Imagem de Damian
Vestia azul
Um tom entre o marinho e o anil
Azul, como o céu e mar
Como seus olhos
Cecília desnudava-se agora:
Puxou o laço que segurava o vestido.
Ombros de fora,
Costas nuas.
Um olhar perdido no mar à sua frente,
E a certeza, que por mais que estivesse cercada de gente,
A solidão a perseguia...
Não era branda como o azul que antes vestia,
Era cinza, como um fim de madrugada;
Amarga.
Fátima Abreu
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
O Poder de Cecília- REPUBLICADO
Noite fria de Cecília.
Saíra do 'Casarão' para dar sua volta habitual da noite, antes de seus amigos e novos convidados chegarem.
O sobretudo estava guardado na entrada da taverna, onde entrou.
Um garçom veio atender-lhe solícito. Ela olhou-o e pediu apenas um martini, pensou melhor e mandou vir outro.
Ao chegar a bebida, disse ao rapaz:
_ Sente-se e tome o martini.
_ Senhorita estou de serviço, não posso beber.
_ Comigo pode. Ninguém fará nada contra você.
_ Não, senhorita. Serei mandado embora.
_ Sente-se. Sou a dona desse lugar. Não me conhece, porque deixo tudo nas mãos do gerente.
_ Oh, desculpe-me; sendo assim, posso ficar tranquilo.
Ela olhou aqueles profundos olhos castanhos escuros, que à meia luz pareciam negros como a noite...
O rapaz emudeceu ao olhar fixo de Cecília.
De súbito ela perguntou:
_ Como se chama?
_ Adrian Ferris.
_ Então Adrian Ferris, quer sair daqui e ir para minha casa?
_ Como assim, senhorita?
_ Sim ou não? Somente isso.
_ Mas a senhorita há de convir, que mal nos conhecemos...
_ Será meu convidado de hoje, para minha reunião entre amigos que estará começando às 22:00hs. Quer ou não?
_ Bem se é uma reunião entre amigos, irei sim.
_ Arrume suas coisas, vamos já. Falarei com o meu gerente para liberá-lo agora.
_ Ok, vou trocar de roupa no vestiário.
Levantou-se e seguiu para o final do corredor. Cecília o seguiu com os olhos.
Terminou o drinque e foi até o gerente.
Disse altiva:
_ Amanhã você o substituí por outro. Esse é meu, de agora em diante.
O gerente assentiu e nada disse. Sabia o poder nas mãos daquela mulher. O que ela queria na vida, conseguia.
A única coisa que não obtinha, mesmo cercada de gente nas suas empresas, vida social e amores, era escapar da terrível solidão da alma.
Fátima Abreu
* CECÍLIA É A PERSONAGEM PRINCIPAL DO MEU LIVRO:
A Trilogia do "Círculo"
CECÍLIA, A BELA DAMA- republicado
Cecília, a Bela Dama
(reeditado para esse blog, essa prosa poética sensual)
Vestida em trajes discretos,
Mas, insinuantes...
A dama, para encontrar amantes.
Quem diria, quando horas antes estava,
Recepcionando executivos, democratas...
Uma dama de estirpe, nobre!
Mas que entregue aos seus mais febris devaneios,
Transformava-se em meretriz,
E de um instante a outro
Mudava, como se fosse um papel de atriz...
Em seu gingado fogoso
Descia a rua, na sua aventura...
Como 'caçadora de homens', se portava,
E seguia assim, por toda a madrugada...
Um carro abriu a porta,
Convidando-a a entrar
Ela não se fez de rogada
E a saia, começou a levantar...
Postou-se em cima do homem desconhecido,
Sem vergonha alguma!
E beijou-o ardentemente...
Sentou-se sobre ele,
Seguia em frente...
O homem, já não se aguentava,
Ao ápice, chegava...
Ela desceu a saia,
Arrumou-se: passou mais batom nos lábios
Saiu do carro e acenou ao desconhecido...
Sua caçada, por essa madrugada,
Já estava realizada!
Na manhã seguinte,
Tinha que estar bem cedo em seus compromissos!
Nada disso seria mudado,
Apenas, se dentre os homens que estavam em seu escritório,
Algum despertasse a ninfomaníaca que era,
Tendo uma relação clandestina,
Com a mulher que se fazia de 'santa'
Mas daria uma boa 'cafetina'...
Pois nas artes do amor,
Seria a maior mestra!
Deixando as prostitutas em segundo plano,
E fazendo a sua própria festa...
Fátima Abreu
NOTA:
CECÍLIA- A personagem principal da:
A TRILOGIA DO "CÍRCULO"
Nathalie e Diana*- REPUBLICADO
Pintura de Michael G.
http://letras.mus.br/julio-iglesias/1171960/
Republicado
Nathalie recebera esse nome, por sua mãe ser fã de Julio Iglesias e dessa canção em particular.
Teve uma infância boa na Espanha, mas a família mudou para o Brasil, quando entrava na adolescência.
Ela perguntou à mãe:
_ Por que o Brasil e não outro país latino, onde se fala nossa língua?
_ Porque lá temos família. O idioma se aprende rápido e fácil.
_ Ouvi dizer que o português é uma língua complicada, tem palavras em demasiado...
_ Aprende-se! Ademais, seu pai já vai para se empregar por lá, com a recomendação de seu tio.
_ O que há de se fazer? Vou começar a separar minhas coisas.
_ Sim, faça isso; partiremos em uma semana.
Nathalie virou-se e foi na direção de seu quarto. Parou ao entrar, para olhar cada detalhe de onde passara todos os momentos de sua vida até então.
Mudaram-se finalmente: Novo continente, novas esperanças...
Tudo dera errado entretanto...
***********************
Enquanto trabalhava no bar, Nathalie pensava:
O quanto uma decisão precipitada pode levar uma pessoa?
Estava trabalhando ali para ganhar seu sustento, desde que sua mãe ficara viúva e recebia uma pensão diminuta, que mal pagava as contas básicas...
O pai morrera de doença grave, seis anos atrás, logo que mudaram para o Brasil.
A mãe resolvera ficar. Não voltaria para sua pátria derrotada.
Nathalie terminou os estudos do secundário, mas a faculdade ficou para trás.
Precisava ajudar a mãe a se manter no novo país que estavam.
Trabalhava de noite em um Piano's Bar, e fazia um curso técnico de enfermagem durante o dia, para ter uma profissão séria.
Nathalie lembrava da Espanha como se tivesse saído de seu país naquela semana... Eram essas lembranças que a motivavam seguir em frente. Assim que terminasse seu curso, trabalharia duro fazendo plantões em clínicas particulares, porque essas pagavam relativamente melhor que o serviço público, até que depois de juntar um bom dinheiro na caderneta de poupança, viajaria para visitar sua Espanha querida e quem sabe, conseguir um emprego por lá de enfermeira?
Sabia que não seria fácil: Afinal, a Espanha estava em crise como toda a Europa, e seu diploma de enfermagem não valeria por lá, mas ela tentaria fazer um exame que validasse o seu.
Planos! Mas nada disso se dera. A mãe desenvolveu a síndrome do pânico depois de passar por dois assaltos no Rio. Outra vez ficou em meio a um tiroteio entre a polícia e marginais na rua onde passava.
Por último, fora outro tiroteio, em uma passarela da Avenida Brasil.
Mudaram-se de município para outro relativamente mais calmo e ficou tudo mais difícil para Nathalie, que agora estava mais distante do curso e do trabalho. Levava mais tempo para ir e voltar para casa.
A mãe sentia-se solitária...
Nathalie tinha um olhar triste, como dizia aquela música tão bem interpretada pelo seu compatriota...
Resolveu esquecer de vez seus sonhos de voltar à terra natal. A Espanha ficara para trás, além do oceano e seria apenas cultivada em suas memórias dos tempos de meninice.
Nathalie lia uma poesia, enquanto não chegava os primeiros fregueses do bar:
Lágrimas De Outrora
Morremos aos poucos desde o dia que nascemos
O maior desgosto de viver, é a certeza disso acontecer.
Um nó na garganta inseparável do ser humano
Palavra muda.
Há dor, mesmo que se tenha em volta, algum amor.
Não é minha culpa, os desatinos de outros,
Mas, pago por eles...
O nó a que me referi, são lágrimas sentidas
Vindas de uma tristeza, de nada ser mudado em minha vida....
Escrevo então.
Essa é minha única auto ajuda.
Bastava apenas ter um ouvinte aos meus queixumes!
Mas o analista se paga.
O amigo, escuta de coração.
Pena, não ter um ombro que possa chorar minhas mágoas!
Os gritos se calam.
Permanecem mudos na garganta.
O nó só se desata, quando coloco as palavras no papel.
Dizem que faço drama.
Que culpa tenho eu?
A vida escreve nossa novela particular...
Apenas escrevo,
Não posso me revoltar.
Fátima Abreu
**************
Nathalie aproximou-se de Diana.
Notara que a mulher que havia lhe pedido um martini, parecia estar aérea, perdida mesmo...
Pode reparar também que Diana estava muito bem vestida, sinal que tinha uma vida sem problemas financeiros; bem diferente de Nathalie...
_ Olá! Sou Nathalie, a moça que lhe serviu o martini no bar, ainda agora, lembra-se?
_ Ah, olá. Desculpe-me, é que estou um pouco 'avoada' essa noite, zonza... Não sei na verdade, nem por onde andei... Quando vi, já estava entrando aqui no Piano's Bar.
Adoro jazz e blues, e fui atraída para este lugar. Meu nome é Diana, como a deusa do Olimpo, sabe...
_ Quer alguma ajuda Diana? Que lhe chame um táxi, talvez...
Pois acho que não está bem; seria melhor voltar para casa, não?
_ Sim, sim... Acabando meu drink, e depois dessa música que está tocando, voltarei para casa.
_ É melhor. Chamarei um táxi assim que queira, ok? Não sei porquê, mas gostei de seu jeito, parece que já a conhecia antes. Mas sei que é improvável: Afinal, mal tenho amigas, a não ser, as moças do meu curso de enfermagem...
_ Escute, Nathalie: Gostaria de fazer amizades, pelo que vejo. Quer juntar-se ao meu grupo social? Chamamos de "Círculo". Reunimo-nos na casa de minha amiga, Cecília.
_ E como é esse grupo, o que fazem?
_ Bem, temos como via de regra, a amizade acima de tudo. União mútua, em todos os sentidos. Um ajuda o outro, seja no que for. Além de...
_ Além de?
_ Sexo. Fazemos isso também, com quem quisermos do grupo: Tempos novos... relacionamentos abertos, sem culpa. Amamos uns aos outros, sem ciúmes. Mas, se isso é obstáculo para você, esqueça minha proposta...
_ Bem, Diana, na verdade sou virgem ainda, acredita? Em pleno século XXI, uma mulher de vinte anos, que nunca teve intimidade com ninguém, apenas uns namoricos que não deram em nada, além de uns beijos mais quentes e uns 'amassos'... E há gente, que pensa que mulheres como eu, que trabalham em bar, estão à disposição de qualquer um que aparecer... Pode até acontecer com a maioria, mas, comigo não.
_ Nossa! Realmente nunca conheci uma moça dessa idade, ainda virgem. Então, não está mais aqui quem falou. Esqueça tudo.
_ Deixe seu número de telefone comigo, Diana. Se um dia eu mudar de ideia, te ligo, ok?
Diana sorriu levemente e escreveu no guardanapo de papel o número de seu celular. Era mais interessante dessa maneira: Porque se Nathalie, simplesmente colocasse o número ditado em seu telefone, seria apenas mais um, na lista de contatos... Entretanto, faz parte da sedução, um número anotado displicentemente em um guardanapo, isso ela aprendera com Lana, não com Cecília...
Diana retirou o colar de pérolas que emoldurava seu pescoço, e deu-o para Nathalie, como se fosse um presente de amigas, de muitos anos... De início, ela não quis aceitar o presente, achando precipitado tudo aquilo...
Mas, Diana a convenceu, dizendo:
_ Fica lindo em você, Nathalie. Serve para loiras, tanto quanto, para morenas. Não se preocupe, tenho outros em casa.
Passada meia hora de conversa, Nathalie então chamou o táxi, a pedido de Diana.
Nathalie virou-se já na porta, retornando ao bar, para olhar o táxi levando aquela morena tão bonita, mas, visivelmente problemática...
Não tardou muito e Diana recebia a ligação:
Foi no dia em que Nathalie completava 21 anos...
Fátima Abreu
*Ambas personagens estão no meu livro:
A TRILOGIA DO "CÍRCULO"
Peça já o seu:
fatuquinha@gmail.com
http://letras.mus.br/julio-iglesias/1171960/
Republicado
Nathalie recebera esse nome, por sua mãe ser fã de Julio Iglesias e dessa canção em particular.
Teve uma infância boa na Espanha, mas a família mudou para o Brasil, quando entrava na adolescência.
Ela perguntou à mãe:
_ Por que o Brasil e não outro país latino, onde se fala nossa língua?
_ Porque lá temos família. O idioma se aprende rápido e fácil.
_ Ouvi dizer que o português é uma língua complicada, tem palavras em demasiado...
_ Aprende-se! Ademais, seu pai já vai para se empregar por lá, com a recomendação de seu tio.
_ O que há de se fazer? Vou começar a separar minhas coisas.
_ Sim, faça isso; partiremos em uma semana.
Nathalie virou-se e foi na direção de seu quarto. Parou ao entrar, para olhar cada detalhe de onde passara todos os momentos de sua vida até então.
Mudaram-se finalmente: Novo continente, novas esperanças...
Tudo dera errado entretanto...
***********************
Enquanto trabalhava no bar, Nathalie pensava:
O quanto uma decisão precipitada pode levar uma pessoa?
Estava trabalhando ali para ganhar seu sustento, desde que sua mãe ficara viúva e recebia uma pensão diminuta, que mal pagava as contas básicas...
O pai morrera de doença grave, seis anos atrás, logo que mudaram para o Brasil.
A mãe resolvera ficar. Não voltaria para sua pátria derrotada.
Nathalie terminou os estudos do secundário, mas a faculdade ficou para trás.
Precisava ajudar a mãe a se manter no novo país que estavam.
Trabalhava de noite em um Piano's Bar, e fazia um curso técnico de enfermagem durante o dia, para ter uma profissão séria.
Nathalie lembrava da Espanha como se tivesse saído de seu país naquela semana... Eram essas lembranças que a motivavam seguir em frente. Assim que terminasse seu curso, trabalharia duro fazendo plantões em clínicas particulares, porque essas pagavam relativamente melhor que o serviço público, até que depois de juntar um bom dinheiro na caderneta de poupança, viajaria para visitar sua Espanha querida e quem sabe, conseguir um emprego por lá de enfermeira?
Sabia que não seria fácil: Afinal, a Espanha estava em crise como toda a Europa, e seu diploma de enfermagem não valeria por lá, mas ela tentaria fazer um exame que validasse o seu.
Planos! Mas nada disso se dera. A mãe desenvolveu a síndrome do pânico depois de passar por dois assaltos no Rio. Outra vez ficou em meio a um tiroteio entre a polícia e marginais na rua onde passava.
Por último, fora outro tiroteio, em uma passarela da Avenida Brasil.
Mudaram-se de município para outro relativamente mais calmo e ficou tudo mais difícil para Nathalie, que agora estava mais distante do curso e do trabalho. Levava mais tempo para ir e voltar para casa.
A mãe sentia-se solitária...
Nathalie tinha um olhar triste, como dizia aquela música tão bem interpretada pelo seu compatriota...
Resolveu esquecer de vez seus sonhos de voltar à terra natal. A Espanha ficara para trás, além do oceano e seria apenas cultivada em suas memórias dos tempos de meninice.
Nathalie lia uma poesia, enquanto não chegava os primeiros fregueses do bar:
Lágrimas De Outrora
Morremos aos poucos desde o dia que nascemos
O maior desgosto de viver, é a certeza disso acontecer.
Um nó na garganta inseparável do ser humano
Palavra muda.
Há dor, mesmo que se tenha em volta, algum amor.
Não é minha culpa, os desatinos de outros,
Mas, pago por eles...
O nó a que me referi, são lágrimas sentidas
Vindas de uma tristeza, de nada ser mudado em minha vida....
Escrevo então.
Essa é minha única auto ajuda.
Bastava apenas ter um ouvinte aos meus queixumes!
Mas o analista se paga.
O amigo, escuta de coração.
Pena, não ter um ombro que possa chorar minhas mágoas!
Os gritos se calam.
Permanecem mudos na garganta.
O nó só se desata, quando coloco as palavras no papel.
Dizem que faço drama.
Que culpa tenho eu?
A vida escreve nossa novela particular...
Apenas escrevo,
Não posso me revoltar.
Fátima Abreu
**************
Nathalie aproximou-se de Diana.
Notara que a mulher que havia lhe pedido um martini, parecia estar aérea, perdida mesmo...
Pode reparar também que Diana estava muito bem vestida, sinal que tinha uma vida sem problemas financeiros; bem diferente de Nathalie...
_ Olá! Sou Nathalie, a moça que lhe serviu o martini no bar, ainda agora, lembra-se?
_ Ah, olá. Desculpe-me, é que estou um pouco 'avoada' essa noite, zonza... Não sei na verdade, nem por onde andei... Quando vi, já estava entrando aqui no Piano's Bar.
Adoro jazz e blues, e fui atraída para este lugar. Meu nome é Diana, como a deusa do Olimpo, sabe...
_ Quer alguma ajuda Diana? Que lhe chame um táxi, talvez...
Pois acho que não está bem; seria melhor voltar para casa, não?
_ Sim, sim... Acabando meu drink, e depois dessa música que está tocando, voltarei para casa.
_ É melhor. Chamarei um táxi assim que queira, ok? Não sei porquê, mas gostei de seu jeito, parece que já a conhecia antes. Mas sei que é improvável: Afinal, mal tenho amigas, a não ser, as moças do meu curso de enfermagem...
_ Escute, Nathalie: Gostaria de fazer amizades, pelo que vejo. Quer juntar-se ao meu grupo social? Chamamos de "Círculo". Reunimo-nos na casa de minha amiga, Cecília.
_ E como é esse grupo, o que fazem?
_ Bem, temos como via de regra, a amizade acima de tudo. União mútua, em todos os sentidos. Um ajuda o outro, seja no que for. Além de...
_ Além de?
