofícios, aprendidos na prática, pois estudo, ele só tinha até o terceiro ano primário (coisa comum na primeira metade do século XX).
Eliane tinha apenas um ano a mais que ele de estudo também: Vítima de fratura de crânio quando criança, sem tratamento adequado na época, ficou acamada durante um ano inteiro sem mover muito a cabeça e perdendo assim, as aulas (o que a fez desistir de vez de estudar).

Desse relacionamento, ela então gerou um fruto. Tentou esconder da família o quanto pode sua gravidez, com uma cinta que apertava cada vez mais até o quinto mês, quando teve que falar a verdade...
Antes porém, tentou várias vezes abortar, tomando remédios e chás. A gota d´água, foi quando tomou uma injeção que se dava em éguas... Nem assim ela perdeu o filho que carregava!
A sua única opção era revelar tudo e ver o que a família faria a respeito disso...

A mãe de Eliane, muito rigorosa nos princípios da época em que viviam, quase teve um colapso nervoso!
O pai era diferente: Poderia vir o mundo abaixo que ele não se incomodava, pois já tinha pequeno 'segredinho' para esconder da família, sua amante.
D. Rosa quis falar o mais rápido possível com o tal homem que "deflorou" sua filha e a engravidou. Pois a princípio Eliane não queria revelar quem era a pessoa. Foi indagada se era o doutor que tantas pessoas imaginavam ter algo com ela... Ela nada disse.

Primeiro, foi falar com Josué da confusão armada em casa com a notícia de sua gravidez. Disse que sua mãe e irmã mais velha, queriam saber quem era o pai da criança.
Josué queria que ela dissesse que era o doutor.  Certamente ele daria um jeito de ajudar a família a resolver o problema, até porque, o doutor era casado havia muitos anos... Não seria bom esse tipo de escândalo.

Eliane ficou com medo da reação do doutor, diante de tal coisa: Ele não era o homem que a engravidara.
Mas Josué ficara com 'um pé atrás' sobre as fofocas em torno de Eliane:  Afinal, ela poderia se relacionar com os dois homens, quem saberia?
Por fim, ela levou Josué a casa e apresentou aos pais, mesmo ele relutando em ir.
Havia um motivo: Era também casado ainda, (mesmo vivendo em outra casa separado da esposa) e tinha uma filhinha.
Isso ele revelou depois ou antes? Não sei na verdade, nunca me disseram esse particular.

Sabendo que não poderia casar com Eliane, por já ser casado, ele finalmente disse isso com todas as letras para os seus pais. D. Rosa surtou e levantou até um canivete (que ela sempre levava em seu bolso) para esfolar o rosto de Josué...  Foi impedida pela mão do marido: Talvez fosse pelo fato, dele viver algo parecido, não podendo casar com a amante, por já ser casado com D. Rosa...

A solução foi armar uma farsa para que a filha não ficasse 'falada' pela vizinhança:
Um falso casamento civil  em um cartório bem longe onde nenhum dos vizinhos pudesse ir, dia de semana.
O vestido para o falso casamento, em um tom de azul, foi feito  por Eliane mesmo e se completava com chapéu e luvas,  ao estilo da época. Estava mais do que apertada por duas cintas, quando o colocou.

Aprendera desde seus 9 anos a costurar com sua mãe D. Rosa, para ajudar nos gastos da família, já que seu pai tinha muitas dívidas para serem pagas, ainda em Valença...
O vizinho que era fotógrafo, ofereceu-se para fazer as fotos de graça, como presente de casamento para a família, pois sabia que seus recursos eram poucos. Eles agradeceram e disseram que já havia quem fizesse isso. Era óbvio que se ele insistisse em ir, descobriria a farsa. Ninguém mesmo, daquela vizinhança toda, poderia ir! Afinal, não havia para onde!

Josué foi pegar a família de Eliane, com uma carro de aluguel para fingir que todos estavam indo para o cartório  e de lá, o novo casal iria direto para sua lua de mel em São Paulo (outra mentira). Assim disseram para o vizinhos que foram para a rua felicitar a "noiva" antes da partida para o "matrimônio."

Eliane estava doida para sair dali, acabando logo com toda a farsa, arquitetada por D. Rosa.
No final dera certo.
Depois de Josué e Eliane levarem suas coisas para morar num cômodo com banheiro, em Morro Agudo, a família dela voltou para Irajá,  fingindo tê-los deixado na rodoviária, para a lua de mel na capital paulistana.

Assim, começa uma nova história, que vou contar em outro capítulo...

Fátima Abreu




terça-feira, 21 de maio de 2013

A Tarde

Somos seres vespertinos.
A tarde nos envolve!
Pela manhã, sonolentos ainda,  não aproveitamos bem as primeiras horas do dia...
A tarde nos deixa mais  rápidos, ela excita.
Por que "Chá das Cinco"?
Porque pelo menos os ingleses, sabem que esse é o melhor horário para o chá.
Tarde que surpreende, por do sol, as primeiras luzes das ruas se acendem.
Própria e ardente para o amor...

