sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Rosa, as Pérolas, o Encontro...



O perfume no quarto inebriava os sentidos...
A roupa jogada sobre uma cadeira ao lado da cama.
A rosa vermelha sobre a colcha bordada em renda branca, fazia o contraste.

Um colar de pérolas, seria o presente para aquele breve momento.
Em que os dois apaixonados se encontrariam,
E do sabor um do outro, provariam:
Lábios de canela, os dela...
Lábios sedentos, os dele...
Lábios tocados, desejos liberados.

As mãos dela, sobre o pescoço dele,

O atraiam para si
No decote exposto,
O colo formoso, dava gosto...

O colar de pérolas foi colocado então,

Tão logo ele a despiu.
Desnuda, apenas com o colar presenteado,
Olhou-se no espelho, e foi de seu agrado...
 A rosa vermelha, ela pôs cuidadosamente nos lustrosos cabelos
Que deixavam-se cair, ao longo de seus seios.

Ele acalorado pela linda visão,

A puxou para si, tremendo de ansiedade
Com um calor de verão...

Fátima Abreu



PARA OUVIR A POESIA NO RL:
http://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/66436 
 

Sem Chão

O que faria se sentisse que tudo desaba em sua cabeça?
Tudo vindo ao mesmo tempo de uma só vez...
Que estivesse "SEM CHÃO".

Entraria em desespero e tentaria encontrar saídas até das mais inusitadas?
Certo, a sua primeira atitude, seria recorrer à sua religião e isso diz diretamente conversar com DEUS.
Agora, o que colocaria em prática? Porque parado, nem o vento fica...
Pedir ajuda aos amigos, familiares, à vizinhança?

Eu já fiz isso no passado:
 Quando minha filha Catarina, então com 8 anos, teve uma apendicite e não tinha dinheiro suficiente para bancar todos os custos.
Durante os 5 dias que ela esteve internada, depois da operação,  fiquei todo tempo com ela no hospital do plano de saúde. E os gastos se multiplicaram...

Vide esse episódio, na novelinha da vida real, PINGO DE GENTE, no blog.


Novamente estou em xeque na vida.
Estou numa situação financeira muito difícil.
Muitos desaprovariam me expor dessa maneira.
Entretanto, chega um ponto na vida da pessoa, que você fala tudo ou morre sufocado...


Queria que alguém fosse minha "fada madrinha", ou "padrinho mágico", para me ajudar nesse momento da vida, tão difícil!
Sem me olhar e criticar. Apenas estender a mão, sem perguntas.

Eu faço exatamente isso, quando precisam de mim:
Nada pergunto, apenas ofereço o ombro amigo.
Digo:
" Não tenho dinheiro, mas, boa vontade para ajudar de alguma forma".

E como diz Catarina, minha caçula, quase adulta:
" Não espere que as pessoas sejam iguais à você, mãe".

Fiz esse poema, pois, nem ela me entende:


Poema da Incompreensão

Sou incompreendida, mas, compreendo a todos.
Carrego "um mundo" nas minhas costas.
A incompreensão é a mãe da discórdia.
Prima da tristeza.
Irmã da agonia.
Sou a pessoa que se agarra com "unhas e dentes", nas paredes que a ouve.
Não me escutam, porém, eu, a eles.
Não querem saber das minhas coisas, entretanto, eu tenho que saber das deles...
Eles tem mentes egoístas. Corações frios.
Já eu, tenho a mente aberta; coração quente e sereno.
Enxugo os choros de outros, e para o meu pranto não há lenço...

Fátima Fatuquinha Abreu


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Obrigada desde já, pela confiança em meu trabalho!
Fátima Abreu Fatuquinha

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Escolha entre os mais variados temas que escrevo:

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* poesia
* culinária
* infanto juvenil ( fábulas, contos e prosas poéticas)





                                           **********


Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações.
Vinícius de Moraes

 






DE VERMELHO

31 DE JULHO: DIA DO ORGASMO

Muitos não sabem disso, outros esquecem...

Estou aqui para lembrar!




Esperava de vermelho.
Não sei se gosta dessa cor.
Mas, para mim é mais conveniente:
Paixão é vermelha.
Rubra a face,
Torna o corpo dormente...

Esperava de vermelho
Em um quarto que não era meu
Tampouco seu.
Um chalé na beira da estrada
Uma cama alugada...

Esperava de vermelho
O vinho posto em duas taças
Tinto, como se o vermelho tivesse tomado vida!
E intensificara a cor de nossa bebida...

Esperava de vermelho
Em um dia 31 de  julho
Dizem por aí, que é o dia do ORGASMO...
Mas, sei que se não vier,
O vermelho que me cobre agora,
De nada servirá:
Pois só quero esse maior prazer,
Se me for dado por você...

Fátima Abreu

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Dia do Amigo- REPUBLICADO








Hoje se convencionou a ser o DIA DO AMIGO: 20 DE JULHO.

Eu acho que todos os dias são.
Desde que a amizade seja sincera.
Sem máscaras, sem mentiras encobertas, sem interesses de qualquer ordem.
E sim, com apoio, compreensão, ajuda mútua.
Posso colocar aí, também uma dose de cumplicidade.
Ser amigo pode ser muito mais do que sair vez ou outra para um bate papo.
Pode-se ser amigo de alguém mesmo à distância. 
Tenho alguns muuuuuito amigos dessa maneira.
Enquanto pessoas ao meu redor, (no dia a dia) que podem ser chamados de amigos, conto em apenas uma mão.

Amigos meus, flores do meu jardim, pérolas da minha concha, são verdadeiros. Entendem meus anseios, medos, não criticam meu modo de vida. Afinal, cada um tem o seu. Eu não me meto na vida de ninguém, quero o mesmo direito.
Ser amigo não é julgar e sim, apoiar:
Como já disse aqui antes, ( vivo me repetindo, rsrs) a alma já escaldada de sofrimento, não precisa de criticas e sim de acalanto.
Um grande beijo aos meu amigos virtuais e os poucos da vida cá fora, dita "real", que tenho minhas dúvidas que seja. 
Acho que vivemos numa realidade alternativa, uma Matrix.

Fátima Abreu
Feliz dia do Amigo!!!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

O Problema Era Com os Brincos: A Culpa Nunca Foi das Estrelas!




Prosa Poética


Não havia como não colocar a culpa neles.
Sim, eram os brincos!
Quando ela finalmente percebeu isso, o estresse já havia passado dos limites:

Os brincos de pérolas causavam confusões, que se instalavam logo após colocá-los em suas orelhas.
Já os de argola, traziam alguma alegria em seu dia:
Quando usava, percebia que seu "mundo" andava...

Colocando os de estilo indiano, atraía os olhares masculinos.
Quando usava os bo ho, era tratada com gentileza.
Já nada acontecia, quando usava os de pedraria.

