Tenho um gosto agridoce outra vez
Rosas não adiantam mais:
Perdem o odor, murcham...
Lábios ressecam
Passo a língua por eles,
Na esperança de umedecê-los.
O açúcar endurece no fundo da xícara.
Jogo mais um pouco de café,
Mexo e remexo com a colher.
O biscoito de nata, disposto ao lado do pires, me 'encara'...
Será comido ou não?
A dor que não deixa ter fome, está de frente
O tal nó na garganta, novamente...
Penso e repenso a vida:
Escolhas, assuntos sem resolução,
Papéis esquecidos, amarelados
Escondidos de outros, embaixo do colchão...
As rosas não adiantam mais.
Apenas o café me conforta:
Mantém meu corpo e mentes aquecidos.
Não deixa que me torne distante...
Segura meu pensamento, foca-o.
Pois se assim não for,
Vou e não sei se volto...
Esse é meu grande medo:
Será que minha mente,
Que me prega peças de vez em quando,
Deixará um dia penetrar, com a velhice
A insanidade?
Tenho medo da loucura,
Do que ela significa:
De perder o meu maior dom,
A escrita...
Fátima Abreu
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