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Sinopse
A continuação de UM CONTO DE AREIA & MAR *: Romance de época que vai desde a BELLE ÉPOQUE, até a Segunda Grande Guerra. As personagens fictícias encontram-se com personalidades históricas como Mata Hari e Coco Chanel, entre outras. Um romance suave e poético como a brisa marinha...
Categorias: Ética E Filosofia Moral, Metafísica, Livre Arbŕtrio & Determinismo, Poesia, Filosofia, Ficção e Romance
* Um livro que independente de se ter lido o volume 1:
Tudo é entendido pela introdução.
Continua no livro...
Fátima Abreu
* Um livro que independente de se ter lido o volume 1:
Tudo é entendido pela introdução.
INTRODUÇÃO:
Gaston Verne continuava internado no sanatório para
onde foi levado após atirar em seu tio em março de 1886... Contava 48 anos
agora. Havia já se passado 22 anos, desde o acontecido.
Até então, não sabia da existência de seu filho com Irina.
Julio Verne ficou coxo por um dos tiros que recebeu, por 19 anos até sua morte.
Não chegou a assistir ao Grande conflito mundial, pois havia falecido por diabetes, em março de 1905, na cidade de Amiens, França.
Agora fazia 3 anos de sua morte.
Até então, não sabia da existência de seu filho com Irina.
Julio Verne ficou coxo por um dos tiros que recebeu, por 19 anos até sua morte.
Não chegou a assistir ao Grande conflito mundial, pois havia falecido por diabetes, em março de 1905, na cidade de Amiens, França.
Agora fazia 3 anos de sua morte.
O
ano era 1908:
Irina seguia a vida com seu atelier de costura,
onde seu filho era gerente:
Já era maior de 21 anos. Irina passou a gerência para ele, ficando apenas com a criação e produção dos vestidos e chapéus.
Já era maior de 21 anos. Irina passou a gerência para ele, ficando apenas com a criação e produção dos vestidos e chapéus.
Irina era uma senhora de 38 para 39 anos
agora, mas, permanecia com o frescor da juventude, sem cabelos brancos
ou rugas.
Não havia quem lhe desse essa idade, aparentava
tranquilamente ter 10 anos a menos.
Despertou então o interesse de um advogado viúvo: Monsieur Gerard Michel Leon.
Irina morava na mesma cidade que ele: Nantes, desde que voltou de Paris (quando soube estar grávida, um mês depois de seu retorno ao litoral)...
Indicaram o atelier de Irina para que ele levasse sua única filha Lídia, recém chegada de Paris (onde esteve desde a morte de sua mãe), para fazer um novo vestuário. Teria de ser mais adequado ao clima do litoral e menos sofisticado do que na capital.
Resultado: Gerard apaixonou-se à primeira vista por Irina.
Ficou encantado com tanta leveza, em uma dama moradora do litoral.
Esperava encontrar ali, uma senhora grisalha de seus 60 anos e rabugenta (assim era a maioria das proprietárias de Casas de Alta Costura em Paris)...
Como se enganou! Estava ali a sua frente, uma criatura de traços suaves, cabelos lustrosos, muito bem educada e sorridente...
Despertou então o interesse de um advogado viúvo: Monsieur Gerard Michel Leon.
Irina morava na mesma cidade que ele: Nantes, desde que voltou de Paris (quando soube estar grávida, um mês depois de seu retorno ao litoral)...
Indicaram o atelier de Irina para que ele levasse sua única filha Lídia, recém chegada de Paris (onde esteve desde a morte de sua mãe), para fazer um novo vestuário. Teria de ser mais adequado ao clima do litoral e menos sofisticado do que na capital.
Resultado: Gerard apaixonou-se à primeira vista por Irina.
Ficou encantado com tanta leveza, em uma dama moradora do litoral.
Esperava encontrar ali, uma senhora grisalha de seus 60 anos e rabugenta (assim era a maioria das proprietárias de Casas de Alta Costura em Paris)...
Como se enganou! Estava ali a sua frente, uma criatura de traços suaves, cabelos lustrosos, muito bem educada e sorridente...
1
O vento batia nas folhas das poucas árvores que
havia na orla.
Irina sempre repetia o mesmo passeio matinal, antes
de começar mais um dia em seu atelier...
E ali, sentada em uma pedra, inspirava profundamente
o ar marinho.
Gostava disso, cheiro
de maresia...
Seu filho interrompeu suas divagações pousando a mão
sobre seu ombro:
- Assustei-a mãe?
- Não meu filho, só me pegou distraída... Quer
alguma coisa?
- Sim, mãe. Aproveitando a brisa fresca da manhã,
quero saber algo que não achava adequado perguntar até minha maioridade... Quem
é meu pai?