Fátima Abreu

domingo, 19 de maio de 2013

19/05 MEU ANIVERSÁRIO


GOSTO DE ESCREVER MAS, GOSTARIA DE SER LIVRE DE REGRAS GRAMATICAIS.
CRIO AS PALAVRAS CERTAS PARA CADA MOMENTO QUE VIVO E SINTO.
ALGUMAS REGRAS FORAM FEITAS PARA SEREM QUEBRADAS... 
TUDO NESSA VIDA EXISTE UMA EXCEÇÃO.
A LIBERDADE ESTÁ NISSO, COM CERTEZA.
CADA VÍRGULA, RETICÊNCIA OU SINAL DE PONTUAÇÃO PARA MIM, É SEGUNDO PLANO. A MENSAGEM QUE QUERO EXPRIMIR É QUE CONTA.
MUITAS PESSOAS PASSAM CORRETOR ORTÓGRAFICO TODO O TEMPO... 
EU, APENAS QUANDO FAÇO MEUS LIVROS.
DEIXO QUE FIQUE COMO ESCREVO AQUI, 
SE AGRADA, É O QUE ME FAZ FELIZ.

HOJE É MEU ANIVERSÁRIO E ESPERO QUE LEIAM BASTANTE MEU BLOG.
UM BEIJO E OBRIGADA.

FÁTIMA ABREU

sábado, 18 de maio de 2013

FLEURINE & MORGANA- TRECHO


TRECHO DO MEU ROMANCE ERÓTICO-MEDIEVAL: 
FLEURINE & MORGANA

Infelizmente, Jean ficou sabendo do paradeiro de Fleurine, por um servo que a viu com Morgana no mercado principal. Tomado de iniciativa, foi a galope desenfreado para tentar reconquistá-la e estava decidido: Se ela não o quisesse, não pediria perdão algum: Simplesmente ele a mataria e a Morgana também.

Mas os dons premonitórios de Morgana, a avisaram do perigo iminente:
Depois de uma visão de Jean vindo na direção da cidadela, ela correu ao encontro de Fleurine, que estava no bosque, fazendo suas reflexões como de costume.
Afobada disse quase sem fôlego:

_ Fleurine, ele está vindo! Jean segue viagem para cá!
_ Como sabes Morgana? Alguém disse?
_ Acabo de ter uma visão. Temos que sair daqui.
_ Espere, se ele já está a caminho, temos que impedir que chegue aqui, até fugirmos com tudo que precisarmos... Tenho uma boa ideia: Vais ao oficial da guarda, na cidadela, pede que venha fazer um favor especial a mim. Ele não vai recusar com certeza... e que traga mais dois de seus guardas. Aqui tomarei outras providências, enquanto fazes isso. Use seu novo nome para apresentar-se querida, assim terás mais respeito da parte do oficial.
_ Sim, farei isso e já!

A ‘nova’ condessa Camille Constance(Morgana), saiu disparada e Fleurine ficou para continuar com seus planos.
Quando finalmente Jean chegou aos portões do casarão, a alameda estava empilhada de gente para todos os lados,
o que fez com que deixasse seu cavalo amarrado numa árvore do bosque. Foi tentando passar entre as pessoas que ali estavam sem entender o que faziam ali. Mas ao chegar finalmente na porta principal, foi parado pelo oficial da guarda:

_ Cavaleiro, não podes passar daqui!
_ Por que não? E que fazem todas essas pessoas aqui?
_ As condessas estão sendo protegidas por todo o povo da cidade, caso o senhor insista em continuar forçando sua entrada. Tenho aqui, mais dois guardas que não hesitarão em lhe impedir a invasão do domicílio.
_ Certamente que não irei contra a lei, ou a massa do povo, mas tenha certeza que não descansarei enquanto não falar com Fleurine. Pode dizer-lhe isso.

Empurrando a quem estivesse pelo caminho, sem se importar, assim seguiu em frente, até chegar ao bosque e montar em seu cavalo de volta.
No pensamento, uma única palavra: Vingança!

Uma dúvida também: Como Fleurine descobrira que ele vinha? Teve até tempo de armar toda aquela parafernália...
Talvez ele estivesse sendo traído por algum dos servos, que então, dera uma mensagem de aviso...
Dessa tarde em diante, tornara-se extremamente desconfiado de tudo e de todos, à sua volta.

FÁTIMA ABREU

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Obsessão 2


 CONTO

Parecia clichê mas ela apaixonara-se pela artista. Mesmo sendo por toda sua vida, totalmente hetero, depois que a conheceu, seus trabalhos e tudo mais, passou de fã ao amor (ou para falar bem a verdade: obsessão)!
Pelo website da artista, pode enviar as primeiras mensagens.
Foi também à sua primeira exposição e divulgou-a com maior prazer para todos que conhecia.
Era sua Relações Públicas, mas a artista não sabia...

A obsessão a fez copiar fotos, textos sobre a artista, ler tudo que publicavam na web...
Um dia, cortou os cabelos muito curtos. Abriu seu armário e jogou fora todas as roupas que tinha.
Decidiu que iria conquistá-la, mesmo que tivesse que ser outra pessoa para isso...
Comprou roupas masculinas e tirou algumas fotos para montar um novo perfil, em uma das muitas redes sociais que sua artista usava para divulgar seus trabalhos.

Fingindo-se homem conseguiu aproximar-se dela. Com o passar dos meses ela conseguiu um pouco da atenção da artista por estar sempre declarando-se fã incondicional de seu trabalho.
Fez um blog fan para ela. E depois disso,ofereceu seu telefone para quando ela precisasse de falar com alguém, em momentos de solidão ou que se encontrasse deprimida. Era tudo que ela precisava, pois mesmo cercada por muita gente em seu atelier e exposições, ela sentia-se tremendamente só...

