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sábado, 3 de outubro de 2015

O BAÚ DO PIRATA "PAVIO CURTO" (REPUBLICADO)

Esse conto faz parte do meu livro:
Fatuquinha :
http://www.clubedeautores.com.br/book/165464--Fatuquinha



 
 
 
 

O BAÚ DO PIRATA "PAVIO CURTO"
 
 
Séculos atrás, os mares estavam infestados de piratas.
A pirataria era crime que levava um homem à forca ou outras penalidades daqueles tempos... Havia um pirata chamado 'PAVIO CURTO', que navegava pelos mares do Caribe com seus companheiros, saqueando as naus que por ventura viessem da Europa.

Uma nau espanhola acabara de atracar no porto, para descarregar algumas mercadorias, quando os piratas atacaram. Houve tumulto e uma moça que levava consigo um bauzinho, que continha as poucas jóias da família, tropeçou e caiu no chão.
Havia dentro do seu bauzinho, um colar de esmeraldas e uma pulseira cravejada de rubis.
Era isso que sua mãe havia lhe deixado como única herança antes de falecer.
Carmensita descera ali no porto, procurando um lugar para trabalhar e morar, pois não restava mais ninguém de sua família.
Assustou-se com os piratas e procurou se esconder para que não lhe levassem o seu bauzinho.
PAVIO CURTO, entretanto, a viu, e de um puxão segurou-a ela cintura e a trouxe perto de si.
Carmensita era uma bela morena de curvas sinuosas e chamava atenção.
Ele, a olhando de cima a baixo disse: 

- Ora, ora, o que temos aqui? Uma bela jovem, no meio dessa confusão toda! Mas que sorte a sua, de ser eu a te encontrar mocinha! Se fosse outro, talvez estivesse em apuros...
- Deixe-me em paz, seu pirata grosseiro! Quero sair daqui, agora, solte-me!
- Nossa, mas como ela é corajosa! Sabe, gosto disso numa mulher... Vou levá-la comigo. Suba no meu navio, vamos!

Assim, foi empurrando Carmensita para dentro do navio sujo, dos piratas.
A pobre moça, nervosa, apertava contra o seio, o seu bauzinho. Não poderia deixar que eles tirassem dela, a sua lembrança de família.
Olhou tudo ao redor e percebeu então a quantidade de homens que ali estava e temeu que lhe fizessem algum mal, pois a olhavam de forma indecorosa...
‘PAVIO CURTO’ percebeu que ela levava o bauzinho, mas estranhamente, não o tirou dela.
Ele a levou para a cozinha do navio e mandou que fizesse a comida, juntamente com o cozinheiro Nestor.
A moça sentou-se numa cadeira em frente à bancada cheia de batatas, e o cozinheiro deu- lhe uma faquinha para que começasse o trabalho...

À noitinha, todos jantaram. Carmensita comia triste, temendo a sua sorte em meio aqueles piratas terríveis!
PAVIO CURTO anunciou durante o jantar, que no dia seguinte, iriam para sua ilha, onde guardariam o baú do tesouro acumulado pelas pilhagens.
Foram todos dormir, ficando acordados, apenas dois vigias e o capitão. Naquela noite, Carmensita não conseguia pegar no sono, preocupada.
Mas ao mesmo tempo, sabia que o capitão PAVIO CURTO, a protegeria dos outros. Notou que havia despertado interesse nele...
E para dizer a verdade, ela também nutriu uma simpatia por ele, porque até aquele momento, foi respeitoso para com ela. Algo novo surgia em seu coraçãozinho, que nunca antes havia experimentado...

Carmensita decidiu sair do alojamento onde estava, e foi até o convés, para tomar o ar fresco da madrugada. Distraiu-se olhando o mar e não percebeu a chegada de PAVIO CURTO...
Ele vinha de mansinho e mais uma vez a segurou pela delicada cintura.
O pirata a virou e ficaram de frente um para o outro. Os olhos castanhos dela brilharam...
Ele percebeu isso, e tomou como aprovação, pelo que viria a seguir:
Um beijo ardente! Estavam apaixonadas, sem dúvida alguma.
Um silêncio veio a seguir, pois as palavras tornaram-se desnecessárias...

Ao amanhecer, chegaram à ilha. Carmensita ficou a bordo. Alguns piratas desceram com o capitão, levando pás para enterrar o tesouro.
Fizeram um mapa da localização exata.
Tudo terminado voltaram para o navio.
O pirata PAVIO CURTO procurou logo por Carmensita.
Daquele dia em diante, viveram uma grande paixão, mas que não agradava nadinha, alguns tripulantes do navio, principalmente o contra mestre...
Ele achava que um amor para o capitão, seria desastroso em suas empreitadas: 

Um lobo do mar teria que ser solteiro a vida inteira, pensava...
Resolveu fazer algo para atrapalhar aquele romance:
Colocaria o mapa que foi feito do local onde estava o tesouro, nas coisas de Carmensita, para que o capitão não confiasse mais nela.
Dessa forma, o contra mestre entrou na cozinha, pegou o bauzinho de Carmensita que estava lá, e depositou o mapa, que ele havia roubado do capitão, na noite anterior. 

