A pequena costureira era a menina Lizette
De cestinha em punho, chegava ao seu cantinho preferido:
A sala de costura de sua mãezinha Filoquinha.
Entre carretéis de linha, retalhos e tecidos inteiros, ela seguia fazendo suas maravilhas:
Roupinhas para suas amigas mais próximas: Bonecas que ganhava em todos os natais e aniversário.
Tantas outras meninas, nada tinham ou recebiam...
Mas, Lizette não desconfiava disso:
Fora criada até então, em fazenda afastada...
Como poderia saber que no mundo há aquelas meninas que nada poderiam ter?
Então seguia costurando para suas "filhas".
Bonecas de porcelana, que o pai trazia da cidade,
Onde Lizette em breve estaria, estudando em uma escola já arranjada.
E então, somente nesse momento saberia,
Que existe muito mais do que carretel de linha...
Encontraria a companhia de outras meninas de mesma idade.
De súbito, seu mundinho de fazenda se romperia...
Uma nova realidade que antes não desconfiava:
A das meninas que diferente dela,
Mal tinham o que comer, vestir e calçar.
Ao olhar para as roupas confeccionadas por ela, para suas bonecas,
Deixaria cair lágrima sentida...
Por entender então que no mundo, há mais que brisa suave na varanda da fazenda...
E que sofrem algumas meninas,
Aquelas que não recebem nenhuma prenda...
O pão lhes faltam,
As roupas, eram vestidos usados e sapatos, muito escassos.
Quando adoecem, recorrem aos chás de ervas...
Triste sina de algumas meninas!
Lizette era feliz e não sabia.
FÁTIMA ABREU
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