quinta-feira, 16 de abril de 2015

O Golpe

Capítulo 3:



A formatura do terceiro ano estava chegando. O dinheiro arrecadado durante o último bimestre do colégio, foi dividido em duas partes: Uma para a cerimônia de entrega dos certificados e a outra seria para a melhoria na biblioteca .

Os pais de Layla foram informados do romance da filha com o professor de Educação Física.
Não gostaram desse envolvimento.
Ao primeiro contato com Rossini, seus pais o acharam possessivo e ciumento. Tentando evitar que sua filha futuramente sofresse nas mãos de um neurótico, eles dialogaram para dissuadi-la de levar em frente esse romance. Foi em vão.
E cada vez os encontros eram mais frequentes entre eles.

Quando Rossini soube que os pais de Layla não gostaram dele, sugeriu que fossem embora da cidade juntos.
Eles começariam vida nova como um casal mesmo:
Como professor, encontraria rapidamente emprego em uma escola e ela, poderia continuar os estudos numa faculdade paga.
Expondo isso para Layla, ele disse:
- Vamos Layla. Você é maior de idade, não precisa dar satisfação dos seus atos.

- Mas, deixar tudo para trás, assim... Não sei... Aqui tenho tudo.

- Prometo que nada de faltará, minha querida. Olha, tenho até uma ideia de arranjar dinheiro rápido para nossa viagem. Pensei em ir para outro estado. O que acha?

- Como assim, dinheiro rápido?

- Tenho como pegar o dinheiro da Caixa Escolar, porque sou o tesoureiro. Depois de estabelecidos em algum local, enviarei a quantia na conta do colégio, reembolsando. Seria apenas como um 'empréstimo'...

- Seria perigoso. E se te pegam? Poderá ser preso até! Aí mesmo que meus pais nunca iriam te aceitar!

-Não se preocupe, tenho tudo já na ideia. Só não poderá ficar até o final da formatura, pois será nesse dia que fugiremos juntos. Vou aproveitar o alvoroço no colégio da cerimônia, e abrirei a gaveta para a retirada do dinheiro que seria para a reforma da biblioteca. Depois nos encontramos num local 'x', e dali pegamos meu carro e vamos embora.

- Você tem carro? Só te vejo com a moto...

- Sim, está na casa dos meus pais. Deixo com eles para uma emergência, sabe como é, são 'coroas'...

- Ah, sim... E vai deixá-los para trás também, por mim? Não acho justo. Poderá se arrepender depois.

- Tenho uma irmã. Ela cuidará deles, caso precisem de algo.

- Você faz tudo parecer muito fácil... Não sei...

- Será fácil, confie em mim.

- Ok, vamos ver no que dá. Então arrumo uma mochila com minhas coisas mais precisas e deixo com você no próximo encontro, fica logo dentro desse seu carro. Porque no dia da formatura, não poderia estar com  uma mochila em mãos... Meus pais desconfiariam disso.

- Sim, bem pensado.



******************


Dezembro: Noite quente, como já era verão... A formatura foi no salão de festas do colégio.
Mesas e cadeiras decoradas para as famílias dos formandos dispostas harmoniosamente, e no pequeno palco montado, estava um parlatório para a chamada dos alunos, com microfone e  uma cesta de flores em cada canto.
Uma pista de dança para os alunos foi decorada na quadra de Educação Física:
Colocaram alto falantes potentes, bolas brilhantes pendiam do teto e muitos balões coloridos com as cores da escola: vermelho e azul.

Layla estava muito bonita em especial naquela noite. Teria de ser assim.
Seria sua última noite perto das pessoas que amava e de amigos de toda uma vida...

O professor Juvenal Rossini foi o paraninfo escolhido pela  turma de Layla. Parabenizou os formandos, discursou e foi muito aplaudido, principalmente pelas moças.
Quando a diretora Dorothy, começou a chamar os nomes um a um, para a entrega dos certificados,  Layla recebeu um sinal de Rossini.
Assim que recebesse o seu, ela daria uma desculpa para os pais, como ir ao banheiro...  Dali, sairia para encontrar o professor na esquina, que já estaria com o carro estacionado embaixo de uma amendoeira.

E foi assim:
No ínterim que o professor deixou o palco e saiu, ele foi até a secretaria, abriu a gaveta e  retirou o dinheiro. Dirigiu-se sem ser abordado por ninguém, (pois todos estavam no salão de festas), até o carro. Entrou e deixou a porta do carona já aberta, para receber Layla.

Ela veio em seguida. Ainda enxugando os rosto das lágrimas que teimavam em cair...
Deu beijos nos pais antes de teoricamente se dirigir ao banheiro, e depois saiu com os olhos marejados.

Layla estava grávida e ainda não sabia...

Continua...

Fátima Abreu







Nenhum comentário:

Postar um comentário