sexta-feira, 30 de setembro de 2011

PEDAÇOS DE MIM...


Pedaços de mim
caíram por terra
taça quebrada
cacos espalhados

Pedaços de mim
foram colados,
restaurados com alegria
duraram pouco:
pedaços de mim
quebraram novamente...

Pedaços de mim
lutaram, venceram algumas batalhas!
mas na  alma, em pedaços
sempre uma vontade:
recomeçar, colar os cacos
esperança que ainda há...

Pedaços de mim
tornaram-se quase fortes!
alguns 'baques' foram evitados,
outros eram iminentes...
pedaços de mim:
estrutura, antes sólida
que é frágil agora...

Pedaços de mim
rasgam a roupa feroz
ira, que acalma
a alma tão sofrida e escaldada...
pedaços de mim
roupa estragada
pelos fracassos
embora digam o contrário:
e aplaudam os 'pedaços'
que vem de dentro de mim...

Fátima Abreu

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O PIANO, A ESPERA, A DESILUSÃO

VESTIDA DE COR DE ROSA, ELA ESTAVA.
PRONTA, PARA A NOITE DE SEU RECITAL!
PROCURAVA COM OLHOS ATENTOS, ENTRE A PLATÉIA...
NÃO O ENCONTRAVA.
ELE NÃO VIRIA, POR CERTO...
FOI APENAS UMA BRISA EM SUA VIDA,
NÃO UM FORTE VENDAVAL...
HAVIA SIDO PAIXÃO MOMENTÂNEA,
COMO AMOR DE CARNAVAL...

ELA O CONVIDOU NA ESPERANÇA
DE SER ALGO MAIS,
DO QUE MERA LEMBRANÇA...

O PIANO ESTAVA ALI, A LHE ESPERAR.
AS PESSOAS JÁ APLAUDIAM ANTES DA HORA,
SINAL QUE IRIA TER QUE COMEÇAR...

ELA OLHOU MAIS UMA VEZ
PERCORRENDO COM OLHOS ÁVIDOS
MAS ELE NÃO VEIO, TINHA CERTEZA AGORA...
SENTOU-SE E COMEÇOU À TOCAR.
UMA MELODIA DOCE...
NA MEMÓRIA, A NOITE ANTERIOR:
QUANDO ESTEVE TOMADA DE AMOR.

FÁTIMA ABREU

sábado, 24 de setembro de 2011

O HOMEM QUE VIA ALÉM DOS OLHOS IV

A vida de Januário  era sempre cheia de acontecimentos que para muitos eram inexplicáveis, mas para ele 'simplesmente acontecia',  devido aos seus dons paranormais... Ele estava acostumado com isso desde a mais tenra idade, como comer, dormir...