Para viver em paz, decidiu não tirar as argolas:
Era o único meio das coisas darem certo!
Ah, mas, quando esquecia de as colocar nas orelhas, culpava seu descuido; E não, as estrelas...


Fátima Abreu Fatuquinha


Nota:
Seria uma mania comum, de achar que o uso desse ou daquele objeto, causa diferença no seu dia a dia? Ou em TOC isso tudo viraria?

Essa é uma questão a ser levantada:
O que é mania, e o que seria o Transtorno Obsessivo Compulsivo?
Avalie suas manias:
Caso você não consiga fazer mais nada, sem realizar aqueles pequenos "rituais diários", isso é TOC.
Procure ajuda de um psicólogo. 
É o profissional recomendado para isso.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

ESPERO A TUA LEMBRANÇA


Espero a Tua Lembrança...


Não vim falar de paixões.
Também não é preciso.
Quem guarda na alma a tristeza e a decepção, sabe bem disso...

Não vim falar de flores.
Nem de pérolas, meus eternos amores...
Não vim falar do café ou chocolate,
Ambos mulatos deliciosos, de sabor raro...

Para quê eu vim?
Para te lembrar que existo.
Existir é uma dádiva divina!
Independente de nossa sina...

Eu, que naveguei em mares de lágrimas.
Eu, que ri, quando me cativou.
Eu, que disse sim e não.
Eu, que no branco e preto da fotografia,
Espero a tua lembrança.

Fátima Abreu Fatuquinha

Pérolas Sobre O Corpo- REPUBLICADO





Ziegfeld Dames: 1907-1931Pérolas Sobre O Corpo

Que magia tem as pérolas?
Uma branca célula 
Nascida em meio o vasto oceano...
Grãos de areia sucumbidos pela ostra
Que 'alegram' o colo de muita moça...

Apaixono-me por elas 
Embora não as tenha em mãos
Apenas uma imitação
Em um par de brincos.

Mesmo assim, é o efeito da redondinha e reluzente pérola que atraí.
Estendida em forma de colar pelo corpo...
Não há nada mais lindo que isso:
Pode-se estar nua, com camisola ou em uma lingerie sexy,
Que sempre será o mesmo:
A pérola sobre o corpo, sobre os seios expostos,
É  o mais sensual carinho.
Pérola, do amor,  a branca célula.

Fátima Abreu

 

PÉROLAS, APENAS PÉROLAS...


A areia  se encaminha
Levada pelos seres marinhos...
Encontra então, seu destino natural
A 'casa' que irá lhe abrigar
Do frio, do mar...
A concha, cravada no fundo do oceano
Transforma-se em moradia
Grãos de areia, tornam-se pela natureza,
Pérolas, de magia...
Cobiçada, desejada pérola
Adorno reluzente
A pérola,
Que a areia, foi sua semente...
Pela ação do tempo,
Ela se formou...
Pérolas, que o pescoço emoldura,
No colar mesclado:
Pérola branca, minha, nua...
Pérola negra, beleza tua...

Fátima Abreu

AINDA AS PÉROLAS...REPUBLICADO



Há pérolas caídas pelo chão,
Colar arrebentado.
Sentimento novo, despertado...

Pérolas, antes de magia
Pequenas, belas, reluzentes...
Reverte agora, em agonia.
Transformaram-se em sopro:
Um vento de discórdia.
Pérolas jogadas fora...

Que engano, essas pérolas!
Alegrias vividas,
Mas, dores também sentidas...

Brilham, ofuscam a quem vê...
Entretanto, decepcionam
Como qualquer ser!

Ah, pérolas! Ah, vento!
Não são mais as mesmas:
Divergências de pensamentos...

Fátima Abreu

sábado, 11 de julho de 2015

RELEITURA (ou reescrevendo poeticamente): "O PEQUENO PRÍNCIPE"



http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/573708/gd/131563610044/Aerografia-Infantil-Fernando-Pow-O-Pequeno-Principe.jpg

(Republicado)


O interessante é que passam os anos e sem perceber, nossas mentes vão sofrendo um processo lento e gradual de "metamorfose de ideias"...
Eu relutei para achar a obra " O Pequeno Príncipe", mundialmente aclamada, (muito por esse motivo) tudo aquilo que diziam.
Não sei se porque, quando tive o primeiro contato tão jovem, não pude observar os detalhes escondidos: Uma mensagem a ser decodificada pela mente.
Também era meio rebelde e o que agradava a maioria eu descartava, como dei a entender, acima...

Bem, o fato que é ao reler com calma na manhã de hoje, observei coisas que me fizeram "matutar" e por conseguinte, me emocionar...
Não, definitivamente uma criança ou jovem, não entende as entrelinhas!
Tem que se ter a maturidade necessária para tal.
De qualquer jeito, poderiam (não sei se já existe, porque não pesquisei isso) fazer uma nova versão na linguagem infanto juvenil.
Eu acho que seria uma releitura atualizada, com palavras de conhecimento da garotada.


Aqui vai um, em forma de poema, para esse texto:


O Pequeno Príncipe

De um mínimo planeta ele provinha
Cabelos dourados e espigados como o trigo
Não tinha família
Se ocupava de três vulcões: 
Dois para cozinhar
Um já extinto, lhe servia de banco.
Além disso, tinha uma pequena companhia:
A rosa. 
Vaidosa, egocêntrica e mentirosa.
Mas, que ao coração do jovem príncipe, falava:
Como o murmúrio da pétalas ao vento, de quem ela não gostava...

Resolveu dar um passeio, o menino.
Correu seis mundos antes do nosso.
Viu gente de todo jeito, mas, virtude não encontrou:
Eram pessoas ocupadas consigo mesmas.
Talvez por estarem sozinhas em seus mundinhos físicos e pessoais
Não haveria espaço suficiente, para ninguém mais...

O aviador a quem o menino loiro encontrou,
Tornou-se seu amigo.
Antes dele, a raposa matreira. 
Porém com o príncipe, fora muito delicada:
Ele havia cativado seu coração!
A raposa olharia depois da partida do jovem viajante, 
De uma forma diferente, para os campos de trigo:
Lembraria dos cabelos dourados de seu único amigo.

A amizade entre o aviador e o menino,
Deu-lhe forças para espantar o fatal destino:
A sede que já o deixava febril.
Pois no deserto do Saara, sem água, 
É cruel ardil! 

Entretanto, o jovem príncipe tinha uma responsabilidade:
A rosa, vaidosa.
Ela não tinha virtudes, somente beleza.
Mas ainda assim, era sua rosa.
Fácil cuidar dos bons,
Difícil gostar  dos maus!
Somente uma alma pura e dócil,
Pode fazer isso.
O Pequeno Príncipe tinha.
Voltou então, de uma maneira transcendental... (ou não)
Para sua eterna companheira de sina.