Uma noite, na verdade no meio da madrugada, a artista ligou para o "amigo fã", que lhe dedicara tanta atenção nos últimos meses, fosse pelas mensagens de incentivo, fosse pelo blog dedicado ao seu trabalho...
A fã, fingindo uma voz masculina atendeu feliz com a surpresa. Quase sufocando gritos de excitação!

Conversaram por mais ou menos uns 20 minutos. Foi o suficiente para que a atenção da artista, se voltasse para o dedicado 'amigo virtual'. Agora conhecia-lhe  a voz e vice e versa. Passaram a se falar diariamente, sempre de madrugada.

Finalmente, depois de um ano inteiro de conversas telefônicas e mensagens, além do bate papo no chat, combinaram de sair da virtualidade e se conhecerem fora da web: Na vida real, face a face.

O encontro foi marcado. Um restaurante afastado, na zona oeste da cidade. A fã, ansiosa por finalmente poder tocar, falar com sua "deusa"teve que se conter, para não demonstrar os seus verdadeiros sentimentos.

Ao chegar no restaurante, a artista vestida com um vestido vermelho, estonteante, logo avistou o "amigo" da web, seu fã mais ardoroso. Reconheceu-o pelas fotos que já estavam no seu celular, pois havia enviado antes.

Resumidamente o que aconteceu era o esperado: A conversa foi regada pelos martínis, os beijos aconteceram e depois disso foram para um motel bem perto dali..

Ao chegar ao motel, a verdade finalmente revelou-se: O "amigo virtual" era outra mulher!
A artista levou um choque a princípio, mas envolvida pelos carinhos da fã, deixou-se levar...

A fã contou sua total devoção desde que a descobrira em um site de Arte. Apaixonara-se pela obra e pela artista.
Revelou também, que nunca tinha estado antes tão intimamente com uma mulher, pois sua vida inteira havia sido hetero.
A paixão  a fez mudar para aquele visual masculino, pois achava que só dessa forma, poderia aproximar-se da sua amada...
Com esse final, ela conquistou o coração da artista. Ela disse então, pegando as mãos da fã entre as suas:
_ Querida não precisa mudar, para gostar de você. Prefiro que fique como sempre foi. Gosto de mulheres bem femininas, sem esterótipos.
_ Gosta? Então é lésbica ou bi?
_ Sou bi, querida. E hoje começa nossa verdadeira relação. Se quiser continuar comigo, deixe seu cabelo crescer novamente, maquie-se bem suavemente, vista-se da forma mais feminina possível, use brincos, pulseiras, anéis... Pois é assim que eu gosto: Mulher com jeito de fêmea e homem com jeito de macho.

A fã nada respondeu e tiveram seus momentos íntimos, prazerosos para as duas, porém foi a única vez. Nunca mais ela procurou a artista,  trocou o chip do celular, tirou o blog do ar e excluiu seu perfil da rede social. Era como se nunca tivesse acontecido tudo aquilo...

O encanto se desfez tão rápido quanto começou: A obsessão acabara, pois quando se consegue aquilo que realmente se sonha por tanto tempo, perde a graça...

Fátima Abreu

domingo, 12 de maio de 2013

O SEGREDO DA MESINHA

Nélia tinha desde bem pequena, a curiosidade de saber o que havia na mesinha do quarto de seus pais.
Ela estava sempre trancada, a chave em algum lugar, bem guardada...

Local totalmente desconhecido para ela.

Um dia depois da morte de seu pai, ela perguntou à mãe se sabia onde estava a chave da tal mesinha.
"Cedo para isso", disse a mãe.
O tempo passou e não mais, disso se falou...

Cinco anos depois, a mãe também se foi. Nélia agora estava completamente sozinha...
Lembrou-se então daquela mesinha:

Fazia parte de sua vida, um mistério a ser desvendado,
Desde o mais remoto passado...

Procurou por toda parte, a chave que abriria o móvel antigo.
Encontrou-a embaixo do travesseiro que fora de sua mãe.
Correu ao quarto de seus falecidos pais, ajoelhou-se em frente à mesinha
Pronta estava,  para desvendar seu segredo.
Ao abrir encontrou apenas um papel. Nele, letras tremidas, reparou que não havia data... Assim dizia:


"Quando ler essas linhas, filha querida, significará que aqui não mais estaremos. Então, o maior de todos os segredos será revelado:  A retiramos de um orfanato.
Com muito amor que tivemos sempre por você:
Seus pais."


Por muitos anos, ela ali viveu sem saber que era adotiva. Era esse o segredo da mesinha!
Mas agora finalmente de tudo sabia...
Um vento suave, quase uma brisa, balançou-lhe o robe que vestia.
Era um beijo de sua mãe que a visitava e o sorriso do pai que a  acompanhava...

Fátima Abreu


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mãe é para sempre. Filhos lembram disso?



Passamos a vida pensando nos filhos, cuidando deles, sem querer nada em troca.
Deveria ser assim para eles também, mas muitos se distanciam por vários motivos.
Na Tv, nas mídias em geral, vemos fatos horríveis de filhos que até matam seus pais, sejam por ganância de dinheiro, por serem usuários de drogas, ou se envolverem com o mau caminho do crime.
 Em alguns casos, mesmo tendo uma base familiar sólida, ao passar da adolescência para a idade adulta, simplesmente "esquecem" aquilo que durante anos lhe fora ensinado com tanto amor e dedicação por seus pais.
Em todo caso, ainda se tem a confiança nos princípios passados na mais tenra idade, para que dê frutos no futuro de nossos filhos.

