Um dia de muita agitação para Irina e Gaston. Muitas coisas para combinar, separar para a viagem...
A movimentação na residência de Gaston Verne, foi percebida pelas pessoas da vila e os rumores de sua partida, chegaram até o centro de Nantes.
As pessoas já cogitavam se Gaston tinha a moça vinda do interior, como amante. Isso explicaria a reação que teve na praça: Atendendo seu pedido para terminar a briga com o homem, a quem ele esbofeteou.
Mesmo sabendo de tais comentários, Irina não se importava. Afinal, iria para Paris, e nada disso quebraria esse encanto!
Gaston a presenteou com um pequeno colar de pérolas já que ela tinha paixão pelo mar, natural que tivesse algo que o lembrasse quando fosse passar um ano inteirinho em Paris.
Ela amou o presente e agradeceu emocionada:
_ Senhor Gaston, não precisava se incomodar em me dar nada, já está fazendo muito por mim...
Mas agradeço de coração, pois nunca tive nada igual e o senhor sem querer, adivinhou um grande desejo meu: Desde os meus 15 anos, tinha um certo encanto por pérolas e nutria a vontade de ter algum adereço, fosse colar, pulseira ou par de brincos.
_ Mas que ótimo ter acertado então! Temos sintonia, mocinha...
_ Não me chame mais assim, senhor Gaston, prefiro como fez ontem, quando tratou-me pelo nome. Já que sou sua 'protegida', como o senhor mesmo diz... E ademais, não é tão mais velho que eu... Vou fazer 18 anos em setembro, e já estamos em finais de julho!
O senhor não deve ter mais do que uns 25 anos...
_ Pois não digo que temos sintonia? Exatamente a minha idade!
_ Acertei então. Bem, agora vamos ver o que falta para nossa viagem...
_ Já temos o meu coche, as malas prontas e as provisões, o que mais faltaria?
_ Não sei, o senhor quem deve saber, pois nunca fiz uma viagem para tão longe, o máximo que ia com meus pais, era até Angers para comprar livros e calçados feito por um artesão de lá.
_ Falando nisso, ao chegar em Paris, compraremos roupas e sapatos novos para que esteja adequada aos usos e costumes da capital. Existem casas que estão fazendo muito sucesso, denominaram suas confecções como Alta Costura, todas situam-se na Avenue des Champs Elysees.
Desde 1858, um costureiro chamado Worth, foi considerado o fundador desse tipo de roupas, para senhoras da elite parisiense.
_ Mas não é para tanto, senhor Gaston Verne. Não preciso de roupas tão caras, como essas parecem ser...
_ Não se iluda, Irina: A capital pode ser muito má com quem não se habitua aos seus costumes. Deixe que disso cuido com a maior satisfação, porque sei que em breve, não terá mais os ares de 'moça do interior'...
_ Se prefere assim...
_ Sim, prefiro; e como poderia apresentá-la à sociedade parisiense, se assim não fosse? Por acaso não quer conhecer meu tio Julio?
_ De certo que gostaria disso, se for possível.
_ Então será nos meus moldes. Bem, agora acho que terá que falar com a viúva Ághata, pois não será mais necessário que alugue aquela casa.
_ Está certo, vou agora mesmo cuidar desse particular.
Irina se dirigiu para o portão de ferro que rangia ao fechar, e ele ficou lhe observando pela janela.
Ali nascera uma grande amizade que no futuro próximo, seria pelas artimanhas do destino, sua maior ruína...
Continua no próximo livro...
Fátima Abreu
Avenue des Champs-Elysees
a Avenue des Champs-Elysees
a Avenue des Champs-Elysees
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