- Sabia que um dia iria me fazer essa pergunta. Pois
bem, chegou mesmo a hora, pois já é adulto. Seu pai chama-se Gaston Verne,
sobrinho do falecido escritor Julio Verne.
- E por que nunca veio nos visitar? Não me lembro se
quer, de chegar uma carta todos esses anos...
- Filho, seu pai está internado em um sanatório
desde que atirou no tio. Ninguém soube até hoje, porque ele fez tamanha
asneira! Fato é que deixou Julio Verne coxo, até sua morte...
- Meu pai não vai sair do sanatório? Ficará
internado até que morra?
- Temo que sim... O juiz foi implacável em dizer que
Gaston era perigoso, por ser louco.
- Mãe, quero conhecer meu pai. Mereço isso. E se ele
morre e nunca nos vimos? Não, isso para mim seria terrível! Temos que ir até
esse sanatório...
- Certo, faremos essa visita a seu pai. Dentro de
uma semana prepararei tudo. Agora vamos que a vida chama...
Irina saiu de braço dado ao filho, com os
pensamentos em turbilhão:
Depois de 22 anos, reencontrar Gaston em um
manicômio, não era bem o que ela queria...
Entretanto, sabia que devia isso aos
dois, pai e filho...
2
A semana passou rapidamente. Irina e seu filho
estavam prontos para a viagem. Um coche foi chamado para levá-los até a capital e depois, rumo ao sanatório.
O clima mudava, e um vento frio de final de outono,
gelava o rosto de Irina.
A viagem agora era menos longa, pois as estradas
melhoraram muito, desde a sua primeira ida à Paris...
Durante o trajeto Irina pensava naquele senhor que
havia conhecido um mês antes... Engraçado é que tinha o mesmo nome que dera a
seu filho: Gerard.
Uma coisa aprendera durante todos aqueles anos:
Coincidências não existem, e sim, artimanhas do destino...
Será que
aquele senhor tão atraente, havia cruzado seu caminho com algum objetivo, pelas
esferas superiores? Só o tempo diria isso... Por enquanto, trataria de resolver
o problema de seu filho.
Entretanto, deu um sorriso largo, ao lembrar-se do
dia em que conheceu o advogado viúvo:
_ Boa tarde, senhora Irina! Sou Gerard Michel Leon.
Alguns amigos aqui de Nantes, recomendaram sua casa de costura. Trouxe a minha
filha Lídia, para que tome as medidas e lhe faça novo vestuário, adequado ao
clima do litoral...
- Oh, certamente... Será um prazer. Venha por aqui jovem
Lídia... Ah, meu filho cuida da administração do atelier. Ele lhe mostrará
a tabela de preços.
Tocou um sininho para chamar o filho que estava
fazendo a contabilidade no escritório. Ele veio imediatamente, e Irina fez a apresentação:
- Esse é meu filho Gerard...
- Muito prazer. Bem, então temos o mesmo nome?
- Ah, monsieur chama-se Gerard também? De certo tem
um segundo nome...
- Sim, o meu segundo nome é Michel.
- Então não se incomodará que o chame dessa forma,
pois não? É que me sinto estranho, a chamar alguém pelo mesmo nome que eu...
- Não por isso... Fique à vontade para me chamar de
Michel. Bem, agora, por favor, a tabela de preços...
- Agora mesmo!
Enquanto os homens tratavam do dinheiro, as mulheres
já estavam na sala de costura:
Lídia escolhia modelos de vestidos e chapéus e Irina
anotava suas medidas.
Foi uma tarde bem agradável: Um chá com biscoitos
amanteigados de nata foi servido para os novos clientes. E a conversa seguia
longa...
A troca de olhares cativantes era inevitável:
O advogado G.Michel, não media elogios para Irina,
assim como Gerard fazia gracejos à jovem Lídia...
Todos muito sorridentes e percebia-se que aquele
momento passava de relações comerciais...
3
O sanatório era bem arborizado e habitado por muitos
pássaros no seu entorno. Via-se uma briga entre um mentalmente desequilibrado,
e um enfermeiro que tentava colocar-lhe uma vestimenta adequada aos loucos.
Irina e seu filho
preferiam ignorar aquela cena, olhando as pessoas que vagavam pelo vasto
campo, dos arredores da ‘casa de repouso’...
Uma senhora veio lhes receber:
- Boa tarde! Em que posso lhes ser útil?
Irina disse então:
- Gostaríamos de poder falar com o senhor Gaston
Verne, por obséquio.
- Ah, bem, terão que preencher uma pequena ficha de
visita, antes disso. Por aqui...
Gerard respondeu:
- Ele está
bem de saúde? Digo, talvez menos desequilibrado, depois de tantos anos
internado...
- Oh, na verdade ele nunca me pareceu doido.