Fátima Abreu


Não poderiam julgar como eu fiz no passado, ser um livro chato, embora curto.
Se é para ser lido por todas as gerações que passam pela Terra, como é de literatura mundial, que seja reformulado, sem perder a essência, é óbvio!
Até porque, hoje as crianças e jovens não entenderiam certos termos usados no tempo cronológico em que se passa a aventura do menino dos cabelos cor de trigo...
Um exemplo disso é sobre os trens:
"Rápido iluminado"
XXII
-
Bom dia, disse o principezinho.
-
Bom dia, respondeu o guarda
-
chaves.
-
Que fazes aqui! perguntou
-
lhe o principezinho.
-
Eu divido os passageiros em blocos de mil, disse o guarda
-
chaves. Despacho os trens que os carregam, ora para a
direita, ora para a esquerda.
E um rápido iluminado, roncando como um trovão, fez tremer a cabine do guarda
-
chaves.
-
Eles estão com muita pressa, disse o principezinho. O que é que estão procurando?
-
Nem o homem da locomotiva sabe, disse o guarda
-
chaves.
E
trovejou, em sentido inverso, um outro rápido iluminado.
-
Já estão de volta? perguntou o principezinho...
-
Não são os mesmos, disse o guarda
-
chaves. É uma troca.
-
Não estavam contentes onde estavam?
-
Nunca estamos contentes onde estamos, disse o guarda
-
chaves.
-
E um terceiro rápido, iluminado, trovejou.
-
Estão perseguindo os primeiros viajantes? perguntou o principezinho.
-
Não perseguem nada, disse o guarda
-
chaves. Estão dormindo lá dentro, ou bocejando. Só as crianças esmagam o nariz
nas vidraças.
-
Só as crianças sabem o que procuram, disse o principezinho. Perdem tempo com uma boneca de pano, e a boneca se
torna muito importante, e choram quando a gente toma...
-
Elas são felizes... disse o guarda chaves...

O que  importa realmente, é a filosofia que se tem na obra:

"O essencial é invisível para os olhos"

Explicar isso para uma criança é complicado. Cabe ao adulto, ter discernimento para fazer com que se entenda essa mensagem.

O essencial para o Pequeno Príncipe, foi na minha ótica, a responsabilidade que ele se impôs para cuidar de sua rosa. Que afinal, não tinha lá nenhuma virtude: Era vaidosa e fútil, gostava de ser bajulada a todo momento e ainda era mentirosa.
Mesmo assim, o menino a amava e se preocupava com sua segurança, pois achava que aqueles  quatro espinhos que  a rosa possuía, de nada serviriam frente a um grande perigo. 
Essa preocupação com quem não tem grandes virtudes me chama a atenção, pois eu sempre menciono algo parecido em alguns de meus textos: 
Fácil gostar do que e de quem é bom. Difícil é gostar do que e de quem é mau.
Um instigante desafio, esse...
Tenho uma certa "queda" por tentar consertar o lado mau de tudo: Seria como transformar uma lagarta feia e nociva,  através da metamorfose, numa linda e agradável borboleta.

A camaradagem da raposa, também me encantou: Além de explicar ao menino vindo das estrelas, o que seria "cativar", ela acabou pedindo que fosse cativada e isso foi o que aconteceu. 
E ao olhar os trigais, nunca mais esqueceria do "Pequeno Príncipe": 
O menino de cabelos dourados, tal qual o trigo nos campos. 

Acho que os outros personagens vistos nos outros seis planetas, em nada contribuíram, a não ser para mostrar o quanto as pessoas podem ser egoístas, vaidosas, ocupadas, sem auto estima, gananciosas e egocêntricas.
Na Terra, o sétimo planeta, finalmente ele encontrou o que tanto procurava: amizade verdadeira.

Mesmo realizando seu desejo, ele volta para sua rosa. A sua responsabilidade! 
Ainda que fosse fútil e egocêntrica, era a SUA rosa. Preciosa aos seus olhos.

Fátima Abreu

 

 "Você é responsável por aquilo que cativas."




QUERO SER... REPUBLICADO

http://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/66377

EM ÁUDIO NO RL. 
LINK ACIMA.


QUERO SER...

Que eu seja o teu templo,
Mesmo que não tenha religião.
Que eu seja o teu clima,
Para te fazer quente, como o verão...

Encontre em mim, todo o sorriso,
Que nunca teve de outras pessoas...
Que te faça feliz, além da cama,
Porque é isso que faz, a quem se ama...

Que eu seja o teu presente sempre.
Não o teu passado!
O futuro, não se vê...
Agora juntos, só eu e você.

Que eu seja também o presente físico:
Aquele, que desejou durante anos!
A mulher que te fizesse amar,
Antes da tua fatídica morte, chegar...

Juntos estamos, espero que para sempre!
Andamos no mesmo compasso. 

Escutamos as mesmas músicas.
Fazendo de nossos dias, a nossa conquista.
Nos adaptamos um ao outro:
Na busca de maior conforto.


Ah, para os dias de frio,
Que quentes, irão ficar,
Na cama, onde vamos sempre nos amar...

Que seja eu, todo desejo teu!
Que seja tuas mais ardentes fantasias...
Que seja sempre,
A mulher que tanto queria...

FÁTIMA ABREU

quinta-feira, 9 de julho de 2015

É Melhor Com 2 Pássaros Na Mão (humor)

  Reeditado


É MELHOR COM DOIS PÁSSAROS NA MÃO...


Candinha, era a "fofoqueira mor" da vizinhança.
Não bastasse o nome, de Cândida, a "Candinha", era pelo "disse me disse", mesmo.
Seu lazer preferido era tomar conta da vida alheia:
Parecendo uma repórter, estava em todos os lugares para saber de tudo que ocorria por ali, depois espalhava os dados colhidos pela vizinhança, que sempre procurava Candinha para saber das novidades do bairro.

Ela realmente fazia até um ato social: crianças perdidas, adolescentes que fugiam de casa, eram encontrados pelas indicações e observações de Candinha!
Sabia sempre com quem um ou outro andava, isso a levava a descobrir até esconderijos de jovenzinhas que queriam cair no caminho errado...
Foi uma vez evitar que um inocente parasse na prisão, mas a confusão que arrumou!

