FIZ ALGUMAS POESIAS E PROSAS POÉTICAS, PARA MEUS FAMILIARES EM ÉPOCAS DIFERENTES, AGORA VOU POSTAR AQUI, SEMPRE INDICANDO PARA QUEM FOI QUE ESCREVI:
GENEALÓGICAS: AVÓS
"CABELO DE MILHO", A PORTUGUESA EMÍLIA ( AVÓS PATERNOS )
" Cabelo de milho" era chamada a portuguesinha rosada...
Emília era seu nome, mas ruivinha como era, faziam chacota dela...
Aos dois anos de idade, seu pai foi embora.
Fazer a vida no Brasil, era esse seu plano.
Depois viria buscar a esposa e as duas filhas:
Olinda e Emília.
Mas não foi assim...
Emília foi enviada para casa de sua avó paterna...
Sua mãe não queria ficar com duas crianças para cuidar.
E apenas Olinda, bebezinha, foi a escolhida para com ela ficar.
O pai, demorava a voltar.
Emília aos 9 anos, não podia fazer nada além de trabalhar:
Sua avó a empregou em casa de família, para cuidar de porcos, patos, galinhas...
Ela não tinha direito nem à instrução, aprendeu a ler e escrever, por ser muito esforçada:
Pegando sozinha as letras, foi juntando tudo, e acabou alfabetizada.
Aos 12 anos de idade, foi trabalhar em um arrozal, com água pela barriga, e para as sanguessugas, acabou sendo a comida...
Emília se sentia negligenciada, pela mãe, pelo pai, pela avó.
Mas sua mãe tomou uma decisão:
Ela, já impaciente, depois de 13 anos de espera,
resolveu vir ao Brasil, procurar o esposo.
Primeiro, faria uma coisa para tocar seu coração:
Pegaria Emília de volta, e juntando as filhas novamente, faria uma surpresa, quando chegasse de sopetão...
Emília ficou ansiosa com a notícia, seria uma verdadeira "virada" em sua vida!
Para ela que tudo foi negado, poderia haver agora, uma esperança...
Ter o que não teve, quando era mais criança!
Pegaram um navio a vapor, que era o que existia naquela época, e chegaram em Manaus, pois era lá que seu pai estava.
Mas qual não foi a surpresa de sua mãe, ao deparar com a realidade: Por essa, ninguém contava:
Seu pai havia feito outra família no Brasil.
A sua mãe passou uma 'borracha' no marido infiel, e arrumou outro, para fazer esse papel...
Uma nova família foi formada, sem mudar para Emília, em nada:
A mãe abriu uma mercearia, e fazia de empregada, a pobre coitada!
E assim desde os seus 15 anos, até os 22, Emília passou seus pedaços também aqui no Brasil.
Mas, tudo mudou quando por Eduardo se apaixonou.
Ele era da Marinha Mercante, se conheceram, namoraram, e resolveram se casar...
Mas a mãe dela, não queria esse romance, fez de tudo para atrapalhar...
Eduardo e Emília, resolveram fugir para casar...
A mãe, alertada pela sua irmã mais nova, que estava preocupada, foi tentar impedir, mas ao chegar ao porto, nada pôde fazer:
O navio já ia longe, tudo tinha que acontecer...
E eu, como neta de Emília, conto a sua jornada, até que aqui no Rio de Janeiro, ela chegou, e com Eduardo, nossa família formou...
DESTINO ( AVÓS MATERNOS )
Amigas elas eram
Muitos falavam maliciosamente
Êta língua ruim dessa gente!
Uma, era 10 anos mais jovem que a outra...
Eram como irmãs!
A mais velha, casada, tinha dois filhinhos
E a amiga jovem, cuidava também dos pequeninos...
Certo dia, a amiga casada adoeceu
Moléstia irreversível, se deu...
E quase às portas da morte
Mandou chamar:
A jovem amiga, e seu marido barbeiro
Lá estavam no quarto os três
E mais os pequeninos filhos
A morte se anunciava
E com lábios trêmulos, ela pediu:
Casem-se depois de seis meses
Vina e Miguel...
A jovem Vina, ficou pasma
Com tal pedido dela...
Mas assentiu pela amizade
De fazer para a amiga,
Sua última vontade...
E assim olhos fechados,
Sorriso nos lábios
Para colorir um pouco, aquele tétrico momento
Carolina se foi
Deixando à Miguel, a jovem amiga
Presente seu...
E ele, depois dos tais meses de luto
Cuidou do matrimônio...
Vina, que mal passava de uma menina
Casou-se com o barbeiro
Ex esposo de sua melhor amiga
A quem ela deu inteira atenção,
Desde aquele momento então...
As crianças gostavam dela
Era como se fosse, sua irmã mais velha
Pois apenas moça nova,
Não tendo muito mais que eles
Que passaram a ser, seu maior tesouro...
Muito mais que qualquer pote de ouro!
Miguel se apaixonou de verdade
E Vina também!
Agora, ela tinha até ciúmes
Do seu esposo, encomendado
Mas que o destino sabia
Que para ela, ele serviria...
E tanto era esse amor
Que uma dúzia de filhos,
Tiveram juntos, com muito ardor...
Mas apenas cinco, ficaram vivos,
Naquele sertão nordestino...
Muitos adoeceram e se foram
Mas chegou um dia,
Que Miguel também se foi...
A morte o chamou
Implacável como ela é
E de um derrame cerebral
O levou, sem deixar sinal...
Vina, triste e chorosa ficou
Mas em sua dor, se lembrou
Que ainda tinha de seu amor,
O maior produto:
Os cinco filhos que restaram
E que eram seu conforto...
Deus a compensara
Pelas perdas da amiga e do esposo
Fazendo dela, mãe fervorosa,
A quem dedico esses meus versos,
Em forma de prosa...
Fátima Abreu
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