Certa vez, Januário trabalhou por 6 meses em um hotel 5 estrelas, na zona sul do RJ...
Antes, sempre havia trabalhado no aeroporto internacional, mas eu um corte da empresa que estava naquele momento, ele foi um dos escolhidos e teve que sair, mas como sempre foi o que ele fez, tinha lá seus contatos, para que o chamassem assim que abrisse vaga em alguma das agências de viagens...
Enquanto isso, para não faltar o pão de cada dia em casa, ele aceitou o convite de um conhecido seu, que já havia trabalhado com ele, no aeroporto tempos atrás: Esse rapaz, ligou e o convidou para ir até o hotel, porque lá havia uma vaga para segurança, afinal, mesmo com estatura mediana, Januário tinha porte físico! Naquela época, não precisava ainda, de certificado para uma atividade dessas... Hoje tem que ter curso para aprender defesa pessoal...
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Januário foi até o hotel para se candidatar ao emprego ( mesmo achando temporário, porque  sua vontade era de voltar para o aeroporto ), e logo assim que passou pela entrevista, foi aceito. Começando a trabalhar no dia seguinte.
Já estava há dias por lá trabalhando, sem maiores novidades, até que em uma noite ( pegava das 22:00h até 6:00 h da manhã ) ele foi abordado por um homem de cavanhaque e cabelos escuros, bem aparados, em um corredor  de um dos andares que fazia a 'ronda':
_ Boa noite, como está?
_ Bem, obrigado. É hóspede do hotel, senhor?
_ De certa forma, sim... E você como se chama?
_ Meu nome é Januário, sou o mais novo segurança do hotel.
_ Percebi... Aqui já vi muitos.
Continuaram a conversa  andando pelos corredores, até que em certo ponto, ele se despediu de Januário, dizendo  que na noite seguinte voltava para conversar novamente...
Januário achou meio estranho aquilo, mas continuou sua ronda...
 Na noite seguinte, no mesmo corredor e na mesma hora que Januário passava ali para a ronda,  sentiu alguém bater-lhe no ombro:
_ Boa noite, Januário, como está hoje?
_ Ah, olá! Bem, vou indo sem mais novidades.
E a conversa continuou... Eles, andando juntos pelos corredores, desde simples banalidades, até filosofias de vida...
Até que, ao aproximar-se daquele ponto, ele virou-se para Januário e disse:
_ Vou indo, amigo. Daqui eu não passo, até amanhã então...
_ Boa noite para você, então.
Novamente, no mesmo lugar da noite anterior, ele parou a conversa e não seguiu em frente... Algum mistério tinha nisso.
"Com o tempo  descubro..." Pensou.
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Passaram noites e noites  e ele sempre aparecia, no mesmo corredor e na mesma hora.
A amizade entre eles continuava, falavam sobre qualquer assunto e podiam até debater tantos outros...
Até aquele ponto do andar do hotel, e depois ele voltava...
 Januário então perguntou já desconfiado:
_ Amigo, não me leve a mal a pergunta, mas tenho uma desconfiança e preciso saber: Você ainda é 'gente', ou é espírito?
_ Ora, Januário! Pensei que sabia disso desde a primeira vez! Sou espírito. Morri aqui mesmo, nesse andar do hotel, vítima de um assassino terrível, que matou também a minha esposa, na ocasião.
_ E onde ela está? Em outro plano?
_ Sim, ela tinha uma capacidade de perdoar, maior que a minha. Então seguiu em frente com os 'auxiliares' que vieram buscá-la... Eu fiquei não fui com eles, porque fui incapaz de perdoar esse homem, e aguardo ansioso o dia que ele seja condenado pela Justiça dos homens. Só assim vou ter descanso!
E por esse motivo, fico preso aqui nesse andar,  não passo daquele ponto que você já sabe, porque foi ali que ele me matou com os tiros... É como se fosse uma 'parede invisível' que não me deixa passar!
Mas há mais outro espírito, você conhece, que também não saí do hotel...
_ Quem? Não me lembro de ter visto outro por aqui...
_ Ora, o seu 'conhecido', que te indicou o emprego!
_ Não é possivel, ele me ligou e disse que havia uma vaga, eu vim e realmente consegui...
_ Mas era a vaga dele mesmo. Porque morreu aqui também, pelo mesmo assassino.
 Viu quando o homem nos atirou na porta da suíte, estava fazendo a ronda. Tentou pegá-lo, mas levou 3 tiros na cabeça e rosto, e não resistiu. O assassino, conseguiu fugir pelos fundos do hotel e até hoje nada da polícia prender...
_ Então ele também não foi com os auxiliares, como a sua esposa... Pelo mesmo motivo que você, não é?
_ Sim. Ele também quer vê-lo condenado, pegando anos de prisão.
_ Hum, isso explica muita coisa...
Januário só não entendia porque o 'conhecido', não aparecia para conversar, desde que entrou no emprego nunca esbarrou com ele em nenhum andar...
Lendo seus pensamentos, o amigo respondeu:
_ Acho que não aparece Januário, porque está desfigurado pelos tiros na face, talvez se sinta horrível e não quer que você veja, que guarde apenas a memória dele como era antes...
_ Pode ser isso... Me sinto agradecido por ele ter dado um jeito para ficar na vaga, queria poder dizer..
_ Não se preocupe Januário, ele sabe que você é grato...