Testemunha ocular de um delito realizado por um jovem de seus 23 anos (mas, que a culpa veio a ser dada ao irmão dele), quando Candinha soube da prisão, foi se apresentar na delegacia.
Então contou tudo para o delegado:

_ Não doutor, o Sr. me desculpe mas, prendeu o irmão errado.
_ E como a senhora sabe disso, D. Cândida... de quê mesmo?
_ Cândida dos Anjos, seu delegado, prazer... Mas voltando a situação do rapaz: Eu vi tudo, com esses olhos que não deixam nadinha passar!
_ Como foi então?
_ Olha, delegado, esse que o senhor mandou prender, se chama Fred, que acho até que deve ser apelido de Frederico. Nunca soube na verdade...
Mas ele estava na minha casa, namorando a minha sobrinha, na hora do roubo da quitanda do português... O outro irmão é gêmeo desse aí, eu vi lá no local. É natural que o senhor se enganasse, não viu ainda os documentos dele?
_ Para dizer a verdade ainda não, porque não faz nem 20 minutos que o prendemos.
_ Pois então, olha lá! Vai estar escrito Fred, Frederico, não sei, como disse antes... Mas, o outro irmão, que é realmente ladrãozinho barato, se chama Barney, ou será Barnabé? Será que Barney é só apelido, para um nome tão feio? ACHO QUE OS PAIS DELES COLOCARAM ESSES NOMES POR CAUSA DA TV... Enfim, quem vai saber?
_ A senhora até deveria saber disso, D. Candinha. Pelo que ouvi dizer por aí, a senhora é a pessoa mais bem informada desse bairro...
_ Qual nada, seu delegado! Isso é o que essa gente maliciosa acha...Gente que não tem o que fazer, e só quer fofocar a vida dos outros, o senhor sabe como é né?
_ Sei D. Candinha, sei...
Sendo assim, vou confirmar os documentos. A senhora por favor, assine aqui o seu depoimento, desse pequeno delito na quitanda do português.
_ Pois saiba que eu tenho muito prazer de ajudar a polícia, também não ia deixar um inocente pagar pelo erro do irmão... Ainda mais, sendo namorado da minha sobrinha! A pobrezinha tá chorando que dá dó, lá em casa, por conta disso tudo...
_ Muito bem, caso esclarecido! Aguarde mais um pouquinho só, que já vou liberar o rapaz, e ele pode seguir com a senhora, para acalmar sua sobrinha.
_ Tá certo, seu delegado. Vou ficar aqui mesmo esperando pelo Fred...

O delegado saiu, tomou as devidas providências, voltou já trazendo o rapaz livre novamente.
Entretanto, para espanto de D. Cândida, não era o Fred!
Era mesmo o tal Barney!

Ela arregalou seus olhos verdes, e quis dizer alguma coisa, mas engasgou, coitada!
O delegado trouxe um copo d'água e ela foi se recuperando do susto...
Abriu a boca devagar e disse:

_ "Casa de ferreiro, espeto de pau", seu delegado... Pelo jeito, minha sobrinha anda muito espertinha... Está "pegando" os dois irmãos, eu nem sabia...Mas saiu à tia! Eh, danada!!!

FÁTIMA ABREU

A CULPA - REEDITADO

A CULPA 

(Conto surreal)

Ela tinha pesadelos desde os doze anos, sempre eram relativos à uma estrada.
Não entendia, o porquê. Afinal, nunca tinha viajado para longe de seu estado, apenas de um município para outro.
Sentia-se mal quando isso acontecia, e passava o resto do dia deprimida...
Certa vez, viu mais além da estrada contínua:
Percebeu um carro cheio de jovens, um pouco mais velhos do que ela.
Mas já agora, estava com 14 anos. 
Então por dois anos, tinha nos pesadelos sempre a mesma imagem...
As imagens desse sonho que a atormentava forma ganhando mais detalhes:
Ela viu que estava entre os jovens do carro. Sabia que era, mas com uma face diferente: os cabelos mais escuros, as roupas de uma outra época, talvez fosse dos anos 80.
Pelo que ela já havia visto em filmes da época, deduziu isso.

Tempos mais tarde, meses talvez, viu mais imagens desconcertantes desta vez...
Ela notou que estava em uma casa bem grande, de gente com dinheiro. E ao olhar em redor, viu um corpo estendido no chão com sangue nas vestes. Vira também um jovem.

Ao tocar no corpo, ela se sujou de sangue. Subiu correndo as escadas dizendo ao rapaz que na sala ficara, que iria tomar um banho rápido e trocar as roupas.
Ele aguardou gritando-lhe que não demorasse pois, os outros estavam do lado de fora esperando por eles.
Ela entrou no banheiro e se olhou no espelho... aquele sangue a incomodava!
Era como se um branco tivesse lhe corroído a mente, nada lembrava do que acontecera...

Olhou-se mais uma vez antes de tomar o banho e sentiu-se triste, deprimida, algo não estava bem.
Depois da ducha, foi ao seu quarto para vestir-se e escutou os gritos da turma lá embaixo, chamando por ela.
Ela chegou da janela e acenou dizendo para que esperassem mais um pouco, já ia se aprontar.
Dentro de si, ela não queria ir com eles, mas o que fazer agora? 
De nada lembrava mesmo... 
Apressada se arrumou, desceu as escadas, olhou mais uma vez para aquele homem estendido no tapete, pegou as mãos do jovem que a esperava, e saiu...

Na estrada, o carro estava em alta velocidade, como se eles fugissem de alguma coisa, percebia-se que algo estava sério, alguns discutiam dentro do carro, ela nada entendia, tapava os ouvidos, não queria estar ali...
Foi quando um carro com farol alto sinalizou para que eles parassem, eram 2:30h da madrugada.

Acharam que poderia ser a polícia, mas não dava para identificar a estrada não tinha iluminação alguma...
Um homem desceu do carro e disse para que todos saíssem. 
Apenas ela e o jovem que antes estava com ela na casa, saíram. 
Os outros, temerosos ficaram dentro e se recusavam à sair. 
O homem disse que dispararia a arma se todos não estivessem do lado de fora do carro. Mesmo assim, eles não saíram.
Ele não pestanejou e disparou contra ela e o jovem para ameaçar aos outros.
Em seu último suspiro, a moça apenas pensou:

“Será que tenho alguma culpa?”

O rapaz cambaleou e foi ao chão. Ela caiu logo em seguida.
A jovem mocinha, terminava então aquele pesadelo, que durara dois anos para ser completado. 
Sabia agora que era essa a causa de todo o seu tormento...
A culpa de outra vida talvez...

Foi interrompida em seus pensamentos, quando a enfermeira entrou no quarto e perguntando como ela havia passado a noite.

Ela se limitou a olhar em volta e reconhecer onde estava:
Era a mesma casa! Correu ao espelho e percebeu a mesma moça dos pesadelos, com cabelos escuros, no lugar dos seus, longos e loiros...
O rosto, era tão diferente daquele que via todos os dias, quando acordava...
A enfermeira balançou a cabeça, e fechou a porta atrás de si, pensando:
“ Coitada desse menina, não entende nadinha da realidade, muito menos, da sua dupla personalidade “...