O que importa de verdade, é que esses momentos de infância, em que precisaram de nós, fiquem sempre guardados em um cantinho da mente. Para quando a época das distâncias traçadas pelo mundo, chegar, termos exatamente do que relembrar...

Fátima Abreu

Sobre Imagens & Poesias


UM CORAÇÃO NA ÁRVORE

UM CHAMADO...
NÃO FOI A NATUREZA QUE CRIOU,
PORÉM, FOI A MÃO HUMANA
DE QUEM TEM ARTE,
TORNANDO MAIS LINDA AINDA,
A OBRA DIVINA.

Fátima Abreu 

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 BAMBUS

Entre A FLORESTA de bambus eu me perdia...
Altos, verdes, ferramenta de criação,
Aos olhos do artista.

Podia ser alimento também...
Planta, árvore, canoa, móvel...
Utensílio de cozinha e mais além...

Tanto há para se fazer,
Com aquilo que se tem em quantidade à frente:
Broto, semente.
BAMBU.

FÁTIMA ABREU

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Criação & Reação

E QUANDO EU CONSTRUIR CASTELOS NA AREIA,
NÃO SE ATREVA A DESMANCHÁ-LOS!
SÃO GRÃOS UNIDOS
FARELOS DOS MARES
CRIAÇÃO, ARTE
BELEZA, FAZ PARTE...
E QUANDO EU,
COM MINHAS MÃOS OS DESFIZER,
TENHA MEDO!
NADA DE PALAVRAS MAIS,
PARA ESSA MULHER...

SILÊNCIO!
AS AGUAS TAMBÉM LEVAM A OBRA...
RESTAM APENAS AS VELAS CAÍDAS
LEMBRANÇAS DAS LUZES
QUE ANTES EXISTIRAM
NESSE CAMINHO.

Fátima Abreu


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ávidas Aves, Voavam Em 'V'...



Ávidas aves voavam em 'V'
Queriam chegar ao seu destino,
Mas as aves não encontravam um caminho...

Um bando delas passou na minha direção.
Sobrevoando a lagoa...
Um outro bando vinha também, assim à toa...

O primeiro bando parecia até correr,
Em seu voo acelerado...
Queria chegar em algum lugar...

Antes que o cruel mundo,
Viesse à estragar tudo...

Homens armados, atentos!
Tiros certeiros no ar,
Deixariam as aves cair por terra...

Mas elas voavam mais alto agora!
Com o medo constante,
De virarem troféu,
Em alguma estante...

Fátima Abreu


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=177685#ixzz1Ffa3kznh
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

quarta-feira, 8 de maio de 2013

CANETA E PAPEL


               (POEMA REEDITADO POR SER ANTIGO)

CANETA E PAPEL
O NOSSO CÉU, É O AMANHECER
QUE JUNTOS PODEMOS TER...
USA DE TUA CANETA
GROSSA E DURA,
PÕE A TINTA AQUI DENTRO
SOBRE O PAPEL, A MOLDURA.

DESENHA NESSE PAPEL AQUI

TUDO QUE QUISER SENTIR...
DESENHA, ARRANHA A TUA CANETA.
TOCA-ME...

SABES BEM
DO QUE FALO AGORA
NÃO ME DEIXA SEM OS DESENHOS
PODE ATÉ RASGAR O PAPEL
VAMOS AINDA ASSIM, ATINGIR O CÉU!

VEM COM TUA CANETA

DESENHA EM MEU CORPO AGORA
A TINTA, POSSO ESCOLHER?
É AZUL, COR DE CARINHO
PARA JUNTOS FICARMOS,
EM NOSSO NINHO...

FÁTIMA ABREU

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Capts iniciais do livro: A Fraternidade Do "Círculo" (VOLUME 1)




Para quem não conhece meu romance erótico: A FRATERNIDADE DO "CÍRCULO", estou disponibilizando alguns capts "amenos" para que tenham ideia da trama... As partes 'picantes' ficam nos capts que vem depois dessa mostra...
Caso o leitor (a) queira comprar o e-book diretamente comigo, envie e-mail para mim(o meu está do lado direito do blog), darei os detalhes da compra. Custa apenas 10 Reais e pode ser depositado em loteria também. Ainda leva de brinde o volume 2!
Aqui vão os primeiros capts:



CAP I Ítalo conhece Clara

Meses se passaram, desde que Ítalo a tinha visto pela primeira vez. Talvez fosse quase um ano, ele não marcara bem a data...

Bem perto da saída das barcas que levavam passageiros de um lado a outro da baía de Guanabara, ele vislumbrou aquela mulher de longos cabelos negros com nuances em vermelho. Vestia uma dessas blusas de gola branca com um lencinho azul marinho passando por dentro e uma saia de cós alto, também no mesmo azul do lenço, meias finas cor de pele e sapatos fechados de salto quadrado, típico ‘uniforme’ de escritórios.

Sim, ela deveria ser secretária ou algo parecido, uma recepcionista talvez... Mesmo vestida basicamente como qualquer outra que atendesse uma recepção, ela tinha uma sensualidade que transpassava os limites do que vestia... Podia a imaginar sem toda aquela roupa!

Tinha estatura mediana própria dos trópicos, assim como sua pele morena. Linda! Pensou...