 Muitas noites de ronda se passaram depois, muitas conversas, até que finalmente Januário foi chamado para voltar para o aeroporto, numa agência de viagens onde uma conhecida, se tornou gerente.
Estranhamente, o primeiro nome que ela teve na cabeça, para montar a sua equipe, foi o dele...

Ele se despediu do 'amigo' que fizera no hotel, e mentalmente agradecia ao outro, que também por sua ajuda, garantira o sustento de Januário e família, durante aqueles 6 meses...
Mas, mesmo tenho se afastado do hotel e saindo da folha de pagamento, durante mais 6 meses, recebia seu salário que era depositado sempre na mesma data em sua conta...
Um mistério que Januário não conseguia entender, mas que foi de grande ajuda, porque a sua esposa tinha ficado grávida novamente...
Assim, Januário tocava a vida, e sempre quando estava em alguma dificuldade, contava com a ajuda dos planos superiores. Era uma forma de mantê-lo bem, até começar o seu verdadeiro carma:  Uma doença de generativa, que durou por 15 anos, até o dia de sua morte.
Agora, ele deve saber toda a verdade desses mistérios, afinal os espíritos conversam, tanto com os vivos, como entre si...

Fátima Abreu

sábado, 17 de setembro de 2011

O porto

( UM POEMA ÉPICO: BELLE ÉPOQUE )
O porto nunca estava vazio,
Sempre com barcos, navios...
A tristeza do olhar dela, comovia:
Ela apenas observava quando as naus chegavam,
Ou os barquinhos pesqueiros descarregando.
Nada ali mudava, todos os dias era o mesmo,
Desde a madrugada...

Perdia-se em seus pensamentos,
Dúvidas, lamentos...
Amores esquecidos,
Poemas ditados ao pé do ouvido...

Não era fácil esquecer,
Tudo que ali, ela passou a viver...
As dores das perdas,
A própria delicadeza!

Tornara-se estranhamente grosseira,
Devido ao 'baques' da vida...
E não era difícil encontrá-la a brigar,
Com 'esse' ou 'aquele',
Que quisesse dela, abusar...

Dentro dela, havia esperança ainda!
Dias iriam levar,
E seu tormento interior, certamente iria passar...

Observava atenta, as damas que passavam
Com seu chapéus e vestidos que varriam o chão,
Sombrinhas de babados e um ou outro bordado...
Nada disso era para ela!
Apenas o cheiro dos peixes, no cais do porto
Onde ali, pelo mar,
Jazia, do seu amor, o corpo...

Fátima Abreu

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

UM DESABAFO!