Fátima Abreu

NOTA:
ESSE CONTO, DEU ORIGEM A UM OUTRO TEXTO MEU.
QUEM ME LÊ SEMPRE, VAI NOTAR A SEMELHANÇA ENTRE OS 2 TEXTOS...



quarta-feira, 8 de julho de 2015

A TRANSMISSÃO ( conto surreal ) REEDITADO

A TRANSMISSÃO



CAPT I

 

HENRIQUE TECLAVA POR TODA NOITE, NÃO CONSEGUIA DORMIR ESPERAVA UMA RESPOSTA PARA SOLUCIONAR UM MISTÉRIO QUE SURGIRA EM SUA VIDA, QUASE UM MÊS ATRÁS...


No apartamento de dois quartos que ele divida com Cirilo, seu amigo ( aluguel, além dos gastos com alimentação e contas), estava sua razão de insônia:

A tela do pc e da TV ligados e nenhum sinal de contato...

Cerca de quase um mês, ela havia experimentado talvez a maior sensação de sua vida:

Conversar com o pai já falecido, mas, vivo em outra época e quando ainda era jovem!


 

D. Míriam, a doméstica que cuidava do apartamento, gostava de ser chamada de 'secretária do lar'. 
Os dois rapazes sempre bem humorados brincavam com ela a respeito disso:

_ Olha que a senhora vai acabar virando executiva do lar, vai subir de posto!
Ela ria divertida...

Na segunda feira, depois de um tumultuado fim de semana no apartamento, ela chegou como de costume tocou a campainha e Cirilo veio atender.

_ Bom dia, rapaz!

_ Bom dia, D. Míriam. Entre, hoje tem muita coisa para a senhora fazer por aqui...

_ Minha nossa! O que passou por aqui? Um tsunami como no Japão?
A coisa ficou feia lá, você viu o noticiário?

_ Vi, sim...Mas olha, aqui apenas aconteceu um carteado que começou na sexta e se estendeu até o domingo.

_ Ah, sim... Você, o Rick e mais alguém...

_ E duas colegas de trabalho.

_ Muito bem, vamos ao que interessa: Limpeza e arrumação!

Dizendo isso, já foi se dirigindo para a cozinha... Foi um grito só:

_ Uai! E aqui, o que passou, um terremoto?

_ Não, D. Míriam. É que nossas colegas de trabalho cozinharam aqui no fim de semana, mas deixaram bem claro, que não iriam limpar nada, apenas cozinhar... Como a senhora vinha mesmo hoje, deixamos para que cuidasse de tudo...

_ Rapaz, precisavam ter feito tanta bagunça? Olha só pra isso: Louça empilhada na pia, restos de comida na bancada, copos por toda parte, farelos de sanduíche no chão... Deus do céu, que trabalheira eu vou ter por aqui!

_ Ora, não reclame D. Míriam, por isso que a senhora é a nossa secretária do lar do coração!
O que para senhora é bagunça, pra gente é pura diversão!

Ela já não ouvia o que ele dizia: Estava de posse de balde, sabão, detergente e outros apetrechos para limpeza e iniciava assim, mais um dia de trabalho.




Depois de um rápido café da manhã, Cirilo foi trabalhar e deixou um recado para seu amigo Henrique, com D. Míriam:

_ Por favor, peça ao Rick quando acordar, que abra o arquivo que deixei para ele no pc. 
É importante que ele leve gravado para o trabalho ainda hoje.

_ Tudo bem Cirilo, eu dou o recado.

Cirilo saía antes de Henrique, porque mesmo trabalhando na mesma firma, tinham turnos diferentes: Ele pegava às 8:00h e largava por volta das 14:00h, quando passava o serviço para o amigo.

Se encontravam no refeitório da empresa.
Comiam rapidamente e trocavam os dados.
Cirilo saía dali e resolvia as coisas de rua, como pagar contas, fazer compras para abastecer a casa, etc...
Era um rapaz muito tranquilo, sem grandes ambições. 
O oposto de Henrique, que era muito agitado, ansioso, ganancioso...

Davam-se bem desde os tempos do colegial.

Quando Henrique perguntou se ele queria dividir o apartamento, Cirilo não pensou duas vezes, pois seria bom para economizar dinheiro...


 

D. Míriam deu o recado assim que Rick acordou.

Ele fez um copo de café com leite, com duas torradas abastecidas de requeijão. 
Levou o prato para a mesa do computador e ligou o aparelho.

Abriu o arquivo, tratava-se de uma lista que ele teria de colocar em ordem alfabética e gravar no cd (isso não deu tempo de fazer antes, porque durante o fim de semana, ele se limitou apenas à diversão)...

Realizado o trabalho, abriu então seus e-mails para dar uma espiadinha. 
Depois, lia as notícias via internet, do terremoto no Japão. Tinha um grande amigo lá, e estava preocupado.

De repente, a tela ficou escura e a seguir uma imagem se formou na sua frente:

Era seu pai, jovem ainda como ele. 
Como poderia ser isso, se ele já havia morrido faziam 2 anos e meio?
Ele arriscou perguntar e sem mesmo notar disse:

_ Pai, é você!!!

Do outro lado Milton, ligara sua tv para assistir uma reprise de um jogo do Fla x Flu, quando foi interrompido por uma imagem de um rapaz falando com ele...

Por instantes achou que delirava, talvez fosse alguma coisa que não lhe caiu bem...

Mas o rapaz continuou:

_ Pai, sou eu, o Rick, mas como pode ser isso? Você, vivo e jovem aí na tela?

_ Acho que estou ficando maluco...
Que negócio é esse de pai, e como a imagem de uma tv pode falar comigo?

_ Já sei o que está acontecendo pai:

Estamos em uma transmissão espaço temporal, como nos filmes de ficção científica!
Que dia é hoje aí, pai?

_ Hoje é 13 de março de 1981, e não sou seu pai!

_ É sim, você se chama Milton Esteves. Foi criado pela sua madrinha, quando sua mãe, que era solteira, morreu dois dias depois do parto.

_ Sim! Isso é verdade! Como sabia disso?

_ Porque você me contou isso, pelo menos umas 3 vezes quando eu era pequeno...


O diálogo terminou ali, a transmissão caiu.

Nos instantes seguintes, Milton teve uma tontura e depois desmaiou batendo com a cabeça na mesinha ao seu lado.
Do outro lado, Henrique batia no pc, como se pudesse fazer com que a transmissão continuasse... Nada!

Ficou apenas um gosto de saudade no ar.


 


CAP II

 

O barulho do escritório estava incomodando Milton. O 'tec tec' das máquinas de escrever,
( em 1981 não havia a informatização de hoje ) estava dando dores de cabeça.

Aliás, desde que bateu com a cabeça na mesinha, no dia que falou com Rick, que as dores vinham de vez em quando...

Relembrava:

D. Geisa sua madrinha, o achou desacordado e machucado na região das têmporas. 
Correu ao armário de remédio no banheiro, molhou um chumaço de algodão em tintura de arnica e colocou sobre o ferimento dele.

