Alguns capítulos copiados para cá, para que tenham ideia do romance:
Um Conto
De Areia & Mar
Capt 1
Irina era uma doce e linda
mocinha, já com seus 17 anos.
Crescera entre montes e vales. Mas ficara órfã recentemente. Querendo mudar de
ares, decidiu ir para o litoral.
Sabia pescar muito bem: Aprendera nos rios perto da casa onde nascera, com o
pai um homem sério, mas de um coração bondoso. A mãe era cozinheira de mão
cheia. Infelizmente já não estavam mais ali...
Deixou a sua casinha nas montanhas, fechada. Se um dia quisesse voltar teria um
teto sobre a cabeça.
Colocou o que precisava numa carroça que havia pertencido ao pai e foi embora
dali.
Antes, deixou um ramalhete de flores silvestres colhidas pela manhã (ainda com
orvalho), nas lápides de seus pais, que ficavam no campo bem pertinho da casa,
onde viveram felizes, numa vida tranquila por muitos anos, até a varíola os
levar desse mundo.
Mudou-se para uma casa menor ainda, pois agora era só. No litoral, não se
precisava mesmo de muita coisa para se viver: Apenas uns apetrechos de cozinha
e alguma mobília: uma cama, um baú para guardar suas roupas e uma mesa com
cadeira para suas refeições. A roupa seria lavada na tina de madeira que fora
de sua mãe.
Sabia bordar e fazer costuras: Sua paciente mãe havia lhe ensinado desde bem
pequena.
Irina era a imagem viva da mãe, porque tal qual, era dotada de uma beleza
natural do interior:
Rosto oval, pele aveludada, um furinho no queixo e olhos pequenos, mas de um
verde estonteante.
O corpo era franzino, porém delineado.
Os cabelos longos e de um castanho que se mesclava a fios mais claros, beirando
o loiro.
Era um pouco mais alta que as jovenzinhas de sua idade, talvez por esse motivo,
parecesse magra.
Aprendia tudo com facilidade.
Chegou à vila de pescadores para informar-se de algum cômodo com um lavabo e
pequena cozinha.
Um senhor grisalho e bem acima do peso, ouvindo sua conversa com o quitandeiro,
aproximou-se dizendo:
_ Moça, existe uma casinha nesses moldes, que está fechada bem perto da praia;
pertence a uma senhora de nome Ághata. Ela mora bem pertinho da loja de
cestarias, está vendo aquela cerquinha amarela ali, com uma casinha ao fundo?
Pois é lá.
_ Obrigada pela informação, vou procurar essa senhora.
Os dois
homens ficaram olhando a jovem afastar-se com sua carroça, cogitando o que ela
fazia sozinha pelo mundo.
Abriu a
porta da casinha que alugara da senhora, uma viúva de pescador, e pode perceber
que precisaria
de muita limpeza. Ergueu as mangas e cuidou disso por um dia inteiro.
Esquecera-se das horas...
Já no fim da tarde, quando o sol já se punha no horizonte, o estômago roncou
fortemente e deu conta que não havia se alimentado.
Gastou suas energias com a faxina do ambiente e o corpo reclamava agora, com
uma fome angustiante: Precisava urgente, de comer algo.
Abriu o cesto que trouxe na carroça e serviu-se das frutas colhidas no pomar,
antes da viagem para o litoral.
Acendeu uma vela em cima da mesa (no velho castiçal que trouxera do antigo
lar), para tratar de afugentar os insetos da noite.
Leu um pouco mais do novo livro do senhor JULIO VERNE, e depois decidiu deitar-se:
Arrumou a cama com lençol limpo e colocou no travesseiro de penas de ganso, uma
fronha com monograma bordado por ela mesma. Pôs também uma coberta de lã para o
frio da noite, pois sabia que perto do mar, o vento era gelado.
Guardou o
resto de seus pertences no baú ao lado da cama. Deitou-se enfim.
Mesmo cansada da viagem e do trabalho exaustivo de limpeza durante todo dia,
não conseguiu dormir direito: Acordara várias vezes durante a madrugada, os
pensamentos em turbilhão:
“Como faria para sustentar-se ali no
litoral?
Nas montanhas tinha tudo de que precisava: As galinhas e seus ovos, o leite da
cabra Noely que usava também para fazer o queijo, além do pomar com muitas
frutas e do peixe que o rio garantia. Bem, peixe ali não era problema, mas e o
resto? Teria que repensar quantas vezes fosse preciso, para achar um meio de
sustento imediato naquelas paragens...”
Finalmente tirou um sono mais profundo, quando o raiar do dia já ameaçava, como
a primeira claridade.
Capt 2
Já eram nove horas da manhã,
quando Irina despertou. Afinal, durante a noite quase não dormira e o sono só
veio firme mesmo, ao raiar do dia...
Fez um desjejum com as frutas que ainda tinha e bebeu uma xícara de chá
com torradas do pão que havia assado um dia antes da viagem.
De súbito, sentiu falta da cabra Noely: Seria delicioso tomar seu leite
amarelinho ou comer do queijo.