Tudo que sinto faz parte da minha escrita,
Ora bolas, se assim não fosse, por que seria poeta então?
Se a sociedade castiga quem  tem sua própria idéia, que democracia é essa?
Escrevo no luso poemas, desde 2008, é como uma casa para mim, já me desentendi com alguns autores, mas fiz muitíssimas amizades, algumas, até como se fossem família mesmo, apesar de que família, nem sempre é para sempre... Ela se desfaz no mundo de hoje, por vários motivos distintos:
Desde a separação dos familiares por desentendimentos, por distância de localidades, por motivos de dinheiro, por ciúmes, enfim, causas  das mais variáveis...
Já uma família que você mesmo escolhe,  no caso do luso poemas, você briga, faz as pazes, mas sabe que ela está sempre ali... Já estive para sair do site por pelo menos 3 vezes, mas sei que saindo deixaria para trás, amizades que tem enorme valor para mim, como a minha 'maninha' do coração, Acalenta, e várias outras pessoas que eu adoro...
Esses amigos/irmãos não somem do mapa. Não somem da sua vida... Basta fazer um login, e você encontra sua família escolhida,  de novo...
Não sei se as famílias virtuais poderão substituir a REALIDADE, no coração  de alguém, mas tem horas que aquela irmã (o) que você escolheu por afinidade, te dá a mão mais rápido, que aquele tem o mesmo sangue que o seu...
Digo tudo isso, porque pessoas ligadas à mim, não podem se quer ler o que eu escrevo, para não sofrerem preconceitos por parte de outras pessoas. Triste isso... Para mim, é sinal de uma sociedade hipócrita, que rotula as pessoas pela sua característica: Se escrevo erotismo, por acaso quer dizer que sou alguma prostituta de beira de estrada? Absurdo isso!
Meus filhos jamais me leem: Por escrúpulos deles mesmos, não se sentem à vontade para ler as coisas que a mãe expõe no seu Universo de erotismo, é completamente aceitável isso, afinal, trata-se da minha forma de conviver com algo muito íntimo do meu ser, a minha própria sexualidade, mas  não pela sociedade que impõe...
Existem chefes religiosos que cometem os mais absurdos erros, referentes à sexualidade, as notícias estão aí: Pedofilia, prostituição infantil, e várias outras coisas que não vou perder tempo citando, pois é demasiado "animalesco" para mim...
Eu, que sempre intercalo entre textos eróticos e de conteúdo adulto, outros tantos, dos mais variados, que vão desde inocentes contos infantis e de humor, até crônicas nostálgicas, poesias ecológicas e até mesmo artigos de fundo espiritualista, sou cruelmente massacrada pela sociedade que não deixa que algumas pessoas sejam ligadas diretamente ao meu nome, haja visto, sou 'uma cidadã erótica demais', para estar no perfil de outras...
Isso é um desabafo, me perdoem por favor leitores...
Estou 'por aqui 'de tanto preconceito no mundo de gente hipócrita, que por 'detrás dos panos' fazem coisas, mil vezes piores do que contos e poesias eróticas!
Amo aos amigos, que me aceitam como sou, e a minha escrita também, para vocês, serei sempre agradecida, porque entendem a minha necessidade de escrever o que sinto no corpo e na alma...

Fátima Abreu

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O homem que via além dos olhos I, II e III

 Capt I
AS VISÕES
Januário,  tinha apenas 20% de visão, o diabetes causado pelo uso contínuo de corticóides, devido a uma doença, fez com que ele gradativamente fosse perdendo a visão, além das cataratas nos dois olhos..
Mas ele enxergava além da visão natural dos seres humanos:
Podia visualizar outras dimensões paralelas, ao orbe terrestre...
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Certa vez, estava ele em seu quarto, quando se sentou na beira da cama, e olhou fixo para um ponto do armário. Dora, sua esposa,  perguntou porque fazia isso, ele disse para que ela ficasse quieta uns instantes pois estava vendo uma coisa linda ali!
Dora sentou-se ao lado, e esperou...
Ele colocava a mão direita para o alto, e dizia estar passando a mão do outro lado, em uma dimensão diferente, podia ver a paisagem, podia tocá-la, tudo era muito colorido, mas os tons de laranja e vermelho claro, eram a maioria... Ele via montanhas, vales, três luas no céu... Disse que era como uma pintura fresca, gelatinosa talvez, como se fosse a matéria ali, fácil de se desfazer...
Ele podia sentir tudo que se passava ali, do outro lado, onde sua mão tinha passado. Depois de instantes de contemplação, ele recolheu a mão, e disse ter acabado a visão...