Depois disso, passou vinagre nos pulsos e perto do nariz, para inalar. 
Ele voltou a si.
Meio atordoado ainda perguntou:

_ Madrinha, o que houve?

_ Não sei meu filho, achei você aqui desacordado...

Mílton olhou repentinamente para tv que estava ligada, o jogo já estava nos últimos minutos do segundo tempo. 
Nada além do jogo! Então deveria ter sido tudo imaginação, deduziu...



Henrique estava ansioso, um mês havia se passado, e nenhuma transmissão. Chegou a ligar várias vezes o pc durante as madrugadas e a tv também: 
Imaginava que qualquer tela, poderia lhe trazer a imagem de um passado onde ele ainda não existia...
 

Cirilo chegou primeiro em casa naquela noite, (como sempre) e cerca de 30 minutos depois, vinha Henrique abrindo a porta. Gritava:

_ Liga a tv, liga!

_ Nossa! O que houve Rick, que aflição é essa?

_ Não pergunta, apenas ligue a tv. Hoje tem um jogo do Fla x Flu.

_ Ah, é por isso?

_ Sim, mas o meu interesse é outro...

Cirilo não entendeu e deu de ombros.
Pegou o controle remoto no sofá e ligou a tv no canal. 
Já estava no início do jogo.

Henrique estava de mãos suadas de nervosismo, e Cirilo notou o seu transtorno. 
Arriscou uma pergunta:

_ Mas o que tem esse jogo de especial? É um clássico como vários outros...

_ Não é o jogo, já disse... É o que vem por aí!


 

A tela da tv ficou escura, uma imagem se formava lentamente...

Sim! Era ele: 
Mílton seu pai, do outro lado.

Cirilo ficou de boca aberta sem entender porque pararam a transmissão do jogo e colocaram aquilo que deveria ser algum filme de época, pelos móveis que ele percebia na sala...

_ Caramba! Não acredito que vão trocar um clássico, por um filme com uma imagem dessas...

Rick não percebia o que o amigo dizia, estava esperando seu pai lhe falar.

_ É meu pai, Cirilo, fica calado um pouco!

_ Mas como cara? Você tá maluco, seu pai morreu... Também fui no enterro, lembra?

_ Olha bem para o rosto dele, está mais jovem, mas mostra os traços do homem que você conheceu como meu pai.

Cirilo chegou bem perto da tv e teve um susto, ao confirmar o que Rick dizia!

Era ele com certeza, anos mais jovem e vivo! 
Como poderia ser tal coisa? A imaginação começou a trabalhar: 
Universo paralelo? 
Distorção do espaço tempo?

Ele lia muito sobre Física Quântica, e tentava explicações para o que acontecia naquele momento.


Mílton ligara a tv para se distrair com a série "AS PANTERAS", que era sucesso desde o fim dos anos 70. 
O corte de cabelo de Farrah Fawcett era copiado pelas mulheres, e muitas aprenderam defesa pessoal estimuladas pelo seriado.

Sem esperar, tudo recomeçou:

A tela escureceu e já se formava novamente a imagem de Rick, à sua frente. 
Mas, agora ele via que tinha mais alguém do lado...

Talvez fosse um amigo, parente...

Foi interrompido em seus pensamentos pela voz que veio a seguir:

_ Pai, estamos de novo juntos! Ansiava por conseguir isso novamente...

_ Você... Não sei o que dizer, pensei que minha mente havia imaginado tudo isso!

_ Olha pai, a transmissão pode cair a qualquer momento, então eu quero te dizer que pode ficar rico, se eu te der os resultados da loteria esportiva dessa época. Assim, eu também já vou nascer rico aqui!

_ Como faria isso?

_ Pai, aqui é 2011! A tecnologia desenvolveu muito: Temos uma ferramenta chamada de INTERNET, que nos leva a pesquisar qualquer coisa nos computadores.

_ Nossa! E eu aqui, com o barulho dessas máquinas de escrever do escritório!

_ Pai, vou pesquisar os resultados dessa semana que está em 1981, e repassarei...

_ Mas como vamos nos comunicar novamente? Isso está sendo sem esperar...

_ Pai, eu ainda não sei, mas vou dar um jeito com a ajuda do meu amigo aqui, o Cirilo. Ele estuda bases da Física Quântica, vamos nos apoiar em alguma coisa.

A tela escureceu...
Não deu tempo de dizer ao pai, quem seria sua mãe.

CAPT III

 

Milton decidiu arriscar os 'palpites' da loteria esportiva que seu filho do futuro lhe passara...
Foi até a casa lotérica e fez a aposta.
Quando saía, percebeu que um mau elemento o encarava, tratou de apressar o passo.
Atravessou a rua e se dirigiu à um orelhão, ligaria para casa, queria saber como a madrinha estava, andava acamada com problemas de infecção urinária. 
Não chegou a completar a ligação:

O indivíduo que o acertou, foi embora tão rápido quanto chegara ali.
Uma pequena poça de sangue se formava na calçada. Alguém na rua, passou e chamou uma ambulância...

E durante 15 dias, ficou em coma num hospital.

A aposta, foi na carteira...
Quem seria rico? O ladrão!

 


Dias antes, Cirilo e Rick acharam uma maneira de passar os resultados dos 13 jogos para ele, independente se haveria jogo do Fla x Flu, lá no passado ou cá...
 

Cirilo leu muito sobre imantação da nossa essência, sobre objetos, móveis, etc...
Pensou então em pegar um objeto que tenha ficado por muito tempo com Mílton, imantado pela energia dele, servindo de "ponte" para a transmissão.

Perguntou à Henrique se ele tinha um objeto do pai, de uso contínuo, como um relógio de pulso...

Rick assentiu.

Sua mãe havia deixado com ele várias coisas do pai, por ser filho único. 
Seria como se fosse uma herança, já que bens de valor ele nunca teve: 
Até a casa que ela ainda morava não era deles, sempre foi alugada.


 

Rick foi até seu quarto, abriu a gaveta da escrivaninha que também tinha sido de seu pai, e pegou o antigo relógio. 
Nunca havia dado corda no relógio do pai, e estava marcando a hora da morte dele, curiosamente...

Levou o relógio para a sala, perguntando ao amigo:

_ O que faço agora, Cirilo?

_ Esfregue o relógio e mentalize seu pai, eu ligo a tv enquanto faz isso...


Dessa vez a tela não ficou escura primeiro, e sim azul!
Puderam observar a imagem de Mílton se formando no passado...

Sem demora, (porque os minutos passariam rápido) ele foi logo falando para o pai anotar os resultados dos jogos.

Mílton achava que sua mente estava criando coisas, mas mesmo assim anotou.

PELO SIM PELO NÃO, NAQUELA MANHÃ ELE FOI O PRIMEIRO A CHEGAR NA CASA LOTÉRICA, ANTES MESMO DELA ABRIR.

