segunda-feira, 8 de junho de 2015

TRISTE, SE NÃO FOSSE CÔMICO- Conto; ATA-ME! Poesia erótica

 TRISTE, SE NÃO FOSSE CÔMICO!

Conto real

A casa era como no agreste nordestino. Há muito tempo, não cai uma gota d'água.
Isso era um fato para lá de desagradável! Mal podia receber alguém ali...
Certo dia, estava eu, a pensar e repensar atitudes a serem tomadas, quando de repente, toca o interfone:
 Eu ouço a voz de uma visita inesperada.
Imediatamente, senti toda alegria nordestina, em dia de muita chuva! Em fração de segundos, imaginando as flores e plantas verdejantes. Farta colheita... Uma fértil imaginação, a minha!
Respondo então:
- Um minuto, por favor, vou pegar a chave do portão.

Neste minuto, um corre corre: Tentando arrumar algumas coisas fora de lugar.
Tudo em velocidade, um verdadeiro 'The Flash'.
 Coloco um mp3 com músicas românticas internacionais, e baixei a intensidade da luz da sala.
Corri para o portão... Abri, com alegria transparente, mas tentando ser discreto. Pois havia muito tempo não nos víamos.
Ela poderia estar acompanhada, casada... Senti-me um pouco maldoso e decepcionado.

Abri o portão... Transbordei de alegria, ao perceber que estava só... E linda, como da última vez...
E com um maravilhoso cheiro de perfume francês.

Depois de alguns minutos, estávamos entre carinhosos abraços, perguntas e respostas de praxe. Os trinta metros de calçada, até a porta de entrada. Transformou-se em passarela, com tapete vermelho (lá se foi a minha imaginação de novo)...
Desfilei como se estivesse indo receber um Oscar.

Entramos ao som de Only you (The Platters). Servi um vinho branco alemão (mas claro que antes lavei as já empoeiradas taças).

Após algum tempo, pedi licença... Fui até o jardim.
Rapidamente colhi algumas flores bem coloridas. Fiz um lindo arranjo e coloquei na mesa da sala.

Ela também não havia jantado.
Perguntou se eu ainda era bom de cozinha. Respondi que sim, com modéstia, e senti-me com grande responsabilidade.

Fui para o fogão, como um pavão ostentando sua maravilhosa cauda, enquanto preparava o strogonoff de frango, arroz e uma salada bem colorida...

Ela me confidenciou que estava sentindo-se um pouco triste e solitária. Lembrou de mim e sentiu uma forte vontade de encontrar-me.
(Para minha alegria ainda maior)

Então, resolveu  fazer uma surpresa. Apreensiva, porque não tínhamos contato, fazia bastante tempo. Pensou que eu poderia estar casado ou com alguém... Mesmo assim, veio.
Gentilmente agradeci, sentindo-me lisonjeado.

Discretamente fui até meu quarto. Ao ligar a luz, ela viu pela porta, e fez comentário sobre meu gosto por luzes coloridas.
Nessas alturas, eu já estava apreensivo também:

Sentindo-me responsável por uma boa performance. Na condição de carro velho, que estava muito tempo na garagem.
Busquei então, uma ajuda científica.

Abri minha gaveta de remédios e tomei a seco, um comprimido de 'alegria'.
Como não estou habituado a isso, e meio inseguro resolvi tomar dose dupla.

 Servi o jantar... Recebi elogios por tudo. Não sei se pela emoção, mas achei, ter-me superado como mestre.

Tenho amigos de minha idade, que fazem plástica, botox, cremes mágicos, pintam cabelo.
Eu não faço nada disso. Sinto-me bem como estou e sou. Também não sou perfeito. Vejo muito mal de perto e detesto usar óculos.

Após o jantar, dançamos duas ou três românticas... E a noite passou num piscar de olhos. Eu imaginava uma interminável noite polar.

Ao acordar, já era quase meio dia. Levantei cambaleante. Tive que me segurar, para não cair. Pareceu-me ter dobrado meus 84 kg. Mente meio confusa...

Então vi uma folha de papel A4, ao lado. Andando com dificuldade, sentindo-me pesado. Busquei meus óculos.

Li o papel:
" Querido, obrigado pela maravilhosa recepção. Tudo estava 10: flores, vinho, o jantar uma delícia! Adorei dançar, porque há muito não o fazia.

Tentei acordá-lo ou levá-lo para cama, mas não consegui. Preocupada, até pensei chamar uma ambulância... Não o fiz, porque vi que sua pulsação e respiração estavam normais.
Olha, quer um conselho? Procure um médico. Você esta roncando muito e tem muita apneia.

“Beijos...”



Conclusão:
Estou físico e psicologicamente bem. Apenas um pouco de baixa estima.

Odiando a Dra. Silvia, por ter me dado umas amostra grátis de um tal de DEPAXAN. Tomei dose dupla, por engano.
E lá se foi aquilo que seria uma noite memorável, onde finalmente deixaria meus instintos masculinos aflorarem ao máximo, e ter um prazer que há tempos anda guardado...

* Fiz o conto baseado no relato de Hermínio

             CONTOS MOLHADOS DE VINHO & VERMELHO

 Para comprar impresso pelo CDA:

https://www.clubedeautores.com.br/book/175707--Contos_Molhados

 

  Poesias assim, o leitor (a) também encontra no meu livro...

  Ata-me!

(reeditado)


Prende-me como uma corça,
Os braços, ata-me...
Para que eu fique indefesa, em teu sutil ataque...

Tenha-me qual animal na selva
Como corça, sou a tua ( c) serva...
No teu corpo rijo,
Qual dureza de diamante bruto...

Eu, assim:
Indefesa e delirante,
Apenas murmuro:
Galopa, meu amante...

Puxa meus cabelos,
Como um homem alucinado pela volúpia...
Domando a fêmea, que arde,
No mais íntimo do meu ser!
E nessa hora grito, enfim:
Dentro agora, de mim!

No final, uma banheira para nos lavarmos,
De nossos suores e gozos...
Velas, flores, aromas e sabores.
O meu é do vinho tinto que já está na taça.
Quer algo mais que eu faça?

Tenho uma boa sugestão:
Ata-me novamente!
Minha volúpia não tem fim!
Capaz de ficar a noite inteira assim...


Fátima Abreu

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