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Outras vezes, ele enxergava épocas distantes do passado da Terra, se via no Império Romano, como um centurião, ou ainda, um monge que vagava por ruas escuras com uma lamparina clareando seu caminho...
Uma vez, disse que estava em pleno deserto do SAARA, e nesse momento ele realmente falou uma língua diferente, que para os ouvidos de Dora, era inexplicável!!!
Mas um caso inusitado, foi quando ele e Dora, foram juntos esperar sua filha do meio, fazer uma ultrassonografia uterina, porque naquela época, ela estava grávida de 5 meses. Eles ficaram do lado de fora sentados enquanto ela fazia a ultra...
Ele olhou casualmente para seu relógio, e viu o bebê ali, como se fosse o visor da ultra! E descreveu para Dora, como a neném estava:
Com o bracinho direito atrás do pescoço...
Ao sair da sala da ultra, a filha deles, disse:
_ Agora deu para saber o sexo!
Ele respondeu:
_ É UMA MENINA QUE POR SINAL, ESTAVA COMO O BRACINHO ATRÁS DO PESCOÇO, FAZENDO POSE...
_ Pai! Como sabe disso?
_ Eu vi... Apareceu bem aqui no meu relógio...
Um silêncio cobriu aquele momento, se olhavam espantados, a prova  ali, nas mãos dela: Abriu o envelope, e a ultra foi olhada, lá estava a menina naquela posição!!!

Mistérios...
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Capt II

A VISÃO DA MORTE

Januário com sua paranormalidade, enxergava além do que os olhos do ser humano normal, podiam ver: outras dimensões, outros seres, outras épocas...

O ano era 2001...
Certa vez, Januário resolveu plantar milho no terreno da casa que tinha alugado, até que encontrasse uma para comprar, pois nessa que ele estava, era de 'posse', sem documentação, e ele não iria correr o risco de comprar um imóvel sem os devidos papéis em dia legalmente...
A casa era pequena, mas de grande terreno.
Tinha apenas 1 quarto, sala, cozinha e banheiro, Januário queria comprar uma de 2 quartos, porque ele e sua esposa, tinham uma filha de 4 anos e meio. O ideal era que ela tivesse o próprio quarto já que havia saído do berço...

Mas, voltando ao desejo que ele teve de fazer seu milharal:
Já que a propriedade era grande, comprou os grãos roxos de milho, porque lhe disseram na loja agrícola, serem os melhores para esse tipo de plantação artesanal...
Ele, a esposa e a pequena Catarina, fizeram o plantio durante uma manhã. E nos dias seguintes molhavam na parte da tarde, cuidando com carinho...
Quando o milharal se formou, Januário ficava sentado entre os pés de milho, tomando uma 'fresca' de tardinha e observando sua obra.
Até que chegou a época da colheita...
Januário estava ansioso para colher o produto de seu esforço, e nesse dia, se sentou como de costume, entre os pés de milho para começar a retirada, foi quando algo estranho se deu:
Ele viu a figura mórbida da MORTE!
Tal qual aparece nos filmes, desenhos, contos...
Uma entidade que ele imaginou que fosse apenas fruto da criação humana, mas que estava ali, em sua frente, do outro lado do milharal: De capa preta, rosto enevoado e foice...

Ele ficou nervoso, e achou que isso queria dizer que estava prestes a morrer, revelando para sua esposa, o que havia visto minutos antes...
Certo é que, ele durou ainda, exatos 7 anos,( 2008 ) desde o dia que viu 'A MORTE'...

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Capt III


Januário não imaginava antes, o quanto serviu de equilíbrio para uma história tão bonita sobre o menino Pedro. Usando de sua paranormalidade, aqui ligada diretamente à mediunidade, serviu de aparelho para um espírito aflito e triste se abrir e finalmente alcançar um pouco de alegria...
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O CASO DE PEDRINHO