_ Sexo. Fazemos isso também, com quem quisermos do grupo: Tempos novos... relacionamentos abertos, sem culpa. Amamos uns aos outros, sem ciúmes. Mas, se isso é obstáculo para você, esqueça minha proposta...
_ Bem, Diana, na verdade sou virgem ainda, acredita? Em pleno século XXI, uma mulher de vinte anos, que nunca teve intimidade com ninguém, apenas uns namoricos que não deram em nada, além de uns beijos mais quentes e uns 'amassos'... E há gente, que pensa que mulheres como eu, que trabalham em bar, estão à disposição de qualquer um que aparecer... Pode até acontecer com a maioria, mas, comigo não.
_ Nossa! Realmente nunca conheci uma moça dessa idade, ainda virgem. Então, não está mais aqui quem falou. Esqueça tudo.
_ Deixe seu número de telefone comigo, Diana. Se um dia eu mudar de ideia, te ligo, ok?
Diana sorriu levemente e escreveu no guardanapo de papel o número de seu celular. Era mais interessante dessa maneira: Porque se Nathalie, simplesmente colocasse o número ditado em seu telefone, seria apenas mais um, na lista de contatos... Entretanto, faz parte da sedução, um número anotado displicentemente em um guardanapo, isso ela aprendera com Lana, não com Cecília...
Diana retirou o colar de pérolas que emoldurava seu pescoço, e deu-o para Nathalie, como se fosse um presente de amigas, de muitos anos... De início, ela não quis aceitar o presente, achando precipitado tudo aquilo...
Mas, Diana a convenceu, dizendo:
_ Fica lindo em você, Nathalie. Serve para loiras, tanto quanto, para morenas. Não se preocupe, tenho outros em casa.
Passada meia hora de conversa, Nathalie então chamou o táxi, a pedido de Diana.
Nathalie virou-se já na porta, retornando ao bar, para olhar o táxi levando aquela morena tão bonita, mas, visivelmente problemática...
Não tardou muito e Diana recebia a ligação:
Foi no dia em que Nathalie completava 21 anos...
Fátima Abreu
*Ambas personagens estão no meu livro:
A TRILOGIA DO "CÍRCULO"
Peça já o seu:
fatuquinha@gmail.com
DIANA - CONTO SENSUAL- Reeditado- REPUBLICADO
18 ANOS!
DIANA
As estradas eram curvas, os declives abismavam o caminho.
Mas nada disso transformava a vontade de estar lá...
Diana queria encontrar uma nova forma de viver:
Ser diferente do que toda vida foi...
Era essa sua meta agora, ser ela mesma.
Sem ter que agradar à essa ou aquela pessoa.
Os pensamentos eram meio distorcidos, com algumas lembranças do seu passado. Muita coisa ela queria esquecer. E assim, ela dirigia pela estrada, movida em suas memórias, dando força para uma nova história...
Diana ainda tinha o frescor em sua face, embora sua vida não tenha sido nada fácil, ela não criou as rugas, que muitas vezes o sofrimento acarreta.
Os cabelos com raízes brancas, ela disfarçava com uma tintura, afinal eram poucos para os seus 46 anos... Seu corpo estava bem:
Gostava de caminhar pela manhã, embora algumas vezes, fizesse isso também pela tarde. Com uma alimentação sem gorduras e com muitos legumes e verduras, algumas frutas que ela gostava, equilibrava o organismo e mantinha seu corpo dentro do peso e com boa forma.
Uma lágrima desceu, ao escutar no CD do carro, a música que adorava:
Mas, que sempre chorava ao ouvir... Incrivelmente, não guardava o nome da música, mesmo tantos anos ouvindo...
Tocava fundo em sua alma sensível, aquela melodia: Fazendo a pele toda arrepiar.
Diana era forte para muitas coisas, já para outras, era tão "derretida" quanto manteiga no fogo.
A sua maior característica, era falar muito: Até seus amigos e familiares achavam que era uma verdadeira "matraca".
Ela não achava isso, simplesmente sentia necessidade de falar tudo que lhe vinha na cabeça e comentar tudo que observava.
Quando assistia a um filme, gostava de comentar todas as coisas que lhe chamava a atenção, mas, nem todas as pessoas partilhavam do mesmo interesse...
Era uma observadora da natureza, das pessoas que transitavam pelas ruas, da vida em si.
Em alguns momentos era bem dispersa e parecia não se ligar no que estava a sua volta, era como se fosse duas pessoas em uma.
Uma mulher de princípios, como:
Caridade, honestidade, tolerância, paciência...
Ao mesmo tempo, com sua personalidade dúbia, era também sedutora, luxuriante, gostava dos prazeres da carne, muitas pessoas nem imaginavam isso, apenas algumas sabiam da sua voracidade para o amor...
No seu ciclo de amizades, sabiam que ela era uma batalhadora, uma pessoa que havia sofrido muito no passado, com família, muitos problemas de saúde e financeiros...
Apesar do sofrimento e das muitas lágrimas que derramou por anos a fio, ela era bem alegre, expansiva, comunicativa...
Estava sempre disposta a brincar com as crianças, dar um bom conselho a alguém, ajudar seu semelhante.
Assim Diana vivia, e sempre procurava ver o lado bom de cada coisa que lhe acontecia na vida, dizia sempre:
" SEMPRE EXISTE ALGO QUE SE APROVEITE, ATÉ NAS PIORES SITUAÇÕES ENCONTRAMOS ALGUMA LIÇÃO "
Diana tinha muitas amizades em todos os lugares onde já havia residido, mesmo em bairros que passava por algum motivo, sempre tinha a simpatia de alguém:
Pelo fato de ser muito comunicativa, até em filas de banco, supermercado, ela arrumava uma nova amizade.
Diana repensava a vida, a cada segundo que passava ali, dirigindo pela estrada...
Tinha arrependimento de alguns relacionamentos que tivera antes, reais e virtuais.
Pensava em recomeçar do zero absoluto.
Quem sabe nessa nova cidade, para onde seguia agora, encontraria alguém que a amasse de verdade, não apenas desejos carnais passageiros?
Tinha essa esperança dentro do coração, e mais uma lágrima caiu pelo rosto, quando lembrou o quanto já foi infeliz e que agora desejava muito encontrar a felicidade, mesmo que fossem em pequenas doses...
Sabia que ninguém no mundo é feliz em tempo integral, afinal, esse mundo é de expiações, e não foi feito para "tirar férias infinitas".
Diana tinha um lado espiritual bem aguçado, e era mesmo uma pessoa que tirava das próprias tristezas e dissabores, uma nova forma de se redimir de pecados anteriores.
Era sensitiva, e tinha sonhos que revelavam uma mensagem a ser decifrada, outras vezes, premonições...
Ainda presenciou em vários momentos, pelo decorrer dos anos, alguns fenômenos paranormais...
Quando seu lado de fêmea sedutora vinha à tona, sabia que era uma reminiscência de uma outra vida, onde possivelmente fora uma cortesã...
Aliás, outros fatores a faziam pensar assim.
Diana seguia calma e atenta ao trânsito na estrada, mesmo com tantos pensamentos e lembranças na cabeça! O feriado já se aproximava, e o número de veículos era agora bem maior que os dias de costume.
Ela encostou em um posto de gasolina, para abastecer seu carro, antes que parasse por falta de combustível.
Resolveu sair um pouco para a loja de conveniências, para comprar uma garrafinha de água mineral e um saquinho de biscoitos de polvilho que adorava.
Quando saiu do carro para fazer isso, a porta bateu em um homem que vinha na mesma direção da loja, e ela muito sem jeito, pediu desculpas, porque certamente o havia machucado.
O homem tinha mais ou menos a mesma idade dela, dava para perceber... Era muito alto, e ela se sentiu uma "formiguinha", perto dele.
Ele a olhou diretamente nos olhos e disse:
_ Deixa estar, não houve nada.
_ Mas, a porta bateu nas suas pernas... Não está doendo?
_ Nada! Imagine se isso iria machucar, não se preocupe.
Estou indo para a loja ali, você também?
_ Sim, vou comprar umas coisas.
_ Então vamos andando, assim te conheço um pouquinho...
_ Ah, sim, está bem, vamos...
Diana não sabia ainda, mas estava diante do amor de sua vida.
**************************
Diana e o homem que acabara de conhecer dirigiram-se para a loja do posto de gasolina, e adentraram o recinto em uma conversa bem animada, falavam sobre banalidades do dia a dia...
Diana era muito faladeira, mal parava para respirar, e já engrenava em outro assunto. Ficou sabendo que o nome dele era Fernando, e por coincidência, ele também estava se dirigindo para a mesma cidade que ela:
Só que a trabalho, tinha sido transferido da capital para lá.
Diana observou melhor o homem, e reparou como era atraente, másculo, bem diferente desses metro sexuais que existem hoje em dia espalhados por aí, que raspam os pelos do corpo.
Ele não, era visivelmente bem viril!
Conversaram mais um pouco, enquanto Diana chupava um sorvete de coco, que era o seu preferido.
Ela não sabia, mas, o estava excitando, dando aquelas lambidas no sorvete, movendo a língua em golpes para lá e para cá...
Foi quando ele chegou mais perto, quase sentia-se a respiração, e perguntou para Diana:
_ Quanto tempo vai ficar por lá?
Ela respondeu com um olhar distante, fixo em um ponto, como se estivesse em um transe:
_ O tempo que for necessário para a minha felicidade...
Fernando não entendeu bem a resposta:
De que felicidade ela se referia? Decidiu não perguntar, afinal, mulheres tem dessas coisas, são misteriosas às vezes...
Observando a mão de Diana, notou que não havia aliança, e aí sim, resolveu arriscar:
_ Não é casada, não tem aliança... Ou é, e não usa?
_ Sou viúva, por esse motivo não uso, estou "solteirinha da Silva".
Nesse momento, ele olhou para o decote bem ousado que ela usava, e reparou nos seios fartos que ela tinha. Diana percebeu o olhar guloso de Fernando mas fingiu não ter notado...
Sua mente rapidamente fantasiou alguma coisa a respeito, mas, de uma 'balançada' na cabeça, se fez pensar em outra coisa, porque se assim continuasse, certamente ficaria excitada...
Ela era dessas mulheres bem quentes, que ficam excitadas facilmente, e quando percebia estava com a calcinha úmida.
SEMPRE ACONTECIA COM DIANA!
Fernando olhando bem nos olhos de Diana, pediu o número do celular dela e também deu o seu. Queria que retomassem o contato, e pudessem marcar alguma coisa para fazerem juntos, como um cinema e depois um jantar informal. Quem sabe, simplesmente saírem para conhecer os pontos turísticos da pequena cidade que iriam morar...
Com esses argumentos, ela então pegou um guardanapo de papel anotou o número, e em seguida, deu um beijo marcando com seu batom. Entregou à Fernando dizendo:
_ Seria fácil apenas anotar o número no seu celular... Mas, prefiro à moda antiga, deixando a minha marca para você, tome...
Ele pegou o guardanapo de papel e levou ao bolso da jaqueta que vestia, dizendo em resposta:
_ Gostei disso, assim, toda vez que pegar no guardanapo, lembrarei desses seus lindos lábios.
Diana nada falou, apenas dirigiu-se ao caixa para pagar o sorvete, e as outras coisinhas que havia comprado, quando ele passou a mão pelo seu ombro e disse:
_ É por minha conta.
_ Acabei de te conhecer, não precisa fazer isso.
_ Você que pensa que acabamos de nos conhecer, para mim, já somos íntimos há tempos...
**************************
Havia passado uma semana desde que Diana conhecera Fernando.
Ele ainda não havia ligado, deveria estar bem ocupado, se estabelecendo na nova cidade, pensava Diana...
Ela mesma, ainda acabava de arrumar a casinha que havia alugado bem no centro da cidadezinha, perto da praça principal. Lá podia ver o movimento de ir e vir das pessoas, isso a fazia se sentir bem viva!
Diana já tinha seus planos elaborados na cabeça:
Abriria seu negócio com o passar do tempo, por hora, pediria um empréstimo no banco, para poder comprar os produtos que iria revender...
No começo, seria em reuniões nas casas das clientes. Depois, conforme entrasse lucro real, ela alugaria uma loja bem ali no centro mesmo, pertinho de sua casa...
O sonho de ter seu próprio SEX SHOP, seria então realizado. Faria palestras nessas reuniões, divulgando os produtos, seu uso adequado, a higiene, e daria dicas também:
De como as clientes poderiam fazer para agradar seus parceiros, e tirar uma relação desgastada da rotina.
Disso Diana sabia bem, ela seria certamente a pessoa mais indicada para falar de mulher para mulher.
Uma vez, pensou até em fazer um programa de rádio, sobre o tema da sexualidade, sedução, do sexo de maneira geral...
Faltou oportunidade para isso. Quando estava pensando sobre o assunto, se pegou lembrando de Fernando quase que instantaneamente.
Diana tinha ficado louca de vontade de tê-lo em sua cama.
Entretanto, não daria o primeiro passo: Ele teria de procurá-la, afinal, foi quem pediu o número do celular, então ele que ligasse!
Diana não aguentou o calor que passava pelo seu corpo, liberando o desejo que tomava conta de si...
Decidiu que na manhã seguinte, iria ao banco tomar as providências para o seu empréstimo, para se ocupar logo com alguma coisa, do contrário, só pensaria em Fernando e no sexo que gostaria de fazer com ele...
Assim, levantou-se cedo, tomou seu café e foi para o banco.
Lá chegando, não acreditava em que seus olhos viam: Fernando!
Era para lá que havia sido transferido, muita coincidência mesmo.
Logo que ele a viu, foi em sua direção para cumprimentá-la, com um sorriso bem largo nos lábios.
Diana achou aquele sorriso, o mais lindo que já havia visto em alguém!
Ele deu um beijo no rosto dela e Diana retribuiu. Disse então, para satisfazer a curiosidade:
_ O que uma mulher tão linda, veio fazer aqui?
_ Bem, o "linda" é por sua conta, mas, vim até aqui pedir um empréstimo ao banco, para abrir meu negócio. Quero me ocupar com uma coisa de que gosto. E também ter uma renda extra, além da minha pensão.
_ Sim, claro! Venha até a minha mesa, trataremos disso e de outras coisas também...
Diana o seguiu até a mesa, e sentou-se enquanto ele trazia um copinho de café para ambos.
_ Bem, vamos ao que veio: Que tipo de negócio quer abrir e de quanto precisa mais ou menos?
_ Vou abrir um SEX SHOP, no inicio, informalmente, fazendo minha freguesia aos poucos. Depois, em uma loja, aqui no centro da cidade. Precisaria de uns dois mil para começar.
_ Tem coragem? Um SEX SHOP, aqui? É uma cidade pequena Diana, poderia ficar mal vista! Tem gente preconceituosa e puritana, nesses lugares pequenos...
_ Não ligo para isso, quem quiser gostar de mim, que seja do jeito que sou. Só entrará na loja, quem realmente estiver interessado...
_ É realmente uma guerreira! Além de linda, como disse antes. Mas, que seja! Te concedo os dois mil, e só assinar os documentos que vou imprimir, depois de você dar seus dados para o cadastro.
_ Ok, agradeço muito Fernando.
_ Não agradeça, faz parte do meu trabalho. Gostaria sim, de ter um tempinho para poder te conhecer melhor, vamos combinar no fim de semana?
_ Sim, claro! Para mim está ótimo. Pode ser no sábado, que acha?
_ Muito bem, feito então! No sábado eu vou te pegar em casa. Copiarei o endereço do cadastro e vou bater lá...
_ Sim, qualquer dúvida me liga. Você ainda tem o número não tem?
_ Evidente querida Diana! Só não liguei antes, por pura falta de tempo mesmo. Ainda estou cuidando das coisas, colocando tudo nos lugares, na casa que o banco alugou para mim.
_ Sei como é, eu também acabei de arrumar tudo ontem.
_ Não pude deixar de notar que você adora decotes ousados, Diana.
_ É gosto sim... Valoriza o colo.
_ Isso! Você fica linda com esses decotes. Imagino como seria dentro deles...
_ Hummm, assim você me deixa...
_ Louca? Então é como estou: Louco de vontade de ter você, desde que te conheci lá no posto de gasolina.
_ Ah, era tudo que eu queria ouvir de você!
_ Mesmo? Que bom então... Teremos um ao outro, quem sabe, no sábado mesmo? Vamos deixar as coisas acontecerem...
_ Sim, isso mesmo, deixar rolar...
Diana assinou os papéis, deu um beijo suave em Fernando, virou-se e saiu do banco com o sangue quente:
Quanto ainda teria que esperar até sábado?
**************************
Diana e Fernando chegaram à chácara, que era verdadeiramente encantadora, bem ao gosto de Diana:
Com muito verde, ar puro, cascatas, doces tradicionais como de mamão verde com coco, doce de leite caseiro, além de compotas deliciosas de goiaba.
Os doces estavam expostos em prateleiras da lojinha da chácara, tudo bem artesanal, cobertos com paninhos xadrez e atados com fitas.
Até o café, era torrado e moído na hora! O aroma embriagava Diana, que era realmente doida por café! Havia também um alambique para quem gostasse de beber. Com direito à carne seca com mandioca frita, para acompanhar a "caninha".
Nada escapava aos olhos observadores de Diana, que estava encantada com o lugar escolhido por Fernando.
Dirigiram-se à recepção, para pegar a chave do chalé que já estava reservado.
Ao entrar, Fernando fez questão de por Diana no colo, como um noivo em lua de mel. Dessa forma, ele acabara por conquistá-la de vez.
Fernando fez uma pergunta, assim que a colocou no chão novamente:
_ Quer tomar o banho mais inesquecível da sua vida, Diana?
_ Sim, cavalheiro. Como seria esse banho diferente?
Retiraram a roupa um do outro, e foram ao banho, em uma banheira já cheia de sais, com muita espuma.
Ficaram ali, um acariciando o outro, e Fernando lavava os cabelos cor de chocolate de Diana, como se cuidasse de uma criança...
Ela nunca tinha tido em toda a sua vida, tanta "devoção" de um homem:
Nem do falecido marido, nem dos homens que teve depois dele...
Realmente estava se sentindo valorizada por ele. Isso a deixava feliz, com tal atitude.
Tentava retribuir tanta atenção e carinho da mesma forma. Eles estavam se sentindo, como dois adolescentes que acabavam de descobrir o amor.
Depois desse "banho de carinho", colocaram o roupão e foram para a varandinha, saborear os quitutes feitos no fogo à lenha, em panelas de barro.