Lavou o rosto no pequeno lavabo e saiu ainda de camisola para olhar a praia.
Sentou-se na areia clara.
Os barcos pesqueiros iam longe. Haviam saído nas primeiras horas da manhã. Era
assim que as pessoas do litoral sobreviviam: Pesca e comércio.
Diziam que os negócios melhoravam quando era verão:
Os burgueses e pessoas bem situadas em Paris, vinham passar as férias ali.
Sabia-se que o advogado
(formado para satisfazer ao pai, mas sem
exercer a profissão) e escritor Julio Verne, havia estado ali muitas vezes,
vindo com a família que tinha uma residência em Nantes, quando de sua infância.
O local ficara em evidência desde que o autor começou a ter êxito em seus
livros, já conhecidos em grande parte da Europa. O primeiro grande sucesso fora
a novela:
Cinco Semanas Em Um Balão, de 1862.
A fama e o dinheiro apareceram dali em diante.
Irina havia comprado um exemplar e gostou muito pelo "espírito
desbravador" do livro.
Soube-se que Julio Verne nunca havia estado no continente africano até aqueles
dias, mas descreveu com detalhes, a aventura nesse local, falando sobre
animais, cultura, natureza, coordenadas geográficas, etc.
Irina
passou a admirá-lo e leu outros sucessos desse autor:
Viagem ao Centro da Terra de 1864
Vinte Mil Léguas Submarinas de 1870
A Volta ao Mundo em Oitenta Dias de 1873.
Em pouco tempo, ele se tornou sue autor predileto, pois o achava um visionário,
um gênio por trás das letras. O seu estilo era algo novo: Nenhum outro escritor
ousou tanto com a imaginação até então!
Irina gostava disso, ela também se achava uma jovem além de seu tempo, tinha
ideias inovadoras para as mulheres, e adoraria poder escrever sobre tudo que em
sua mente se passava:
Mostrar ao mundo o que uma moça humilde do interior poderia criar e a diferença
que isso poderia fazer na sociedade.
Sonhava transformar sua vida e de outras pessoas, assim como os livros que lia.
Queria conhecer lugares, culturas e pessoas diferentes, para escrever
sobre eles.
Ter uma visão global do resto da Humanidade.
Infelizmente até aquele momento, nada mudara...
Entretanto, o primeiro passo havia dado: Saíra do interior, e fora para o
litoral onde a proximidade com o porto, reservava muitas aventuras. Soube que
isso também havia inspirado Julio Verne anos antes, fazendo com que ele escrevesse
as "20.000 Léguas"...
Primeiramente, teria de arrumar uma fonte de dinheiro para seu sustento.
Depois, procuraria alguém da família de Julio, para que fosse possível um
contato posteriormente com o autor. Para que lesse seus escritos e desse sua
opinião (o que para ela, era de extrema necessidade).
Foi até a vila e conversando com a sua senhoria, a viúva Ághata, soube que
precisavam de uma arrumadeira na casa de Gaston, sobrinho de Julio Verne
(filho de seu irmão Paul).
Era um rapaz desequilibrado. Diziam à "boca pequena" que talvez fosse
louco mesmo. Isso não a desencorajou, muito pelo contrário!
Se ele fosse assim, seria uma fonte de estudo da psiquê humana para ela.
Irina gostava de teosofia e lia muito desse assunto.
Teosofia era em síntese “conhecimento divino".
Estava
sendo difundida pela Sociedade Teosófica, em livros como: Ísis sem véu (1877), A
Doutrina Secreta (1888). Como as demais doutrinas espiritualistas, a
Teosofia quer a evolução humana para o Bem, o amor, a paz entre as pessoas, o altruísmo, além do sonho 'utópico' do fim
da pobreza, ignorância, violência e desigualdade.
Para Irina, a psiquê humana estava diretamente influenciada pelo "mundo
invisível" que temos ao nosso redor.
Suas ideias não agradariam aos leigos, mas aos estudiosos do assunto como Helena Blavatsky, poderiam até interessar.
A viúva deu-lhe o endereço da casa de Gaston, mas alertou-a:
_ Minha jovem, tenha cuidado: Ao menor sinal de desequilíbrio desse
homem, vá embora!
_ Não se preocupe senhora, isso não me assusta, porque sei me cuidar,
meus pais ensinaram isso desde pequena, já prevendo que eu fosse ficar sozinha
um dia...
A senhora deu de ombros... A mocinha tinha uma personalidade forte, e pelo
pouco tempo que se conheciam, já dera para perceber.
Irina saiu com um aceno e dirigiu-se à quitanda para comprar alguma comida, lá
também saberia com detalhes como era Gaston.
Era certo que o quitandeiro soubesse alguma coisa, afinal, ali a burguesia e o
povo compravam seus mantimentos, compotas, legumes e hortaliças.
Natural que Gaston também abastecesse sua casa.
Capt 3
Irina soube pelo quitandeiro, que
Gaston precisava mesmo de arrumadeira, já que ninguém parava em sua casa como
serviçal, pois pelo seu comportamento estranho, tinham medo dele.
