terça-feira, 27 de março de 2012
O esquecimento azul (parte X)
Francis, pega de surpresa, mal podia acreditar que agora tornara-se mentora.
O mentor que lhe deu a fita azul, disse-lhe que seu compromisso com André seria sua principal atividade, mas que sua escrita continuaria, porque era para isso que fora levada inicialmente, para o Complexo do Amanhã. O outro senhor, ainda lhe deu mais uma coisa: Um 'passe' especial, que era vamos dizer assim, uma benção, para seu novo trabalho ali.
Eles saíram, desejando sucesso com seu novo compromisso. Mas Lúcio ainda ficou. Ele a olhava de forma diferente agora: Além do carinho que nutria por Francis, tinha uma espécie de admiração, pelo progresso rápido que ela teve.
Francis rompeu o silêncio entre os dois:
_ E agora, Lúcio, o que faço? Não tenho idéia!
_ Siga apenas o seu bom coração, Francis. As palavras surgirão normalmente, quando estiver falando com André. Foi assim que fiz com você, minha amiga. Como te disse antes, minha experiência tinha sido apenas com pessoas bem jovens e adolescentes, não sabia como lidar com um alguém um pouco mais velha que eu, mas isso foi mudando dia a dia na nossa relação aqui...
Senti sua confiança total e dediquei-me ao máximo, para te orientar e desfazer suas dúvidas. Pensava de inicio assim: Sou 17 anos mais jovem que Francis, e isso é uma boa diferença! Como tratar os diálogos numa linguagem que fosse boa para ambos? Depois eu mesmo percebi que isso era uma grande bobagem, porque idade está na cabeça de cada um, ainda mais que aqui, o tempo nada interfere...
Podemos nos plasmar mais velhos, mais novos, e até em crianças!
Vou dizer a verdade dentro da minha alma, Francis: Você me deu um orgulho positivo... Sinto-me grato, por ter sido teu mentor.
Ele de impulso a abraçou. Coisa que nunca tinha feito antes! Ficaram ali, cerca de um minuto, um pouco menos talvez, naquele abraço apertado, vibrando energias positivas de carinho para ambos.
Depois disso, Francis deixando cair lágrimas de seus olhos, que nada mais eram, do que espelhos de sua alma doce.
Ele limpou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto... Francis então disse-lhe:
_ E do mais fundo de meu coração, te digo agora: Não teria tido melhor mentor que você, meu amigo querido.
Eles se entreolharam de um jeito todo especial. Nascida ali, naquele momento, mais que a amizade que os unia todo aquele tempo, era agora uma sementinha plantada para o seu futuro...
Lúcio se despediu de Francis no corredor, de uma forma diferente:
_ Francis, agora oficialmente: Seja bem vinda ao grupo, e nos veremos pelo menos duas vezes por dia, no inicio da manhã, na prece dos mentores, lá na sala que já conhece, em favor de nossos amigos daqui, e no fim do dia de trabalho para a prece final, em favor de nossos irmãos na Terra. Fora desse roteiro oficial, de vez em quando, nos encontraremos nas atividades conjuntas: Palestras ao ar livre no campo, dentro dos prédios, nas salas especiais, etc. Quando quiser me falar entre uma atividade e outra mesmo que seja para te ajudar no inicio, é só pensar em mim... Saberei que está me chamando e onde, dentro do complexo. Sendo assim, logo te encontrarei.
_ Ok. Que seja dessa maneira, a nossa comunicação! Obrigada por tudo, Lúcio.
_ Por nada, Francis. Eu que agradeço ter te tido essa oportunidade. Fica bem, e LUZ NO TEU CAMINHO!
_ Luz, também para você, sempre... meu amigo.
Lúcio plasmou uma flor entre seus dedos...
Juntaram as mãos e depois soltaram devagar, se separavam a passos lentos, ainda olhando-se, seguiam cada um para sua ocupação...
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Francis voltou para o hospital e dirigiu-se para onde D. Neide estava, precisava lhe dar notícias sobre André, como havia prometido antes.