Comida tipicamente caseira, do jeito informal que tanto Diana gosta: Porque "frescuras" de cardápios que não se sabe nem traduzir o que é, nunca foi o seu forte...
Comiam conversando animados, e de vez em quando, ele lhe dava uma garfada na boca. Diana retribuía, colocando colheradas de doce em compota na boca dele...
A sintonia era surpreendente! Quem visse, diria que era coisa de novelas.
De mãos entrelaçadas, se fitaram por instantes, como se estivessem a sondar um, a alma do outro...
Não sabiam antes, mas, eram almas gêmeas, que finalmente se encontravam nessa existência...
Fernando sugeriu então, como que para "quebrar" o entorpecimento que se encontrava:
_ Diana, querida, vamos dar um passeio de charrete?
_ Mas, é para já! Adoro esses passeios! A última vez que fiz algo assim, foi em Petrópolis, tem tanto tempo, que já nem sei quanto!
_ Então vamos nos vestir e sair, para aproveitar essa nossa lua de mel improvisada.
Ela, com um sorriso respondeu:
_ Sim cavalheiro, vamos...
O passeio foi realmente adorável, por toda a extensão da chácara, e também pelo leito do rio. Ali, pediram para o condutor parar, para que observassem a paisagem local.
Diana jogava pedrinhas no rio, para formar pequenas ondas e Fernando acabara de descobrir mais um lado de Diana: O de menina.
Ficaram por uns 15 minutos, até retomarem o passeio e voltar para a sede.
Ao entrar de novo no chalé, uma surpresa:
A cama estava coberta de rosas vermelhas, um odor de incenso de almíscar selvagem estava no ar. E ao lado da cama, havia uma mesinha com um vinho tinto suave, gelado, e duas taças os aguardava.
Fernando então perguntou:
_ Gostou? Pedi tudo para você... Acertei na essência?
_ Nossa! Não sei o que dizer, está tudo como um dia imaginei que seria o meu encontro perfeito! Adoro vinho, rosas, almíscar! Parece que leu a minha mente...
_ Diana eu sei seus gostos, não pelo que você já me disse, mas, porque sinto isso.
_ Ah, Fernando você em tão pouco tempo, está me fazendo a mulher mais feliz desse mundo!
_ O mesmo para mim... Agora vem, quero beijá-la todinha!
Dizendo isso, colocou-a sobre a cama, e despiu-a muito devagar:
Tirando as peças de roupa uma a uma, com beijos intercalados...
Diana segurava os cabelos de Fernando, mordia suavemente seu pescoço, arranhava suas costas com as pontas das unhas, só para excitar, não para ferir...
Despido também, deitou-se sobre o corpo de Diana, e a beijava desde os cabelos até a ponta dos dedos dos pés.
Ali, sugava os dedinhos, mordiscava o calcanhar, subia até os joelhos dela e beijava, subia mais, e já estava à beira da 'gruta' desnuda, com beijos que passaram para lambidinhas sutis.
Diana gemia baixinho no começo, mas os gemidos foram ficando mais fortes, à medida que sua respiração também ficava ofegante...
Ela segurava a cabeça dele entre suas coxas, puxando os cabelos, pedindo:
_ Quero, quero...Fernando...
Ele aumentou a intensidade, fazendo círculos, como ela instruía, sempre do jeito que ela pedisse.
Com um gemido, todo seu corpo tremeu...
Ela puxou Fernando para cima de si, e disse com a voz mais ofegante ainda:
_ Agora vem! Sou toda tua, faz o que quiser de mim...
Ele viu aqueles olhos brilharem de uma forma mais intensa, quase que pedindo mesmo.
_ Não precisa nem pedir, eu já estou aqui para te servir, querida. Eu sou o teu escravo de corpo e alma...
Ela jamais acreditaria se alguém lhe dissesse que um dia ouviria tais palavras de um homem, porque durante todos esses anos, teve apenas uma certeza:
Os homens sempre mentiam quando era para levar uma mulher para a cama, e quando isso acontecia, muitas vezes eram brutos, se satisfaziam, e depois a relação se transformava apenas em troca de prazeres carnais...
Mas, Fernando parecia mesmo estar sendo sincero, aliás, era isso que ela mais desejava:
Que fosse real tudo aquilo!
Diana o agarrou, fincando a boca no ombro dele, lambendo suas axilas, circulando o peito dele com a língua... Eles se consumiam no corpo um do outro.
Mas o que mais excitava aquela mulher, Fernando descobriu minutos depois:
Ela gostava de fantasias durante o ato sexual, como que ele fingisse que a estava forçando fazer sexo, na frente de outros homens...
Aí a sintonia foi total, porque ele também gostava disso! Dessa forma, ela apertava os próprios seios provocando o desejo dele...
Fizeram amor desvairadamente...
Depois, deitaram-se lado a lado de "conchinha", dessa forma, ele poderia ficar beijando a nuca e as costas de Diana.
Apenas um pensamento corria pela cabeça dos apaixonados:
Se era sonho, que nunca acordassem!
Fernando e Diana passaram um dia maravilhoso ali, resolveram ficar também no domingo.
Pela noite, foram para o lado de fora, estenderam uma colcha na grama bem aparadinha.
Colocaram travesseiros e se deitaram ali.
Queriam aproveitar e observar o céu totalmente estrelado, coisa que só em regiões interioranas ou de litoral se consegue, pois nos grandes centros urbanos, a poluição praticamente não deixa que isso se passe...
Abraçados estavam, e ela com a cabeça sobre o peito dele, deixaram o romantismo tomar seu rumo, e as palavras doces e cobertas de carinho fluíam...
Aliás, nada lembrava a tarde de sexo coberto de volúpia...
Diana estava imensamente feliz, embora pensativa: Não queria se decepcionar outra vez na vida.
E nesse instante, resolveu abrir seu coração para Fernando:
_ Sabe Fernando, queria que você fosse sincero comigo nesse momento: Somos adultos de mais de 40 anos, e não podemos nos fazer sofrer, se esse romance não for continuar...
Quero que me diga: Você será o mesmo de amanhã em diante, ou fui apenas um passatempo de fim de semana? Se for isso, diga, porque assim coloco um fim nos sentimentos. Bloqueio a partir de amanhã, qualquer lembrança do acontecido, para não sofrer por amor...
_ Diana, achei que você tinha percebido o quanto estou apaixonado! Meu amor, não será de apenas um fim de semana que passando juntos: Porque na verdade, quero viver o resto dos meus dias, com você... Aceita?
_ Isso é um pedido para morarmos juntos?
_ É um pedido de casamento!
_ Nossa! Não pensei que quisesse casar, um homem solteiro como você, resolver se casar assim...
_ Diana! Sou um homem que esperou a vida inteira para ter a mulher certa, e essa, é você!
_ Fernando, estou muito feliz... Aceito sim, meu amor...
_ Que maravilha, querida! Amanhã, quando voltarmos, preparamos os papéis necessários, para dar entrada o mais rápido possível.
_ Sim, está bem. Vou te amar sempre, como nunca foi amado antes, por nenhuma outra.
_ Sei disso Diana, já me demonstrou...
Diana deu um beijo bem provocante, que começou pelo canto dos lábios e depois puxava o lábio superior para frente, como se quisesse arrancar de Fernando um pedacinho...
Lambia a língua de Fernando e a sugava também, ele ficou louco com aquele beijo diferente, e não demorou muito já estava excitado.
Diana disse, olhando para o volume que aparecia na bermuda que ele vestia:
_ Amor meu, já está preparadinho de novo, quer mais um pouco dessa mulher aqui, quer?
_ E como não iria querer? Estou diante da mulher mais sensual que já vi até hoje!
_ Vem então amor, vamos lá para dentro, aqui começa a esfriar muito, e quero você bem quente...
Dizendo isso, Diana o puxou pelo braço e foram correndo como duas crianças brincando de pega pega, para dentro do chalé...
Diana colocou um CD que era de músicas bem próprias para momentos íntimos, e começou a dançar lentamente na frente de Fernando, tirando peça por peça de roupa, sensualmente...
Ele colocou o vinho nas taças e serviram-se, Diana empurrou-o devagar para cima da cama, jogando o vinho restante, em cima dele. Em seguida, sorvia do vinho na pele quente e arrepiada.
Fernando ao sentir aquela mulher lambendo seu corpo todo, estava completamente pronto:
Segurou Diana pela cintura, e a colocou por cima dele, para que dessa vez, ela tomasse conta dos movimentos.
As palavras eram bem provocantes... Nesses momentos, todas as coisas que em sociedade devemos não falar, dizemos com a volúpia do momento...
Assim, Diana teve o primeiro orgasmo, cravando as unhas nos ombros de Fernando. Dessa vez, a força foi tanta, que ela quase o machucou de verdade...
Ele agora estava por cima, segurando suas mãos, como se a fosse prender.
Diana já entendia a fantasia...
Ela então disse, entrando no clima:
_ Você me prendeu aqui na sua casa, seu bandido!
_ Calma moça, vou só te dar prazer, isso é alguma coisa má? Sei que a moça gosta, me disseram que você é muito boa de cama...
Com a fantasia tomando conta dos dois, eles chegaram ao clímax.
_ O teu prazer, é o meu maior prazer!
Diana disse gemendo, entre seus braços.
Ela pegou o vinho que ainda tinha na taça dele (porque ele nem havia tomado tudo), colocou na boca e o beijou, passando da sua, para a dele...
Para Fernando, Diana era uma surpresa a cada momento.
Sim, estava decidido a partilhar com aquela mulher, o resto de seus dias...
FIM
Fátima Abreu
NOTA: Diana é uma das minhas personagens do livro: A TRILOGIA DO 'CÍRCULO', meu romance erótico/policial.
REBECA ( MINI ROMANCE ) Republicado
REBECA
A cara estava amassada.
Rosto de quem acabava mesmo de acordar...
Os olhos de pálpebras inchadas.
Demonstravam que teve uma noite bem dormida!
Faziam dias, que não tinha um sono tranquilo...
Era de se esperar, tantos problemas para resolver!
Tinha momentos que se achava maluca, talvez a insanidade estivesse mesmo ocorrendo em si...
Mas rapidamente tirava esses pensamentos da cabeça, era senhora dos seus atos, então estava em pleno uso da razão!
Abriu o chuveiro, esfregava o corpo com o sabonete, que teimava em escorregar de suas pequenas mãos... Queria estar bem limpa, cheirosa, e por que não, apetitosa?
Saiu do box, cabelos lavados, e foi à pia:
Pegou a escova de dentes, e começou a olhar-se no espelho do banheiro, pensou então:
" Nossa! Que cara de quem dormiu uma semana!
Preciso melhorar isso"...
Passou um hidratante no rosto, pegou o lápis preto, para passar em baixo da pálpebra inferior, e realmente ficou satisfeita, porque seu visual agora melhorara bastante...
Sorriu para o espelho, conferindo se os dentes estavam totalmente limpos...
Agora, era só trocar a roupa, e sair..
Rebeca era conhecida pelos pratos deliciosos que fazia:
Ela tinha um pequeno negócio, onde nos fins de semana, ela servia refeições, sobremesas, sorvetes que ela mesma produzia, e também atendia as encomendas que surgiam até mesmo para ceias de Natal.
Onde passava na rua, diziam:
" E aí, Rebeca, que gostosura vai fazer para o fim de semana?"
Ela sorria e sempre respondia a mesma coisa:
" Vai até lá para saber, garanto que vai querer "
E assim Rebeca vivia, procurando os ingredientes aqui e ali, para nada faltar para suas tão famosas refeições de sábado e domingo...
Ela trancou a porta e saiu de casa para o super mercado que vendia por atacado, onde poderia comprar em maior quantidade.
Lá chegando, foi direto para a lanchonete do local, tomar café, porque quando sentiu seu estômago doer, percebeu que saíra de casa sem nada comer!
Como era muito "desligada" nem se preocupou antes com isso. Rebeca na verdade, estava cada vez mais assim, parecia que seus problemas faziam com que ela ficasse mais aérea, avoada mesmo...
Sentou-se em uma das banquetas da lanchonete e pediu seu lanche.
Assim que começava à comer, um senhor perguntou-lhe as horas, pois seu relógio estava parado.
Ela pegou seu celular, e respondeu olhando para o visor. Ele agradeceu, e sentou-se na banqueta ao lado dela.
Sem querer, ela deixou o café com leite cair em sua saia, e por pouco, não pegou na blusa também.
Limpou com uns guardanapos de papel, e continuou seu desjejum...
O senhor de seus 50 anos, virou-se depois de observar a cena, e disse-lhe:
"Se fosse a minha esposa, soltava até um palavrão agora!"
Rebeca, olhou para o tal senhor, e respondeu:
" Se eu fosse perder a paciência por tão pouco, não estaria mais viva, tinha dado um ataque do coração, com tanta coisa que ocorre comigo!"
Ele limitou-se apenas a levantar o polegar, em sinal de aprovação ao que ela tinha dito...
Era o que ele dizia sempre para sua esposa, ter paciência com as coisas...
Rebeca terminou o seu café e saiu dali, para dentro do hipermercado onde procuraria as coisas para fazer o seu menu...
Quando estava para passar no caixa, sentiu um sopro em sua nuca, como se alguém estivesse por trás dela, fazendo isso, e ao olhar para baixo, descobriu uma menina com um cata vento na mão.
Ora afinal não estava doida! Era apenas o ventinho que a menina fazia ao brincar...
Saiu dali apressada, tinha que fazer tantas coisas ainda!
Deparou-se com a mesma menina em frente ao seu carro e lhe perguntou:
_ Onde está sua mãe? Você não pode andar por aí sozinha, tem muita gente má nesse mundo, menininha!
A menina disse que estava perdida da mãe, e Rebeca então pegou-a pela mão e levou até um policial na entrada do estacionamento do hipermercado.
Feito isso, deixando a menina entregue a uma autoridade, arrancou com o carro dali.
Ao chegar em casa, foi retirando as compras de dentro do carro e depositando na varanda da frente.
Um vizinho passou por ela e a cumprimentou. Ela respondeu sem nem olhar quem era. Ele então, falou mais alto:
_ Rebeca, que bom dia, mais sem graça é esse?
_ Ah, oi! Desculpe Marcos, é que hoje estou mais aérea que os outros dias...
_ Olha Rebeca, vê se você se cuida, desse jeito vai acabar se queimando no fogão, quando estiver fazendo as suas refeições de fim de semana... Você anda com muita falta de atenção nas coisas!
_ É verdade, meu amigo... Mas o que fazer, se a minha cabeça não para de pensar um só momento, nos problemas da família? Eles não moram comigo, mas é como se estivessem aqui o tempo todo... Me ligam, e jogam tudo em cima de mim...
Ando assim de tanto queimar os neurônios!
_ O que te falta é uma pessoa para te dar carinho Rebeca, e não para te levar problemas... Ah, se eu não fosse casado e amasse tanto a minha mulher! Certamente eu não pensaria em outra para o lugar dela, além de você!
_ Que é isso, Marcos? Olha que alguém pode escutar e sair fazendo fofoca por aí!
_ Não se preocupe com isso... Agora vou minha amiga, e qualquer coisa, vai lá em casa, eu e Sônia estamos ao seu dispor...
_ Obrigada pelo apoio, Marcos. Mas, se Deus quiser, eu vou melhorar da minha "fase desatenta"!
Ele saiu dando um aceno com a mão. Ela acabou de colocar tudo no lugar e foi ligar a TV para relaxar um pouco. Ligou no noticiário local e viu uma coisa que lhe chamou a atenção:
O senhor que ela havia conhecido na lanchonete, estava dando uma entrevista para o repórter do canal. Ela aumentou o som da TV, para escutar melhor o que ele dizia...
" Foi isso que aconteceu mesmo! Mal eu saí da lanchonete do hipermercado, o incêndio começou, não se sabe bem de onde, mas disseram que uma menininha morreu queimada, ela estava no colo do guarda, à procura da mãe. Bem, foi assim que me disseram..."
Ela ficou atônita! A mesma menininha que ela entregou ao guarda, acabou vindo a falecer, em um incêndio que nem ela sabia que acontecera depois que saiu do estacionamento...
Aquilo a fez pensar o quão pequeninos somos, diante do destino!
Caso ela tivesse se demorado mais ali, poderia ter sido surpreendida pelo tal incêndio também, e essa hora poderia nem mais existir...
Por instantes se sentiu uma sortuda, mas ao lembrar daquela menininha, seus olhos encheram de lágrimas...
Foi até sua caixinha de remédios, e tomou uma colher de água de flor de laranjeira, dissolvida em água com açúcar...
Deitou-se. Resolveu que nada faria mais naquele dia, tiraria apenas para si... Afinal era uma dádiva estar viva! Com o sono, vieram os sonhos...
Sonhou que estava em um harém, em terras longínquas, dançaria para o sheik.
Ela não queria isso, mas era forçada a fazer. Sabia que ele escolheria a dançaria que lhe agradasse mais, para levar aos seus aposentos e fazer dela o que bem quisesse.
Dançava... Tinha que dançar ou a guarda do sheik, a machucaria.
Ela não tinha colocado os olhos nele, mas sabia que ele era bonito, as outras moças tinham lhe dito, antes da entrada no salão.
O sheik a seguia com olhos fitos no corpo de Rebeca, o desejo o inflamava... A dança dos lenços era muito sensual, e Rebeca a tornava mais ainda!
Por um momento Rebeca avistou-o. Era mesmo bonito! Mudava de ideia agora... Talvez fosse bom passar a noite com o sheik, quem sabe se o seduzisse bem, ela não teria a liberdade? Com uma boa lábia e muitos carinhos, talvez conseguisse fazer com que ele cedesse ao seu pedido.
Sim, era isso! Teria de fazer com que ele a quisesse para aquela noite...
Ela chegou mais perto do sheik, e se contorceu toda à sua frente com a dança, mostrando os belos seios para que ele notasse bem...
Ele reparou nisso: Ela realmente tinha seios lindos e fartos.
Não teve dúvidas: Bateu palmas para que a música parasse, e tomou-a pela mão, levando-a para seus aposentos. Foi uma noite prazerosa para ambos, mas Rebeca não soube do desfecho do sonho, porque foi acordada com a campainha tocando.
Levantou-se e foi ao banheiro para lavar o rosto, finalmente abrindo a porta. Ao olhar para a pessoa que estava à sua frente, tomou um susto:
O homem era igualzinho ao sheik do sonho que acabara de ter! Ficou meio engasgada, as palavras não saíam da boca...
