Trecho do meu livro:
"UM BAILE, UMA VIDA"
Quando terminou a
leitura, sentiu um arrepio percorrendo sua coluna vertebral, isso ocorria cada
vez que sabia que uma de suas amigas estava com problemas.
Disse então ao filho:
_ Lauro, vá procurar o
que fazer meu filho. A mãe vai dar uma volta na praça agora. Preciso arejar os
pensamentos...
_ Sim, mamãe.
Ele se retirou e Beatrice
pegou sua sombrinha, pois ameaçava chover e saiu sem saber ao certo para
onde...
Caminhava, mas não
observava nada ao seu redor, apenas seguia...
Eliminado todas as
opções, era certo que eram suas duas amigas “invertidas”: Bela e Norma, que
deveriam estar em apuros. Dias depois, ela teve a confirmação por uma nota no
jornal:
Numa passeata que
acontecia muito distante dali, elas comemoravam a decisão da Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho em aprovar salário igual para
trabalho igual. Era o ano de 1919.
Mas
havia ânimos exaltados de alguns homens, que não se conformavam com isso.
Num
embate mais acalorado entre Bela e um desses senhores retrógrados, ele a
empurrou e perdendo o equilíbrio, ela caiu batendo com a cabeça em um banco de
pedra que ficava na praça.
Desmaiada, foi levada por Norma e as amigas
feministas da passeata para o hospital mais próximo.
Duraram
três dias a sua internação, mas a terrível notícia, veio da boca do doutor de
plantão:
_
Quem acompanhava Bela Virgínia de Miranda?
Norma
levantou-se do banco que estava e dirigiu-se ao médico:
_
Sou eu. Chamo-me Norma. O que acontece com Bela, doutor?
_
Sinto muito dizer, mas ela acaba de falecer:
A hemorragia interna em seu cérebro, não pode
ser contida, e ele inchou até ocorrer a morte. Infelizmente a Medicina ainda
não faz milagres...
Norma
de súbito, teve vontade de bater no rosto daquele médico infeliz! Nesse
momento, tudo que ela não precisava era de ironia...
O
funeral foi realizado e depois disso, Norma saiu de São Paulo, (onde estava em
um hotel hospedada, antes de tudo acontecer). Voltou a morar no Rio de Janeiro,
mas não com o barão.
Ele continuava sendo seu esposo legalmente, pois o divórcio,
tão debatido também, nos direitos que as feministas reivindicavam, ainda não
existia.
Foi
morar sozinha, numa casa pequena que comprou assim que retornou.
Ali levou seus dias até que soube que o barão
havia sido atropelado por um carro desgovernado.
Ela então, fez as vezes de
viúva:
Providenciou tudo para o enterro e inventário e voltou para a casa que
lhe era de direito, por ser a única dona absoluta:
A
baronesa Norma Bianca Martins de Lima.
Os
caminhos da vida correm, as amizades que fazemos, ficam. As inimizades são
esquecidas...
Não
é preciso vinganças. O mundo gira e resolve-se tudo. Beatrice nunca chegou a
vingar-se dos antigos sócios do pai. Não houve necessidade disso...
Para comprar o livro impresso pelo CDA:
http://www.clubedeautores.com.br/book/161389--Um_Baile_Uma_Vida
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