quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
ENCONTRO CASUAL- CAPT 5
Micaela voltava para o atelier de Mirthes com suas coisas, mas antes, dera uma passada na cafeteria onde encontrara Jordan. Quem sabe encontraria aquele rapaz por ali novamente?
Certo, haviam combinado de se encontrarem para um bate papo na semana seguinte, quando Jordan estaria mais 'folgado' de suas atividades...
Foi quando Micaela percebeu que falara de si o tempo todo e nada sabia direito sobre ele... Que atividades seriam essas, afinal?
Pegou um café para "viagem" naqueles copos que achava horrorosos de isopor, mas que o mantinham bem quentinho, e seguiu em frente, afinal Jordan não estava ali...
Teria de esperar mesmo por um telefonema marcando...
Quando entrou na loja novamente, Corine estava conversando com Mirthes e ao vê-la, as duas irmãs calaram-se por um momento. Deu para notar que estavam falando dela. O que seria óbvio, dadas as circunstâncias de uma novata ir morar no atelier da cobertura!
Corine, fez sinal para que Micaela se aproximasse.
Meio timidamente (em relação às outras funcionárias), ela foi até onde as novas patroas estavam.
Mirthes pegou sua mão e pediu para a gerente que estava perto, marcasse no final do expediente, uma reunião bem rápida no salão principal, onde aconteciam os desfiles da loja, para a apresentação da PROMOTER Micaela Carmello, francesa descendente de espanhóis.
Lilly, a gerente, fez que sim com a cabeça.
As duas irmãs então, acompanhadas por Micaela, subiram para a cobertura. Ali ficariam até o fim do horário de atendimento ao público.
A essas alturas, é claro que Mirthes havia contado tudo que descobrira sobre Micaela para Corine.
Que de certa forma, ficou contente em saber que também estava certa, quando viu algo que lembrava a irmã, na novata...
Conversavam animadas e Micaela estranhou aquela receptividade toda: Nunca antes havia recebido tanta atenção em um emprego!
Quando Mirthes finalmente lhe disse quanto ela iria receber, foi um susto total!
O copo de café que ainda estava em sua mão, caiu de imediato no chão.
Ficou embaraçada, não sabia o que dizer.
Corine riu e lhe disse:
_ Bem se vê que não está acostumada a um bom salário, Micaela!
_ Não madame. Nunca recebi uma quantia semelhante.
Foi a vez de Mirthes falar:
_Conte sobre você: O que a levou a vir para Londres e deixar Montmatre?
_ Bem, senhora... Tive que fugir da França, para não ser levada para um orfanato, depois da morte de meus pais em um acidente de carro... Tinha 15 anos e foi muito difícil até hoje para mim. Eles me fazem falta... Tratavam-me como uma princesa! Já o mundo aí fora não: É cruel. Fui violentada aos 17 anos, por um dos filhos dos meus patrões. Depois, com pena, deram-me dinheiro para ir embora. Vim então para Londres. Aqui, fiquei em empregos temporários e essa é toda minha história.
Mirthes não pode deixar de ficar emocionada com o relato da filha. Ficou satisfeita de saber que pelo menos enquanto o casal era vivo, cuidou muito bem de Micaela. Sua escolha então fora acertada.
Corine que era mais emotiva, deixou cair algumas lágrimas...
Pensava também no sobrinho que deixara no orfanato: Será que teve melhor sorte que Micaela, ou pior?
Micaela ao notar que Corine estava muito sensibilizada, disse:
_ Madame, não precisa ficar assim... Minha vida é como de tantas pessoas que ficam órfãs muito cedo. Eu mesma repeti isso várias vezes! Sim, para me conformar quando comia apenas uma vez por dia, depois que cheguei a Londres...
Ao ouvir isso, Mirthes desmoronou. Só de pensar que ela poderia estar fraca, anêmica ou coisa pior, porque comia apenas uma vez ao dia, a sua consciência doeu. Ela agora cercada de luxo, comendo em bons cafés e restaurantes e a filha até aquele dia, nessa situação! Era imperdoável. Faria de tudo para compensar o tempo perdido: A começar para lhe mandar ao médico e fazer todos os exames básicos. Claro, tudo seria 'por conta' da grife.
(continua)
Fátima Abreu
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