Quando o funcionário abriu a loja, ele foi se posicionando para ser o primeiro apostador, porque logo a loteria estaria cheia.

Infelizmente, a aposta se foi com a carteira.
Mais uma vez sua cabeça estava machucada...


Dias sem notícias do pai, Rick estava mais nervoso do que nunca! O que teria acontecido no passado, o que não dera certo? Usou do artifício que Cirilo sugeriu antes: 
Pegando novamente o relógio, mentalizou o pai, e ligou o pc dessa vez...

O monitor ficou vermelho, ele estranhou, mas aguardava ver a imagem do pai, nada aconteceu...

Ele estava de coma no hospital não teria como realizar o contato. Em lugar disso, pode ver a sala da casa que seu pai morava, e a madrinha dele passando...

Então, reparou numa coisa que nunca havia notado nas fotos antigas:

Geisa, a madrinha que criou seu pai, se parecia muito mesmo com a sua mãe, estranhou tal semelhança...


 

DESLIGOU O PC, NÃO ADIANTARIA CHAMÁ-LA: PODERIA DESMAIAR COM O SUSTO, ISSO ELE NÃO QUERIA.
 
Mais uma semana se passou até que finalmente eles reativaram contato... Mílton já estava em casa. Tinha saído do coma sem sequelas aparentes.

Geisa era ‘toda cuidados’ para seu afilhado, cuidava dele como se fosse dela. 
Era muito amiga da mãe dele ( Clara Mia ): 
Quando ela mais precisou de amparo, Geisa a colocou dentro de casa, cuidou dela quando seus pais a expulsaram no momento que souberam da gravidez.

O rapaz, pai da criança que ela esperava, havia sumido sem deixar rastro...

Entretanto, as complicações depois do parto fizeram com que Clara Mia viesse a falecer dois dias depois.

Geisa adotou o afilhado, deu-lhe nome e sobrenome, ele viria a substituir alguém; porque isso um dia lhe foi negado...


 

Henrique foi logo perguntando apressado:

_ Pai, o que houve? Tentei contato e nada!

_ Olha, estive internado no hospital aqui perto. Sofri um assalto e me deram uma pancada forte na cabeça que me deixou em coma por 15 dias.

_ Minha nossa! Essa daí eu nunca soube...Estranho nunca ter mencionado esse assalto, quando contava sua vida para mim...

_ É fácil saber: Porque se você não tivesse me dado os resultados, eu nunca teria ido até a loteria e nada disso aconteceria.

_ É isso mesmo... Se tivesse morrido, eu nem chegaria a nascer!

_ Pois então, esqueça isso de enricar, pode valer a sua vida aí...

_ Certo, certo... Aprendi com isso, que não dá para mudar o que é destinado para cada um.

_ Bom! Tudo nessa vida é lição.

_ Pai, mas uma coisa eu sei que não posso deixar de te dizer:
O nome da minha mãe é...

A transmissão cessou.



CAPT IV

 

Mesmo tendo se restabelecido, Mílton ainda sentia tonteiras frequentes. 
A pedido de sua madrinha foi ter com um médico especialista. 
O médico passou vários exames e o resultado foi preocupante:

Mílton tinha dois aneurismas!

Ele nada disse à Geisa, não queria preocupá-la, ela já tinha os próprios problemas de saúde...

Dias depois, ela veio com a pergunta:

_ Filho, e os resultados dos exames, você ainda não foi buscar?

_ Madrinha, eles vão direto para o médico que fez o pedido. Depois eu marco nova consulta e fico sabendo.

_ Faça isso logo Mílton. Estou preocupada, quero saber de tudo...

_ Sim madrinha, pode deixar.

Ele não tinha a menor intenção de fazer isso.

FINGIU QUE TINHA IDO AO MÉDICO, E QUE ESTAVA TUDO BEM.


 

Não havia muito tempo para acontecer, Henrique teria de falar com o pai sobre a explosão que iria atingir a casa onde ele morava com Geisa.

Nas notícias de 1981, naquela data, houve o acidente no bairro de Vista Alegre, e Rick leu tudo pela Internet:

"UM PRÉDIO E DUAS CASAS, SITUADOS EM VISTA ALEGRE, FORAM DESTRUÍDOS ÀS 9:30H QUANDO O REFERIDO PRÉDIO EXPLODIU ( POR RECIPIENTES COM GÁS ESCAPANDO ), DEIXANDO SEUS DESTROÇOS CAÍREM PESADAMENTE NAS CASAS VIZINHAS."

Não deu tempo. Enquanto ele pensava, em 1981 a explosão acontecia...


Mílton tinha ido na cozinha preparar o café da manhã para surpreender a madrinha, que estava nesse dia muito abatida e não conseguiu levantar cedo para fazer, resolvera ficar mais um pouco na cama até se sentir melhor...

Quando ele viu o teto desabar, atingindo em cheio a sala e os quartos, correu para procurar a madrinha nos destroços.

Ela estava visivelmente machucada, e havia concreto e vergalhões atrapalhando sua retirada dali.

Mílton foi para a rua, onde já havia tumulto. 
Pediu para que chamassem os bombeiros. 
Os vizinhos se apressaram em cuidar disso.
Quando os bombeiros chegaram, foi preciso cerca de 40 minutos para conseguir tirar Geisa dos escombros. 

Ela foi levada ao hospital mais próximo, (o mesmo que Mílton ficara internado semanas antes) e ele aguardou no corredor que já estava tomado de gente.

Queriam saber notícias de parentes que estavam feridos, tanto do prédio, como das casas e também dos que passavam pela rua, no momento do acidente. 
Foram 12 feridos no total, sendo 5 fatais.
Geisa estava entre eles.

A enfermeira veio informar:

_ Quem aqui é parente de Geisa Esteves?

_ Eu! Sou

_ Sinto te informar, Mílton, mas ela acaba de falecer, não resistiu aos ferimentos da cabeça e costelas, ainda teve uma hemorragia interna e duas paradas respiratórias. Os médicos enviaram aqui o laudo, para que os parentes possam agir com os trâmites do enterro...

_ O problema é que não sei como começar a cuidar disso. Você entende alguma coisa a respeito do que eu tenho que fazer a partir desse laudo?

_ Olha, Mílton, daqui a pouco eu saio do meu plantão; se quiser esperar, eu posso ir com você. Ajudarei a expedir os documentos para o enterro, resolver a capela, liberação do corpo, flores, essas coisas...

_ Nossa! Faria isso mesmo, me ajudaria? Você acaba de me conhecer!

_ Não sei, alguma coisa na sua mãe tocou meu coração... Talvez porque ela me parecia tão familiar, quando a vi entrar, levada na maca...

_ Então está certo, te espero aqui mesmo.


