POBRE CRIATURA
Pobre criatura,
que vagueia pela rua!
Tão sem destino...
Tão sem alento.
Sem teto, e documento.
Pobre criatura,
que sem muita vivência
Caiu nos braços da violência.
Pobre criatura,
bêbada, roupa em trapos.
Cruel destino!
Deixou-lhe em farrapos.
Pobre criatura,
que uma esmola
Pede agora...
Ninguém olha,
passam, por ela, simplesmente...
Então segue,
e vai mais à frente.
Pobre criatura,
vagueia na estrada, agora:
sem noção de tempo, ou hora.
Vai a criatura,
em direção de uma ponte...
Será que vai se jogar?
Sem rumo, ela está...
Não.
Ainda dessa vez, não vai dar fim,
A tudo que lhe é de ruim...
Vai apenas a criatura,
Olhar o pequeno barco
Que passa por baixo da ponte.
De um átimo, percebe:
Encontrou então,
o que tanto queria:
Seu reflexo...
Olha, e se reconhece...
Tanto tempo não se via!
Nem espelho, a pobre criatura, tinha...
Sente alguém a bater-lhe no ombro...
Volta-se.
E sorri, meio sem jeito:
Era seu grande amigo,
De tempos idos...
Uma pessoa muito especial,
Que um dia, lhe deu de comer,
Na varanda do seu quintal...
Ele pergunta, o que ela faz ali...
Ela diz de cabeça baixa:
_ Vim olhar meu reflexo...
Como estou feia, agora!
Ele lhe dá a mão, e diz:
_ Vem, vamos embora...
E o tormento da pobre criatura,
teve um belo fim:
Ele, a recuperou na sociedade
E hoje, aqueles momentos tristes,
ficaram apenas na lembrança...
Terríveis, desde os tempos de criança...
Moral: Sempre há uma esperança!
Fátima Abreu
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