Dizia-se
que ele invejava o tio famoso também.
Isso
deixou Irina mais intrigada com o perfil psicológico de Gaston...
Agora
mesmo que ela seria a mais nova candidata à arrumadeira em sua casa.
Foi até a
residência indicada no papel pela viúva Ághata, e bateu à porta.
Um homem
vestido com uma casaca num tom cinza opaco veio atender-lhe:
_
Sim, o que deseja minha jovem?
_ Soube
que aqui precisam de uma arrumadeira... Sou nova nessa localidade, mas gostaria
de empregar-me aqui em Nantes, para poder me sustentar. Isso se faz necessário,
pois não tenho mais os meus pais comigo.
_
Bem se o caso é esse, a vaga é sua. Pode começar já. Minha casa precisa de boa
arrumação, principalmente na biblioteca, onde os livros estão muito
empoeirados. Entre para tratarmos de tudo.
Irina
seguiu pelo vestíbulo de entrada, que deu diretamente numa sala bem ampla, de
sancas desenhadas no teto, quadros de pintores franceses em todas as paredes e
poltronas de madeira com assento de veludo vermelho, combinando com o tapete de
mesma cor. Em um canto, havia também uma mesa pequena de formato redondo, com
apenas uma cadeira e um jarro com flores murchas e despencadas do
ramalhete sobre uma toalha branca, muito bem bordada.
Ele
mostrou uma das poltronas para que ela se sentasse. Irina entretanto,
permaneceu de pé.
Disse-lhe
então:
_ Senhor,
estou bem aqui. Serei sua empregada, guardemos as formalidades. Se assim não
fosse, tomaria assento. Meu nome é Irina, sei que o senhor se chama
Gaston. Tenho 17 anos, fazendo 18 em breve. Agora, poderia dizer-me quanto
pagaria?
_ Bem, se
prefere assim... Noto que mesmo jovem, é bem centrada em suas ações. Tem
atitude, gosto disso! Quanto ao pagamento, que tal dizer-me seu preço?
_ Não
gosto deste termo. Mas que seja pelo menos o que pagava aos que vieram antes de
mim.
_
Certamente... e um bônus por sua atitude. Pode começar já. Preciso que venha
três vezes na semana: Segundas, quartas e sextas feiras. Está certo assim?
_ Sim,
dessa forma terei folga, para escrever meus artigos e contos.
_ Ah, a
jovem escreve?
_ Sim,
gosto de escrever tanto quanto de ler. Sei que o senhor é sobrinho do grande
autor Julio Verne. Parabéns por ter uma pessoa ilustre na família!
Irina
fizera de propósito esse comentário, pois queria ver qual seria a reação do
homem.
Ele
rodeou-a e disse:
_ Não
veio aqui pelo emprego; veio para saber da carreira do meu tio? Talvez, levar
algo de sua autoria para que ele lesse?
_ De
forma alguma, senhor. Apenas fiz um comentário. Preciso mesmo desse emprego,
pois como iria sustentar-me?
_ Não me
engane, mocinha... Mas alguém que lhe sustente não seria difícil, não é feia...
Hummm deixe estar, de qualquer forma preciso de arrumadeira e você de um
emprego... Comece por onde lhe disse:
A
biblioteca. Na segunda porta, embaixo da escada, encontrará todo material
necessário para limpeza e arrumação: óleo de peroba, espanador, flanela, essas
coisas...
Irina
ficou contrariada com o comentário que ele fizera, insinuando que poderia
vender-se para ter sustento, porém precisava mesmo arrumar dinheiro e tentou
ignorar isso, respondendo:
_ Obrigada
pela chance senhor Gaston.
Ele
assentiu com a cabeça e saiu para seu escritório por uma porta de acesso na
sala.
Irina tratou de pegar as coisas para começar seu primeiro dia de trabalho pago
na vida.
No
interior, com a vida simples, nunca precisara fazer isso, pois tinha tudo em um
só lugar:
Alimentação,
moradia, roupas que ela e a mãe confeccionavam e sapatos que o pai trazia do
artesão que fazia por encomenda.
O pai sustentava a família com a venda das compotas de frutas que levava para o
mercado e o queijo feito com o leite das cabras. Irina nunca precisara de mais
nada além disso, exceto dos livros.
Esses, eram comprados sempre que os pais a levavam à Angers.
Quando seus pais morreram vítimas da varíola (que ela incrivelmente não pegou ,
mesmo cuidando deles), ela vendeu todas as galinhas e cabras, exceto a Noely,
que era de estimação.
Dessa
forma, conseguiu um bom dinheiro para seguir com os planos de viagem:
Comprar o
que fosse necessário, quando chegasse ao local que iria se estabelecer, além de
pagar o aluguel.
Quando decidira ir embora para perto do litoral, deixou sua cabra aos cuidados
de seu amigo de infância, Jean Pierre.