Ao entrar, percebeu que a senhora tirava um cochilo, então a chamou sem assustar:
_ D. Neide... Olha voltei. Estive com André, e está muito bem! Perguntou pela senhora também. Acalmei-o quanto a isso. Agora tenho que lhe dizer que vamos ter muito tato, porque quando ele souber da verdade, sobre seu novo mundo e que não verá seus pais como antes, poderá ficar nervoso, rebelde, deprimido...
Não sabemos qual será a reação. Mas a senhora deve estar presente, quando eu lhe disser isso, para sentir-se reconfortado por ter pelo menos um, de seus parentes, por perto. Assim, o 'choque' será menor...
_ Sim, Francis, é claro! Estarei com ele nesse momento. Eu tenho a compreensão do meu novo estado, por ter sido espírita, mas ele... é apenas uma criança... Mas você disse que dará a notícia, por quê?
_ Porque agora serei a mentora dele. Acabei de ser informada sobre isso. Veja: recebi a fita azul dos mentores.
_ Francis, mas que ótima notícia! Fico contente por você, e pelo Dedé! Sei que agirá com muito carinho, você sempre pareceu ser uma pessoa boa...
_ Com certeza, cuidarei dele com muito carinho! Adoro crianças, sempre tive muito jeito com elas, e nesse caso em especial vou me dedicar bastante para honrar essa fita azul aqui.
Disse isso, prendendo a fita em seu cabelo, passando por baixo da nuca e amarrando em cima, num bonito laço... Ao estilo: "Alice no País das Maravilhas".
A fita poderia ser colocada em qualquer parte: Tinha mentores, que a usavam como 'bottom', presa na blusa. Outros, a levavam no pulso ou onde desejassem, mas tinha que estar visível, para indicar o "cargo" e ter acesso aos lugares que nem todos, poderiam se dirigir... Essa fita, tecida em matéria etérea, não poderia ser plasmada por qualquer pessoa, se assim fosse, seria fácil o acesso de indivíduos despreparados, nesses locais.
Retomaram a conversa:
_ Minha filha, e quanto a mim, quem será meu mentor, você sabe?
_ Isso eu não sei, D. Neide. Mas não se preocupe, logo saberá: Ele virá ainda hoje, para se apresentar. Aliás, todos os mentores designados para cuidar dos recém chegados, farão isso. Agora se me dá licença, vou até André. Tenho que fazer a minha parte: me apresentar como sua mentora a partir de hoje...
_ Vai, Francis... Olha, diz para ele, que a vovó enviou um beijinho e que logo irei vê-lo.
_ Pode deixar D. Neide, darei o recado. Fique tranquila e aguarde seu mentor ou mentora...
_ Até depois, minha filha.
Francis apertou sua mão, virou-se, e saiu dali diretamente para a ala infantil.
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Francis chegou perto de André, sentou-se ao seu lado e disse tranquila:
_ Sabe de uma coisinha, André? Tenho uma novidade para você: Serei sua mentora!
_ Sério? Você é que vai explicar as coisas, igual a uma professora?
_ Sim, meu anjo... Fui designada para isso... Ser como uma 'professorinha' para você aqui. Amanhã te levarei para a Colônia das Crianças, como havia dito antes para você, lembra? Lá, vai brincar e muitas coisas mais...
_ A vovó vai com a gente?
_ Bem, se derem o ok, para que ela saia do hospital, vai sim. Mas se acharem que deve ficar mais um pouco...Terá que esperar para que ela te encontre depois.
_ Mas, me responde uma coisa, Francis: Por que meus pais não vem me pegar, em vez de eu ir para essa tal de 'colônia'?
_ Ah, isso é um assunto que vamos conversar depois... Quando sua avó sair do hospital e vier se juntar a nós, eu te direi o porquê.
_ Tá bem, então... Mas eu tô achando tudo isso muito 'doido'...
_ Não é muito fácil para uma criança, mas com o tempo, vai se acostumar... Depois vai entender tudo, Andrezinho... Veja todo esse azul a sua volta: Não é lindo?
_ Engraçado, percebi que aqui tem muito azul mesmo!
_ Sim, Andrezinho... Chama-se "O ESQUECIMENTO AZUL" ...
(continua agora, no meu próximo livro)
Fátima Abreu
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