Mas, se está aqui, é porque cometeu
alguma loucura. Venham...
Gerard e Irina seguiram a senhora que lhes servia de
cicerone naquele local. Adentraram o
recinto de paredes brancas e teto verde água. Um cheiro de “limpeza” era notado
assim que se passava pelo corredor.
Pararam frente a uma porta que tinha um pequeno
balcão de recepção. Ali assinaram o livro de visitas onde colocaram seus nomes
e a hora da chegada.
A senhora disse então, apontando:
- Bem, agora podem seguir o restante do corredor e
sigam até encontrar o número 28, que é o aposento onde Gaston Verne se
encontra.
- Muito obrigada.
Gerard, que até aquele momento parecia tranquilo, ao
chegar ao quarto 28, começou a suar gelado nas mãos...
Irina percebendo que o filho estava tenso, disse:
- Calma, meu filho. Gaston nunca foi mau. O fato de
ele ter atirado no tio, foi uma insensatez que tenho certeza, foi momentânea...
O problema é que o juiz achou que ele fosse louco. Dentro de mim. Sei que não o
é. Vamos entrar...
Gerard bateu levemente na porta e girou a maçaneta,
passando sua mãe à frente...
Um homem abatido, com algumas pequenas rugas na
face, cabelos e barba aparados, olhava para o lado de fora da janela.
Assim que
percebeu a presença de alguém, virou-se e reconheceu Irina de imediato! Não sabia quem era seu acompanhante. Mas, ao
olhar bem para o rapaz de olhos marejados, percebia alguma semelhança com ele
mesmo na juventude...
Pensou que seria mais uma loucura sua, com
certeza...
Irina tomou a frente e abraçou-o com todo fervor por
todos os anos que não o via... Gaston então, disse visivelmente emocionado:
- Minha doce Irina! Quantos anos desejei que viesse
me visitar! Neste lugar enlouquecia mesmo era de tanta paixão e saudade! Por
que nunca veio?
- Gaston, perdoe-me essa longa ausência... De
início, fiquei sabendo que me encontrava grávida. Não poderia viajar nesse
estado...
Depois meu filho, quer dizer, nosso filho, nasceu, e
dedicava-me a cuidar dele e de nosso sustento. Trabalhava muito, virando as
noites nas costuras, e inventando modelos novos. O tempo foi passando, e decidi
que só falaria da sua existência, caso Gerard quisesse conhecer o pai...
Bem, e
aqui estamos. Ele quis saber.
Nunca deixei de lembrar de você, meu
único e grande amigo, pois também foi o único a me tocar e plantar um filho
abençoado...
Novamente abraçaram-se. O abraço do casal uniu-se ao
do filho emocionado...
E assim, ficaram por minutos: Um único choro, misto
de alegria, saudade e tristeza...
Depois, Gaston pegou a mão de Irina e a levou para sentar-se
na cadeira que ficava ao lado de sua cama.
Virou-se para o filho dizendo:
- Depois de tantos anos de reclusão e tristeza,
finalmente tenho uma boa notícia para me dar total alegria: Um filho! Ah, como
gostaria de ter visto sua mãe a te dar a luz! E assistir aos seus primeiros
sorrisos, a falar, andar... A vida me privou de tudo isso... Mas, aqui está
você! Agradeço aos céus essa chance, antes do dia derradeiro!
- Não fale assim meu pai. Tudo tem hora certa para
acontecer. Ainda viverá alguns anos, com
certeza. Virei aqui sempre que puder para visitá-lo. E se mamãe quiser virá
também...
Gaston segurando a mão de Irina, disse quase
implorando:
- Por favor, Irina, venha sempre acompanhando nosso
filho...
- Não posso prometer que virei sempre Gaston... Mas,
sim, quando possível. O atelier toma muito meu tempo. Agora mesmo, deixei duas
costureiras abarrotadas de encomendas para vir te visitar...
- Está certo, entendo sua posição. Mas, me contem
tudo que deixei de saber sobre vocês...
A conversa estendeu-se por 3 longas horas, e entre
risos e lamentos, parecia realmente uma família.
4
O retorno para Nantes foi no dia seguinte. Irina e
Gerard dormiram numa estalagem perto do sanatório. Pela manhã, ainda fizeram
mais uma visita à Gaston, antes da partida.
Gaston pediu com a voz embargada e olhos carregados
de lágrimas:
- Não deixem de voltar, por favor. Assim a minha pena aqui, se tornará mais leve. Antes
minha vida estava apagada. Agora tenho pelo que ansiar...
Irina segurou as duas mãos de Gaston respondendo:
- Sempre que pudermos meu amigo. Fique bem.
Gaston beijou a testa e as mãos de Irina e em
seguida, ao filho deu forte abraço, com uma boa batida nas costas... Era assim
que os homens se felicitavam.
