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sexta-feira, 31 de maio de 2013

CAPT FINAL: A Cigana Leu...

Cont do conto anterior: Visitas Incômodas

A Cigana Leu...

Quando Eliane era mocinha, certa vez uma cigana bateu à sua porta pedindo água.
Seu acampamento cigano, estava em um terreno situado na Av. Monsenhor Félix, onde hoje existe um condomínio de apartamentos e uma escola no alto.

Bem, como andavam pelo Irajá, tentando ler a sorte das pessoas, uma delas foi a que chegou até Eliane.
Depois que bebeu água e agradeceu, pegou  a mão de Eliane e disse que ela viveria até os 70 anos, não chegando a completar os 71, e antes de falecer, 'enterraria' todos aqueles membros que foram de sua primeira família.
Eliane ficou chateada com isso. Mas, assim que a cigana deu as costas, ela correu para dentro de casa, fazendo as contas para saber até que ano viveria, e deu 2008.
 "Ah, tinha muito tempo até lá", pensou.

As mortes

A primeira a morrer foi D. Rosa, sua mãe, de ataque cardíaco, como eu havia dito em outro capítulo.
Em 1991 outra morte se deu: Elaine sua irmã mais velha. Antes de contar porém, quero registrar que Elaine era uma pessoa admirável, batalhadora, vivendo muito para a família e que teve a triste sorte de gerar apenas uma única filha, que nasceu morta. O que  a deixou imensamente triste, pois tudo estava pronto para recebê-la em seu apartamento recém comprado em Pilares: quarto decorado, enxoval prontinho, mas a criança não vingou, na verdade, já estava morta há 2 dias dentro do ventre de Elaine e ela percebeu algo de errado quando não sentia mais a criança mexendo dentro de si. Foi ao hospital no terceiro dia, com fortes dores e finalmente o parto se deu... Foi sorte Elaine não morrer desse parto naquela época, porque poderia ter tido uma infecção generalizada!
Voltando a história de Elaine: Essa criança foi fruto de um relacionamento com um rapaz mais novo que ela. Depois disso, cada um tomou seu rumo. Anos antes, ela fora noiva de um homem a quem parece ter gostado muito, mas não sei em que circunstâncias, não dera certo e o noivado foi rompido.
Tempos depois, reviu Germano: Um amigo de juventude com quem teve um namoro.
 "Mas o que tem que ser, será", já diz o ditado. E foi com Germano que ela ficou até o último dia de sua vida, quando veio  a falecer de um ataque cardíaco, tal qual sua mãe, D. Rosa, anos antes.

Foi um grande choque essa morte para Eliane, mais até, do que de sua mãe! Ela chorou por dias a fio, meses... Toda vez que lembrava da irmã, quase sempre era uma dor muito grande.
Entretanto, quem mais sentiu a falta de Elaine, foi Adilson, seu sobrinho. Pois a considerava sua verdadeira mãe! Já que Eliane nunca teve carinho real por seu primogênito, Elaine tomou as dores do sobrinho, o cobrindo de atenções por toda vida.
Ele colocou  a foto da tia no seu carro e ouvia a canção tema do filme Ghost, pensando nela...


1997: Josué morre do coração, dentro da casa de seu filho Adilson, quando passava tempos lá, sendo cuidado pela nora, a quem gostava como filha.
Já em 1999, foi o pai de Eliane que veio a falecer por um "suicídio lento": Deixou de comer e beber água por 15 dias. Desistindo de viver, deixou-se ficar numa cadeira de balanço em sua varanda, e quando as forças faltaram de vez, foi para cama.
De lá, só saiu no dia que foi levado ao hospital, morrendo logo a  seguir...
Eliane nada demonstrou de tristeza, porque ela e o pai nunca havia sido ligados mesmo, piorou depois que ele havia se casado com a amante, um ano depois da morte de D. Rosa.

Em 2001, veio a mais dolorosa morte que Eliane teve que presenciar:
A de seu filho caçula tão querido, Ademir! Quase 'enlouqueceu' de dor.
Vítima de um traumatismo craniano, ao cair do alto de uma escada (dessas altas, que os pedreiros usam) em sua casa, (morava em Itaguaí, nessa época) ele ainda foi levado ao hospital, mas minutos depois deu-se  a morte. Deixou esposa e um filho.
Sempre houve um 'desconforto' de Eliane com a nora, esposa de Ademir, porque ela não gostava visivelmente de "dividir" seu filho, mas depois da morte dele, isso tornou-se um tormento para as duas. Não se davam de maneira nenhuma. Mesmo assim, a esposa de Ademir, cumprindo uma promessa feita anos antes ao marido, cuidou para que nada faltasse para a sogra, até sua morte.

Já em abril de 2008, foi a vez do primogênito de Eliane morrer. Mas Adilson, já estava doente há muitos anos.  Eliane não o viu morto, pois ele não morava perto dela, também não foi ao enterro. Ficou sabendo da notícia pelo seu neto mais velho.
Um mês depois, em maio, Eliane ficou doente. A nora, como tinha de cuidar da sogra, (pela promessa) a levou para o hospital e ali ficou por uma semana, até vir  a falecer. Eliane morrera aos 70 anos e 7 meses.

A cigana lera o seu destino, de forma correta.

Fátima Abreu





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