segunda-feira, 3 de março de 2014

Solidão da Manhã, na Quarta de Cinzas


Foi na manhã daquela Quarta feira de Cinzas, que enfim sua 'ficha caiu'.
Solidão e um café.
Um café e a solidão que a levara a fazer tal coisa.

Não importaria o quanto refletisse agora...
O estrago fora feito.
Vendera seu corpo, como uma revista ou jornal na banca:
Fotos comprometedoras.
Além disso, na mente, as lembranças...

Uma cicatriz havia se formado, não no corpo, mas dentro do ser.
Aquilo que um dia, dissera: NUNCA! Agora era fato.
Pretérito, mas ainda assim, marcado.

Um gole na xícara de café.
Sentiu o aroma. Era tão gratificante naquele momento, ter o café!
Sua eterna companhia, fosse noite ou dia...

Entretanto, havia aquele sentimento de desgosto.
Por que fizera aquilo?
Por medo da necessidade bater à porta, ou pela ausência de reflexão?

Fora pelo impulso. Sim, era isso.
Agora estava feito.
Se as fotos chegassem a serem vistas por outras pessoas,
Tudo estaria acabado: Sua profissão e reputação.

Tomou outro gole de café.
Seu eterno companheiro:
Aroma, paladar, quentura.

Fechou os olhos.
Isso tudo porque era Quarta de Cinzas! A culpa instalada no íntimo.
Tirou o roupão, foi para a Igreja.
Levaria Cinzas, na cabeça!

Fátima Abreu


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