O coche chegou e Gerard ajudou sua mãe a subir com a
pequena bagagem que levaram. Em seguida, acenaram para Gaston, com lágrimas nos
olhos.
Ele acenava também, observando a carruagem
sumir pelos portões e ganhar a estrada...
A noite já estava alta, quando Irina e Gerard
ouviram alguém bater na porta do atelier.
Estranharam porque visitas depois das 22:00 hs não
eram comuns. Gerard disse já caminhando para abrir:
- Fique aí sentada mãe, vou ver do que se trata.
Abriu a porta e deu com o advogado G.Michel desesperado:
- Por favor, esse é o último lugar para procurar, já
fui a todos os lugares possíveis!
Sem entender do que o homem falava, Gerard abriu
caminho para que ele entrasse.
- Diga quem ou o que, está procurando, meu amigo?
- Lídia! Está sumida desde o início da tarde de
hoje!
- Como pode
ser isso? Lídia sempre sai acompanhada!
- Sim, quando não está comigo, sai com a nossa
governanta... Mas, hoje ela simplesmente sumiu dos olhos de madame Gertrudes!
Quando foram ao mercado escolher frutas e legumes, Lídia distanciou-se um
pouco, para olhar os animais à venda. Gosta muito de coelhos... Bem, entretida
com as compras, madame Gertrudes não reparou quando ela sumiu... Agora estamos
loucos, batendo de porta em porta, perguntando se alguém a viu ou tem alguma
pista...
Irina escutando a conversa levantou-se dizendo:
- Meu Deus! O que terá acontecido com a jovem Lídia?
Ainda a vi hoje, passando embaixo de minha janela, com a governanta. Sim,
tomavam o rumo do mercado... Ninguém a viu depois disso?
- Ah, madame Irina, nada! Parece que minha Lídia
sumiu no ar! Como lembrei que ela tem muito apreço por vocês, pensei até que
tivesse vindo fazer uma visita e ficou até mais tarde... Pena, não foi isso que
aconteceu! Não sei mais onde procurar.
Gerard então disse tentando acalmar o homem:
- Tente imaginar tudo que pode ter acontecido: Será
que ela foi raptada, ou embrenhou-se pela estrada passeando sozinha e não soube
voltar?
- Não, Lídia não teria esse tipo de atitude, porque
sempre avisa para nossa governanta aonde quer ir... Sim, a primeira opção é mais provável: Que ela tenha sido raptada...
- Nesse caso, já falou com as autoridades?
- Sim, eles estão cientes e procuram por pistas. Mas
eu não quero ficar de mãos atadas esperando... Procuro também.
Irina disse vacilante:
- Quem sabe Lídia tenha um amor escondido e resolveu
ir embora com ele?
- Nosso diálogo é aberto, porque ela só tem a mim.
Se fosse esse o caso, ela teria me
falado de alguém e pediria permissão para trazê-lo em casa. E falemos a
verdade: Lídia mostra apenas interesse em Gerard...
Gerard
entusiasmou-se com esse comentário. Ele também só tinha olhos para Lídia.
Pensava já em pedir ao advogado para cortejar sua
filha... Mas, e agora, com a moça desaparecida?
Irina então falou já com a sua intuição aguçada:
- Bem, então resta procurar pelas casas abandonadas
da praia... Pode ser que a tenham levado para uma delas. Tem pelo menos quatro casas que foram
deixadas pelo povo que foi para outras cidades...
- Bem lembrado mãe! Sim, se Lídia foi raptada, não a
levariam para longe... Teriam de ficar próximos, para pedir resgate.
O advogado
concordou:
- É estão raciocinando melhor que eu... Agora a
noite já vai alta. Eles devem até estar dormindo. Entretanto, deve ter algum
bandido de vigia...
- Cuidar de um, é mais fácil que de vários! Vamos?
Irina ficou preocupada com a coragem do filho, de
sair para enfrentar com G.Michel, os
bandidos e resgatar a jovem donzela.
Talvez ele estivesse mesmo apaixonado por Lídia. Só
isso explicava sua atitude...
Não poderia segurar o filho em casa, se ele já
estava decidido... Pediria para que Deus cuidasse dele e de Michel, trazendo-os
sãos e salvos com Lídia.
Quando acabou de pensar isso, ouviu somente a voz do
filho dizendo:
- Estamos indo, mãe. Reze para que tudo dê certo.
Vamos passar antes na casa de monsieur Michel, para pegarmos duas armas. Um precisa dar cobertura ao
outro.
- Que Deus os abençoe, os leve e traga bem,
juntamente com a jovem Lídia.
- Amém.
Responderam os dois homens ao mesmo tempo.
Continua no livro...
Fátima Abreu
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