Queria lhe adivinhar o perfume, tal qual no filme ‘PERFUME DE MULHER’, ele sabia muito dos aromas que as mulheres usavam e deixavam pelo ar... Estava encantado e resolveu seguir em frente, para saber onde ela trabalhava.

Ela estava misturada ao povo que passava em ‘corrida frenética’ para seus afazeres diários. Mesmo assim, conseguiu acompanhá-la sem perder de vista. A mulher parou na faixa de pedestres porque o sinal estava aberto para os carros, era sua chance de se aproximar, pensou Ítalo... Ele fingiu então esbarrar nela, dado o turbilhão de gente atrás deles:

_ Opa! Desculpe esbarrar em você, é que também fizeram isso comigo agora, e como estava na minha frente...

Ela nada respondeu, apenas olhou por cima do ombro, em gesto altivo de pessoa que não dá conversa a qualquer um que se aproxime...

Ela atravessou quando o sinal abriu e finalmente parou frente à uma agência de turismo. Entrou e sentou em sua mesa.


Ítalo observou pelo vidro de fora da agência. Então era ali que ela trabalhava, justificava a roupa de recepcionista.

Pensou então: Amanhã ou sexta, agora não;
daria muito a notar o seu interesse...

Ele queria mesmo tirar umas férias do seu escritório, estava cansado daquela rotina de engenharia... E seria melhor se fosse com alguém como ela, faria o convite e quem sabe, ela acabaria aceitando? Tudo é possível nesse mundo!

Consultou o relógio e viu que já estava atrasado para dar um visto em uma obra, agora apertava o passo. Mas um sorriso estava estampado em seus lábios...

CAP 2 O contato

Sexta feira havia chegado, e como tinha pensado antes, iria até agência onde sabia encontrar aquela estonteante mulher. Resolveu ir quase no final do expediente, porque aproveitaria para lhe convidar para um barzinho, cafeteria ou ela poderia escolher onde... Tudo planejado, ele saiu do seu escritório de engenharia e seguiu a passos largos. 
Chovia muito desde cedo, e intensificara agora no início da noite, abriu o guarda chuva e continuou, até que de súbito, esbarraram nele, com a confusão as calçada cheia de gente:

_ Perdão. O guarda chuva prendeu no seu.

Foi quando ele voltou o rosto, e ela reparou que era o mesmo homem que havia lhe esbarrado dois dias antes...

_  Bem, eu que deveria pedir, pois já está se tornando um hábito estarmos nos esbarrando por aí!

_  Ah, sim... É verdade, na faixa do sinal, me lembro...

_  Parece que ‘os céus’ estão nos aproximando, não acha?

Ela deu um sorriso, mas respondeu convicta:

_ Bem, eu não o conheço e essas coisas acontecem toda hora por aí... Então tenha um bom começo de noite e se me dá licença, estou indo para casa...

Ele não querendo perder o momento, disse então:


_  Eu estava me dirigindo a uma agência de viagens nessa rua, que um amigo indicou, por acaso você conhece?

_  Sim, trabalho lá, mas o expediente já está finalizando, eu saí minutos antes... Mas se quiser qualquer pacote de viagens, amanhã pela manhã, já estarei trabalhando novamente, pode acertar tudo comigo, assim estará me ajudando com a comissão...

_  Ok, então. Falarei com você amanhã de manhã na agência, com certeza fecharemos um pacote.

_  Aqui está meu cartão.

Disse Clara, entregando nas mãos dele. Ele então leu as letras garrafais:

CLARA MARTINEZ CABALLERO

AGENTE DE TURISMO

TELEFONE COMERCIAL: 21489792

RUA DAS FLORES, 215, sl: 103CENTRO

Ela se despediu, e já se ia na chuva, que aumentara torrencialmente! Ele a seguiu com


os olhos, até notar que a mulher chamou um

táxi entrou e partiu...

Ele ainda com o cartão nas mãos, olhou mais uma vez e repetiu para si: Clara...
“O peixe estava na rede”... 
Pôs no bolso da calça e rumou para o estacionamento onde estava seu carro... 
Lembrou subitamente do livro que há pouco tempo lera:

‘OS LIBERTINOS’, de Harold Robbins, numa citação que não mais saíra da cabeça:

“Via-se uma mulher. Desejava-se aquela mulher. Nada no mundo tinha mais importância enquanto ela não fosse possuída. Podia-se deixar de comer e de dormir. Sofria-se as agonias dos malditos até que elas fossem saciadas na agonia maior da carne.”

CAP 3 O medo

Clara chegara ensopada na entrada do prédio, molhara o táxi e pagando, pediu desculpas sem graça:

_ Senhor me desculpe, molhei seu táxi todo, mas o guarda chuva de nada adiantou com essa chuva pesada!


Ele limitou a balançar a cabeça e disse:

_ Acontece...

Ela subiu de elevador para o oitavo andar, tirou as chaves da bolsa e abriu o apartamento que estava muito abafado, ligou o ar condicionado da sala e dirigiu-se ao banheiro para uma boa ducha... Lembrou subitamente do homem e um calor lhe subiu no corpo naquele instante, ficou na água mais uns minutinhos e depois de trocada de roupa ligou a TV da sala par assistir um filme, mas acabou pegando no sono...

Já era 4:00h da madrugada, quando acordou sobressaltada, o coração disparado...

Outro pesadelo com seu primo Alejandro!