Na hora do almoço, todos estavam alegres cantando e tomando rum, quando o capitão colocou a mão no bolso, percebendo que o mapa não se encontrava ali...
Ficou atônito.
Berrou com todos, dizendo que iniciassem uma procura por todo o navio, imediatamente! O malvado contra mestre foi até a cozinha fingindo estar procurando por lá.
Depois, disse ao capitão:

- Capitão, achei! Estava ali na cozinha, dentro do bauzinho da moça.
PAVIO CURTO surpreendeu-se.
Carmensita nervosa disse:

- Mas, como foi parar aí? Eu nunca peguei nisso antes, e não tenho porquê.
O capitão disse então para Carmensita: 

- Tem certeza? Será que não pretendia ir embora, assim que estivesse em terra, novamente?
- Não! E não posso acreditar que esteja desconfiando de mim! É evidente que fui vítima de alguma trama. Alguém colocou o mapa no meu bauzinho, para me deixar mal com você! Existe gente no navio, que não gosta da minha presença aqui!
Além disso, como poderia chegar até a ilha, já estando em terra firme em algum porto? Não vê que nada disso faz sentido? Se não acredita em mim, não é digno do meu amor!
- Espere, Carmensita. Perguntei isso, porque tenho receio que se vá da minha vida. Está mais do que certa: Alguém aqui tramou para nos desentendermos... E vou descobrir quem! 

Carmensita analisou os rostos de cada um, para descobrir algum traço de insegurança ou insatisfação.
Cabisbaixo, parecia estar sentindo culpa...
Achando seu suspeito, cochichou no ouvido de PAVIO CURTO, que chamou imediatamente seu subordinado.
Esse, não conseguia encarar o capitão. Isso mostrava sua culpa, faltava apenas a confissão.
O contra mestre, então disse de cabeça baixa:

- Desculpe meu capitão! Achei que seu romance com essa moça mudaria muita coisa aqui...
- Ah, quem pensa que é para decidir por mim? Nunca admiti que alguém se metesse em minha vida, que disparate!

O contra mestre aguardava o seu castigo.
A moça então tomou o seu bauzinho de volta e disse para PAVIO CURTO:

- Tive uma ideia! Faça com que ele fique sozinho na ilha, tomando conta do local onde vocês colocaram o tesouro.
Carmensita disse isso com um ar de ironia, pois queria assistir a reação do homem.
Ele logo suplicou:

- Não, por favor! Não suportaria a solidão!
 O capitão respondeu:

- Agora tem medo? Peça desculpas para Carmensita, porque ela foi a vítima da sua artimanha!
Dirigindo-se para a moça, o contra mestre disse arrependido:

- Mil perdões!
- Desculpa aceita. Mas não volte a conspirar contra mim!

Tudo resolvido, Carmensita deu as mãos suaves, ao capitão e saíram dali. Deixando a cargo de seus tripulantes, os olhares de desaprovação para o contra mestre, no convés.
Passaram-se vários meses desde aquele dia. Carmensita teve um menino, fruto de seu amor com o capitão.
PAVIO CURTO deu o nome de Santoro, ao seu filho.

Voltaram à ilha para desenterrar o tesouro.
O capitão decidiu depois do nascimento de seu filho com Carmensita, que ficaria em terra, e formariam uma família de verdade, com uma casa à beira mar.
Daria a parte de cada um de seus tripulantes, depois venderia o navio para comprar a casa, a mobília, e tudo que precisassem para um lar.
Queria que Carmensita e o bebê estivessem em segurança.
Mas, ao chegar à ilha, um bando de outros piratas, estava lá.
O capitão lutou contra eles, juntamente com seus companheiros...

Enquanto isso, um dos piratas oponentes, capturou Carmensita e Santoro.
O chefe dos outros piratas disse para PAVIO CURTO:

- Entregue seu mapa do tesouro agora, ou essa mulher e o filho morrerão!
O pirata estava com uma faca no pescoço de Carmensita, enquanto ela segurava o bebê em seus braços.
Seu coração acelerou. Jamais se perdoaria se alguma coisa acontecesse com eles!
O pirata inimigo, tomou o mapa das mãos de PAVIO CURTO, soltando Carmensita e seu filho.
Ela correu para os braços do capitão, que a abraçou e beijou o bebê.
Aproveitando da distração dos piratas inimigos, o contra mestre fora até o local do tesouro e desenterrara. Pegou o baú com muito esforço, pois era bastante pesado e arrastou para o pequeno barquinho que veio até a ilha, voltando para o navio com ele.
Deixou apenas algumas moedas de ouro no local que antes estava marcado no mapa com o X.

Quando a tripulação do 'GALERA DOS MARES' voltou ao navio, a grande surpresa estava lá:
O baú do tesouro!
Teriam que partir o mais rápido possível, pois quando os outros piratas chegassem ao local e apenas encontrassem uns dobrões de ouro, certamente ficariam furiosos e iriam atrás deles!
Colocaram as velas ao alto e partiram dali...

Carmensita agradeceu ao contra mestre, porque agora teria a chance de ter uma vida nova com PAVIO CURTO e seu filho, graças à astúcia do homem:

- Obrigada, dessa vez eu não tenho que perdoar e sim, agradecer...
- Não há porquê. Afinal, agora estamos quites!  Também levarei a minha parte no tesouro.
- Sim, todos aqui!

O capitão, aproveitando a 'deixa', disse então se voltando para os companheiros: 

- Agora mesmo! Vamos repartir tudo, justamente!
Assim, PAVIO CURTO, Carmensita e Santoro viveram com tranquilidade e segurança numa casa à beira mar, (sem ele temer pela forca), onde todos os dias poderiam apreciar o encontro do horizonte com o oceano...

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