Ele era escurinho como a noite, seus dentes muito alvos reluziam...
Ficara órfão muito novo ainda, e teve que se virar prematuramente pelo mundo a fora...
Logo depois da morte de seus pais no rio, (quando uma enchente daquelas subiu o nível, eles se afogaram) ele teve que fugir aconselhado por um vizinho, pois o colocariam em um orfanato. Isso para ele era o mesmo que prisão, e só sairia de lá quando estivesse em idade para cuidar de si mesmo... Era muito tempo, não podia esperar!
Quando saiu do cemitério, passou na pequena casa e pegou uma malinha, colocou suas poucas roupas e algum dinheiro que ele sabia que sua mãezinha havia guardado, antes de sua morte, dentro de um pote, na cozinha...
Foi embora dali, olhando para trás, se despedindo do lugaR.
Ali ele nunca mais voltou.
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Pedro sabia ler, escrever e fazer contas, mas apenas isso, pois quando seus pais morreram, ele deixou de estudar e saiu pelo mundo pedindo carona aqui e ali... Muitas vezes, ia na boleia dos caminhões, em outras, na carroceria junto com as mercadorias que os motoristas transportavam. Assim, ele se virava, conhecendo vários lugares do Brasil, fazendo um servicinho aqui e ali para garantir seu "prato feito"
em alguma pensão de beira de estrada...
Pedro estava sempre triste... Sentia-se solitário, sem ninguém no mundo...
Quando contava 15 anos, Pedro morreu, vítima da meningite que estava no nordeste. Ele teve uma fortíssima dor de cabeça e febre, durante 2 dias, e se foi...
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Pedro abriu os olhos, a cabeça ainda doía! Olhou em volta e pode avistar uma senhora idosa, de seus 65 anos, vindo em sua direção. Ao fundo, uma pequena casa, muito bonitinha, um cachorro e uma cerquinha pintada de branco demarcando o pequeno sítio.
A senhora lhe deu a mão para que levantasse do gramado.  Disse então, com muito carinho na voz:
_ Olá, Pedrinho! Estava te esperando, venha comigo para dentro de  casa.
Ele meio tonto ainda, obedeceu a senhora apoiando-se no braço dela. O cachorro vinha logo atrás deles...
Ao abrirem a porta, ele foi logo perguntando:
_ Senhora, onde estou? Pensei até que estava morto, pela dor e febre que ando sentindo...
_ De certa forma está, Pedrinho. Pois não pertence mais à Terra... Aqui é o seu novo lar, o que foi designado para você, juntamente comigo e  Rex, o  cachorro...
_ Mas se estou falecido, porque falo, sinto, ouço, vejo?
_ É a realidade do espírito. Ele não morre, apenas o corpo.
Ele nada disse mais, ficou somente olhando cada detalhe de onde estava. Havia muitas dúvidas em sua cabeça:
Por que não vieram seus pais para lhe acolher? Onde estavam? Por que não escurecia, pois já estava um bom tempo ali, e não vira em nenhum momento, traços de anoitecer... Essas, eram apenas algumas das muitas questões para serem  respondidas pela senhora.
Ela leu seus pensamentos, começou então, respondendo a primeira pergunta:
_ Seus pais não vieram Pedrinho, porque há muito tempo já voltaram para a Terra, estão encarnados novamente. Quanto aqui não escurecer, é porque você está num bom plano astral, sofreu seus bocados na Terra, merecia ter um bom local para viver, e só tem escuridão nos planos mais baixos, que são dos espíritos em atraso espiritual: como assassinos, suicidas e outros... Não cabe a ninguém julgar, apenas as forças superiores.
Você se acostuma com o tempo com essa nova vida, olha, pode experimentar coisas que na Terra, preso pela carne, não podia, quer ver?
_ Sim, mostre alguma dessas coisas, senhora.
Ela volitou em sua frente. Pedro ficou de boca aberta, espantado.
_ Isso se chama volitar, Pedro. Como voar, flutuar...
E pegando a mão dele, o levantou do chão, para mostrar que ele podia fazer o mesmo, naquele momento...
_ E como a senhora sabia, o que eu estava pensando antes?
_ Aqui também desenvolvemos a telepatia, Pedro. Além disso, podemos 'plasmar' algumas coisas, para agradar a nossa vida, veja...
Ela plasmou com seu pensamento, um buquê de flores, e deu de presente para Pedro.
 Ele ficou encantado!
Com o passar do tempo, foi descobrindo muitas coisas nessa nova realidade, onde estava... Mas de vez em quando, uma triteza lhe batia:
Gostaria de ver mais pessoas, além da senhora e do cachorro Rex... Achava-se muito só, sem ter alguém de sua idade para conversar, jogar uma bola... Certa vez perguntou  para sua mentora:
_ Senhora, porque nas 'colônias' tem muitos espíritos, fazendo várias coisas, e aqui somos apenas nós? Porque não saímos daqui para visitar outros lugares desse mundo espiritual?
_ Sabe, Pedrinho, é um pouco complicado te responder... Mas pense assim: Nas colônias estão vários grupos, realizando diversas funções para que foram determinados, como numa grande cidade da Terra, e aqui, é como se estivéssemos no interior desse município, cuidando da nossa vidinha pacata do sítio.
Mas, se quiser ir até a Terra, você terá permissão, quer olhar como o mundo mudou, desde quando você desencarnou?
_ Sim, quero senhora! Pelo menos saio um pouco daqui...
Ele descobriu nas suas andanças de visita, que os médiuns poderiam enviar mensagens ditadas pelos espíritos... Procurou um médium que vibrasse na mesma sintonia que ele, e achou Januário.
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Januário passou a servir de aparelho para Pedrinho. Mas sempre ele vinha muito triste...
Passados meses, a senhora, sua mentora, disse-lhe:
_ Se prepare Pedrinho: Logo passará pela 'câmara do esquecimento', para regressar através da reencarnação, à Terra...
_ Quer dizer que vou finalmente sair daqui? Vou renascer?
_ Sim, vai. Desta vez, será feliz! Pois merece acabar com essa tristeza em que sempre viveu...
Pedrinho usou de seu aparelho Januário, mais uma vez, deixando a mensagem:
_ Estou me despedindo, agradeço muito a acolhida, mas em breve estarei de novo, no mundo dos vivos, vou reencarnar...
Mesmo assim, ele chorou...
Perguntado por um familiar de Januário, por que chorava, ele respondeu:
_ Esse choro agora, é de alegria: Representa o fim da minha tristeza...
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Nunca mais se ouviu falar de Pedrinho, porque ele já havia reencarnado:
Um menino ou menina, que andava agora com sua nova família, em algum cantinho do planeta Terra...

