terça-feira, 2 de julho de 2013

O MEDO É O MESMO


Que chuva terrível a de ontem a noite!
Vínhamos pela estrada caminhando, de volta para casa, eu e minha filha, Catarina.
Os relâmpagos rasgavam o céu.
Medo: Pois estávamos encharcadas da cabeça aos pés.
As roupas grudadas em nossos corpos.
Não havia ruído dos trovões, estranhamente...
Apenas os raios cortando o breu da noite.
Dilacerando o ar...

A água subia na rodovia...
Já não ligávamos mais para isso, era inevitável.
O que me sustentava era a oração que repetia:
Pedindo à Deus que nos levasse ilesas para casa.
Catarina sempre tão forte quanto a essas coisas, mostrou-se apavorada dessa vez.
Houve um apagão, piorando as coisas.
Já não víamos nada.
Seguíamos guiadas apenas pela estrada que continuava em nossa frente.
Momentos ruins assim, passei anos e anos antes, com meus dois outros filhos: Felipe e Izabel.
Curiosamente, no mesmo horário.
Repetiu-se toda a história:
A tempestade, os raios e o apagão foram os mesmos, a única diferença foi que anos atrás, havia o barulho ensurdecedor dos trovões...

Posso dizer então que passo vez ou outra, por situações repetidas, mesmo que anos as distanciem.
O círculo da vida.
O medo é o mesmo.

Fátima Abreu

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