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sábado, 12 de outubro de 2024

O Golpe- O Motorista Enganado- Parte 1

 Esse conto é baseado em um filme nacional. Seria uma história alternativa. Mudando nome de personagens, profissões, locais, etc, e acrescentando finais pensados por outra pessoa...



O burburinho da multidão o deixava atento. Pois, que nada lhe fazia assim, a menos que fosse passar um tempo, nos bordéis da vida, aí então, ficava aceso... Tinha lá seus 40 anos. Alto, olhos cor de mel, cabelos claros, corpo bom, atraente. Seu nome era Bento. 

Ele quase faleceu ao nascer, e sua mãe disse: "Ele não vai morrer, está bento, vai resistir!" Assim deu esse nome ao filho.

Era um solitário. Motorista. Isso, porque era a única coisa que sabia fazer. Não, para dizer a verdade tinha outra coisa que fazia muito bem: Limpar uma casa. 

Poderia ser também um ajudante de serviços gerais. Bem, mas, o que ele escolheu fazer, era guiar um ônibus mesmo.

A metrópole! Era o caminho para quem tinha vindo do interior de Santa Catarina.

Era nas grandes capitais que se conseguia mesmo alguma chance nas empresas de ônibus de viagens.

E assim, ele ali estava em pleno Rio de Janeiro. Fazia dez anos como motorista interestadual.

A rodoviária carioca não lhe assustava mais. De início sim! Afinal, ele vinha do interior, de outro estado... Aquilo tudo era muito novo para ele!

Percebia perto dos pontos de táxi a volta da rodoviária, um certo movimento estranho, muita gente cercava os passageiros, isso lhe incomodava: Pessoas transeuntes, mal vestidas, cheirando a álcool ou tendo usado sabe-se lá o quê...

Mas, se a segurança no entorno fechava os olhos, o que ele, um simples motorista faria? Afinal, ele era só mais um na multidão que passava todos os dias por ali.


Ele tinha como chefe, uma bela mulher, mas, um pouco estranha. Parecia viver um mundo a parte.

Deveria estar na faixa dos seus 35 anos. Tinha um corpo definido, cabelos ruivos de tinta, estatura mediana e sempre andava de salto.

Solitária como ele. Pois, em 10 anos de  trabalho ali, nunca a vira com alguém. Nunca houve uma pessoa para pegá-la depois do expediente... 

Ela se chamava Berenice. Detestava esse nome. Mas, seus pais amavam Jorge Ben (jor) e a música que ele cantava: Berenice:

Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Eu bem que te disse, Berenice
Que seu corpo de miss e sua meiguice
Me fariam fazer alguma tolice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Pois quando eu disse para a Doralice
Que estava a fim de você, Berenice
Ela me disse que eu não insistisse
Pois você 'tava amarrada num tal de Tom Mix (então Berê)
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Então eu fui falar com esse tal de Tom Mix
Pedindo que ele desistisse
E da sua vida saísse
Me desculpa eu estar aqui e agora
Todo amarrotado e sujo de piche
Mas é que esse malandro não brinca em serviço
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Eu bem que te disse, Berenice
Que seu corpo de miss e sua meiguice
Me fariam fazer alguma tolice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Pois quando eu disse para a Doralice
Que estava a fim de você, Berenice
Ela me disse que eu não insistisse
Pois você 'tava amarrada num tal de Tom Mix (então Berê)
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenic
Então eu fui falar com esse tal de Tom Mix
Pedindo que ele desistisse
E da sua vida saísse
Me desculpa eu estar aqui e agora
Todo amarrotado e sujo de piche
Mas é que esse malandro não brinca em serviço
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Ó Berê, ó Berê
Ó Berê, ó Berê
Ó Berê, ó Berê
Ó Berê, ó Berê
Ó Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice
Bere-Bere-Bere-Berenice (ai-ai-ai)
Berê, Berê, Berê... (Berenice)
Fonte: Musixmatch
Compositores: Jorge Lima Menezes

Letra de Berenice © Warner/chappell Edicoes Musicais Ltda

Sim, era isso: Uma solitária como ele. Apesar disso, ele não tentava atrai-la para si. Permanecia quieto, reservado e terrivelmente melancólico.

Já ela, nesses  últimos tempos, mostrava certo interesse nele.

Parecia mais gentil, o convidava para comer na lanchonetes da rodoviária, também para um cinema no shopping, mas, ele ficava somente nos lanches...

Ela um dia, quis conhecer seu apartamento. Ele achou aquilo meio indevido. Alegou que quase não tinha nada. Vivia com pouca coisa. Estava envergonhado. Nunca levava ninguém ali. Claro, nem tinha amizades para levar!

Ela então se virou e com ar desafiador, disse:

- Ora, você não tem pelo menos um sofá onde se possa sentar e conversar um pouco?

- Sim, isso eu tenho.

- Então, já é alguma coisa. Eu levo um lanche.

Ele assentiu com a cabeça, mas, estava preocupado. No dia da folga de ambos, ela então foi ao apartamento em que ele morava. Levou uma pizza e um vinho.

Mas, ao perceber que ele não tinha taças, tampouco copos, além do que ele usava, e que acabara de quebrar (deixando cair, com seu nervosismo), disse:

- Bebemos na garrafa.

Ele sem jeito, mais uma vez fez que sim, com a cabeça.

Partindo a pizza e bebendo o vinho, eles foram desenvolvendo um semi diálogo (nada que pudesse chegar a uma conversa). Na verdade, era uma troca de respostas básicas: Sim, não...

Depois, vendo que ele nada faria, ela se despediu e foi embora, desejando uma boa noite para ele.

Bento, ainda com ela na cabeça, mas, sem se quer tomar um atitude, quando estavam juntos, pegou um ônibus e saiu pela noite. Chegou em uma rua deserta aquela hora, e entrou num prostíbulo.

Ali, ele se desprendeu de toda vontade reprimida...

Continua...

Fátima Abreu Fatuquinha



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