No final da tarde, Irina chegou em casa cansada, mas, satisfeita:
Dera mais um passo para ter seus sonhos realizados, e em breve, estaria
conhecendo o senhor Julio Verne, com certeza.
Jogou a
roupa sobre a cama, tomou um banho e vestiu novamente sua camisola leve e
transparente, colocando o robe azul que fora de sua mãe, por cima do biombo
(que já havia na casa, ao alugá-la):
Mesmo tendo acabado de tomar seu banho, sentia um calor subindo e não sabia o
porquê...
Capt 4
Irina achou que estava doente. Mas
como poderia ser isso agora que resolvera mudar de vida, alçar voos nunca
sonhados antes, quando morava no interior?
Nunca tivera tal 'calor' que lhe subia pelo corpo daquela forma...
Teria de ser alguma enfermidade por certo.
Foi até a pequena cozinha que apenas tinha um armário para guardar a louça, a
mesa com cadeira para sentar-se às refeições (forrada com uma toalha pequena),
um fogão a carvão e a pia tinha duas prateleiras embaixo, coberta com uma
cortininha de renda.
Tratou de
fazer o jantar, pois já eram 18:00hs e demoraria um pouco, até ficar pronto.
Comeu mas, sem apetite. Estranhou isso.
O 'calor' também não passava...
Seguiu para
o quarto, estendeu-se na cama deixando uma jarra com um copo ao lado, para que
bebesse ao sentir sede durante a noite.
Tentou dormir, mas tal qual na noite anterior, o sono só veio quase ao raiar do
dia.
Ao
levantar-se e lavar bem o rosto, foi preparar seu desjejum e percebeu que
enfim o tal 'calor' tinha ido embora. Era sinal que se enganara: Não
estava doente!
Animada novamente, comeu bem desta vez. Foi até a praia, olhou por momentos
incontáveis o horizonte e os barcos distantes...
Sonhava
conhecer outras terras, além do mar que estava à sua frente.
Voltou para casa:
Trocou de roupa e foi até a vila para abastecer sua pequena cozinha:
Bolos, pães, alguma carne de caça, queijos e um vinho; Por que não?
Gostava do sabor, das faces rosadas que ele lhe deixava, além de certa
'alegria' que proporcionava por breves momentos...
Sempre tomara com seus pais, pois era um hábito da família, afinal, moravam
numa região vinícola, da França.
Ao chegar à vila, pode notar uma aglomeração, na praça central. Foi até lá,
para saber do que se tratava...
Um senhor estava lutando com seu patrão, Gaston!
Mas o que ele teria feito para provocar aquele cidadão?
Ela foi ganhando espaço entre as pessoas que ali estavam, até chegar à Gaston.
Conseguiu que ele a ouvisse pedir:
_ Senhor Gaston Verne, deixe o homem em paz, por favor! Vamos comigo, eu o
acompanho até sua casa...
Ele de súbito, reconheceu a voz da jovem e largou a gola da camisa do homem,
recompondo-se também, arrumando a casaca e passando a mão nos cabelos
desgrenhados.
O homem a quem Gaston agredira, acabou saindo em disparada, talvez com medo que
ele voltasse atrás e o esbofeteasse novamente...
Irina ofereceu-lhe o braço, e seguiu com ele, rumando para sua residência.
Os olhos de todos que ali ficaram os seguia, pasmos!
Nunca viram uma reação violenta de Gaston, ser acalmada tão rapidamente como
dessa vez!
Será que
Gaston apaixonara-se pela jovem de outras paragens? Isso foi o assunto que
envolveu toda a vila durante uma semana seguida...
Ao chegar à casa de Gaston, Irina fez com que ele se sentasse em uma das
poltronas e descansasse por alguns minutos, enquanto ela lhe servia um licor.
Passou então a acalmá-lo. Lembrou do conto de sua compatriota:
*A Bela e a Fera ou A Bela e o Monstro
é um tradicional conto
de fadas francês. Originalmente escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot,
Dama de
Villeneuve, em 1740, tornou-se mais conhecido em sua versão de 1756, por Jeanne-Marie LePrince
de Beaumont, que
resumiu e modificou a obra de Villeneuve
* Wikipédia
Irina
parecia-se com a tal Bela do conto de fadas:
Gostava de ler, sonhava com novos horizontes e agora estava envolvida com um
homem que era uma verdadeira "fera", não em feiura (por sinal achava
que Gaston até era bem apessoado), mas em gênio...
Ali estava um homem bem difícil de ser controlado. Entretanto, Irina conseguira
isso, na frente de todos!
O que ela teria que freou a atitude dele? Seria a doçura em sua voz, naquele momento?
De qualquer forma, dizem que o bom som, acalma as feras...
Irina
pode ver o rosto antes amargurado de Gaston, ir se transformando aos poucos,
tornando-se gentil.
Ela se serviu de um cálice de licor também. Gaston subitamente a olhou vidrado.
Irina percebeu que o pensamento dele estava bem longe dali.
Usando daquilo que lera sobre teosofia, chegou-se perto dele, colocando suas
mãos sobre seu peito e emanando energia através da imantação. Dessa forma, ele
foi voltando à realidade.
