Tem muitos leitores que já leram esse meu conto autobiográfico. Entretanto, para quem não quer ler capítulos seguidos, aqui vai o resumo que também está no meu livro:
'FIOS DO DESTINO '
“PINGO DE GENTE”
“Pingo de
Gente”, quase nascera na boleia de um caminhão.
Sua mãe
entrara em trabalho de parto e o pai da criança estava trabalhando. Restou pedir
ajuda ao vizinho caminhoneiro, que acaba de chegar de viagem. Ele a levou a
primeira clínica que achou no bairro. Entretanto, essa clínica não estava
inaugurada ainda, estava fazendo os retoques finais para isso.
A pedido do
homem e a título de emergência, eles aceitaram realizar o parto.
A clínica
não tinha nenhum bebê nascido ainda, por estar nesse processo de término das
obras. Na frente da sala de recepção, estava uma santinha no alto de uma
prateleira de mármore, com uma rosa branca e um terço nas mãos.
A mãe então
decidiu de imediato, trocar o nome escolhido para a filha (que seria Cristina),
para o nome da santa. Vendo isso como um sinal dos céus: De certa forma era,
porque a menina nascera laçada.
O povo
antigo dizia que quando uma menina nasce laçada tem que ter nome de Maria na
frente. Então ela tornou-se Maria,
seguido pelo nome da santa.
Dizia-se
também que meninas que nascem dessa maneira, seriam videntes.
Assim, elas
eram confundidas com ‘feiticeiras’ nas épocas medievais, pelo dom da
clarividência.
Com ela não
foi diferente. Mas seus dons de premonição eram apresentados em sonhos e
citações em seu ouvido esquerdo.
Dessa forma,
soube quando a mãe de Denise ( sua vizinha na época ) viria a
falecer. Teve a premonição da morte de seu primo aos onze anos, quando durante
a noite, sonhou que se casava com ele. Toda vez que sonhava estar vestida de
noiva casando, alguém de seu conhecimento, morria... Era fato.
“Depois, muitos anos mais tarde, ‘Pingo De
Gente” teve uma visão ao acordar:
Na beira da
cama, estava aquele que viria a ser seu neto. O filho de seu filho mais velho:
Um menininho
de cabelos negros e olhinhos puxados, um mestiço, já que a sua futura mãe seria
uma nissei.
Pingo de
Gente acostumara-se com esse efeito em sua vida, embora muitas vezes saber o
futuro, pode não agradar.
Descrição de
‘PINGO DE GENTE’, por ela mesma, quando fez um artigo:
Tenho muitos egos, ou muitas "Fátimas" dentro do
mim.
A psicanálise explica isso. Talvez nada disso, somente uma
pessoa em metamorfose ambulante.
Quando era pequena era calminha, quietinha, a primeira da
classe todos os anos, as professoras me adoravam. Eu era a oradora da turma e
ganhava medalhas por mérito escolar. Algumas professoras me levavam para
passeios (claro, sem outros alunos ficarem sabendo, porque geraria ciúmes) ou
convidavam para aniversários e festas.
Era muito bem educada e só falava entre os adultos, se eles
me perguntassem alguma coisa. Nada de atrapalhar uma conversa, mas hoje em dia,
vejo tantas crianças que fazem isso!
Aos dez anos, já escrevia poesias e fiz meu
primeiro livro de ficção científica:
Uma Viagem No Tempo.
Com ilustrações minhas, pois segundo diziam todos
familiares, amigos e professoras eu desenhava muito bem.
Bem não era um "anjinho" totalmente, desde pequena
tinha pensamentos que eu não entendia na época (libidinosos).
Esse era o lado "capetinha" de mim.
Quando cheguei à adolescência, isso ficou muito mais
aguçado, logicamente por causa dos hormônios...
Mas a mudança real foi no meu comportamento: Se antes era
calminha e quietinha, tornei-me agitada, falava sem parar nem para respirar!
Fiquei também bem mais atuante na outra escola para onde
fui: teatro, jazz, etc... Desinibi totalmente, nem sombra da menina do
primário!
A rebeldia me acompanhava e muitas vezes bati a porta do
quarto que dividia com minha irmãzinha Sandy, irritada com as coisas ao meu
redor...
Típica adolescente.
Depois, ao casar aos 16 anos, essa "Fátima" mudou
radicalmente de adolescente para esposa e mãe e tudo que isso implica em
responsabilidades...
Tornei-me calma e branda novamente, reação esperada para
quem tem que carregar uma família nas costas. Sem paciência e tolerância, não
há família que fique estruturada.
Eu era o alicerce dessa nova família. Pois meu falecido
marido era extremamente diferente de mim...
E quando ele ficou doente (que durou por 15 anos), fui de
esposa à enfermeira dedicada.
Graças ao curso que fiz sobre saúde na faculdade e o de
laboratório de fármacos no secundário, sabia administrar o tratamento que ele precisava.
Mas minha saúde não é, nunca foi, essas coisas:
Nesse período também, fiz algumas cirurgias: Tirei um tumor
do interior da bochecha e quatro freios linguais, duas operações na cabeça, uma
litotripsia.
Depois de sua morte, outra "Fátima" surgiu:
Novamente reconheci-me adolescente, mesmo aos 43 anos.
Voltei a ser aquela mocinha de 15 anos que queria tudo da vida: passear, fazer
caminhadas, dançar (mesmo sozinha na sala), cantar o dia inteiro e
principalmente escrever meus textos, porque isso me fora retirado anos a
fio, devido à minha condição de mãe de três filhos, esposa, "enfermeira do
marido" e dona de negócio próprio (uma mercearia e pequena lanchonete), o
que me custou quatro estafas durante esses anos de falta de tempo para mim
mesma...
Isso, sem falar nos meus lapsos de memória que me
acompanharam desde os meus 15 anos até os dias atuais. Tornando-me outra
"Fátima", insegura, com medo de sair de casa e se perder, de esquecer
para onde vai e até o próprio nome e de pessoas do meu convívio. Tornei-me de
destemida à medrosa, de valente para as situações graves, para frágil como o
cristal...
A minha metamorfose não cessa nunca!
Apenas uma coisa nunca mudou em mim: A libido... Sim,
confesso.
Essa me acompanhou por toda a vida e apesar de ter
sido fiel ao meu marido pelos 27 anos de casamento, depois de sua morte, no meu
estado de "nova adolescente refeita", tive alguns relacionamentos,
inclusive com um jovem de 25 anos, que poderia ser meu filho, pois eu já estava
com 44 anos.
Outros vieram também, e nada deu certo.
Não sei o dia de amanhã, assim como ninguém o sabe. Mas só
sei que até o fechar dos meus olhos, ainda vou mudar novamente. Isso está no
meu ser:
METAMORFOSE AMBULANTE
FÁTIMA ABREU
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