Ele adiantou-se e disse:
_ Sou seu novo vizinho, soube pelos outros, que você faz refeições também por encomenda, D. Rebeca. Estou interessado em que cozinhe para mim , mas sendo diário, seu trabalho, o que acha?
_ Nossa! Que susto o senhor me deu! É que acordei agora, estou meio que dormindo ainda, sabe? Pois bem, entre por favor, vamos acertar isso...
Ele entrou e reparou a casa muito limpa, era esse o principal requisito para uma boa cozinheira!
Rebeca disse então, ao mostrar o sofá para que ele se sentasse:
_ Bem, posso fazer refeições diárias sim, não me incomodo com isso, mas seria em minha casa mesmo e levaria em uma 'quentinha', ou prefere que eu cozinhe na sua casa? Para mim, tanto faz... Apenas peço que deixe sempre os ingredientes que eu disser, nos armários e na geladeira, caso a opção seja a sua casa...
_ Sim, claro! Prefiro lá porque almoçarei feito tudinho na hora, e depois sairei para trabalhar. Gostaria de combinar o valor das refeições...
_ Bem, senhor... Ainda não disse seu nome...
_ Meu nome é Rassan. Acabei de chegar na cidade, sou de uma pequena cidade no sul, de descendentes dos turcos que vieram para o Brasil, meus pais imigraram para cá, e eu nasci aqui.
_ Ah.. Então muito prazer Sr. Rassan. Eu sou Rebeca o senhor já sabe, os vizinhos lhe contaram.
Bem, farei para o senhor o mesmo que cobro por refeição, nos fins de semana, sendo que cada dia, contará uma refeição, ou quer pagar por semana?
Ou seja, no fim da semana me paga as refeições que foram feitas, como prefere?
_ Bem, D. Rebeca, pago então no fim da semana, ok?
_ Sim, está bem. Comigo não vai passar sem comida!
E quer também que faça sobremesa todos os dias?
_ Pode ser... Gosto sempre de um doce depois do almoço.
_ Então estamos combinados! E quando começo, amanhã mesmo?
_ Sim, claro! Porque hoje já comi essas refeições congeladas de super mercado, e no micro ondas...
_ Ok, amanhã estarei lá pelas 7:30h da manhã para começar o seu almoço, e certamente 11:00h estará tudo pronto. Leve agora a lista das coisas para comprar, porque sem temperos, eu não faço nada!
E deixe também na geladeira carne, frango, ou o que quiser que prepare durante a semana.
_ Tudo bem! Vou agora mesmo cuidar disso. Um abraço D. Rebeca.
_ Faça um favor? Não me chame de 'Dona'. Fico me sentindo uma velha. Basta apenas Rebeca.
_ Sim, sim tanto melhor! Digo o mesmo, trate-me por Rassan.
_ Ok, então até amanhã!
_ Até!
Ela fechou a porta depois que Rassan saiu, e quase sem fôlego estava, tentou se controlar durante o tempo todo que ele ali estivera. Não queria que ele suspeitasse do seu nervosismo. Como aquele homem poderia ser igual ao de seu sonho? E ainda: Vir das mesmas terras do sheik!
Mistérios do destino, de novo!
Rosto de quem acabava mesmo de acordar...
Os olhos de pálpebras inchadas.
Demonstravam que teve uma noite bem dormida!
Faziam dias, que não tinha um sono tranquilo...
Era de se esperar, tantos problemas para resolver!
Tinha momentos que se achava maluca, talvez a insanidade estivesse mesmo ocorrendo em si...
Mas rapidamente tirava esses pensamentos da cabeça, era senhora dos seus atos, então estava em pleno uso da razão!
Abriu o chuveiro, esfregava o corpo com o sabonete, que teimava em escorregar de suas pequenas mãos... Queria estar bem limpa, cheirosa, e por que não, apetitosa?
Saiu do box, cabelos lavados, e foi à pia:
Pegou a escova de dentes, e começou a olhar-se no espelho do banheiro, pensou então:
" Nossa! Que cara de quem dormiu uma semana!
Preciso melhorar isso"...
Passou um hidratante no rosto, pegou o lápis preto, para passar em baixo da pálpebra inferior, e realmente ficou satisfeita, porque seu visual agora melhorara bastante...
Sorriu para o espelho, conferindo se os dentes estavam totalmente limpos...
Agora, era só trocar a roupa, e sair..
Rebeca era conhecida pelos pratos deliciosos que fazia:
Ela tinha um pequeno negócio, onde nos fins de semana, ela servia refeições, sobremesas, sorvetes que ela mesma produzia, e também atendia as encomendas que surgiam até mesmo para ceias de Natal.
Onde passava na rua, diziam:
" E aí, Rebeca, que gostosura vai fazer para o fim de semana?"
Ela sorria e sempre respondia a mesma coisa:
" Vai até lá para saber, garanto que vai querer "
E assim Rebeca vivia, procurando os ingredientes aqui e ali, para nada faltar para suas tão famosas refeições de sábado e domingo...
Ela trancou a porta e saiu de casa para o super mercado que vendia por atacado, onde poderia comprar em maior quantidade.
Lá chegando, foi direto para a lanchonete do local, tomar café, porque quando sentiu seu estômago doer, percebeu que saíra de casa sem nada comer!
Como era muito "desligada" nem se preocupou antes com isso. Rebeca na verdade, estava cada vez mais assim, parecia que seus problemas faziam com que ela ficasse mais aérea, avoada mesmo...
Sentou-se em uma das banquetas da lanchonete e pediu seu lanche.
Assim que começava à comer, um senhor perguntou-lhe as horas, pois seu relógio estava parado.
Ela pegou seu celular, e respondeu olhando para o visor. Ele agradeceu, e sentou-se na banqueta ao lado dela.
Sem querer, ela deixou o café com leite cair em sua saia, e por pouco, não pegou na blusa também.
Limpou com uns guardanapos de papel, e continuou seu desjejum...
O senhor de seus 50 anos, virou-se depois de observar a cena, e disse-lhe:
"Se fosse a minha esposa, soltava até um palavrão agora!"
Rebeca, olhou para o tal senhor, e respondeu:
" Se eu fosse perder a paciência por tão pouco, não estaria mais viva, tinha dado um ataque do coração, com tanta coisa que ocorre comigo!"
Ele limitou-se apenas a levantar o polegar, em sinal de aprovação ao que ela tinha dito...
Era o que ele dizia sempre para sua esposa, ter paciência com as coisas...
Rebeca terminou o seu café e saiu dali, para dentro do hipermercado onde procuraria as coisas para fazer o seu menu...
Quando estava para passar no caixa, sentiu um sopro em sua nuca, como se alguém estivesse por trás dela, fazendo isso, e ao olhar para baixo, descobriu uma menina com um cata vento na mão.
Ora afinal não estava doida! Era apenas o ventinho que a menina fazia ao brincar...
Saiu dali apressada, tinha que fazer tantas coisas ainda!
Deparou-se com a mesma menina em frente ao seu carro e lhe perguntou:
_ Onde está sua mãe? Você não pode andar por aí sozinha, tem muita gente má nesse mundo, menininha!
A menina disse que estava perdida da mãe, e Rebeca então pegou-a pela mão e levou até um policial na entrada do estacionamento do hipermercado.
Feito isso, deixando a menina entregue a uma autoridade, arrancou com o carro dali.
Ao chegar em casa, foi retirando as compras de dentro do carro e depositando na varanda da frente.
Um vizinho passou por ela e a cumprimentou. Ela respondeu sem nem olhar quem era. Ele então, falou mais alto:
_ Rebeca, que bom dia, mais sem graça é esse?
_ Ah, oi! Desculpe Marcos, é que hoje estou mais aérea que os outros dias...
_ Olha Rebeca, vê se você se cuida, desse jeito vai acabar se queimando no fogão, quando estiver fazendo as suas refeições de fim de semana... Você anda com muita falta de atenção nas coisas!
_ É verdade, meu amigo... Mas o que fazer, se a minha cabeça não para de pensar um só momento, nos problemas da família? Eles não moram comigo, mas é como se estivessem aqui o tempo todo... Me ligam, e jogam tudo em cima de mim...
Ando assim de tanto queimar os neurônios!
_ O que te falta é uma pessoa para te dar carinho Rebeca, e não para te levar problemas... Ah, se eu não fosse casado e amasse tanto a minha mulher! Certamente eu não pensaria em outra para o lugar dela, além de você!
_ Que é isso, Marcos? Olha que alguém pode escutar e sair fazendo fofoca por aí!
_ Não se preocupe com isso... Agora vou minha amiga, e qualquer coisa, vai lá em casa, eu e Sônia estamos ao seu dispor...
_ Obrigada pelo apoio, Marcos. Mas, se Deus quiser, eu vou melhorar da minha "fase desatenta"!
Ele saiu dando um aceno com a mão. Ela acabou de colocar tudo no lugar e foi ligar a TV para relaxar um pouco. Ligou no noticiário local e viu uma coisa que lhe chamou a atenção:
O senhor que ela havia conhecido na lanchonete, estava dando uma entrevista para o repórter do canal. Ela aumentou o som da TV, para escutar melhor o que ele dizia...
" Foi isso que aconteceu mesmo! Mal eu saí da lanchonete do hipermercado, o incêndio começou, não se sabe bem de onde, mas disseram que uma menininha morreu queimada, ela estava no colo do guarda, à procura da mãe. Bem, foi assim que me disseram..."
Ela ficou atônita! A mesma menininha que ela entregou ao guarda, acabou vindo a falecer, em um incêndio que nem ela sabia que acontecera depois que saiu do estacionamento...
Aquilo a fez pensar o quão pequeninos somos, diante do destino!
Caso ela tivesse se demorado mais ali, poderia ter sido surpreendida pelo tal incêndio também, e essa hora poderia nem mais existir...
Por instantes se sentiu uma sortuda, mas ao lembrar daquela menininha, seus olhos encheram de lágrimas...
Foi até sua caixinha de remédios, e tomou uma colher de água de flor de laranjeira, dissolvida em água com açúcar...
Deitou-se. Resolveu que nada faria mais naquele dia, tiraria apenas para si... Afinal era uma dádiva estar viva! Com o sono, vieram os sonhos...
Sonhou que estava em um harém, em terras longínquas, dançaria para o sheik.
Ela não queria isso, mas era forçada a fazer. Sabia que ele escolheria a dançaria que lhe agradasse mais, para levar aos seus aposentos e fazer dela o que bem quisesse.
Dançava... Tinha que dançar ou a guarda do sheik, a machucaria.
Ela não tinha colocado os olhos nele, mas sabia que ele era bonito, as outras moças tinham lhe dito, antes da entrada no salão.
O sheik a seguia com olhos fitos no corpo de Rebeca, o desejo o inflamava... A dança dos lenços era muito sensual, e Rebeca a tornava mais ainda!
Por um momento Rebeca avistou-o. Era mesmo bonito! Mudava de ideia agora... Talvez fosse bom passar a noite com o sheik, quem sabe se o seduzisse bem, ela não teria a liberdade? Com uma boa lábia e muitos carinhos, talvez conseguisse fazer com que ele cedesse ao seu pedido.
Sim, era isso! Teria de fazer com que ele a quisesse para aquela noite...
Ela chegou mais perto do sheik, e se contorceu toda à sua frente com a dança, mostrando os belos seios para que ele notasse bem...
Ele reparou nisso: Ela realmente tinha seios lindos e fartos.
Não teve dúvidas: Bateu palmas para que a música parasse, e tomou-a pela mão, levando-a para seus aposentos. Foi uma noite prazerosa para ambos, mas Rebeca não soube do desfecho do sonho, porque foi acordada com a campainha tocando.
Levantou-se e foi ao banheiro para lavar o rosto, finalmente abrindo a porta. Ao olhar para a pessoa que estava à sua frente, tomou um susto:
O homem era igualzinho ao sheik do sonho que acabara de ter! Ficou meio engasgada, as palavras não saíam da boca...
Ele adiantou-se e disse:
_ Sou seu novo vizinho, soube pelos outros, que você faz refeições também por encomenda, D. Rebeca. Estou interessado em que cozinhe para mim , mas sendo diário, seu trabalho, o que acha?
_ Nossa! Que susto o senhor me deu! É que acordei agora, estou meio que dormindo ainda, sabe? Pois bem, entre por favor, vamos acertar isso...
Ele entrou e reparou a casa muito limpa, era esse o principal requisito para uma boa cozinheira!
Rebeca disse então, ao mostrar o sofá para que ele se sentasse:
_ Bem, posso fazer refeições diárias sim, não me incomodo com isso, mas seria em minha casa mesmo e levaria em uma 'quentinha', ou prefere que eu cozinhe na sua casa? Para mim, tanto faz... Apenas peço que deixe sempre os ingredientes que eu disser, nos armários e na geladeira, caso a opção seja a sua casa...
_ Sim, claro! Prefiro lá porque almoçarei feito tudinho na hora, e depois sairei para trabalhar. Gostaria de combinar o valor das refeições...
_ Bem, senhor... Ainda não disse seu nome...
_ Meu nome é Rassan. Acabei de chegar na cidade, sou de uma pequena cidade no sul, de descendentes dos turcos que vieram para o Brasil, meus pais imigraram para cá, e eu nasci aqui.
_ Ah.. Então muito prazer Sr. Rassan. Eu sou Rebeca o senhor já sabe, os vizinhos lhe contaram.
Bem, farei para o senhor o mesmo que cobro por refeição, nos fins de semana, sendo que cada dia, contará uma refeição, ou quer pagar por semana?
Ou seja, no fim da semana me paga as refeições que foram feitas, como prefere?
_ Bem, D. Rebeca, pago então no fim da semana, ok?
_ Sim, está bem. Comigo não vai passar sem comida!
E quer também que faça sobremesa todos os dias?
_ Pode ser... Gosto sempre de um doce depois do almoço.
_ Então estamos combinados! E quando começo, amanhã mesmo?
_ Sim, claro! Porque hoje já comi essas refeições congeladas de super mercado, e no micro ondas...
_ Ok, amanhã estarei lá pelas 7:30h da manhã para começar o seu almoço, e certamente 11:00h estará tudo pronto. Leve agora a lista das coisas para comprar, porque sem temperos, eu não faço nada!
E deixe também na geladeira carne, frango, ou o que quiser que prepare durante a semana.
_ Tudo bem! Vou agora mesmo cuidar disso. Um abraço D. Rebeca.
_ Faça um favor? Não me chame de 'Dona'. Fico me sentindo uma velha. Basta apenas Rebeca.
_ Sim, sim tanto melhor! Digo o mesmo, trate-me por Rassan.
_ Ok, então até amanhã!
_ Até!
Ela fechou a porta depois que Rassan saiu, e quase sem fôlego estava, tentou se controlar durante o tempo todo que ele ali estivera. Não queria que ele suspeitasse do seu nervosismo. Como aquele homem poderia ser igual ao de seu sonho? E ainda: Vir das mesmas terras do sheik!
Mistérios do destino, de novo!
REBECA ( CONTINUAÇÃO )
No dia seguinte, como combinado, Rebeca estava na casa de Rassan, bem cedinho. Gostava de fazer assim, para que tudo estivesse pronto até 11:30h.
Rassan abriu a porta e deu-lhe um bom dia sonoro. Ela se espantou, com esse bom dia tão alto! Pensou então, que deveria ser assim o seu jeito de começar o dia...
Rebeca entrou e foi logo perguntando onde era a cozinha para começar seu trabalho, ele a levou até lá. Disse então, Rassan:
_ Rebeca, sinta-se completamente à vontade, a cozinha é sua, a partir de agora. Olha, tem tudo que me pediu para comprar na lista que fez. E as carnes também estão aí.
_ E vai querer o quê hoje, carne, frango, ou peixe?
_ Pode ser frango. Mas agora, gostaria que fizesse um café da manhã bem turco. Aceita partilhar comigo esse café da manhã?
_ Sim, mas claro! Sei que na Turquia se come até azeitonas, tomates, pepinos, pela manhã, além de queijo branco e pão. Complementando com o chá turco negro, acertei?
_ Está muito bem informada Rebeca! Tem algum conhecido de descendência turca?
_ Não, é apenas pesquisa que faço na Internet para agradar cada freguês...
_ Ah, muito bem! Então vamos ao nosso café da manhã turco! Mas se você quiser fazer alguma coisa diferente para você, fique tranquila.
_ Sim, o café! Sem ele, eu não fico...
_ Ok, está tudo aí, é só arrumar a mesa e fazer o café.
Rebeca foi colocando tudo separadinho em bandejinhas na mesa, e depois, sentou-se com Rassan para comer.
Conversaram animados, para se conhecerem melhor. Rebeca então olhando o relógio de parede da copa, percebeu que já eram quase 8:15h. Ela levantou-se apressada, e disse para Rassan:
_ Bem, agora já tenho que começar a preparar o almoço, para que esteja pronto no horário.
_ Ok, já ocupei muito seu tempo com minhas estórias.
_ Foi bom Rassan, pudemos descontrair, mas agora, ao trabalho!
Rassan levantou-se, foi para a sala, onde estava seu notebook, para começar a trabalhar em casa, antes de ir para seu escritório. Gostava de aproveitar todo o tempo disponível.
Rebeca de avental, já estava preparando o almoço, cozinhando o frango, cortando os legumes, fazendo uma salada turca: De berinjela com cenoura e iogurte.
Rassan abriu a porta e deu-lhe um bom dia sonoro. Ela se espantou, com esse bom dia tão alto! Pensou então, que deveria ser assim o seu jeito de começar o dia...
Rebeca entrou e foi logo perguntando onde era a cozinha para começar seu trabalho, ele a levou até lá. Disse então, Rassan:
_ Rebeca, sinta-se completamente à vontade, a cozinha é sua, a partir de agora. Olha, tem tudo que me pediu para comprar na lista que fez. E as carnes também estão aí.
_ E vai querer o quê hoje, carne, frango, ou peixe?
_ Pode ser frango. Mas agora, gostaria que fizesse um café da manhã bem turco. Aceita partilhar comigo esse café da manhã?
_ Sim, mas claro! Sei que na Turquia se come até azeitonas, tomates, pepinos, pela manhã, além de queijo branco e pão. Complementando com o chá turco negro, acertei?
_ Está muito bem informada Rebeca! Tem algum conhecido de descendência turca?