Sem compreender o que ocorria, Gaston finalmente lhe disse:
_ A jovem
tem conhecimento de cura? É alguma espécie de maga, pertencente a alguma
sociedade secreta? As que conheço, somente aceitam homens; inclusive eu e meu
tio Julio, fazemos parte da Rosa Cruz.
_ De jeito nenhum, senhor Gaston. Isso não é magia, é ciência em
favor do espírito. Todos temos um campo energético em volta do corpo físico:
A nossa AURA,
e quando ela está desequilibrada por muitos fatores, como a ira, inveja,
cobiça, mentiras e outras coisas, muda de cor e nos faz muito mal.
A psiquê humana sofre com esse fenômeno, assim como os órgãos do corpo.
Pode-se gerar úlceras estomacais, por exemplo.
_ Eu sei disso, mas como sabe dessas coisas científicas, sendo uma moça vinda
do interior?
_ Sempre li muito, senhor. Interesso-me por muitos assuntos que a maioria das
jovens de minha idade desconhece, pois estão sempre ocupadas em arrumar um
futuro esposo. O que em minha opinião é de segundo plano...
_ Qual seria o primeiro plano então, Irina?
Ela pode notar que era a primeira vez que a chamava pelo nome. Respondeu-lhe
então:
_ O primeiro plano sempre é o conhecimento, e tudo que gira em torno disso.
Conhecimento é a chave do sucesso, essa é a minha opinião. Quero entender cada
vez mais do mundo ao meu redor:
Culturas diversas, ciência, espiritualidade, o elemento humano e sua psiquê.
_ Se é assim, não poderá ser minha arrumadeira, vou ser seu benfeitor:
Providenciarei para que vá estudar em Paris.
_ Senhor Gaston Verne, nos conhecemos há apenas um dia! Não acha que é muito
precipitado de sua parte, querer financiar os estudos para uma mera moça do
interior?
_ Algum sentido tem que se ter nessa vida, Irina. Até hoje estive em busca do
meu. Dizem por aí que sou louco. Eles não entendem nada de mim. Sou um homem
transtornado por viver à sombra da minha família. Por não ter nada de útil para
fazer. Também nunca tive sucesso com as mulheres, porque elas tem medo da minha
dita 'insanidade'...
_ Bem, eu sou diferente. Não tenho medo do senhor.
_ Está decidido então: Passará um ano em Paris, estudando o que achar melhor,
com tudo pago por mim!
_ Oh, não sei o que dizer, senhor Gaston!
_ Não diga nada, apenas aceite.
_ Sim, aceito de bom grado!
_ Então Irina, será a motivação de minha vida, por pelo menos um ano! Dessa
forma, tendo com que ocupar minha mente em defendê-la e educá-la como a uma
dama da Terceira República, estarei livre por algum tempo, da depressão em que
vivo. Cuide de arrumar suas coisas para a viagem, porque depois de amanhã,
iremos à Paris para matriculá-la. Se puder, ajude-me também a organizar as
minhas... Não sou bom com a organização de bagagem, as malas vão sempre de
qualquer jeito...
_ Mas
claro que sim! Não precisava pedir, é o meu patrão!
_ Não mais: Agora sou seu benfeitor. Estou apenas lhe pedindo um favor, não é
mais sua obrigação, Irina.
Ela olhou bem no fundo daqueles olhos e reconheceu um brilho de bondade
surgindo...
Crescera entre montes e vales. Mas ficara órfã recentemente. Querendo mudar de ares, decidiu ir para o litoral.
Sabia pescar muito bem: Aprendera nos rios perto da casa onde nascera, com o pai um homem sério, mas de um coração bondoso. A mãe era cozinheira de mão cheia. Infelizmente já não estavam mais ali...
Deixou a sua casinha nas montanhas, fechada. Se um dia quisesse voltar teria um teto sobre a cabeça.
Colocou o que precisava numa carroça que havia pertencido ao pai e foi embora dali.
Antes, deixou um ramalhete de flores silvestres colhidas pela manhã (ainda com orvalho), nas lápides de seus pais, que ficavam no campo bem pertinho da casa, onde viveram felizes, numa vida tranquila por muitos anos, até a varíola os levar desse mundo.
Mudou-se para uma casa menor ainda, pois agora era só. No litoral, não se precisava mesmo de muita coisa para se viver: Apenas uns apetrechos de cozinha e alguma mobília: uma cama, um baú para guardar suas roupas e uma mesa com cadeira para suas refeições. A roupa seria lavada na tina de madeira que fora de sua mãe.
Sabia bordar e fazer costuras: Sua paciente mãe havia lhe ensinado desde bem pequena.
Irina era a imagem viva da mãe, porque tal qual, era dotada de uma beleza natural do interior:
Rosto oval, pele aveludada, um furinho no queixo e olhos pequenos, mas de um verde estonteante.
O corpo era franzino, porém delineado.
Os cabelos longos e de um castanho que se mesclava a fios mais claros, beirando o loiro.