Passou a cena mais uma vez na sua mente:

Alejandro Enrico Caballero era um pervertido. Viera do México em janeiro, e desde que chegara não lhe dera mais sossego! Era filho de sua tia Dolores, e estivera hospedado em seu apartamento por três meses. Sempre lhe dando “cantadas”, até que um dia tentou violentá-la, e isso foi a gota d água...


Ela conseguiu se livrar dos braços dele que a apertava com força... Alejandro então disse debochado:

_  Vai dizer que você não me quer Clara?

_  De jeito nenhum! Vá embora daqui, cuide de arrumar onde ficar, aqui não te quero mais! Se não sair agora, eu chamo a polícia!

Ele pegou suas coisas e já na porta de saída, virou-se e cuspiu no chão...

Era uma guerra declarada, esse gesto. Clara sabia: Sua mãe já havia lhe falado que na pequena cidadezinha do México onde fora criada, era esse o sinal de vingança...

Ela não lembrava muito de lá, apenas tecia imagens que sua mãe quando era viva lhe contava... Vieram quando Clara tinha apenas quatro anos de México para o Brasil: Seus pais, ela e o irmão Pablo.

De qualquer forma, retomou ao raciocínio anterior, ele tentaria se vingar, e ela teria de estar preparada para isso, pensou em ir à polícia, mas sabia que não daria em nada, pois não tinha testemunhas da sua investida, nem ele tinha consumado o ato... 
Mas ficaria atenta! 
Desse dia em diante, Clara mal saía de casa, apenas para o trabalho, compras para abastecer sua cozinha e farmácia. Os amigos estavam ficando preocupados por ela não estar se divertindo, nem nos domingos...

Ela dava uma desculpa qualquer para os convites sempre. Tinha medo de sair e acabar voltando tarde, e o primo aparecer e lhe fazer mal, sua cabeça agora era só temor...

Enquanto isso, instalado num apart hotel, estava Alejandro, arquitetando sua vingança para mais na frente:

“Vingança é um prato que se come frio”.

Ela me paga o absurdo de não me querer: Tive todas as mulheres que quis até hoje, essa metida me esnobou, mas vai ter o que merece!

CAP 4 Cumplicidade

Uma sábado de chuva! Clara olhava pela janela do seu apartamento, já pronta para sair... pelo menos sabia que um pacote turístico venderia naquele dia.

Ítalo entrou na agência dando um ‘Bom dia’ geral para as atendentes. Mas dirigiu-se


diretamente para Clara. Ela sorriu jovialmente, apresentando a cadeira para que se sentasse.

_  Vejo que está bem humorado senhor...

_  Ítalo Truzzi Bartole.

Apertou a mão dela, se apresentando.

_  Então vamos ao detalhes da sua viagem, temos vários pacotes aqui, tem idéia já de para onde quer ir em suas férias?

_  Pretendo fazer um mini ‘tour’ pela Europa. Começando pela Itália, meu país de origem, depois França, Espanha e finalizando em Portugal. Assim também visitarei meus parentes, que há tempos não visito.

_  Hum... Tenho então esse aqui, veja se atende às suas necessidades.

Ele examinou o prospecto e balançou cabeça afirmativamente. Aproveitou e investiu finalmente na sua empreitada:

_ Ficaria feliz se fosse comigo. Pode parecer absurdo isso, mas não há como? A menos que tenha um marido ou namorado... Família para cuidar...


_  Infelizmente não tenho nada disso, senhor Ítalo. Minha mãe morreu faz anos, meu pai está em um sanatório alheio a tudo, e meu irmão desaparecido no mundo... Além disso, nós aqui somos meras atendentes e não fazemos parte do pacote como guia turístico, lá terá quem faça isso...

_  Mas eu queria que fosse você... Lembra quando te disse que ‘os céus’ estavam nos aproximando? Nada é por acaso... Essa é a chance de por isso em prática!

_  Até que seria bom para mim no momento que estou vivendo, sair do país, mas infelizmente minha chefa não deixaria tomar o lugar do guia de lá...

_  Vou pedir pessoalmente se quiser mesmo ir comigo.

_  Esqueça senhor, ela não vai aceitar. Apenas poderia ir se estivesse também de férias por conta própria, mesmo assim, teria que pensar para lhe dar a resposta, porque afinal mal o conheço!

_  Quanto tempo?

_  Para quê?


_  Para me dar a resposta...

_  Se eu pudesse tirar férias agora, eu pediria uns dois dias para pensar, mas sei que não vou poder mesmo... Apesar de elas estarem já vencidas, precisam muito aqui da minha presença para orientar as atendentes, pois sou a supervisora...

_  Pense, e se quiser partir comigo, me diga, que eu converso pessoalmente com sua gerente, sei muito bem ser persuasivo...

_  Ok, então. Espere dois dias para que eu lhe telefone.

Ele pediu que ela colocasse no celular o seu número, para ligar nas próximas 48 horas. Acertaram os trâmites do pacote dele, mas ficou em aberto o dia da saída do país, porque dentro dele, tinha certeza que ela aceitaria o convite... Arcaria com as despesas dela por certo, era isso que um homem cortês faria... A ‘ganharia’ como um sir inglês...

Uma mulher como ela, linda daquele jeito, merecia toda a gentileza do mundo!

A resposta veio antes, exatas 16 horas depois da conversa que tiveram na agência:


Clara ligou para ele chorando, pedindo que a viesse pegar... O motivo, é que nada mais tinha na vida, seu apartamento acabara de explodir em pleno centro da cidade!