_ Não, é apenas pesquisa que faço na Internet para agradar cada freguês...
_ Ah, muito bem! Então vamos ao nosso café da manhã turco! Mas se você quiser fazer alguma coisa diferente para você, fique tranquila.
_ Sim, o café! Sem ele, eu não fico...
_ Ok, está tudo aí, é só arrumar a mesa e fazer o café.
Rebeca foi colocando tudo separadinho em bandejinhas na mesa, e depois, sentou-se com Rassan para comer.
Conversaram animados, para se conhecerem melhor. Rebeca então olhando o relógio de parede da copa, percebeu que já eram quase 8:15h. Ela levantou-se apressada, e disse para Rassan:
_ Bem, agora já tenho que começar a preparar o almoço, para que esteja pronto no horário.
_ Ok, já ocupei muito seu tempo com minhas estórias.
_ Foi bom Rassan, pudemos descontrair, mas agora, ao trabalho!
Rassan levantou-se, foi para a sala, onde estava seu notebook, para começar a trabalhar em casa, antes de ir para seu escritório. Gostava de aproveitar todo o tempo disponível.
Rebeca de avental, já estava preparando o almoço, cozinhando o frango, cortando os legumes, fazendo uma salada turca: De berinjela com cenoura e iogurte.
Não esquecendo de preparar uma sopa de tomate, acompanhada de pão. Para a sobremesa, pudim e arroz doce.
Na hora certa, a mesa já estava posta, e Rassan sentou-se para degustar pela primeira vez, a culinária tão famosa de Rebeca.
Ela ficou ao seu lado, esperando alguma palavra. No entanto, ele só comia e comia... Ela entendeu isso como bom sinal, ele realmente tinha aprovado seu menu.
Ao acabar, Rassan 'limpou' tudo que estava na mesa.
Nada havia sobrado! Rebeca ficou satisfeita com tal resultado. E recolhendo tudo, levava para a pia para ser lavado. Rassan a conteve, segurando-a pela mão. Olhou para Rebeca e disse:
_ Não, você não tem que lavar nada, Rebeca. Seu trabalho é apenas cozinhar! Deixe tudo aí que depois eu lavo quando voltar do escritório.
_ Imagina se eu iria deixar essa louça toda por lavar! Você não me conhece mesmo, ainda... Detesto sair e deixar qualquer coisa suja, ou fora do lugar. Vou deixar essa cozinha brilhando!
_ Então, se isso te faz bem, que seja então!
Ele pegou suas coisas e foi trabalhar, deixando a casa nas mãos de Rebeca, que combinou que ele poderia pegar a chave em sua casa, quando voltasse do trabalho. Ele achou que era ótima ideia, assim poderiam conversar um pouco mais.
E saiu. Rebeca ainda ficou por mais meia hora organizando a cozinha. Trancou a casa de Rassan, voltando para a sua.
À noite, Rassan tocou a campainha da casa de Rebeca. Ela abriu a porta e o convidou para entrar.
Estava assistindo TV, e comentou alguma coisa com Rassan sobre o que estava vendo. Rassan sentou-se no sofá ao lado dela, e conversaram banalidades do dia de cada um. Rebeca então pegou a chave da casa dele, depositando-a em sua mão, dizendo:
_ Aqui está. Deixei tudo limpinho.
_ Ora, mas já está me mandando embora, Rebeca?
_ Não! Só estou te entregando a chave antes que eu me esqueça. Ando esquecida e desatenta ultimamente... Coisas da vida...
_ Quer falar sobre isso? Tenha em mim, um amigo a partir de agora, Rebeca.
_ Não vamos falar de problemas, ok? Olha, me diz: Você não quis se casar, por quê?
_ Sabe Rebeca, cuidei muito de meus pais e irmãos, por ser o mais velho, não tive tempo para viver um romance.
_ Mas nunca se apaixonou? Não teve pelo menos alguém, que lhe deixasse com vontade de tentar uma vida a dois?
_ Não, infelizmente... Mas agora quem sabe? Meus pais já faleceram, meus irmãos são adultos agora, cada um tem sua vida... E eu vim parar aqui nessa cidade, montei meu escritório, comprei uma casa, tenho um carro, só falta a esposa... Mas, quem vai querer um homem de 45 anos, que não sabe o que é o romantismo?
_ Meu amigo, tem sim. Você vai encontrar aquela que mexa com teu corpo e tua alma... Dê tempo, ela vai aparecer. Como dizem por aí:
"Casa nova, vida nova"
_ Tomara, Rebeca, tomara...
_ Olha, que tal sairmos para uma volta? Quem sabe você não se anima um pouco, e consegue desinibir e conhece alguém interessante? Talvez um barzinho com piano ou se preferir uma danceteria...
_ Sabe o que eu queria mesmo? Era te fazer gostar de mim.
Pegando as mãos de Rebeca, Rassan as beijou carinhosamente. Ela ficou emocionada com aquelas palavras e aquele gesto.
Na verdade, ela esperava isso, que ele a notasse de forma diferente, com interesse de homem para mulher...
Na hora certa, a mesa já estava posta, e Rassan sentou-se para degustar pela primeira vez, a culinária tão famosa de Rebeca.
Ela ficou ao seu lado, esperando alguma palavra. No entanto, ele só comia e comia... Ela entendeu isso como bom sinal, ele realmente tinha aprovado seu menu.
Ao acabar, Rassan 'limpou' tudo que estava na mesa.
Nada havia sobrado! Rebeca ficou satisfeita com tal resultado. E recolhendo tudo, levava para a pia para ser lavado. Rassan a conteve, segurando-a pela mão. Olhou para Rebeca e disse:
_ Não, você não tem que lavar nada, Rebeca. Seu trabalho é apenas cozinhar! Deixe tudo aí que depois eu lavo quando voltar do escritório.
_ Imagina se eu iria deixar essa louça toda por lavar! Você não me conhece mesmo, ainda... Detesto sair e deixar qualquer coisa suja, ou fora do lugar. Vou deixar essa cozinha brilhando!
_ Então, se isso te faz bem, que seja então!
Ele pegou suas coisas e foi trabalhar, deixando a casa nas mãos de Rebeca, que combinou que ele poderia pegar a chave em sua casa, quando voltasse do trabalho. Ele achou que era ótima ideia, assim poderiam conversar um pouco mais.
E saiu. Rebeca ainda ficou por mais meia hora organizando a cozinha. Trancou a casa de Rassan, voltando para a sua.
À noite, Rassan tocou a campainha da casa de Rebeca. Ela abriu a porta e o convidou para entrar.
Estava assistindo TV, e comentou alguma coisa com Rassan sobre o que estava vendo. Rassan sentou-se no sofá ao lado dela, e conversaram banalidades do dia de cada um. Rebeca então pegou a chave da casa dele, depositando-a em sua mão, dizendo:
_ Aqui está. Deixei tudo limpinho.
_ Ora, mas já está me mandando embora, Rebeca?
_ Não! Só estou te entregando a chave antes que eu me esqueça. Ando esquecida e desatenta ultimamente... Coisas da vida...
_ Quer falar sobre isso? Tenha em mim, um amigo a partir de agora, Rebeca.
_ Não vamos falar de problemas, ok? Olha, me diz: Você não quis se casar, por quê?
_ Sabe Rebeca, cuidei muito de meus pais e irmãos, por ser o mais velho, não tive tempo para viver um romance.
_ Mas nunca se apaixonou? Não teve pelo menos alguém, que lhe deixasse com vontade de tentar uma vida a dois?
_ Não, infelizmente... Mas agora quem sabe? Meus pais já faleceram, meus irmãos são adultos agora, cada um tem sua vida... E eu vim parar aqui nessa cidade, montei meu escritório, comprei uma casa, tenho um carro, só falta a esposa... Mas, quem vai querer um homem de 45 anos, que não sabe o que é o romantismo?
_ Meu amigo, tem sim. Você vai encontrar aquela que mexa com teu corpo e tua alma... Dê tempo, ela vai aparecer. Como dizem por aí:
"Casa nova, vida nova"
_ Tomara, Rebeca, tomara...
_ Olha, que tal sairmos para uma volta? Quem sabe você não se anima um pouco, e consegue desinibir e conhece alguém interessante? Talvez um barzinho com piano ou se preferir uma danceteria...
_ Sabe o que eu queria mesmo? Era te fazer gostar de mim.
Pegando as mãos de Rebeca, Rassan as beijou carinhosamente. Ela ficou emocionada com aquelas palavras e aquele gesto.
Na verdade, ela esperava isso, que ele a notasse de forma diferente, com interesse de homem para mulher...
A ideia de sair para que ele conhecesse alguém, era só um disfarce da parte dela, para que ele não pensasse "de cara" que ela estava gostando dele...
Todavia, desde seu sonho da noite anterior, não tirava Rassan da cabeça!
Ficou encantada com a possibilidade de ser ele o homem da sua vida.
Rapidamente e antes que ela dissesse qualquer coisa, Rassan a beijou apaixonadamente...
Era o que ela desejava mesmo dentro de si:
O coração acelerou, o rosto esquentou e até rosada, ela ficou!
Ele percebendo, perguntou então:
_ Que acha de ser a mulher da minha vida? Aquela que eu tanto esperei por esses anos todos...
_ Sabe, Rassan, eu gostaria de ser essa mulher sim!
Se tiver paciência comigo, com os meus esquecimentos, desatenção e tudo mais...
_ Para o amor, isso são apenas detalhes, que poderemos superar. Faltava mesmo uma pessoa "atrapalhadinha" na minha vida. Agora vou cuidar de você, e não ficará tão aérea como você diz que fica...
_ Olha, vou dar trabalho, sou assim, mas tem um outro lado meu que você ainda não conhece:
A mulher apaixonada, que quer muitos carinhos, amor, prazer...
_ Pois, esse lado teu, quero conhecer a partir de agora. Porque você é incrivelmente sedutora; percebi isso, desde a primeira vez que aqui cheguei.
_ Já tive alguns homens na minha vida, não vou te enganar, mas foram experiências que nada representaram para mim, porque o que realmente eu queria, eles nunca me deram: AMOR, de verdade.
_ Imagino, minha querida... A maioria dos homens, deixam-se serem guiados apenas pelo instinto animal, e quando realmente se encontram apaixonados, podem até cometer loucuras, devido a isso mexer tanto com a cabeça.
_ Sim, é isso que sempre pensei também.
Eles se entre olharam como se lessem a mente um do outro, e Rassan a abraçou com todo seu carinho, que ela retribuiu com beijos que demonstravam a mulher sedenta de amor que era. Rassan então, continuava com os beijos, que eram agora divididos entre lábios, nuca, pescoço, ombro... Estavam querendo o mesmo naquele instante:
Ter um ao outro, completamente, fazendo desse momento um verdadeiro romance, recheado de amor e prazer.
Rebeca segurou sua mão e o levou até seu quarto. Rassan estava surpreso com a volúpia dos beijos dela. E sabia que seria muito bom estar ao lado de uma mulher tão desejosa assim... Rebeca era despida suavemente, peça a peça, e em cada centímetro de nudez, uma beleza se revelava...
A última peça, ela mesma retirou: O espartilho!
Todavia, desde seu sonho da noite anterior, não tirava Rassan da cabeça!
Ficou encantada com a possibilidade de ser ele o homem da sua vida.
Rapidamente e antes que ela dissesse qualquer coisa, Rassan a beijou apaixonadamente...
Era o que ela desejava mesmo dentro de si:
O coração acelerou, o rosto esquentou e até rosada, ela ficou!
Ele percebendo, perguntou então:
_ Que acha de ser a mulher da minha vida? Aquela que eu tanto esperei por esses anos todos...
_ Sabe, Rassan, eu gostaria de ser essa mulher sim!
Se tiver paciência comigo, com os meus esquecimentos, desatenção e tudo mais...
_ Para o amor, isso são apenas detalhes, que poderemos superar. Faltava mesmo uma pessoa "atrapalhadinha" na minha vida. Agora vou cuidar de você, e não ficará tão aérea como você diz que fica...
_ Olha, vou dar trabalho, sou assim, mas tem um outro lado meu que você ainda não conhece:
A mulher apaixonada, que quer muitos carinhos, amor, prazer...
_ Pois, esse lado teu, quero conhecer a partir de agora. Porque você é incrivelmente sedutora; percebi isso, desde a primeira vez que aqui cheguei.
_ Já tive alguns homens na minha vida, não vou te enganar, mas foram experiências que nada representaram para mim, porque o que realmente eu queria, eles nunca me deram: AMOR, de verdade.
_ Imagino, minha querida... A maioria dos homens, deixam-se serem guiados apenas pelo instinto animal, e quando realmente se encontram apaixonados, podem até cometer loucuras, devido a isso mexer tanto com a cabeça.
_ Sim, é isso que sempre pensei também.
Eles se entre olharam como se lessem a mente um do outro, e Rassan a abraçou com todo seu carinho, que ela retribuiu com beijos que demonstravam a mulher sedenta de amor que era. Rassan então, continuava com os beijos, que eram agora divididos entre lábios, nuca, pescoço, ombro... Estavam querendo o mesmo naquele instante:
Ter um ao outro, completamente, fazendo desse momento um verdadeiro romance, recheado de amor e prazer.
Rebeca segurou sua mão e o levou até seu quarto. Rassan estava surpreso com a volúpia dos beijos dela. E sabia que seria muito bom estar ao lado de uma mulher tão desejosa assim... Rebeca era despida suavemente, peça a peça, e em cada centímetro de nudez, uma beleza se revelava...
A última peça, ela mesma retirou: O espartilho!
Ele parou por segundos, admirando aquele corpo que estava ali, querendo ser saciado em seus desejos mais íntimos...
Rebeca o despiu também, coisa que ele nunca tinha permitido antes a uma mulher, até aquela data.
Na sua virilidade, sempre ele mesmo tirava suas roupas.
Contudo, com ela era diferente, podia sentir isso no ar:
Era uma mulher especial, e isso o fez se deixar levar, pelo que ela quisesse fazer com ele no momento...
Nus, delirantes de desejo e paixão, selaram essa vontade, com a entrega de seus corpos, entre carícias, toques, beijos.
A união das carnes agora era perfeita, e Rebeca tinha dentro de si, não apenas um homem qualquer fazendo sexo, e sim, aquele que seria o amor do resto de sua vida...
Seu sonho estava sendo realizado literalmente, e a noite com seu sheik, agora era real!
Rebeca o despiu também, coisa que ele nunca tinha permitido antes a uma mulher, até aquela data.
Na sua virilidade, sempre ele mesmo tirava suas roupas.
Contudo, com ela era diferente, podia sentir isso no ar:
Era uma mulher especial, e isso o fez se deixar levar, pelo que ela quisesse fazer com ele no momento...
Nus, delirantes de desejo e paixão, selaram essa vontade, com a entrega de seus corpos, entre carícias, toques, beijos.
A união das carnes agora era perfeita, e Rebeca tinha dentro de si, não apenas um homem qualquer fazendo sexo, e sim, aquele que seria o amor do resto de sua vida...
Seu sonho estava sendo realizado literalmente, e a noite com seu sheik, agora era real!
FIM
FÁTIMA ABREU
Fatuquinha
Nota:
Rebeca é mais uma das personagens do meu livro: A TRILOGIA DO 'CÍRCULO' .
Nota:
Rebeca é mais uma das personagens do meu livro: A TRILOGIA DO 'CÍRCULO' .
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
O LUAR DE SAPUCAIA: A HERDEIRA - MINI NOVELA- REPUBLICADA
* Republicando novamente para quem ainda não leu, ter essa oportunidade. Jane é uma das personagens do meu livro:
A TRILOGIA DO "CÍRCULO", que começa exatamente com essa trama:
Acabava de chegar ao lugar, repassava em sua mente, os acontecimentos que a levaram até ali...
Um homem baixo, atarracado, de óculos fundo de garrafa e uma gravata que nada combinava como terno, chegou ao seu escritório pela manhã, dois dias antes.
Procurava com olhos atentos quem viesse lhe atender, tocou a campainha...
Jane, que estava no lavabo, respondeu lá de dentro:
_ Já vou, aguarde apenas um momento!
O homem se sentou em uma das cadeiras de couro preto, perto do bebedouro de garrafão. Estava com calor, bebeu um pouco d´água geladinha, e no seu pensamento, reclamava do calor do Rio de Janeiro já aquelas horas da manhã...
Jane apareceu então, e ele se levantou num salto.
Disse então com a voz trêmula:
_ Srta Jane?
_ Sim, eu mesma. O que deseja?
_ O assunto que me traz aqui, é delicado. Sou Jorge Britto, advogado.
A srta é agora herdeira de um primo distante, que não tinha esposa, filhos, nem sobrinhos,
chamava-se Patrick Alves Lima. Um solitário, que Deus o tenha...
_ Ah, sim? Desconhecia esse primo, mas prossiga, por favor.
_ Ele vivia até a sua morte brusca, na pequena Sapucaia, no interior do estado. Pediu-me como seu advogado, que buscasse algum parente vivo ainda, para deixar seu patrimônio. Pesquisando, cheguei até seu nome. E aqui estou, cumprindo meu dever.
_ Sim, é verdade que lamentavelmente a família foi se acabando, morriam na maioria do coração e agora ninguém me resta... Mas me responda: Como foi a morte "brusca" desse meu primo?
_ Bem, o que se sabe que ele andava sem falar com ninguém cerca de uma semana antes do acontecido, inclusive o celular dele foi encontrado desligado, dentro do carro, que estava totalmente aberto.
O corpo boiava no rio, perto de seu sítio. A polícia local investiga o caso. Mas isso fica com os
peritos... A minha parte é deixar com a srta, esses papéis, e leia com muita calma. O resto terá de
ser feito em Sapucaia mesmo, no cartório. A srta terá de ir até lá, para assim poder dar entrada nos trâmites e receber tudo que lhe é de direito.
_ O senhor estará lá, para me orientar?
_ De certo que sim. Deixo meu cartão para tirar qualquer dúvida. Quando poderá ir até Sapucaia?
_ Depois de amanhã, porque terei que deixar tudo certo aqui, arrumar alguém para cuidar de minhas coisas até meu retorno.
_ Claro, claro... Então nos encontramos na praça central da cidadezinha, às 11:30h depois de amanhã, está bem para a srta?
_ Ok, estarei lá. Tenha um bom dia!
_ O mesmo, srta Jane...
Ele respondeu pensando:
" E quem tem um bom dia, nesse calor de 40 graus?"