Era um pouco mais alta que as jovenzinhas de sua idade, talvez por esse motivo, parecesse magra.
Aprendia tudo com facilidade.
Chegou à vila de pescadores para informar-se de algum cômodo com um lavabo e pequena cozinha.
Um senhor grisalho e bem acima do peso, ouvindo sua conversa com o quitandeiro, aproximou-se dizendo:
_ Moça, existe uma casinha nesses moldes, que está fechada bem perto da praia; pertence a uma senhora de nome Ághata. Ela mora bem pertinho da loja de cestarias, está vendo aquela cerquinha amarela ali, com uma casinha ao fundo? Pois é lá.
_ Obrigada pela informação, vou procurar essa senhora.
de muita limpeza. Ergueu as mangas e cuidou disso por um dia inteiro.
Esquecera-se das horas...
Já no fim da tarde, quando o sol já se punha no horizonte, o estômago roncou fortemente e deu conta que não havia se alimentado.
Gastou suas energias com a faxina do ambiente e o corpo reclamava agora, com uma fome angustiante: Precisava urgente, de comer algo.
Abriu o cesto que trouxe na carroça e serviu-se das frutas colhidas no pomar, antes da viagem para o litoral.
Acendeu uma vela em cima da mesa (no velho castiçal que trouxera do antigo lar), para tratar de afugentar os insetos da noite.
Leu um pouco mais do novo livro do senhor JULIO VERNE, e depois decidiu deitar-se: Arrumou a cama com lençol limpo e colocou no travesseiro de penas de ganso, uma fronha com monograma bordado por ela mesma. Pôs também uma coberta de lã para o frio da noite, pois sabia que perto do mar, o vento era gelado.
Mesmo cansada da viagem e do trabalho exaustivo de limpeza durante todo dia, não conseguiu dormir direito: Acordara várias vezes durante a madrugada, os pensamentos em turbilhão:
“Como faria para sustentar-se ali no litoral?
Nas montanhas tinha tudo de que precisava: As galinhas e seus ovos, o leite da cabra Noely que usava também para fazer o queijo, além do pomar com muitas frutas e do peixe que o rio garantia. Bem, peixe ali não era problema, mas e o resto? Teria que repensar quantas vezes fosse preciso, para achar um meio de sustento imediato naquelas paragens...”
Finalmente tirou um sono mais profundo, quando o raiar do dia já ameaçava, como a primeira claridade.
Já eram nove horas da manhã, quando Irina despertou. Afinal, durante a noite quase não dormira e o sono só veio firme mesmo, ao raiar do dia...
Fez um desjejum com as frutas que ainda tinha e bebeu uma xícara de chá com torradas do pão que havia assado um dia antes da viagem.
De súbito, sentiu falta da cabra Noely: Seria delicioso tomar seu leite amarelinho ou comer do queijo.
Lavou o rosto no pequeno lavabo e saiu ainda de camisola para olhar a praia. Sentou-se na areia clara.
Os barcos pesqueiros iam longe. Haviam saído nas primeiras horas da manhã. Era assim que as pessoas do litoral sobreviviam: Pesca e comércio.
Diziam que os negócios melhoravam quando era verão:
Os burgueses e pessoas bem situadas em Paris, vinham passar as férias ali. Sabia-se que o advogado
(formado para satisfazer ao pai, mas sem exercer a profissão) e escritor Julio Verne, havia estado ali muitas vezes, vindo com a família que tinha uma residência em Nantes, quando de sua infância.
O local ficara em evidência desde que o autor começou a ter êxito em seus livros, já conhecidos em grande parte da Europa. O primeiro grande sucesso fora a novela:
Cinco Semanas Em Um Balão, de 1862.
A fama e o dinheiro apareceram dali em diante.
Irina havia comprado um exemplar e gostou muito pelo "espírito desbravador" do livro.
Soube-se que Julio Verne nunca havia estado no continente africano até aqueles dias, mas descreveu com detalhes, a aventura nesse local, falando sobre animais, cultura, natureza, coordenadas geográficas, etc.
Vinte Mil Léguas Submarinas de 1870
A Volta ao Mundo em Oitenta Dias de 1873.
Em pouco tempo, ele se tornou sue autor predileto, pois o achava um visionário, um gênio por trás das letras. O seu estilo era algo novo: Nenhum outro escritor ousou tanto com a imaginação até então!
Irina gostava disso, ela também se achava uma jovem além de seu tempo, tinha ideias inovadoras para as mulheres, e adoraria poder escrever sobre tudo que em sua mente se passava:
Mostrar ao mundo o que uma moça humilde do interior poderia criar e a diferença que isso poderia fazer na sociedade.
Sonhava transformar sua vida e de outras pessoas, assim como os livros que lia.
Queria conhecer lugares, culturas e pessoas diferentes, para escrever sobre eles.
Ter uma visão global do resto da Humanidade.
Infelizmente até aquele momento, nada mudara...
