...Chegou o fim de semana
e o senhor Auguste veio retratá-la em sua pintura.
Gaston comprou-lhe roupas
novas para que ela escolhesse a que ficaria eternizada no seu quadro.
A empregada fez-lhe um
penteado a altura disso: Irina transformara-se de um momento para o outro, numa
mademoiselle parisiense e não haveria quem dissesse o contrário.
Depois de um mês trabalhando
no quadro de Irina, finalmente ele a entregou. Gaston sugeriu que ficasse no
corredor da escadaria, porque dessa maneira, qualquer pessoa que fosse para o
andar de cima, apreciaria. Pelo menos enquanto ela morasse ali...
Irina sentiu-se
lisonjeada. Era um lugar de destaque realmente, porém não aceitou.
Era de
natureza humilde e simples, aquilo para ela, era demais!
Não queria deixar o ego
crescer muito, sabia que faria mal ao seu espírito, tal coisa. Colocou o quadro na parede da suíte, que
ocupava na casa.
Gaston a cobria de
mimos. Mesmo ela dizendo que não precisava. Certo dia, ele teve uma febre forte:
Uma doença estranha, que lhe mantinha em confusão mental. Os médicos não sabiam
ao certo o que era, mas cogitavam que fosse uma encefalite.
Para sua sorte, se
fora isso mesmo, ele se salvou. Geralmente quem se salvava dessa doença, ficava
com sequelas como lapsos de memória, mudanças bruscas de comportamento e
convulsões.
Agradecia o fato de se manter vivo, à sua protegida, que não saía
de perto do seu leito.
Ela cuidou de Gaston
como se cuida de um menino doente, com o mesmo mimo que ele lhe dedicara até
então. Isso fez com que achasse que ela salvara sua vida.
O que já era uma
paixão platônica, de sua parte, tornou-se amor. Um amor tão forte, que poderia
ir contra tudo e todos. Reviraria mundos para vê-la feliz.
Passara-se um ano, e
logo Irina terminaria o curso de Letras. O medo apossou-se de Gaston: Não poderia imaginar-se sem a jovem doce, sábia, bonita e talentosa Irina...
Fátima Abreu
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