*******************************************************************************
Jorge Britto fechou a porta atrás de si e Jane ainda olhou por um momento para os papéis que
estavam em suas mãos.
Pensou para si:
"Depois eu cuido de ler tudo isso. Agora ao trabalho, Jane! Você tem muito o que fazer até viajar para Sapucaia..."
Há mais ou menos 2 anos, investiu no seu escritório. Era um negócio pouco conhecido:
Gerenciava uma firma de prestação de serviços, e ao seu comando, estavam empregadas
domésticas, eletricistas, bombeiros hidráulicos, jardineiros, motoristas particulares, etc...
Teria que deixar alguém de sua confiança para cuidar da firma, e ainda alimentar seus peixinhos no aquário de sua casa. Ao fim do dia, já havia conseguido:
Lembrou da antiga vizinha, que conhecia desde os tempos de menina, para cuidar dos peixinhos e deixar a luz de fora da casa acesa, durante a noite.
Para gerenciar a firma no seu lugar, chamou sua amiga íntima: Lorraine. Elas eram como unha e carne, dividiam até seus pensamentos, se isso fosse uma coisa possível!
Respirou fundo, tudo certo...
Sapucaia aí vou eu! Pensou, enquanto escolhia a roupa para a sua pequena mala.
A praça era bem agradável. Jane percorreu com os olhos tudo à sua volta. Era muito limpinha a cidade... Ah, se o Rio fosse como nas pequenas cidades do interior, pensou...
Deu uma voltinha pelo lugar, e achou bonita a fachada da prefeitura.
Olhou para o relógio, e verificou que já estava quase na hora marcada, para o encontro com Jorge Britto.
Procurou um lugar para sentar, reconheceria de onde estivesse, aquele homem...
Já para o advogado, a lembrança dos olhos encantadores de Jane, não era fácil esquecer...
Reparou que ela era uma bela morena de trinta anos. Corpo razoável, dedos curtos, cabelos cacheados que faziam de seu rosto uma moldura perfeita!
Mas sabia, dentro de si: Jamais tal mulher olharia para ele com outros olhos, sua figura era realmente sem graça...
Mesmo assim, também era ele um homem muito bem casado, por sinal...
Jane estava vestida com um bonito conjunto de blusa e saia, azul anil.
O homem chegou e pareceu bem suado, como se tivesse corrido para estar ali a tempo.
Enxugou com um lenço que tirou da calça, o suor que descia pela testa.
Disse para Jane:
_ Bom dia, srta Jane. Apesar desse calor... Como vai?
_ Bem obrigada, sr Britto. Vamos cuidar das coisas pendentes então?
_ Sim, a caminho do cartório vou lhe falando sobre seus novos bens.
Jane ficou surpresa em saber que agora além de ter uma nova casa de 4 quartos, varanda e quintal
imensos e ser dona de um pequeno sítio, ainda teria uma boa quantia em dinheiro transferida para sua conta, que seu primo deixara no banco.
Parecia que tudo estava indo bem demais para ser verdade, embora teve uma ponta de
arrependimento de pensar dessa forma:
Afinal, era pela morte do primo que estava ali tomando posse de tais bens...
Não sabia o quanto isso mudaria sua vida, daquele momento em diante...
Jane foi atendida rapidamente no cartório, afinal, o sr Jorge Britto era um advogado muito conhecido no lugar, sendo assim, tudo foi resolvido. Ao sair dali ele a convidou para um almoço, já passava de 12:30h, e Jane estava com muita fome aquelas alturas...
Jorge Britto a levou em um dos restaurantes que almoçava sempre, e Jane achou muito agradável e limpo, o lugar. Conversavam sobre a cidade e coisas corriqueiras...
A certa altura da conversa, ele perguntou o que ela faria de agora em diante, com os bens que acabara de herdar.
_ Desculpe a curiosidade, srta Jane, mas é que eu cuidei do caso para meu amigo Patrick, então...
_ Não há problema nenhum na sua pergunta. Apenas ainda não me decidi, terei que estudar como vou conciliar meu escritório no Rio, com as coisas daqui de Sapucaia... Mas me diga: Era amigo de meu primo, há muitos anos?
_ Sim. Desde a escola secundária. Depois cursamos a mesma Universidade, em cursos diferentes:
Ele, Biologia e eu Direito, mas sempre estávamos juntos. Era um ótimo amigo...
_ E como ele era na vida social?
_ Tinha uma meia dúzia de amigos, não tanto como nossa amizade, porque éramos como irmãos...
_ Ah, como eu e Lorraine.
Ao ouvir esse nome, Britto ficou atento, e perguntou:
_ Lorraine, é sua melhor amiga, de onde ela é?
_ Sim, ela é. Mas acho que ela é catarinense, pelo menos a mãe dela eu sei que era... Na verdade, nunca perguntei de onde ela era...
Nos conhecemos pouco mais de 3 anos, antes de abrir minha firma, mas é como se estivéssemos sempre juntas desde a infância. Sabe que até os nossos pensamentos são parecidos?
E ALÉM DISSO, TODA AQUELA SENSAÇÃO DE FAMILIARIDADE DESDE QUE FOMOS APRESENTADAS A
PRIMEIRA VEZ... Pensou Jane...
Um amigo em comum nos apresentou, chamava-se Breno. Continuou...
_ Chamava-se, morreu então?
_ Sim, uma pena! Era uma boa pessoa. Faz um ano da morte dele. Aparentemente era bem
saudável, mas de um momento para o outro um ataque cardíaco, o levou...
O advogado ainda filosofou:
_ A morte não escolhe, ela simplesmente chega para todos!
E Jane assentiu com a cabeça, terminando seu almoço e pedindo um café ao garçom.
Saíram do recinto e Jane apertou a mão de Britto agradecendo. Mas de súbito, perguntou:
_ Sr Britto, devo alguma coisa? Quem paga seus honorários?
_ De forma nenhuma. Não se preocupe, Patrick me pagou muito bem pelo serviço, antes de sua morte... Aqui estão suas chaves, da residência na cidade e a do sítio. E quanto ao dinheiro: Será transferido para sua conta, o mais rápido possível. Então até outra hora, srta Jane...
_ Sim, até logo, e mais uma vez obrigada.
O advogado seguiu rapidamente tal como chegara antes, na praça.
Jane se perguntou se ele era sempre apressado assim...
Jane tomou um táxi na praça e rumou para sua nova propriedade.
Levou um susto ao perceber como era grande, de portões gigantescos... Pagou o táxi e abriu os portões, havia uma calçada cimentada ladeada por uma grama bem cuidada, árvores frutíferas,
um poço antigo que dava ao lugar um "que" de nostalgia...
Abriu a porta da casa, que era de madeira maciça, bem talhada.
Ao entrar, percebeu que ali havia objetos de Arte de grande valor de um lado, e potes de vidro com cobras no formol, de outro...
‘Natural’, pensou... Meu primo era biólogo...
Andou pela casa explorando, deu então no escritório de Patrick. Lá as paredes eram revestidas de tábuas corridas e o chão também. Numa das paredes, viu um retrato pintado à óleo de uma bela mulher loira, que repentinamente lembrava alguém...
Reparou também que havia alguns porta retratos de seu primo com amigos, presumiu...
Mas uma foto lhe chamou a atenção instantaneamente:
Era Lorraine e ele, abraçados!
Como poderia ser isso? Ela nunca havia mencionado que o conhecia, nem o seu nome! Muito estranho...
Pegou o celular da bolsa e ligou:
_ Alô, Lorraine? Tudo bem por aí, amiga?
_ Oi, tudo ok, Jane. E você, já resolveu tudo, quando volta?
_ Sim, tudo acertado aqui. Voltarei amanhã pela manhã. Agora estou dentro da casa, conhecendo tudo de meu primo Patrick. E sabe de uma coisa? Ele tinha muitas fotos com seus amigos, apesar de ser solitário!
_ É mesmo?
_ Sim, e numa delas está você!
Um silêncio de segundos pairou no ar.
Lorraine pensou rápido:
_ Amiga, deve ser alguém bem semelhante. Eu não o conhecia.
_ Não! Era você na foto, tenho certeza! Por que não admite, o que está escondendo?
_ Quando você voltar, Jane... Quando você voltar...
Desligou o telefone.
Lorraine achou tudo muito estranho, ela nunca agira assim antes...
‘Há um mistério aí, e eu vou descobrir amanhã’.
Jane olhou pela janela do quarto que escolhera para dormir naquela primeira vez em Sapucaia.
O luar era lindo! Nunca vira a lua daquela forma tão brilhante, cheia e próxima..
Parecia que estava apenas a 1 km da Terra! Isso a magnetizou.
"O luar de Sapucaia, é o mais lindo que já vi, acho que me encantei com essa cidade, quem sabe, abro uma filial aqui e me estabeleço de vez? Mas antes, tenho que saber de algumas coisas sobre
Lorraine. Ela estava muito diferente, e nunca havia dado com o telefone sem se despedir de mim..."
Pensava, enquanto admirava aquele luar singular..
.
E no Rio, Lorraine estava preocupada, uma nuvem cinza passava por sua mente calculista:
"E se ela descobrir tudo, o que faço? O que vou dizer amanhã para ela?
Tenho que procurar Rubens, ele me dirá o que fazer."
Ligou para ele, disse que era muito importante, marcando um encontro no bar da mãe Rubens.
Saiu em disparada para o bairro onde ele morava: Era um lugar feio, ruas escuras, quase sem iluminação, pessoas estranhas que pareciam ladrões... Não gostava dali, mas era ali que ele vivia, e teria que lhe falar o mais rápido possível, ainda aquela noite.
Ali estava Rubens no bar, sentado, mexendo com seu baralho. Lorraine chegou e foi direto ao assunto:
_ Jane está desconfiada de mim. Viu uma foto minha e de Patrick, na casa de Sapucaia.
_ Bem sendo assim, temos que agir com cuidado, inventando uma desculpa: Diga para ela que não se lembrava dessa foto. Mas que uma vez, esteve naquela cidade com um grupo da faculdade, e ali foram apresentados... E como ele tirava muitas fotos com os colegas, a convidou para também tirar
uma, com ele. Ela "engolirá"!
_ Não sei, ela é muito esperta... Mas é o que me resta fazer... Se ela descobrir a verdade será nosso fim!
_ Sim, sim... Agora vai já ocupou muito meu tempo.
_ Ok. Te ligo depois.
_ Vai! Não escutou ainda?
_ Tá, tá...
Lorraine ficou pensando como suportava o mau humor de Rubens, talvez porque ele era ótimo amante. E seu físico bem malhado a atraía... Além do segredo, é claro, que os envolvia.
Saiu a passos largos, detestava estar ali. E pensar que tudo foi tramado em uma mesa daquele bar!
Jane ainda digeria tudo em sua mente, quando pegou o ônibus de volta ao Rio, pela manhã.
Ao chegar em casa, encontrou D. Matilde dando comida aos seus peixinhos. Deu um cordial " bom dia".
E ela respondeu:
_ Aqui correu tudo bem ontem, Jane. Bom dia para você também, vou embora, já que está de volta.
Olha, um sujeito andou rondando a vizinhança de noite. Tome cuidado, minha filha, porque ele não é conhecido daqui da região.
_ Ah, foi? Nossa! Eu agradeço ter cuidado da minha casa, D. Matilde.
_ Não agradeça Jane. Faço com gosto, afinal eu e sua falecida mãe, éramos amigas de longa data!
Te vi crescer, menina!
_ Eu sei.
D. Matilde entregou o vidrinho da comida de peixes nas mãos de Jane, que deu um beijo no rosto vermelho da senhora, enquanto fechava a porta da sala.
Jane lembrava agora do quadro pintado na parede do escritório de Patrick: Uma bela mulher loira que se parecia com alguém que conhecia...
Puxou pela memória fotográfica... Sim, era isso: Parecia com Lorraine, sendo um pouco mais velha, seria sua mãe?
Cristina Pires era muito bonita. Tanto, que naquele ano concorria a miss pelo estado de Santa Catarina. Tinha um lindo corpo e olhos verdes graúdos. Giovani Lima era o Relações Públicas do concurso.
Já havia um certo interesse no ar de ambas as partes. Ele resolveu chamar Cristina para jantar, queria impressionar.
Ela, de sua parte achava Giovani bem atraente e bem relacionado. Talvez lhe fosse bem útil no futuro. Queria ingressar na carreira de modelo fotográfico, ele poderia lhe ajudar nessa empreitada...
Aceitou o convite.
Lá pelas 21:00h estavam no restaurante muito bem escolhido por Giovani. Era adorável aquele ambiente, pensava Cristina...
O homem puxava os mais variados assuntos com ela, até que chegou na pergunta principal:
_ Cristina, o que fará se não for a nova miss Sta Catarina? Quais seus planos?
_ Sabe Giovani, penso em tentar carreira de modelo no Rio ou em São Paulo. Lá é que as coisas acontecem!
_ Sim, é verdade. Boa escolha, afinal você é linda!
_ Obrigada, você é gentil.
_ Eu vou para o Rio, tão logo acabe o concurso, quer ir comigo, se não conseguir ganhar?
_ Ora, não esperava por isso, esse convite de sua parte... Mas aqui não tenho ninguém, nada me prende em Srta Catarina. Se não conseguir me tornar miss, vou com você!
_ Certo. Brindemos então!
Os dias se passaram e ela não ganhou o concurso. As malas já estavam prontas e ela partiu para a sua nova vida no Rio, ao lado de Giovani Lima.
Nunca chegou a ser modelo fotográfico, em vez disso, tornara-se a sra Lima. Dois anos e meio depois do casamento, ela dava a luz à uma linda loirinha:
Lorraine Pires de Lima!
A vida de Cristina foi ceifada por um trágico acidente de carro, quando ia do Rio para sua casa em Sapucaia. Giovani passara muitos momentos alegres com ela ali, quando resolveram comprar uma casa no interior do estado.
Agora a casa estava grande para ele e sua pequenina filha. Tomou coragem de assumir então, o seu caso com Adriana Alves, uma morena que havia conhecido ali mesmo em Sapucaia. Mesmo amando Cristina, tinha o sangue quente dos italianos, e de vez em quando "pulava a cerca"...
Um ano antes, Adriana também dava à luz um filho seu: Patrick. Ele ficou orgulhoso com a chegada de um filho homem, então o assumiu de vez. Trouxe Adriana e Patrick bebê, para morar na casa de
Sapucaia, junto com sua filha e ele.
As crianças cresciam juntas, mas algo incomodava Lorraine:
A preferência do pai pelo filho homem!
Ficava irritada com a diferença de tratamento que ele fazia. E ao longo dos anos, isso se tornou um tormento que ela não suportava mais. Nessa época, Giovani veio à falecer de um ataque cardíaco, assim como todos os seus parentes antes, inclusive seu jovem sobrinho Breno, tempos depois
dele...
Com a morte súbita de Giovani, Adriana fez de tudo para tornar cada dia de Lorraine, um verdadeiro caos, naquela casa. Ela queria ficar só com seu filho ali, dispensava a presença de Lorraine...
Tanto fez que ela saiu, mas antes de ir embora, procurou desesperada as jóias que tinham sido de sua mãe Cristina, em vão... Não achou, e disse em tom de vingança:
_ Um dia eu volto, acho as jóias e tomo o que é meu de direito!
Dito isso, deu as costas. E nunca mais ninguém soube de Lorraine, em Sapucaia.
Não levou muito tempo arquitetando sua vingança, meses depois Adriana também morria...
Naquela tarde Adriana recebeu um telefonema de alguém que conhecia Patrick. Dizia que Patrick estava em uma trilha, quando uma cobra o mordeu. O veneno era rápido. Ela teria de procurar no quarto dele, nas coisas da universidade, o soro anti ofídico. Mas precisava agir muito rápido, o tempo dele se esgotava...
Saiu em disparada com o carro, a estrada era muito ruim, ladeada por um barranco. Não
raciocinava direito, o coração acelerava...
Seu único filho! Não poderia viver sem ele!
Um carro a perseguia, ela não havia notado, mas em uma manobra, jogava o carro de Adriana, barranco a baixo...
Um homem parou o carro, e observava com um sorriso sarcástico nos lábios: Era Rubens. Pensou em segundos:
"Mais um bom trabalho feito!"
Uma voz do outro lado da linha, relatava os fatos...
Lorraine estava contente, porque a primeira parte de sua vingança começara... Desligou o telefone, já sabia agora da morte de Adriana.
Agora a segunda parte seria se aproximar de sua priminha distante: Jane!
Precisava um jeito... Procurou seu primo Breno no Rio, queria que ele indicasse uma boa firma de prestação de serviços. Ela sabia que Breno conhecia Jane, sem nunca adivinhar que também faziam parte da mesma árvore genealógica... Uma dessas coisas do destino!
Ele apresentou-as cerca de 3 anos antes, Lorraine contratou os serviços da firma, e aparentava interesse nas coisas de Jane... Ficaram muito amigas. "Amigas demais", pensou Breno...
O primo tornara-se um problema para Lorraine:
Era difícil ficar com Jane sem ele estar por perto o tempo todo, e isso não estava em seus planos.
Decidiu eliminá-lo. Ligou mais uma vez para Rubens...
_ Oi, sou eu. Tenho mais um ‘trabalhinho ’para você:
Acabe com meu primo Breno, antes que ele me atrapalhe... Não quero saber como, faça parecer um ataque cardíaco, afinal, todos morrem na família dessa forma... Ninguém estranhará...
_ Ok, mas sua conta só cresce comigo...
Rubens desligou o telefone e já sabia como dar um fim em Breno. Afinal eram amantes também...
Bastava uma bebidinha preparada, e não deixaria vestígios... Seria um parada cardíaca rápida.
"Uma pena, pensou... Breno era um bom amante!"
O nome de Lorraine não saía da cabeça de Jorge Britto...
"Seria a irmã de Patrick? Pelo que disse Jane, a mãe dela era catarinense, confere...
Mas se fosse ela, porque não mencionara que era prima, mesmo distante haviam laços...
Estranho, muito intrigante tudo isso".
Pensou em ligar para Jane, e fazer algumas perguntas para averiguar, porque se Lorraine estivesse viva, a herança teria de ser repartida entre elas, porque Jane era favorecida e Lorraine, irmã de Patrick...
_ Alô, srta Jane?
_ Sim, e pela voz é o sr Britto. Como vai?
_ Bem obrigado. Estou lhe incomodando?
_ De forma alguma, do que se trata?