Entretanto, o primeiro passo havia dado: Saíra do interior, e fora para o litoral onde a proximidade com o porto, reservava muitas aventuras. Soube que isso também havia inspirado Julio Verne anos antes, fazendo com que ele escrevesse as "20.000 Léguas"...
Primeiramente, teria de arrumar uma fonte de dinheiro para seu sustento. Depois, procuraria alguém da família de Julio, para que fosse possível um contato posteriormente com o autor. Para que lesse seus escritos e desse sua opinião (o que para ela, era de extrema necessidade).
Foi até a vila e conversando com a sua senhoria, a viúva Ághata, soube que precisavam de uma arrumadeira na casa de Gaston, sobrinho de Julio Verne (filho de seu irmão Paul).
Era um rapaz desequilibrado. Diziam à "boca pequena" que talvez fosse louco mesmo. Isso não a desencorajou, muito pelo contrário!
Se ele fosse assim, seria uma fonte de estudo da psiquê humana para ela. Irina gostava de teosofia e lia muito desse assunto.
Teosofia era em síntese “conhecimento divino".
Para Irina, a psiquê humana estava diretamente influenciada pelo "mundo invisível" que temos ao nosso redor.
Suas ideias não agradariam aos leigos, mas aos estudiosos do assunto como Helena Blavatsky, poderiam até interessar.
A viúva deu-lhe o endereço da casa de Gaston, mas alertou-a:
_ Minha jovem, tenha cuidado: Ao menor sinal de desequilíbrio desse homem, vá embora!
_ Não se preocupe senhora, isso não me assusta, porque sei me cuidar, meus pais ensinaram isso desde pequena, já prevendo que eu fosse ficar sozinha um dia...
A senhora deu de ombros... A mocinha tinha uma personalidade forte, e pelo pouco tempo que se conheciam, já dera para perceber.
Irina saiu com um aceno e dirigiu-se à quitanda para comprar alguma comida, lá também saberia com detalhes como era Gaston.
Era certo que o quitandeiro soubesse alguma coisa, afinal, ali a burguesia e o povo compravam seus mantimentos, compotas, legumes e hortaliças.
Natural que Gaston também abastecesse sua casa.
Irina tratou de pegar as coisas para começar seu primeiro dia de trabalho pago na vida.
O pai sustentava a família com a venda das compotas de frutas que levava para o mercado e o queijo feito com o leite das cabras. Irina nunca precisara de mais nada além disso, exceto dos livros.
Esses, eram comprados sempre que os pais a levavam à Angers.
Quando seus pais morreram vítimas da varíola (que ela incrivelmente não pegou , mesmo cuidando deles), ela vendeu todas as galinhas e cabras, exceto a Noely, que era de estimação.
Quando decidira ir embora para perto do litoral, deixou sua cabra aos cuidados de seu amigo de infância, Jean Pierre.
No final da tarde, Irina chegou em casa cansada, mas, satisfeita:
Dera mais um passo para ter seus sonhos realizados, e em breve, estaria conhecendo o senhor Julio Verne, com certeza.
Mesmo tendo acabado de tomar seu banho, sentia um calor subindo e não sabia o porquê...
Irina achou que estava doente. Mas como poderia ser isso agora que resolvera mudar de vida, alçar voos nunca sonhados antes, quando morava no interior?
Nunca tivera tal 'calor' que lhe subia pelo corpo daquela forma...
Teria de ser alguma enfermidade por certo.
Foi até a pequena cozinha que apenas tinha um armário para guardar a louça, a mesa com cadeira para sentar-se às refeições (forrada com uma toalha pequena), um fogão a carvão e a pia tinha duas prateleiras embaixo, coberta com uma cortininha de renda.
O 'calor' também não passava...
Tentou dormir, mas tal qual na noite anterior, o sono só veio quase ao raiar do dia.
Animada novamente, comeu bem desta vez. Foi até a praia, olhou por momentos incontáveis o horizonte e os barcos distantes...
Voltou para casa:
Trocou de roupa e foi até a vila para abastecer sua pequena cozinha:
Bolos, pães, alguma carne de caça, queijos e um vinho; Por que não?
Gostava do sabor, das faces rosadas que ele lhe deixava, além de certa 'alegria' que proporcionava por breves momentos...
Sempre tomara com seus pais, pois era um hábito da família, afinal, moravam numa região vinícola, da França.
Ao chegar à vila, pode notar uma aglomeração, na praça central. Foi até lá, para saber do que se tratava...
Um senhor estava lutando com seu patrão, Gaston!
Mas o que ele teria feito para provocar aquele cidadão?
Ela foi ganhando espaço entre as pessoas que ali estavam, até chegar à Gaston. Conseguiu que ele a ouvisse pedir:
_ Senhor Gaston Verne, deixe o homem em paz, por favor! Vamos comigo, eu o acompanho até sua casa...
Ele de súbito, reconheceu a voz da jovem e largou a gola da camisa do homem, recompondo-se também, arrumando a casaca e passando a mão nos cabelos desgrenhados.
O homem a quem Gaston agredira, acabou saindo em disparada, talvez com medo que ele voltasse atrás e o esbofeteasse novamente...