Fátima Abreu

domingo, 11 de setembro de 2011

O relógio

 

 

O RELÓGIO

Incontáveis minutos se passaram,
Seriam horas,
Se ele estivesse prestando atenção nisso.
Mas, o relógio impiedoso teimava em andar
Um tic tac quase mudo,
Um incansável momento, surdo...

Ele apenas olhava, sem ver as horas...
Um objeto com pêndulo, à sua frente.
Quando a hora 'exata' acontecia,
Um ruído estrondoso, a sala envolvia...

Na cadeira de balanço, triste e cabisbaixo,
O ancião apenas se lamentava...
Dias, meses e anos de sua longa vida,
Acompanhados daquele relógio,
Que agora, era sua única companhia...

Fátima Abreu

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A GATINHA CARENTE E O LEÃO ( FÁBULA EM PROSA POÉTICA )

 

 

A GATINHA CARENTE E O LEÃO...

A GATINHA CARENTE ESTAVA DESILUDIDA DOS GATOS DO MUNDO.
SAIU SEM DESTINO, PULOU MUITOS MUROS...
PENSANDO O AMOR NÃO MAIS ENCONTRAR
...
VISTO QUE UM GATO SAFADO, SÓ FEZ LHE ENGANAR...
CORREU OS SETE CANTOS DO MUNDO:
ESTEVE AQUI E ALI
E ONDE POSSA SUA VOZ OUVIR...