_ Estou curioso com uma coisa: A sua amiga Lorraine... Qual o sobrenome dela?
_ O nome dela é Lorraine Pires de Lima, mas qual o interesse? Diga-me por favor, porque encontrei uma foto dela com meu primo na casa de Sapucaia...
_ Então é mesmo ela! A filha desaparecida de Giovani e Cristina...
As coisas ficaram claras agora: O retrato da parede, era a mãe de Lorraine, e a foto dela com Patrick...
Mas, ainda havia um grande mistério aí:
Por que Lorraine nunca mencionou tal parentesco?
Jane permanecia calada, e longe ouviu a voz de Britto lhe chamando de volta:
_ Srta Jane? Não me escuta?
_ Ah, sim... Obrigada por tudo sr Britto foi de grande valia essa nossa pequena conversa.
_ Quero lhe pedir que me mantenha informado, srta Jane. Afinal pode ser que ela recorra na Justiça os direitos de irmã. Antes, ela tinha sido dada como desaparecida, a srta entende minha situação?
_ Mas claro! Eu mesma vou tentar conversar com ela sobre isso... Depois ligo, ok?
_ Ok, obrigado.
Jane pousou o celular devagar no colo... Mas que coisa! Lorraine tinha muito que lhe explicar...
Depois da eliminação de Breno e de Adriana, restava apenas para Lorraine completar sua vingança, acabar com seu meio irmão, sem deixar dúvidas que fora mais uma fatalidade...
Precisava arquitetar bem seus planos dali para frente, cada passo muito bem pensado...
Enquanto ela pensava, Rubens já sabia como fazer:
_ Vamos fazer um guerrinha de nervos com ele, Lorraine:
Passo como seu sequestrador, ele "engolirá" isso, porque faz tempo que não dá notícias, e até acham que você morreu. Soube que ele pediu a um advogado amigo dele, um tal de Jorge Britto, para procurá-la ou algum parente ainda vivo. Porque tem medo que o patrimônio não fique para ninguém...
Voltando ao plano: Exigimos que ele vá até o rio perto do sítio, para entregar o seu resgate.
Daremos uma semana de prazo, para que você seja "entregue" na troca pelo dinheiro.
Ele ficará sem falar com ninguém durante essa semana de espera. Direi que nem celular ele atenderá, a menos que veja o meu número, que é claro, vai ser de um celular clonado...
Depois, farei com que ele corra para te salvar de dentro do rio, porque ele imaginará que você está se afogando...
E então, eu chego por trás, e o afogo. Não acha um bom plano?
_ Sim, é. Sua mente realmente é de um bandido... Tem vezes que até eu, tenho medo de você.
_ Isso só me deixa como ego lá em cima... Mas não se preocupe, não tenciono te matar, afinal você
é minha amante.
_ Ainda bem!
_ Agora vou por em prática, farei minha primeira ligação de ameaça para seu irmãozinho Patrick...
_ Ok, mas mantenha contato. Quero saber de tudo.
Ela lhe deu um beijo bem acalorado, e saiu apressada.
Foi assim que tudo se deu... Numa manhã, o carro de Patrick foi encontrado perto do rio, todo aberto, o celular desligado.
O corpo boiava, a expressão do rosto parecia ter ficado marcada por intenso terror.
A polícia investigava o caso: As chamadas anteriores no celular, seriam a primeira coisa a procurar, mas não deu em nada essa linha de raciocínio, porque foi descoberto que o número das chamadas eram de um celular clonado...
Haviam pegadas de pés número 42/43 talvez, seria então um homem!
Dificilmente uma mulher teria tais números de calçados, mesmo as mais altas!
O delegado começaria procurando então pela lista de homens que Patrick conhecia, desde a universidade até os dias atuais.
Ele poderia ter alguém que o tivesse ameaçado, uma briga, uma vingança prometida por um desses homens, depois de algum tempo esquecida por parte de Patrick..
.
Lorraine, finalmente ficara livre do irmão indesejado, que tantos anos teve que tolerar a convivência, em nome do amor que nutria pelo seu pai.
Agora o resto era fácil:
Cada dia mais ganharia a confiança da priminha e depois de conquistá-la, faria com ela o mesmo.
Ninguém acreditaria que Lorraine seria capaz de matar sua melhor amiga,
E ficaria como única herdeira do patrimônio deixado.
Sem brigas na Justiça, sem ter que se explicar por ter sido dada como desaparecida. Apenas surgiria do nada, e reclamaria ao juiz sua herança. Pois dessa vez, não teria mais nenhuma pedra no seu caminho...
Rubens ficaria sempre com ela, eram amantes e cúmplices em toda trama.
Viveriam muito bem dali em diante, era só questão de mais uns dois ou três meses...
Jane estava preocupada teria de ir com jeito para não provocar uma ataque de ira em Lorraine, pois
mesmo sendo amigas, sempre notava uma certa agressividade da parte de Lorraine com as
pessoas a sua volta. Tinha vezes que presenciava um jeito de olhar estranho, quase vil, sem falar em momentos que também mostrava estar insatisfeita com isso ou aquilo... Tinha dores de cabeça muito fortes, e agora sim entendia uma coisa que antes não havia notado:
Depois dessas dores de cabeça, Lorraine mudava sempre de comportamento, como se fosse outra pessoa ou até quem sabe, uma dupla personalidade...
Como tinha sido ingênua, pensou Jane! Mas é claro que é isso:
Lorraine tem dupla personalidade,
está explicado, ela não nunca ter mencionado algum parentesco... Seu outro EU se negava a isso!
A porta do escritório foi aberta, e um caloroso " Oi, amiga!", foi dito por Lorraine, ao abraçar Jane.
Um instinto dizia à Jane: " CUIDADO"...
_ Oi, Lorraine. Tudo bem por aqui? Como foram as coisas desde ontem?
_ Nada de mais, despachei uns encanadores para um condomínio no Recreio, e 2 eletricistas para Jacarepaguá. Ah, e precisamos contratar também uma personal organizer, porque é um ramo que está sendo muito procurado no momento.
_ Sim, eu sei. Agora amiga, me diz uma coisa: Disse no telefone que me explicaria sobre a foto, aquela em que estavam você e meu primo Patrick.
_ Ah, é verdade... Tinha até me esquecido... Foi uma das minhas idas com meu grupo da faculdade.
No outro grupo estava seu primo, que tirava fotos com todos lá, fomos apresentados e aí ele me convidou para também tirar um retrato com ele. Foi só isso. Uma única vez o vi, por isso não lembrava do seu nome, quando você mencionou que herdou tudo dele.
_ Sim, entendi. Ok, então vamos dar continuidade ao que foi começado no dia de ontem, não é mesmo? Ao trabalho!
Lorraine esperou Jane virar de costas, e fez uma careta como se fosse uma criança levada.
Mas, Jane agora tinha certeza: Ela mentia!
Sua amiga/prima, escondia muito mais coisas de sua vida anterior. Dia após dia saberia de muito mais ...
"Era só ter calma, muita calma"...
Os dias passavam lentos na opinião de Lorraine, era ansiosa demais.
Seu problema era mais do que dupla personalidade como suspeitava Jane, a amiga Lorraine, era uma verdadeira esquizofrênica...
Teria de ser tratada. Mas ela não sabia, seu pai desconfiava e Adriana tinha certeza, mas ela, achava-se uma pessoa perfeitamente normal.
Lorraine achava que Jane tinha acreditado na sua mentira, mal sabia da conversa dela com Jorge Britto... Jane não mencionou nem iria falar...
Queria descobrir sem "cutucar a onça com vara curta".
Jorge Britto sabia das desavenças entre Adriana e sua enteada Lorraine.
Porque mesmo gostando da irmã e sem suspeitar que ela intimamente o odiava, Patrick sempre comentava com seu melhor amigo sobre o caos dentro de casa, das brigas entre elas. Ele apenas se limitava a acalmar os ânimos...
Até que um dia sua irmã foi embora sem se despedir dele. Estava com seu grupo de pesquisa em algum lugar da Mata Atlântica, foi isso que disse para mãe antes de sair na excursão:
_ Mãe, não se preocupe, estarei em algum lugar da Mata Atlântica, agora é só imaginar onde...
_ Meu filho, não faz assim, me diz certinho onde você vai, para alguma eventualidade, uma emergência com você ou comigo. E também mantenha o celular ligado. Pensei que depois que você terminasse a universidade diminuiria essas trilhas... Mas vejo que só aumentam mais!
_ Mãe, agora além de biólogo, professor, faço turismo ecológico, é minha vida mãe, aceite por favor...
_ É difícil, Patrick, só tenho você, meu único filho!
_ Fique tranquila não há perigo. Temos muitos equipamentos, provisões, etc e tal...
_ Então vá meu filho, e que Deus te abençoe e guarde!
Ela não era uma mulher religiosa, mas de uma coisa sabia: A bênção de uma mãe, realmente protege seus filhos dos perigos!
Dias depois, quando Patrick voltou dessa excursão, soube que a irmã havia deixado a casa subitamente... Foi isso que disse Adriana para ele, sem mencionar uma grande briga entre elas, antes de sair "de mala e cuia"...
O irmão lamentou, ao contrário de Lorraine, ele gostava dela... Mas Lorraine era dona do próprio
destino, faria o que quisesse então...
Depois de meses sem notícias eles presumiram que ela desaparecera, ou até que tivesse morrido, porque sendo da família Lima, o estigma da doença cardíaca era uma sombra....
Mas no Rio ela estava bem escondida e pronta para dar o "bote", tal como cobra que era...
O resto, foi tudo dando como ela queria até aquele momento.
Agora, uma nova etapa: Matar sua prima Jane!
Jorge Britto resolveu repensar tudo com muita cautela. Teria de dizer ao delegado do caso, que tomara conhecimento de um fato novo: A irmã de Patrick estava viva, e que ela tinha indícios de problemas mentais, desaparecera por 3 anos, sem nunca dar uma notícia. Teria de ser ouvida em depoimento também, como parente mais próximo do falecido amigo e forte candidata à uma vingança familiar...
Ligou para o delegado. Ele ficou atento a tudo que Britto disse, e respondeu:
_ Ótimo, obrigado pela informação. É uma nova linha de investigação, já que de outras formas não chegamos a lugar algum até agora.
_ Espero que tudo seja esclarecido. Peço que me informe ao final da investigação. Patrick era como meu irmão...
_ Pode deixar Britto, eu te digo quando isso chegar ao fim.
Britto desligou o telefone, e um sorriso "amarelo" surgiu em seu lábios.
Fim de semana seguinte à chegada de Jane em casa, Lorraine convidou-a para dar um passeio à Santa Teresa. O bairro dos artistas plásticos, onde reúne ateliês de portas abertas. Mesmo nascida no Rio, Jane nunca tinha ido à Santa Teresa.
Resolveu aceitar o convite de Lorraine. Até porque, seria uma boa chance para especular de forma que ela fosse soltando aos poucos. Jane faria com que ela bebesse mais do que o normal...
Lembrou que o pessoal do escritório mencionou que quando Lorraine bebia, não tinha controle nenhum de si..
Jane não gostaria de usar tal artifício, embebedar a amiga, mas era só assim que arrancaria alguma coisa dela, sobre o passado...
Santa Teresa no verão é cheia de turistas, visitantes do Brasil e muitos, muitos estrangeiros... É também o local de maior número de artistas plásticos, com muitos ateliês. Tem os bondes, que aliás, só se encontram ali e se tornaram o cartão postal do bairro carioca.
_ Muitos barzinhos na beira da calçada, Jane. Vamos escolher um, e sentar para tomar uma cervejinha?
_ Sim, está muito calor, mas prefiro pedir uma cerveja escura. Questão de gosto...
_ Ok, eu vou de loirinha gelada mesmo.
Chamou o garçom e pediram as cervejas com uma porção generosa de batatas fritas.
Entre uma e outra conversa, Jane foi pedindo mais cervejas para a amiga, mal ela acabava, o copo estava estranhamente cheio de novo...
Assim em meia hora, Lorraine já estava bem tonta, e "no ponto", pensava Jane.
Não demorou muito ela já respondia a qualquer pergunta que Jane fazia.
E com o calor intenso e as revelações do passado de Lorraine, Jane até se sentiu mal.
Em um momento ela falou de Rubens. Jane ficou atenta. Perguntou:
_ Esse Rubens, é seu amante?
_ Só amante não, é meu cúmplice!
_ Como é, cúmplice, de quê?
_ De uma trama, ora!
_ Mas e qual foi essa trama?
_ Mandei ele matar Adriana, Breno e Patrick.
Jane quase desfaleceu ali mesmo. O choque que levou quando ficou sabendo da verdade...
Então ela era pior do que imaginava. Não era um caso de dupla personalidade, ela era má mesmo, uma assassina!
Jane lembrou do seu instinto aguçado de novo: "CUIDADO".
À essa altura ela queria desconversar para Lorraine esquecer o que tinha revelado. E disse então, recobrando a calma:
_ Amiga, esquecemos de visitar os ateliês, vamos agora? Adoro Artes.
_ Pensei que íamos ficar mais um pouco aqui no barzinho.
_ Vamos sim, Lorraine. Anda, eu ajudo você a levantar daí...
Ela estava trocando as pernas de tão bêbada! Jane mal conseguia mantê-la de pé.
Jane desistiu de conhecer qualquer ateliê naquele dia. Pediu a ajuda para um dos garçons, que pediu um táxi.
Estavam de volta agora, ao Centro da cidade. E pediu ao porteiro do prédio de Lorraine que a ajudasse a subir com a amiga, pois ela sozinha não poderia.
Quem visse a cena acharia uma vergonha! Uma mulher bonita, loira, bem vestida, naquele estado!
Jane pegou a chave dentro da bolsa de Lorraine e abriu o apartamento. Nunca havia entrado no apartamento dela, constatou. Curioso, isso, pensou...
Sempre ela vinha à minha casa, mas nunca me trouxe aqui.
Por que será, o que ela esconde aqui?
Agradeceu ao porteiro e fechou a porta atrás de si, logo depois de deixar Lorraine deitada no sofá da espaçosa sala que ela dividira muito bem, fazendo uma parte como escritório.
Jane resolveu fuxicar, aliás agora para ela era questão de sobrevivência.
Fácil saber que seria a próxima da lista de assassinatos de Lorraine, já que era a herdeira.
Remexia aqui e ali, dentro da escrivaninha, das gavetas dos armários, até que parou
abruptamente:
Encontrou o que menos esperava:
Uma foto de Breno com um homem ao seu lado, abraçados de uma forma que revelava uma certa intimidade, então era assim que se parecia Rubens!
Melhor guardar bem esse rosto, ele pode aparecer a qualquer momento.
Sua memória fotográfica firmou bem os traços de Rubens: Sujeito forte, corpulento mesmo, branco, rosto quadrado, cabelos crespos e castanhos, uma tatoo de um ninja no braço. Pronto! Agora não tem mais como esquecer.
Jane fechou a porta do apartamento e desceu pelo elevador o mais rápido que pode, ficou com medo dele aparecer por ali, afinal, Lorraine lhe disse em meio a bebedeira que ele tinha a chave.
Jane ligou para Jorge Britto, assim que chegou em sua casa:
_ Alô, sr Jorge Britto, por favor?
Uma voz trêmula disse:
_ Ele não pode atender a ninguém agora.
_ Mas diga que é importante, que é a Jane, do Rio.
_ Você não entende. Ele não pode responder porque acaba de morrer.
Jane não acreditava no que ouvia... Ele também? Meu Deus!
Seria como "pisar em ovos", todo cuidado agora, é pouco...
Ela voltou à conversa e perguntou:
_ A sra é a esposa dele? Quando será o enterro?
_ Sim, sou. O enterro amanhã, será às 11:30h, no cemitério da cidade mesmo.
Por instantes Jane lembrou que tinha sido nesse mesmo horário que ele a encontrou, na praça de Sapucaia...
_ Estarei lá, precisa de alguma ajuda financeira sra?
_ Não, obrigada mesmo assim.
_ Então até amanhã. E meus sentimentos...
Jane não entendia o porquê da morte de Britto. Afinal, era ela com certeza a próxima da lista de Lorraine!
"Amanhã será um longo dia"...
A notícia da morte de Jorge Britto pareceu surpreender Lorraine, quando Jane deixou uma mensagem no celular:
´Não abriremos o escritório hoje. Vou à Sapucaia, ao enterro de Jorge Britto.´
Estranha esse morte do Britto. De certo deve ter sido algum acidente.
A cabeça dela doía intensamente, além da ressaca do dia anterior. O que agravava seu transtorno mental.
Achou melhor dormir o dia inteiro...
As pessoas se mostravam realmente tristes, com a morte súbita de Jorge Britto. Ele era um advogado querido, e amigo de muitos no lugar.
Jane percorreu com os olhos para descobrir a viúva de Jorge Britto.
Deveria ser uma mulher de seus 28/29 anos. Mais ou menos regulando com ele que tinha 30.
Não demorou e viu alguém que estava cercada de pessoas. Sim, com certeza era ela.
Foi até lá e se apresentou.
Deu os pêsames, mas tinha ido ali não só para o enterro, como também para saber em que circunstâncias Jorge Britto havia morrido.
Iria com calma. Não perguntaria assim, teria de especular com os vizinhos, parentes, amigos.
Perguntar diretamente à viúva estava fora de questão, já era grande seu tormento...
O delegado investigava a morte de Jorge Britto, teria sido suicídio? Ele foi encontrado pela esposa caído no chão do quarto, em uma poça de sangue, os pulsos cortados...
Essa era a opção mais óbvia, entretanto, alguma coisa não se encaixava, ele não tinha motivos para isso, Jorge Britto era bem relacionado na cidade, tinha muitos amigos, os vizinhos gostavam muito dele, a sua vida familiar também sempre foi das melhores, todos sabiam como ele se dava bem com a esposa, e planejavam ter filhos...
Não poderia ser suicídio, alguém fizera aquilo com ele, para que se fosse pensado nessa hipótese.
De qualquer forma, estaria investigado o mais rápido possível, porque alguma coisa lhe dizia que isso tinha um certo laço com a morte de Patrick...
A campainha do apartamento de Lorraine tocou. Ela olhou no "olho mágico" e viu que era uma mulher a quem não conhecia. Abriu a porta e disse:
_ Sim, o que deseja?
_ Você não me conhece, mas posso te dizer que o delegado de Sapucaia está de olho em você.