 

Ela ainda falou com os outros que aguardavam ali no corredor, dando as notícias para cada família.

Depois de meia hora ela já estava liberada do plantão e cuidou de tudo com ele.
Após desse dia terrível para Mílton (que se viu sem família nenhuma), a presença de Taís na sua vida foi frequente...

Com passeios amistosos no início. Entretanto, a atração era mútua e se davam muito bem. Era já impossível deixarem de se encontrar... 
Namoraram um tempo até que ele fez o pedido:

_ Taís, quer casar comigo?

Ela não pestanejou:

_ Quero!!!

A data foi marcada, seria em 15 de janeiro de 1982.


Apesar de amar Mílton, um segredo do passado ela não quis revelar:
Ela viveu a infância toda em um orfanato. 
Seus avós maternos a deixaram ali desde que tinha nascido. 
Nunca soube direito como foi...


 

A mãe de Taís, uma mocinha muito bonita tinha 15 anos na época que ficou grávida, e tentou esconder de seus pais (que eram ricos) até o quinto mês de gestação. 
Com a barriga já aparecendo, não deu para esconder mais. 
Eles quiseram saber onde estava o pai da criança.

Ela disse com voz trêmula:

_ Foi embora daqui, assim que soube.

Eles não pensaram duas vezes: 
Levaram-na para a fazenda da família, e lá ficou durante os 4 meses restantes, até o dia do parto. 
Para a sociedade local, ela estava passando um tempo na Europa.


 

Taís tinha muita vergonha de ter sido rejeitada pela sua família, abandonada em um orfanato...
Esse segredo ela não diria a Mílton, porque doía muito...


 

Mílton também manteve segredo sobre as circunstâncias do seu nascimento. 
Não revelando a Taís, que foi adotado por Geisa. 
Apresentara-se como filho dela, afinal carregava seu sobrenome. 
Além disso, ela foi mesmo a única mãe que havia conhecido na vida!



CAPT V

 

Desde que a casa fora destruída pela explosão do prédio ao lado, Mílton passou a morar numa pensão. 
Mas com o tempo, Taís o chamou para morar em sua casa. 
Afinal, já iriam casar mesmo...
Então ele levou todas as suas coisas para lá.

 


Em 2011, Henrique não sabia o que tinha acontecido ao certo, pois se estava vivo, era porque seu pai no passado, ainda estava também!

Sentiu uma sensação de alivio, ao lembrar disso.
Mas, queria entrar em contato com ele, mesmo que fosse apenas mais uma vez. 

Pediu a ajuda de Cirilo, que sugeriu o seguinte:

_ Rick, você tem aqui uma escrivaninha que pertenceu ao seu pai. Faça uma carta, deixe dentro de uma das gavetas e ele poderá encontrá-la cedo ou tarde, pela conexão: 

A escrivaninha está aqui e no passado também!

_ Como não pensei nisso? Você é um gênio, Cirilo!


_ Nem tanto, apenas me esforço para entender a metafísica da vida, do tempo, blá, blá, blá...




Rick deixou que ele falasse, mas já estava de posse de caneta e papel. 

Faria a carta de próprio punho.
Nada de computador, queria que seu pai ficasse com a lembrança da letra dele.

" Rio de Janeiro, hoje, 29 de dezembro de 2011 "
Pai:
 

Queria te rever porém, não consigo mais; as transmissões de sua tv cessaram.
Meu amigo Cirilo, sugeriu essa carta que agora lhe faço com saudade...
A essas alturas, Geisa já está morta, correto?
E pelas minhas contas, já deve ter conhecido minha mãe, Taís.
Vocês vão casar em janeiro. Eu sei, é o que a certidão aqui diz... 
Vi o álbum de família várias vezes também.
 
Olha pai, entre as fotos achei várias de Geisa, quando era bem jovem, acho até que era adolescente ainda, estava grávida! 

Mas se você nunca conheceu a criança, onde estará? A foto foi tirada numa fazenda, em algum interior desses...
 
Repare pai, na semelhança entre D. Geisa e minha mãe, Taís...
Percebeu isso? Envio a foto que me referi, para que faça a comparação dentro desse mesmo envelope. 


Investigue pai, pode ser que haja algum segredo.
Deixo aqui meu abraço apertado de filho, cuide bem da minha mãe, e não esqueça de me contar tudo isso de novo, quando eu já estiver com meus 4 para 5 anos.
 

A propósito: Vou nascer em 24 de abril de 1985.
Se um dia ler mesmo essa carta, fique na certeza de que nunca o esqueci.  
Do seu filho: 
Henrique S. Esteves
 

 

FINAL

 

Curiosamente, a carta desapareceu depois de 2 horas que Rick havia colocado na gaveta da escrivaninha...
FICOU SATISFEITO AO CONSTATAR ISSO, PORQUE CERTAMENTE CHEGARA AO SEU DESTINO: O PASSADO!


 

D. Miriam estava limpando o apartamento como de costume, quando o celular de Rick tocou, ela ficou na dúvida se atendia, resolveu entregar diretamente a ele. 
Entrou apressada pelo quarto adentro e disse:

_ Toma, Rick que esse celular não para de tocar, já está dando nos meus nervos! 


Ele pegou.
Era sua mãe, Taís.


_ Alô, mãe? O que foi, você quase não liga para o meu celular.


_ Meu filho, é urgente... Estou passando muito mal, venha logo para me levar para uma clínica...


_ Já estou chegando, aguenta aí, mãe!


Ele saiu do jeito que estava vestido: Apenas de camiseta, short e chinelos.
Pegou o carro e enquanto dirigia, outra coisa acontecia...


Em dezembro de 1981, Taís abria a porta do quarto para limpar o recinto. 

Passou a mão pela escrivaninha, viu a quantidade de pó. 
Foi então buscar uma flanela e óleo de peroba para limpar.

Abriu as gavetas para passar internamente também, foi quando encontrou a carta escrita por Henrique.
 

Ela começou a ler pela curiosidade, quando enfim entendeu o teor de tudo, olhou a foto e percebeu que tudo se encaixava! 
Concluiu sem pensar muito, que era irmã mais velha de Mílton! 
Ela sabia que ele era mais novo que ela 5 anos...
 

Aos poucos foi tomada de intensa dor no peito.
A cabeça latejou e de um minuto para o outro, tudo escureceu...
 

 Em 2011, Rick desaparecia.


Cirilo chegou em casa e procurando D. Míriam, perguntou:


_ E aí, minha 'secretária do lar', tá tudo certinho por aqui?


_ Tá, Cirilo. Olha meu rapaz, tá na hora de você começar a dividir esse apartamento com alguém. Aquele quarto vazio, me dá nos nervos...


Nada que um dia pertenceu à família Esteves, existia mais.
Nem a lembrança.

FIM
                                                 FÁTIMA ABREU