ATÉ QUE CANSADA, ESGOTADA, PAROU PARA DESCANSAR...
VEIO DELA SE APROXIMAR
UM LEÃO, NA ÁFRICA, ONDE ELA AGORA ESTAVA...

E PERGUNTOU O LEÃO:
_ QUE FAZES AQUI PEQUENA GATINHA?
AQUI BEM SE VÊ QUE NÃO É O TEU LUGAR...

AO QUE A GATINHA RESPONDEU:
_ SENHOR LEÃO, REI DAS SELVAS, NÃO SE IMPORTE COM MINHA PRESENÇA... SOU APENAS MAIS UMA A ANDAR POR ESSAS TERRAS, SEM FUTURO, SEM ESPERANÇA...

O LEÃO VENDO O TRISTE SEMBLANTE DA GATINHA, E AO MESMO TEMPO, OLHANDO O CÉU, PEGOU-A NO COLO E LEVOU-A PARA SUA TOCA...
A GATINHA PROTESTAVA! NÃO QUERIA FICAR EM UMA TOCA! QUERIA SER LIVRE, CONTINUAR SEU CAMINHO...
O LEÃO APRESSOU-SE EM DIZER:
_ TE TROUXE AQUI, PORQUE VAI CHOVER!

_ AH! E COMO SABE? POR ACASO O SENHOR LEÃO, ALÉM DE REI, É ADIVINHO?
_ NÃO SEJA TOLA, GATINHA, AQUI É MINHA TERRA, CONHEÇO O CLIMA DAQUI MUITO BEM...E SE DIGO QUE VAI CHOVER, É PORQUE VAI ACONTECER!
_ ENTÃO ESTÁ BEM...POR AQUI FICO ATÉ A CHUVA CESSAR, MAS DENTRO EM POUCO, VOU EMBORA, AQUI, NÃO VOU FICAR!

A CHUVA CAIU, EM TORRENTES PESADAS,
A TOCA DO LEÃO, FICOU ALAGADA...

O LEÃO SEM SABER PARA ONDE IR, PEDIU A SUGESTÃO DA GATINHA, PARA FUGIR DALI...
A GATINHA PENSOU E PENSOU... A UMA CONCLUSÃO CHEGOU:
_ APENAS PODEMOS REZAR! DESSA NÃO HÁ COMO NOS SAFAR! VAMOS PEDIR AOS CÉUS PARA NOS AJUDAR...
MAS OS CÉUS OUVIRAM A GATINHA, E A ÁGUA ESCORREU DA TOCA...
O LEÃO FICOU PASMO! COMO PODE SER, A CHUVA PARAR E A ÁGUA DA TOCA, ESCOAR?

A GATINHA SAIU DA TOCA, E VIU O BRILHO DO SOL NOVAMENTE, E REPAROU ALÉM DE TUDO, UM LINDO ARCO-ÍRIS, À FRENTE!

A GATINHA, QUE ANTES NÃO TINHA ESPERANÇA, À VISTA DE IMINENTE PERIGO, PLANTOU A SEMENTE EM SEU CORAÇÃO, E JUNTO DO ENORME LEÃO, FEZ SUA ORAÇÃO...

AGORA A GATINHA E O LEÃO, CAMINHAM JUNTOS PELA ÁFRICA, MUITAS AVENTURAS FARÃO, COM ESSA GRANDE AMIZADE, QUE SE FEZ, QUANDO PASSARAM PELA ENORME DIFICULDADE.

O LEÃO, É SEU REFLEXO NO ESPELHO, JUNTOS TOMAM DECISÕES, COMO UM NOVO CASAL QUE SE FORMOU.
AS DIFERENÇAS, SÃO APENAS EM TAMANHO...
MAS TAMANHO NÃO É DOCUMENTO MESMO!

MORAL: SEMPRE HÁ UMA ESPERANÇA!

Fátima Abreu