Tome cuidado!
_ Entre aqui. Mas o que está me dizendo? Quem é você, primeiramente?
_ Não quero me identificar, mas vim como sua amiga. Tome cuidado a partir de agora!
A mulher olhou bem tudo que tinha na sala de Lorraine, percebeu na parte do escritório uma foto na escrivaninha:
Parecia Rubens e outro homem, mas estava longe, teria que se aproximar para averiguar...
_ Poderia me dar um copo de água? Está muito calor, e depois disso eu vou embora...
Lorraine, foi até a cozinha e enquanto isso, a mulher sorrateiramente confirmou que era mesmo Rubens no retrato da escrivaninha.
Lorraine voltou, mas a mulher já havia saído.
"Estranho, muito estranho tudo isso"...
Jane estava com medo de voltar a encontrar Lorraine, não queria chamar a polícia, pois não tinha provas concretas, apenas a confissão dela no barzinho de Santa Teresa não era o suficiente, não havia gravado. Como não pensou nisso naquele dia?
Deveria ter colocado seu celular para gravar enquanto conversavam...
Foi para seu escritório, agiria como se nada soubesse, teria cuidado, e assim que houvesse outra chance, ela gravaria uma nova conversa, teria de embebedá-la mais uma vez.
Lorraine chegou pouco depois de Jane. Estava estranha, parecia que o olhar estava perdido em algum lugar... Deixou-se cair em uma das cadeiras de couro da recepção.
Nada dizia, apenas o olhar perdido...
Jane não quis se aproximar, fingia não perceber nada.
Rubens estava no bar de sua mãe, quando ela chegou.
A mulher era muito mais bonita que Jane e Lorraine juntas!
Era de estatura mediana, cabelos castanhos que caíam pelos ombros. Olhos de uma cor que não se sabia se era cor de mel ou amarelo esverdeados...
Tinha um leve bronzeado, as marquinhas do biquíni apareciam na blusa "tomara que caia" que vestia...
A saia era um palmo acima do joelho, um belo conjunto verde água.
Ele se virou e disse assustado:
_ Você, por aqui?
_ Isso mesmo. E acabo de conhecer o apartamento dos dois pombinhos...
_ Você conheceu Lorraine?
_ Sim, acabo de vir de lá. É uma loira bonita. "Pena ser tão doente da cabeça", pensava...
_ E o que foi fazer lá? Me diz...
_ Fui alertar sobre o delegado de Sapucaia.
_ Ele desconfia dela?
_ Sim, e muito...
A conversa parou subitamente. Ele teria de repensar todo esquema, não poderia eliminar Jane tão cedo.
As suspeitas se levantariam contra Lorraine, agora que estava sendo visada.
_ Volte para casa, no fim de semana te vejo.
_ Eu vou sim. Te espero no mesmo local de sempre. Até lá...
_ Vai, vai...
A linda mulher se virou, deu um tchauzinho, e foi embora dali.
Jane estava desconcertada, alguma coisa tinha deixado Lorraine naquele estado. Mas o que seria?
A água do galão escorria no copo plástico de Lorraine, ela não percebia...
Jane desligou a torneirinha do galão, e se virando para Lorraine perguntou finalmente:
_ Mas o que houve hoje com você amiga?
Amiga... isso agora soava incrivelmente falso, ela refletia...
_ O quê? Não estava prestando atenção, estou com dor de cabeça.
_ Nada, nada... Se é assim, vai para seu apartamento descansar. Não trabalhe hoje.
_ Ah, vou sim. Acho que não tenho condições de ficar. Tchau Jane.
_ Tchau, "amiga"...
O fim de semana chegou e Rubens foi até o pequeno sítio onde se encontrava com ela.
A mulher já estava lá desde cedinho. Cozinhando alguma coisa para o almoço.
"É muito linda", pensou Rubens quando a abraçou, enlaçando a cintura bem feita dela.
_ Ah, chegou amor? Não havia escutado o barulho do carro. É que estou com a música no volume máximo. Deixa eu abaixar agora.
Ela foi até a copa, e abaixou o volume do som. Ele havia dado aquele som de presente para ela, depois de Lorraine o pagar pela morte de Adriana...
_ Vamos para cama, estou com saudades de você...
_ Ah, mas nos vimos naquele dia, como pode estar com saudades?
_ Você sabe de que saudades, estou falando...
Ela riu, sabia sim...
Eles se davam muito bem na cama.
Apagou o fogo da comida e foram para o quarto.
O delegado colocou um detetive da polícia no encalço de Lorraine, cada passo que ela desse seria bem observado.
Lorraine não tinha desenvolvido a síndrome do pânico, mas estava quase à beira disso. Sentia-se vigiada desde que aquela mulher chegou a seu apartamento durante a semana, quando disse que o delegado suspeitava dela...
Olhava para os lados desconfiada, mas ao mesmo tempo nada percebia, parecia que estava alheia a tudo, numa dessas, não viu um caminhão que vinha na sua direção.
FOI APENAS UM MOMENTO, E TUDO FICOU NEGRO...
Era o fim de uma assassina.
Jane recebeu a notícia cerca de duas horas depois.
Mesmo sabendo que não deveria fazer nada por ela, pois a intenção de Lorraine era matar Jane, o seu coração fez com que providenciasse todo o enterro.
E depois na saída do cemitério, ela voltou-se mais uma vez e disse baixinho:
_ Adeus, Lorraine. Poderia ter sido tudo diferente...
A campainha da porta de Jane tocava disparada.
Era D. Matilde. Jane atendeu, com muita paciência com aquela senhora, apesar de detestar que as pessoas façam esse tipo de coisa...
_ Bom dia, D. Matilde, o que houve?
_ Jane, minha filha, leu o jornal hoje?
_ Não ainda não. Só compro no caminho para o escritório.
_ É que tem uma notícia que vai lhe deixar triste, olhe.
O jornal que trazia consigo, D. Matilde entregava nas mãos de Jane.
Ela se espantou com o que a manchete dizia:
MULHER É ATROPELADA POR CAMINHÃO NA TARDE DE QUARTA FEIRA, ESTAVA GRÁVIDA.
Ah, então ela estava grávida! Que pena... Ou seria, melhor assim? Uma mulher que era assassina, não daria uma boa mãe.
Mas D. Matilde desconhecia tudo. Natural que quisesse mostrar a notícia, sabia que eram amigas como irmãs...
_ Obrigada por me mostrar D. Matilde.
Dito isso, entregou o jornal de volta à senhora.
D. Matilde ficou meio surpresa com a reação de Jane.
Mas nada perguntou. Foi embora.
Jane entrou em seu quarto e se arrumou bem calmamente. Agora não teria medo. Rubens nada faria para ela. Lorraine, sua fonte de dinheiro, estava morta e enterrada.
A notícia no jornal pegou Rubens de surpresa. Grávida!
Ela estava grávida de um filho seu!
Ele deixou a mulher apressadamente. Disse que teria de ir embora de volta para o Rio, porque Lorraine morrera.
Ela não escondeu um sorriso de satisfação:
Menos uma rival!
Ao abrir o apartamento de Lorraine, estava ali, alguém muito interessado em toda trama:
O delegado de Sapucaia.
Conseguiu uma permissão para entrar no apartamento de Lorraine para averiguações.
Rubens ficou por um minuto sem cor nos lábios, empalidecera como vela...
O delegado dirigiu-se para ele e disse:
_ Sou o delegado de Sapucaia. E o senhor, quem é? Como entra em um apartamento que não é seu?
_ É que éramos namorados, eu tinha a chave.
_ Ah, sim? Então poderá ir comigo prestar depoimento na delegacia de Sapucaia, pois não?
_ Posso sim. Não tenho nada com esse caso mesmo. Ela morreu atropelada.
_ Não me refiro à Lorraine Pires de Lima. Mas ao caso em que ela era investigada.
_ Era? Não sabia de nada. Então vamos, estou a sua disposição delegado.
Os dois homens pegaram o elevador, mas as mentes tinham um único pensamento:
Onde isso tudo vai levar...
Jane se sentia aliviada. Parecia que tudo voltava ao normal em sua vida. Podia andar na rua sem medo agora...
Na delegacia de Sapucaia, o delegado fazia perguntas à Rubens:
_ Então sr Rubens, o senhor era " namorado" de Lorraine. Não notava algum comportamento diferente do normal?
_ Sim, algumas vezes.
_ E isso não lhe deixava preocupado? Se ela fosse uma assassina, por exemplo?
_ Não, ela não chegaria a tanto. Era apenas uma mulher amargurada pelos "fantasmas" do seu passado.
_ Ah, era? E pode me falar disso?
_ Tinha ciúmes do irmão. Não vivia bem com Adriana também. Resolveu ir embora de Sapucaia, e aí foi que a conheci no Rio.
_ Sim, entendo. E ela tinha parentes no Rio?
_ Apenas um primo chamado Breno. Que também já morreu.
_ Hum... Bem, e o senhor o conheceu também?
_ Sim, fomos apresentados por Lorraine. De vez em quando, saíamos os três.
_ Bem, por hoje é só. Mas aguarde notícias minhas, pretendo lhe chamar de novo.
_ Sim, estarei pronto quando me chamar. Até logo.
_ Até logo.
O delegado sabia que ele escondia muitas coisas, e já começava achar que ele seria o cúmplice de Lorraine.
Jane recebeu um bilhete por debaixo da porta do escritório. Abriu curiosa. Por que alguém faria isso? Era só entregar em suas mãos...
O bilhete dizia:
´Jane, sei quem matou Britto, se quiser maiores detalhes, vá até Sapucaia. Deixarei um envelope relatando tudo, embaixo de um dos bancos da praça.
O envelope será azul
ASS: Um amigo.´
‘ Muito intrigante isso. Se a pessoa sabe, porque não vai direto ao delegado do caso? Isso está cheirando a uma armadilha. Será Rubens? Mas, que interesse ele teria agora em me eliminar, se Lorraine está morta e não pode reclamar a herança?
Vou direto para quem isso interessa: A polícia. Levarei o bilhete.’
Determinada, tomou um banho e trocou de roupa.
Saiu e pegou mais uma vez o rumo de Sapucaia...
Aquela praça já estava se tornando parte de sua vida. Observava Jane...
Dirigiu-se para a delegacia. Foi anunciada por um ajudante do delegado.
O delegado ficou surpreso com a visita:
_ Srta Jane, a herdeira de Patrick Lima? Pode mandar entrar sim.
Ela não gostaria de estar em uma delegacia, mas era isso que tinha de fazer. Foi direto ao assunto:
_ Sr delegado, obrigada por me receber. Estou com um bilhete que foi deixado embaixo de minha
porta. Leia, por favor.
Ela entregou ao delegado, aguardou instantes, ansiosa para que ele dissesse alguma coisa.
_ Srta Jane, pode ir até lá? Seria como isca. A pessoa que escreveu esse bilhete, com certeza vai
estar lá escondida em alguma parte, ou mesmo sentada normalmente em um dos bancos da praça, para se certificar que apanhará o envelope azul.
_ Mas vou ficar visada se fizer isso. Corro risco sabendo a verdade. Prefiro sinceramente não saber de nada.
_ Ajude na investigação, por favor srta Jane. É nossa chance, os assassinatos podem estar todos interligados.
_ Ok, delegado. Mas digo-lhe com certeza que não foi Lorraine quem matou ou mandou matar Jorge Britto.
_ E como sabe?
_ Ela me confessou ser a mandante do assassinato de 3 pessoas quando estava bêbada: Adriana, Breno e Patrick. Rubens seu amante, cuidou de tudo para ela.
Lorraine não tinha interesse nenhum em matar o advogado, até porque, cedo ou tarde teria de entrar em contato com ele, para reclamar a herança.
_ Isso faz sentido. Ainda assim, preciso que faça o favor de ir até lá pegar o envelope.
_ Está bem, mas quero que um policial esteja sempre por perto, cuidando da minha segurança tanto aqui, como no Rio.
_ Será como deseja, fique tranquila.
Ela foi apresentada ao policial que estaria a paisana, cuidando para que nada acontecesse com ela.
Saíram da delegacia, em direção à praça.
Não demorou muito e Jane achou o envelope debaixo de um dos bancos.
Uma pessoa observava atrás de uma árvore frondosa, e sorria com satisfação:
" Pronto. Está feito. Acabo de vez com a única pedra no meu sapato".
Jane abriu o envelope, e ficou de boca aberta quando soube finalmente quem matara o advogado.
Guardou na bolsa e dirigiu-se de novo para delegacia, seguida do policial que a escoltava discretamente...
Ao entrar na delegacia, Jane foi direto ao delegado, desta vez sem ser anunciada. Ele a esperava mesmo...
Entregou o envelope, ele abriu. Sua reação parecia de incredulidade.
"MAS TUDO É POSSÍVEL NESSE MUNDO"...
Jane foi dizendo com a calma que lhe era peculiar:
_ Uma coisa dessas não pode ser dada como certa. Alguém poderia querer incriminar essa pessoa.
_ Pode até ser isso srta Jane. Mas também pode ser verdade o que diz aqui. Terei de investigar.
_ Bem, acho que minha participação acaba aqui. Gostaria da segurança do policial pelo menos por
duas semanas, pois volto para o Rio agora e quero me sentir segura lá também.
_ Sem problemas, srta Jane. A srta foi muito útil nessa investigação, eu agradeço.
Apertaram as mãos e Jane seguiu de volta ao Rio.
Dias depois, o delegado tinha a certeza que a pessoa tinha mesmo assassinado Jorge Britto.
Bastava agora pedir a prisão preventiva, para que não "sumisse do mapa".
E Rubens também seria preso, pelos outros assassinatos...
Rubens estava eufórico. ‘Como sou inteligente! ‘Pensava...
Uma viatura cuidava de levar alguém para a delegacia.
´Finalmente estou livre desse caso todo. Nunca mais volto aqui!´
Pegou sua inseparável mochila, e deu adeus à Sapucaia. Não imaginava que o delegado já sabia de toda verdade...
Jane sentia uma sensação estranha... Seu sexto sentido lhe dizia mais uma vez: " CUIDADO".
Mas, quem lhe faria mal? Não, definitivamente estava imaginando coisas! Trataria de se acalmar.
O silêncio da noite não fazia com que ela dormisse. Pensava que aquelas alturas alguém estaria pagando pela morte de Britto. Olhava pela janela de seu quarto a lua, como sempre gostava de fazer em noites insones.
MAS, NÃO ERA O LUAR DE SAPUCAIA... LÁ ERA MÁGICO!
Mergulhada em seus pensamentos, não percebeu que alguém entrara de mansinho, forçando a porta dos fundos, onde era a cozinha.
Ela voltava para a cama agora, tentava o sono novamente. Se remexia, e nada do sono aparecer.
Resolveu tomar um copo de leite morno. Traria sono e mataria a fome, porque seu estômago já reclamava. Tinha o hábito de tomar leite de madrugada desde criança.
Acendeu a luz da cozinha.
ARREGALOU OS OLHOS QUANDO O VIU EM SUA FRENTE: ERA RUBENS!
Ele segurou os braços dela dominando-a. Jane gritou pedindo ajuda. Mas o guarda costas estava nocauteado, no chão da varanda da frente.
Ele lacrou a boca de Jane com uma mordaça.
Disse então, com a voz bem grossa:
_ Pensou que sairia dessa, sem que eu completasse meu último trabalhinho para Lorraine?
Ele ria com o desespero que os olhos dela mostravam...
Ele ainda não tinha pensado como matá-la.
" NÃO DEIXARIA DE SER NAQUELA MADRUGADA."
Que lugar melhor para vingar Lorraine, do que a casa da priminha?
Ela teria de morrer ali mesmo. Deu vários socos em Jane, e o rosto dela já começava a ficar inchado... Se apanhasse mais um pouco estaria morta!
Foi quando o ruído das sirenes, tornaram-se bem fortes. A polícia estava ali! Mas como? Ele nocauteara o policial!
Jane já estava sem forças, lutando para sobreviver, as dores estavam mais fortes agora...
Ele teria de escapar dali, pulou para a casa da vizinha, a de D. Matilde.
Escondeu-se no quintal
escuro. Mas não contava com o cão que estava solto, vigiando a casa...
Foi praticamente mutilado
pelo cão, da raça pitbull. Seus gritos de socorro acordaram toda a vizinhança.
Não foi difícil prender o sujeito, estava em carne viva! Entretanto, um dos tiros para afastar o cão, pegou em cheio. O cão caiu morto.
Jane estava presa na cozinha ainda, ouvia o barulho de tudo que acontecia do lado de fora, na vizinhança. Mas e o segurança, onde estava? Alguém teria que se lembrar dela.
A polícia entrou na casa de Jane, depois que viram o segurança caído, tonto, ainda no chão...
Encontraram-na finalmente... Agradecia silenciosamente à Deus.
O guarda quando fora nocauteado, ainda teve tempo, antes de cair no chão, para apertar o celular na chamada automática de emergência. E foi rastreada a chamada de socorro...
Na delegacia de Sapucaia, dias depois, duas pessoas faziam uma acareação:
Rubens e a esposa de Britto.
Ela era a mulher que matara o advogado.
Aconteceu assim:
Depois de tomar uma droga imperceptível na bebida, (que Rubens usara no caso de Breno) ela o deixou no chão, cortando os pulsos dele, para parecer suicídio.
O resto foi encenação...
Rubens havia persuadido Susane, (era esse o nome dela) a matar o marido, pois se metia muito no caso de Lorraine. Inclusive avisando ao delegado antes, que ela estava viva.
Se Lorraine fosse presa, fatalmente Rubens seria também. Pois ela o levaria junto...
Além do mais, estando viúva, eles poderiam se encontrar sem correr o risco de ser dada como adultera. Uma viúva poderia se relacionar com quem quisesse...
Assim, depois de tudo explicado, e um julgamento, os dois pagaram por seus crimes.Terminando assim, com a série de assassinatos que começara com a mente doentia de Lorraine, seguida dos instintos assassinos de Rubens e a cabeça fraca, guiada apenas pela luxúria de amante, da linda mulher de Jorge Britto.
Jane pode voltar à sua vida tranquila no Rio, passando os finais de semana em Sapucaia, principalmente quando a lua estava cheia e brilhante...
"Luar de Sapucaia, não tem igual", pensava observando da janela...
Na casa que um dia, foi palco de tantas tramas e desarmonias...
Afinal, Jane pode dizer:
"FIM DO JOGO"
Fátima Abreu
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