Dera em todos os jornais, telejornais, internet...
O mundo todo já sabia da explosão do edifício. 
Ela perdeu tudo, menos os documentos, sempre os carregava em sua bolsa, e nem a vida, porque tinha acabado de sair do local, antes da tragédia: 
Descera para comprar um sorvete, e só escutou o barulho da explosão, minutos depois, já afastada, na rua... 
Deu graças por estar viva, mas quando percebeu o tamanho de sua desgraça, instintivamente ligou para ele, só o seu nome veio na cabeça naquele momento...

Começou a pensar que nada nessa vida é por acaso mesmo!

CAP 5  A viagem

Ele cuidou de Clara naqueles dias de desespero: A levou para casa deu tudo que ela precisava desde roupas e sapatos até produtos de uso pessoal e cosméticos, afinal, ela nada mais tinha, quando a encontrou na praça naquela noite:  apenas a roupa do
corpo e sua bolsa, nada mais!

Até que chegou o dia do embarque para a Europa... Ítalo nem precisou tomar o partido de Clara, para que a gerente lhe desse as férias já vencidas, haja vista a situação em frangalhos de ‘nervos’,que ela se encontrava, tendo pedido seu apartamento e todo o resto...

Quando Alejandro viu tudo na TV, achou-se vingado, pensando ela estar morta, sob os escombros.

Mas Clara estava a salvo, pelo menos por enquanto, tinha alguém que cuidava agora dela: Ítalo, o italiano solteiro e gentil.


_ Daqui de cima parece que o mundo é um formigueiro!

Disse Clara, virando-se para Ítalo.

_ É verdade, tudo se torna pequeno lá embaixo, quando estamos em um avião.

Ela encostou o rosto no ombro dele e tirou um breve cochilo. Ítalo ficara contente com isso,
cada dia estavam mais próximos, cada detalhe era uma conquista para ele... A teria em seus braços, sem pressa...

Quando desembarcaram no aeroporto, já na Itália, Clara estava cansada e com sono ainda. Pegaram um táxi que os levou até um ‘albergo, ou seja, um hotel. Naquela noite ficariam por lá, e no dia seguinte, partiriam para a casa da família de Ítalo, depois do

prima colazione’.

Durante esse café da manhã italiano, ítalo disse para Clara, quase que sorrindo da situação:

_ Se prepare, porque a “mama” vai te fazer engordar, pelo menos uns dois quilos... Lá em casa, só se come massas e tortas, doces compotados... Se faz regime, esqueça-o!

Ela riu. Ele sabia que ela não era adepta às dietas, apenas havia brincado um pouco, para que ela descontraísse, estava tensa podia perceber... 
Talvez por estar na Europa e não falar nenhum dos idiomas dos países que iriam visitar, salvo a Espanha e Portugal, porque esses eram de seu conhecimento desde menina.


Pegaram as malas e rumaram para a pequena vila no sul da Itália, na Sardenha, em que a família dele morava, desde os seus antepassados, do século XIX.

Aprazível! Foi essa a palavra que saiu da boca de Clara, quando ia pela estrada, absorvendo toda a beleza dessa região italiana, que só conhecia pelos prospectos de turismo, que ela tinha em sua mesa, da agência onde trabalhava...

Aliás, essa rota sul, era de pouco interesse dos brasileiros, viajavam mais para o centro daquele país: em Roma, Pisa Toscana, ou para o norte, onde estavam Veneza, Pádua, Bergamo e outras...

Chegaram finalmente à propriedade da família Bartole.

As crianças, sobrinhos de Ítalo, vieram correndo quando ouviram o barulho do carro.

_  Buon Giorno!

_  Buon Giorno! Responderam Clara e Ítalo, em coro.

As crianças foram levando os recém chegados, até o grande salão da casa, onde
todos estavam já aguardando. Foi uma festa! Clara foi recebida já como se fosse parte da família, pois dias antes, Ítalo telefonara contando toda a tragédia para a ‘mama’, que ficou solidária com Clara.

Foram dias maravilhosos, e Clara saiu de lá certamente com os 2 quilos a mais, que Ítalo havia previsto... Levou de presente ainda, um xale de tricô, confeccionado para ela pela ‘nona’ de Ítalo. Ela não deteve as lágrimas, nunca havia participado assim de uma família grande de verdade, a sua era pequena e agora, estava apenas reduzida ao pai no sanatório, o irmão desaparecido e ao primo detestável, Alejandro.

A próxima parada era a França, Paris em primeiro lugar, depois Nice, na Riviera Francesa...

Para Clara, o que chamou sua atenção, foi a enorme quantidade de patrimônios históricos. Mas o que mais Clara havia gostado, não foi a Torre Eifeel nem o Arco de Triunfo, e sim a Disneyland Resort Paris ou Eurodisney.

Lá, ela se divertiu como uma criança! Era tudo que queria, e Ítalo ficou bem satisfeito com a alegria e aproximação cada vez maior de Clara. Foi uma estada de apenas três dias, mas valeu à pena!

Faltavam ainda Espanha e Portugal. Foi numa taberna na Sevilha, que ele finalmente a beijou pela primeira vez, à luz de velas, tomando um delicioso vinho tinto suave, o calor poderia ser notado no rosto de Clara, rosado como estava! 
Ele levou as mãos dela aos seus lábios para beijá-la, em seguida puxou o queixo de Clara para perto e beijou também, até que sem medo de ousar, tomou seus lábios, que pediam por isso...