Irina ofereceu-lhe o braço, e seguiu com ele, rumando para sua residência.
Os olhos de todos que ali ficaram os seguia, pasmos!
Nunca viram uma reação violenta de Gaston, ser acalmada tão rapidamente como dessa vez!
Ao chegar à casa de Gaston, Irina fez com que ele se sentasse em uma das poltronas e descansasse por alguns minutos, enquanto ela lhe servia um licor. Passou então a acalmá-lo. Lembrou do conto de sua compatriota:
* Wikipédia
Gostava de ler, sonhava com novos horizontes e agora estava envolvida com um homem que era uma verdadeira "fera", não em feiura (por sinal achava que Gaston até era bem apessoado), mas em gênio...
Ali estava um homem bem difícil de ser controlado. Entretanto, Irina conseguira isso, na frente de todos!
O que ela teria que freou a atitude dele? Seria a doçura em sua voz, naquele momento?
De qualquer forma, dizem que o bom som, acalma as feras...
Ela se serviu de um cálice de licor também. Gaston subitamente a olhou vidrado. Irina percebeu que o pensamento dele estava bem longe dali.
Usando daquilo que lera sobre teosofia, chegou-se perto dele, colocando suas mãos sobre seu peito e emanando energia através da imantação. Dessa forma, ele foi voltando à realidade.
Sem compreender o que ocorria, Gaston finalmente lhe disse:
_ De jeito nenhum, senhor Gaston. Isso não é magia, é ciência em favor do espírito. Todos temos um campo energético em volta do corpo físico:
A psiquê humana sofre com esse fenômeno, assim como os órgãos do corpo. Pode-se gerar úlceras estomacais, por exemplo.
_ Eu sei disso, mas como sabe dessas coisas científicas, sendo uma moça vinda do interior?
_ Sempre li muito, senhor. Interesso-me por muitos assuntos que a maioria das jovens de minha idade desconhece, pois estão sempre ocupadas em arrumar um futuro esposo. O que em minha opinião é de segundo plano...
_ Qual seria o primeiro plano então, Irina?
Ela pode notar que era a primeira vez que a chamava pelo nome. Respondeu-lhe então:
_ O primeiro plano sempre é o conhecimento, e tudo que gira em torno disso. Conhecimento é a chave do sucesso, essa é a minha opinião. Quero entender cada vez mais do mundo ao meu redor:
Culturas diversas, ciência, espiritualidade, o elemento humano e sua psiquê.
_ Se é assim, não poderá ser minha arrumadeira, vou ser seu benfeitor: Providenciarei para que vá estudar em Paris.
_ Senhor Gaston Verne, nos conhecemos há apenas um dia! Não acha que é muito precipitado de sua parte, querer financiar os estudos para uma mera moça do interior?
_ Algum sentido tem que se ter nessa vida, Irina. Até hoje estive em busca do meu. Dizem por aí que sou louco. Eles não entendem nada de mim. Sou um homem transtornado por viver à sombra da minha família. Por não ter nada de útil para fazer. Também nunca tive sucesso com as mulheres, porque elas tem medo da minha dita 'insanidade'...
_ Bem, eu sou diferente. Não tenho medo do senhor.
_ Está decidido então: Passará um ano em Paris, estudando o que achar melhor, com tudo pago por mim!
_ Oh, não sei o que dizer, senhor Gaston!
_ Não diga nada, apenas aceite.
_ Sim, aceito de bom grado!
_ Então Irina, será a motivação de minha vida, por pelo menos um ano! Dessa forma, tendo com que ocupar minha mente em defendê-la e educá-la como a uma dama da Terceira República, estarei livre por algum tempo, da depressão em que vivo. Cuide de arrumar suas coisas para a viagem, porque depois de amanhã, iremos à Paris para matriculá-la. Se puder, ajude-me também a organizar as minhas... Não sou bom com a organização de bagagem, as malas vão sempre de qualquer jeito...
_ Não mais: Agora sou seu benfeitor. Estou apenas lhe pedindo um favor, não é mais sua obrigação, Irina.
Ela olhou bem no fundo daqueles olhos e reconheceu um brilho de bondade surgindo...
Um Conto De Areia & Mar
Tributo para Julio VernePor: FÁTIMA ABREU
Irina é uma jovem que torna-se órfã aos 17 anos. Resolve sair do interior da França para morar no litoral, pois era perto do Porto de Nantes, onde tudo acontecia... Tinha sonhos de conhecer terras distantes, culturas diferentes, viver aventuras, como nos livros que lia de seu autor preferido: JULIO VERNE. De Nantes, ela vai para Paris estudar Letras, pois quer ser escritora do gênero que aprendera a apreciar, criado por Julio: A ficção científica. Esse passo muda o rumo de sua vida e mais tarde, de outra pessoa: Gaston Verne, sobrinho do autor. Envolva-se nesse conto passado nos fins do século XIX.
Um romance com fatos históricos da vida de Julio Verne, unidos à minha ficção que se encaixa perfeitamente...
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