segunda-feira, 23 de março de 2015
A PRAGA
Esse é mais um conto real. Como foram 'Vânia', 'A Bolsa De Pedras', 'Amaranda Renasceu e outros aqui.
(Republicado)
A PRAGA
Maria da Conceição nasceu em Pernambuco, acho que foi em Palmares se não me engano... Seu avô tinha grande parte de terras do local, uma boa extensão para gado, bodes, galinhas, cabras, etc... Além de ter farmácia e outro tipo de comércio, na cidade. O pai, herdeiro de tudo isso, administrou por um bom tempo. Maria da Conceição tinha o espírito livre e logo se interessou pelos ciganos que acamparam nas terras do seu pai. Passou a viver mais horas do dia com eles do que com a própria família.
Aprendeu a ler mão com as ciganas, e deliciava-se a escutar suas músicas tocadas no bandolim acompanhado do pandeiro. Era uma mundo novo, diferente para ela, acostumada com as coisas do nordeste brasileiro...
Assim, ela foi crescendo e nas idas e vindas dos ciganos nas terras de seu pai, ela chegou a namorar um deles. Mas ela sabia: Os ciganos costumavam "trocar" as coisas dos outros!
Certa vez, seu pai notou que as galinhas sumiam e outros animais da fazenda. E em seu lugar, deixaram um cavalo sem olho e um cabrito quase na pele e osso.
Ele então, foi até o acampamento cigano, reclamar. Exigiu que saíssem de suas terras.
Houve uma discussão e uma das ciganas rogou-lhe uma praga.
Essa maldição seria para que tudo que ele tivesse ali, fosse acabando até ele ficar sem nada!
O pai de Conceição, puxou até uma arma de fogo para espantar os ciganos dali. Mas não ligou para a praga.
Os dias foram passando, e de um momento para o outro, as galinhas morriam aos montes, as cabras, os bois, patos, tudo! Ele ficara sem seus animais e estava enlouquecendo com isso.
Mas já era tarde, os ciganos estavam fora de suas terras, (ainda levaram o melhor cavalo do pai de Conceição) e ele não poderia pedir que a cigana quebrasse sua maldição.
Tudo que a família tinha antes, acabara...
Conceição ficou triste com tudo isso, mas mesmo sabendo que os culpados da desgraça de seu pai, eram os ciganos, ela queria muito ter ficado no meio deles, infinitamente:
Um espírito livre, não se deixa abater pelos descaminhos da vida.
Fátima Abreu
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