‘Aquele foi o beijo mais ardente que jamais alguém lhe dera antes!’

 Clara, pensou...depois de corresponder e abraçar com ímpeto a Ítalo, colocando suas mãos ao redor do pescoço dele e suavemente roçava seus lábios em volta de sua orelha, o que provocou um arrepio de desejo...

Daquela noite em diante, não dormiam mais separados. Foi em Portugal, que ele a pediu em casamento: Estavam em Chiado, mas precisamente no Castelo de São Jorge, quando isso se deu:


_  Clara, quer ser minha mulher? Eu estou apaixonado desde o dia que a vi pela primeira vez...

_  Está mesmo apaixonado, Ítalo? Tem certeza que é isso que quer mesmo?

_  Absoluta! Você não me quer para marido?

_  Sim, a resposta é sim! Também estou louca de amor por você, só queria saber se era correspondida mesmo!

_  Ufa! Que susto! Pensei que não me queria...

Ela calou com dois dedos os lábios de Ítalo e em seguida o beijou subindo aquele intenso calor pelos dois...

Já era hora de voltar, mas antes passaram pela Torre de Belém, às margens do Tejo, para umas fotos da viagem.

À noitinha, caminharam pelo bairro de Alfama, onde tinham vários restaurantes com música ambiente: Um bom fado para se ouvir...

A viagem estava no fim, e duraram duas ótimas semanas na vida deles. Umas férias curtas, mas merecidas, ainda mais se Clara soubesse o que ela encontraria no Rio, depois da sua
chegada...

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CAP 6 O retorno

O Aeroporto Internacional Tom Jobim estava repleto, alta temporada, muitos turistas estrangeiros, muita gente indo e vindo...

Clara e Ítalo foram recebidos pelo sócio dele na firma de engenharia, ele teve a gentileza de ir buscá-los.

_ E como foi de férias, Ítalo?

Perguntou assim que deu a mão para cumprimentar.

_ Ótima, não poderia ter sido melhor! Esta é minha noiva, Clara Caballero.

Ele apertou a mão de Clara e balançando a cabeça afirmativamente, lhe disse:

_  Martim Gonçalves, ao seu dispor. Nossa, você conseguiu ‘fisgar’ o solteiro mais cobiçado do nosso ramo!

_  Eu que fui ‘fisgada’, senhor Martim.


Ela deu um breve sorriso... Clara e Ítalo, de braços entrelaçados entraram no carro de Martim, que os levou até o apartamento de Ítalo. Despediram-se e agradecidos, o convidaram para jantar no sábado.

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Foi por puro acaso, que Alejandro soube que Clara estava viva, e bem...

Descia a rua quando viu um carro parar perto do prédio onde estava trabalhando. Olhou distraidamente no início, mas depois prestou bem a atenção: Era ela, Clara estava viva!

Qual fênix renascida das cinzas! Teria que cuidar disso, assim que tivesse chance, pensou... Mas ele ficou mais irado ainda, quando a viu aos beijos com o homem que a acompanhava. Um tremor de ódio lhe invadiu... Sua vingança teria agora de ser mais rápida, não poderia permitir que ela fosse feliz com outro homem! O despeito tomara conta dele.


Os dias passavam rápidos e dentro de quatro meses Clara e Ítalo se casariam. Seu irmão desaparecido Pablo, estava sendo procurado por um detetive particular que Ítalo havia
contratado à pedido de Clara, porque já que o pai era incapacitado, natural que seu único irmão a levasse ao altar...

Mas sem pista alguma, essa tarefa estava sendo bem difícil.

_  Sr Ítalo, nossa agência de detetives está fazendo tudo que pode, mas compreenda, não temos nem por onde começar...

_  Eu entendo isso muito bem, mas que tal dar uma olhada nos passageiros que entraram no México nesses últimos meses? Tendo dupla cidadania, ele poderia ter voltado para sua terra natal.

_  Bem, já é um começo... Vamos verificar todas as entradas junto ao consulado.

Apertando as mãos se despediram. Mas o detetive Enzo, achava no íntimo, que era o mesmo que procurar agulha no palheiro...


CAP 7 Maquinações

Ao mesmo tempo em que Alejandro passou a seguir sua prima, desde que a vira sair do carro com aquele homem outra pessoa queria o fim da relação entre Ítalo e Clara: 
A sua ex amante e dançarina de pole dance, Sofie. Bem ela era conhecida assim, não revelava a ninguém seu verdadeiro nome, por ser muito esquisito.

Sofie nunca conseguiu esquecer o belo italiano, e de todas as mulheres que o engenheiro solteirão teve, ela foi a que mais tempo esteve com ele.

Ao saber no clube, que ele estava noivo e iria se casar em breve, uma raiva se apossou dela instantaneamente... Não, se ele não ficou com ela, não ficaria com ‘essazinha’, pensou...

A companheira de Sofie, Lucy, foi quem fez o comentário sem querer provocar ciúmes, foi apenas para ter o que falar enquanto se maquiavam para a apresentação, até porque, como Sofie não falava em Ítalo em tempo algum, ela dava isso como um caso encerrado na vida da amiga...

_ Dizem que ela é uma morena de cair o queixo! Não seria para menos, Ítalo é bem seleto, nas mulheres que leva para a cama...

Fátima Abreu